A Loucura de Elbehnon (Igitur) | Stéphane Mallarmé

A Loucura de Elbehnon (Igitur) | Stéphane Mallarmé

A Loucura de Elbehnon (Igitur) | Stéphane Mallarmé"Breve, num ato onde o acaso está em jogo, é sempre o acaso que realiza a sua própria Ideia, afirmando-se ou negando-se. Frente à sua existência, a negação e a afirmação acabam de fracassar. Ele contém o Absurdo – implica-o, mas em estado latente e o impede de existir: o que permite ao infinito ser.
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O Copo é o Corno do Licorne – do unicórnio
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Mas o ato se consuma.
Então seu eu se manifesta por aquilo em que ele retoma a Loucura: admite o ato e, voluntariamente, recupera a Ideia, enquanto Ideia: e o Ato (qualquer que seja o poder que o tenha guiado), havendo negado o acaso, ele conclui que a Ideia foi necessária.

– Então, concebe que existe, decerto, a loucura a ser absolutamente admitida: mas, ao mesmo tempo, ele pode dizer que, por causa dessa loucura, o acaso estando negado, esta loucura era necessária. Para quê? (Ninguém sabe, ele está isolado da humanidade.) Tudo aquilo que ele é, foi por sua raça ter sido pura: que ela arrebatou a sua pureza ao Absoluto, para sê-lo e deixar apenas uma Ideia, ela própria atingindo a Necessidade: e que, quanto ao Ato, ele é perfeitamente absurdo, exceto quando movimento (pessoal) entregue ao Infinito: mas o Infinito, enfim, está fixo. Igitur sacode simplesmente os dados – movimento, antes de reunir as cinzas, átomos de seus ancestrais: o movimento que nele há é absolvido. Compreende-se o que significa a sua ambiguidade.

Ele fecha o livro – sopra a vela – com seu sopro que continha o acaso: e, cruzando os braços, deita-se sobre as cinzas de seus ancestrais. Cruzando os braços – o Absoluto desapareceu, como pureza de sua raça (pois, era preciso, já que o ruído cessa). Raça imemorial, cujo tempo que pesava tombou, excessivo, no passado, e que, plena de acaso, viveu somente de seu futuro. – Este acaso negado com auxílio de um anacronismo, um personagem, suprema encarnação desta raça – que sente em si, graças ao absurdo, a existência do Absoluto, solitário, esqueceu a palavra humana no livro de magia e, o pensamento, num candelabro, um, anunciando esta negação do acaso, outro, clareando o sonho onde ele está. O personagem que, acreditando na existência do Absoluto único, imagina-se por toda parte num sonho (ele age no enfoque Absoluto), acha o ato inútil, pois existe e não existe acaso – ele reduz o acaso ao Infinito – que, diz ele, deve existir em qualquer parte."

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