O Processo | Franz Kafka

A porta da oficina estava aberta; três operários de pé e dispostos em semicírculo trabalhavam em alguma peça que não cessavam de golpear fortemente com seus martelos. Uma grande chapa de folha de lata pendurada da parede atirava uma luz pálida através do espaço que ficava entre os corpos dos operários aos quais lhes iluminava o rosto e os aventais de trabalho. K. concedeu a todo este quadro uma rápida olhada; queria ficar livre o mais depressa possível, falar tão-somente umas poucas palavras com o pintor para voltar logo ao banco. Por mais insignificante que fosse o êxito que alcançassem suas gestões com o pintor, isso bastaria para influir sobre a disposição com que voltaria a realizar o seu trabalho no banco. Ao chegar ao terceiro andar teve que diminuir o passo. Era-lhe muito difícil respirar; a escada era muito empinada, os andares desmedidamente altos, e o pintor devia viver certamente na água-furtada da casa."