Convergência | Murilo Mendes


Convergência | Murilo Mendes

Convergência | Murilo Mendes
1
"A tarde consumada, Ipólita desponta .

Ipólita , a putain do fim da infância .
Nascera em Juiz de Fora , a família em Ferrara .

Seus passos feminantes fundam o timbre .
Marcha , parece , ao som do gramofone .

A cabeleira-púbis , perturbante .
Os dedos prolongados em estiletes .

Os lábios escandindo a marselheza .
Do sexo. Os dentes mordem a matéria .

O ôlho meduseu sacode o espaço .
O corpo transmitindo e recebendo

O desejo o chacal a praga o solferino .
Pudesse eu decifrar sua íntima praça !

Expulsa o sol-e-dó , a professôra , o ícone
Só de vê-la passar , meu sangue inobre

Desata as rédeas ao cavalo interno .

Quando tarde a revejo , rio usado ,
Já a morte lhe prepara a ferramenta .

Deixa o teatro , a matéria fecal .
Pudesse eu libertar seu corpo (Minha cruzada ! )

Quem sabe , agora redescobre o viso
Da sua primeira estrêla , esquartejada .

3
Por ela meus sentidos progrediram .
Por ela fui voyeur antes do tempo .

4
O dia emagreceu . Ipólita desponta ."


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