Anábase VII | Saint-John Perse


Anábase VII | Saint-John Perse


" Não habitaremos sempre essas terras amarelas, nosso deleite...

O verão mais vasto do que o Império suspende nas mesas do espaço vários andares de climas. A terra vasta sobre sua eira, rola, a transbordar, sua brasa pálida sob as cinzas. – Cor de enxofre, de mel, cor de coisas imortais, toda a terra cujas ervas se alumiam nas palhas do outro inverno – e da esponja verde de uma só árvore o céu tira seu suco violeta. Um lugar de pedras e mica! Nem uma semente pura nas barbas do vento. E a luz como um óleo. – Da fissura das pálpebras à linha dos cimos me unindo, sei a pedra manchada de guelras, os enxames do silêncio nas colmeias de luz; e meu coração cuida de uma família de acrídios...Camelas doces sob a tosquia, cosidas com malvas cicatrizes, que as colinas se encaminhem sob o dados do céu agrário – que elas caminhem em silêncio sobre as incandescências pálidas da planície; e se ajoelhem, por fim, no fumo dos sonhos, lá onde os povos se dissipam nas poeiras mortas da terra. 

São grandes linhas calmas que se vão a azulamentos de vinhas improváveis. A terra em mais de um ponto amadurece as violetas da tempestade; e esses fumos de areia que se levantam no lugar dos rios mortos, como lanços de século em viagem....Em voz mais baixa para os mortos, em voz mais baixa no dia. Tanta doçura no coração do homem, será possível que fracasse em encontrar toda sua medida?... "Eu vos falo, minha alma! – minha alma toda entenebrecida por um perfume de cavalo!" E grandes pássaros da terra, navegando para oeste, são bons mimos de nossos pássaros do mar. Ao oriente do céu tão pálido, como um lugar santo selado pelos panos do cego, nuvens calmas se dispõem, onde redemoinham os cânceres da cânfora e da córnea... Fumos que um sopro nos disputa! A terra, pura espera, nas suas barbas de insetos, a terra pare maravilhas!...E ao meio-dia, quando a árvore jujubeira faz estalar a base dos túmulos, o homem cerra suas pálpebras e refresca sua nuca nas idades... Cavalarias do sonho no lugar das poeiras mortas, ó estradas vãs que até nós um sopro desgrenha! Onde encontrar, onde encontrar os guerreiros que guardarão os rios em suas núpcias? Ao fragor das grandes águas em marcha pela terra, todo o sal da terra estremece nos sonhos. E, de repente, ah! De repente que nos querem estas vozes? Erguei um povo de espelhos no ossuário dos rios, que apelem da sentença da seqüência dos séculos! Erguei pedras à minha glória, erguei pedras ao silêncio e à guarda desses lugares, as cavalarias de bronze verde sobre vastas calçadas!...(A sombra dum grande pássaro me passa sobre a face)."

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