História da Arquitetura no Brasil, Cronologia

História da Arquitetura no Brasil, Cronologia

História da Arquitetura no Brasil, Cronologia
Século XVI e século XVII – Com a colonização, são construídas as primeiras edificações não indígenas no Brasil. Colégios e igrejas surgem em Salvador, em Olinda e no Rio de Janeiro, por influência dos jesuítas. O enriquecimento resultante da economia açucareira faz aparecer as casas-grandes e senzalas.


1630-1654 – A presença holandesa no Recife introduz um planejamento urbano desconhecido na colônia. A cidade se expande para a ilha de Antônio Vaz com um traçado regular, mais rigoroso do que os traçados portugueses da época.

Século XVIII – Tardiamente em relação à Europa, o barroco brasileiro atinge o auge após a descoberta de ouro em Minas Gerais. Fachadas simples, decoradas com pedra-sabão em substituição ao mármore europeu, passam a abrigar interiores opulentos, ornamentados com ouro e prata. A Igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto (MG), é considerada a mais bem elaborada construção do estilo. Outros exemplos importantes se encontram em Salvador e no Rio de Janeiro.

Igreja de São Francisco de Assis – Erguida a pedido dos franciscanos no fim do século XVIII, a Igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto, é a obra-prima de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. Além de ser o autor do projeto, ele esculpe os medalhões de pedra-sabão da fachada e importantes detalhes do interior, como parte do altar-mor e do púlpito. No forro da igreja, a pintura de um dos maiores artistas da época, Manuel da Costa Ataíde, mostra uma Nossa Senhora cercada de anjos. A composição da cena é brasileiríssima: todos são mulatos

1816-1870 – A vinda da Missão Artística Francesa ao Rio de Janeiro transforma o neoclassicismo em estilo oficial do Império. Integrante da missão, o arquiteto Grandjean de Montigny projeta várias obras para a cidade e institui o ensino oficial da arquitetura. Baseadas nas formas clássicas, os edifícios possuem caráter discreto e plasticamente organizado, em que predominam colunas e paredes lisas, e a modenatura dos edifícios procura reproduzir a arquitetura fiorentina.

1870-1910 – Com a riqueza proporcionada pelo café, inicia-se a grande transformação das cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro, bem como, no fim do século, inicia-se a construção de Belo Horizonte. Para as obras nessas cidades, além dos arquitetos discípulos de Grandjean de Montigny, são convidados inúmeros arquitetos estrangeiros, tais como Gaudenzi Bezzi, autor do Museu Monumento da Independência (Ipiranga), Adolfo Morales de los Rios, autor do Museu Nacional de Belas Artes (Rio de Janeiro). Ainda nessa época, temos o Teatro Municipal do Rio de Janeiro, de autoria do engenheiro Francisco de Oliveira Passos, o Teatro Municipal de São Paulo, de Ramos de Azevedo, e a casa do Elias Chaves, feita pelo alemão Mateus Häussler, em São Paulo.

1902 – Com a construção da Vila Penteado, do arquiteto Carlos Ekman, São Paulo passa a ter um conjunto muito grande de edifícios art nouveau, tais como a Escola de Comércio Álvares Penteado, também do arquiteto Ekman, a Estação de Mairinque e a Vila Uchôa, do arquiteto Victor Dubugras, e muitas outras residências na região de Higienópolis, hoje todas demolidas. A Vila Álvares Penteado, com formato da letra U, que mantém a simetria dos volumes principais, é decorada com motivos florais, orgânicos e curvilíneos, típicos do estilo na Bélgica e na França. Doada em 1947 para a Universidade de São Paulo (USP), a casa abriga atualmente o setor de pós-graduação do curso de arquitetura e urbanismo.

1914 – O engenheiro português Ricardo Severo (e o médico pernambucano José Mariano Carneiro da Cunha) inaugura o movimento neocolonial. Critica a mistura e a importação de formas e estilos e tenta elaborar um gênero próprio brasileiro, com base na recuperação e na estilização das características arquitetônicas das obras do período colonial. Um dos exemplos desse movimento é a Escola Normal do Rio de Janeiro (1926-1930), de Angelo Bhruns e José Cortez.

1929 – A construção do Edifício A Noite, no Rio de Janeiro (RJ), marca a chegada do art déco ao Brasil. Outras obras importantes desse estilo são a Estação Central do Brasil, também no Rio de Janeiro, o Elevador Lacerda, em Salvador (BA) e edifício Mappin Stores (Sasa Anglo Brasileira), em São Paulo.

1930 – A inauguração da Casa Modernista em São Paulo (SP), obra do arquiteto russo Gregóri Varchávchik, assinala a introdução da arquitetura moderna no Brasil. Esse estilo se torna muito conhecido com a construção do Ministério da Educação e Saúde (1936-1945), atual Palácio da Cultura, no Rio de Janeiro (RJ). O projeto dos arquitetos Lúcio Costa, Afonso Reidy, Carlos Leão, Ernani Mendes de Vasconcelos, Jorge Moreira e Oscar Niemeyer contou com a consultoria do francês de origem suíça Le Corbusier. Esse edifício assinala, mais que um estilo, a preocupação de estabelecer uma permanente relação do edifício com a cidade, que irá ganhar sua mais completa exterioração no projeto da cidade de Brasília (1960).

1960 – Com a inauguração de Brasília, surge a maior referência da arquitetura modernista no Brasil. Construída para ser a nova capital do país, a cidade tem projeto urbanístico de Lúcio Costa e edifícios governamentais desenhados por Oscar Niemeyer.

1962 – João Batista Vilanova Artigas, arquiteto brasileiro premiado internacionalmente, desenha o edifício da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP). Com linhas modernas, é sua obra mais conhecida e será premiada em 1985 pela União Internacional de Arquitetos (UIA), com o Prêmio August Perret.

1968 – O novo prédio do Museu de Arte de São Paulo (Masp), projeto da brasileira naturalizada, de origem italiana, Lina Bo Bardi, é inaugurado. De concreto e vidro, com linhas simples, a construção torna-se um dos principais marcos arquitetônicos da cidade de São Paulo. O museu se destaca pelo seu vão livre de 70 metros, que permite manter a vista original do local e não sobrecarrega o túnel localizado embaixo do edifício.

Década de 70 – Permanece a arquitetura do concreto, ligada à criação de estruturas cada vez mais sofisticadas. O grande crescimento econômico brasileiro nessa época permite a elaboração de obras monumentais, que mostram o salto da riqueza do país. Um exemplo é o prédio da Petrobrás, no Rio de Janeiro (RJ).

Década de 80 – Os movimentos de crítica ao modernismo, como o pós-modernismo, são extremamente valorizados no Brasil. Há um maior cuidado em relação ao uso que o edifício vai ter e ao lugar onde ele se insere. O prédio do Sesc Fábrica da Pompéia, em São Paulo (1977-1986), projetado pela arquiteta Lina Bo Bardi, é considerado um exemplo dessa linha. Começa a ser introduzido o uso estrutural do aço, como na Estação Largo Treze de Maio, em São Paulo (SP), idealizada por João Walter Toscano. Também se retoma o uso das estruturas de madeira em substituição ao concreto armado, como no Centro de Proteção Ambiental de Balbina, em Manaus (AM), obra de Severiano Porto, e nas construções residenciais de Marcos Acayaba, em São Paulo (SP). Ganham força planos de reurbanização, como em Curitiba (PR), e de recuperação de centros históricos, como o do Rio de Janeiro (RJ).

Década de 90 – A tendência de reurbanização acentua-se. Em São Paulo (SP) ocorre um processo de revitalização do centro, que inclui a mudança da prefeitura para o Palácio das Indústrias, a reforma da Pinacoteca do Estado, a reciclagem da antiga agência dos Correios e a transformação da Estação Júlio Prestes em sala de concertos. Na Bahia, Lina Bo Bardi assina o projeto piloto para a recuperação do centro histórico de Salvador. A arquitetura do fim da década se caracteriza por criações individuais, como residências particulares e edifícios institucionais e industriais. Destacam-se arquitetos como João Walter Toscano e Ruy Othake, Paulo Mendes da Rocha, idealizador do Museu Brasileiro da Escultura, em São Paulo (SP), e João Filgueiras Lima, que desenvolve processos de construção industrial que permitem uma arquitetura com nítida referência ao arquiteto Oscar Niemeyer, além de arquitetos que se associam ao movimento pós-moderno, entre eles, Carlos Bratke, Gianfranco, Luís Paulo Conde, Eolo Maia.

Anos 2000 – Nos anos que se seguem à década de 1990, a arquitetura brasileira acompanha as tendências que estão ocorrendo no mundo, como o pós-modernismo, a arquitetura high-tech e uma regionalização dos princípios da arquitetura desenvolvida pelo Movimento Moderno desde a década de 1930. Oscar Niemeyer continua produzindo, tendo inaugurado o Museu de Arte Moderna em Niterói (anos 90), no Rio de Janeiro, e O Museu do Ôlho (2002), em Curitiba, no Paraná.

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