Tunísia | Aspectos Geográficos e Socioeconômicos da Tunísia
Geografia – Área: 163.610 km². Hora local: +4h. Clima: árido tropical (maior parte) e mediterrâneo (litoral). Capital: Túnis. Cidades: Túnis (2.180.000) (aglomeração urbana), Sfax (260.900), Ariana (165.700), Ettadhamen (155.200), Sousse (130.000) (2018).
População – 10,9 milhões (2018); nacionalidade: tunisiana; composição: árabes tunisianos 99%, berberes 1%. Idiomas: árabe (oficial), berbere, francês. Religião: islamismo 98,9%, cristianismo 0,5%, sem religião 0,4%. Moeda: dinar tunisiano.
Relações Exteriores – Organizações: Banco Mundial, FMI, OMC, ONU, UA. Embaixada: Tel. (61) 248-7277, fax (61) 248-7355 – Brasília (DF); e-mail: at.brasilia@terra.com.br.
Governo – República presidencialista. Div. administrativa: 18 governadorias. Presidente: Zine al-Abidine Ben Ali (RCD) (desde 1987, reeleito em 1989, 1994, 1999 e 2004, deposto em 2011). Partidos: Reunião Constitucional Democrática (RCD), Movimento dos Democratas Socialistas (MDS). Legislativo: unicameral – Assembléia Nacional, com 182 membros. Constituição: 1959.
Situada na costa do mar Mediterrâneo, no extremo norte da África, a Tunísia é uma das nações mais liberais do mundo árabe. As mulheres têm os direitos civis garantidos. Entre as marcas de antigas civilizações, destacam-se as ruínas de Cartago, cidade-Estado fundada pelos fenícios há 3 mil anos. No norte, ocupado pelos montes Atlas, corre o único rio perene do país, o Medjerda. Na região central existe um imenso lago quase sempre seco – o Jerid –, que divide ao meio o território da Tunísia. Túnis, sua capital, é um centro de turismo cuja importância vem crescendo.
O território onde está a Tunísia é colonizado no ano 1000 a.C. pelos fenícios, que fundam Cartago, importante entreposto comercial no mar Mediterrâneo. Os romanos destroem a cidade em 146 a.C. e integram a região a seu império. Os árabes chegam no século VII e fazem de Túnis o centro do islamismo no norte da África. Em 1574, a Tunísia incorpora-se ao Império Turco-Otomano e passa a ser administrada por governadores turcos (beis). Em 1881 se torna protetorado da França.
Independência – Em 1956, o país obtém a independência, sob regime dos beis. No ano seguinte, o bei é deposto e a República é proclamada pelos desturianos, originários do partido nacionalista Destur, fundado em 1920. Habib Bourguiba elege-se presidente em 1959, pelo partido Neo-Destur, renomeado em 1964 Partido Socialista Desturiano (PSD). Em 1975, Bourguiba é proclamado presidente vitalício. Até 1981, o PSD é o único partido legal. Em 1987, o poder é tomado pelo primeiro-ministro Zine al-Abidine Ben Ali, que revoga a presidência vitalícia. O PSD passa a se chamar Reunião Constitucional Democrática (RCD). Ben Ali vence as eleições de 1989, 1994 e 1999. O crescimento do fundamentalismo islâmico no país preocupa o governo.
O programa de privatizações recebe impulso em 2001. No ano seguinte, 19 pessoas, incluindo 11 turistas alemães, morrem em um atentado da Al Qaeda contra uma sinagoga na ilha de Jerba. Ainda em 2002, um referendo muda a Constituição, permitindo que o presidente Ben Ali concorra a um novo mandato. A Anistia Internacional afirma que os presos tunisianos sofrem abusos. Em julho de 2004, o governo nega as acusações. Em outubro, Ben Ali vence sua quarta eleição presidencial, com 94,4% dos votos. A oposição obtém apenas 20% das 182 cadeiras no Parlamento.
Túnis, Capital da Tunísia |
O termo púnica, derivado de poeni, que significa "cartagineses", é
utilizado para denominar as três guerras travadas por Roma e Cartago
entre os anos de 264 e 146 a.C. Os cartagineses haviam ampliado o seu
domínio até a Córsega, a Sardenha e parte da Sicília, em 264 a.C.
Tornou-se inevitável o choque com os romanos, que acabavam de concluir a
unificação da península e tinham nas colônias cartaginesas um obstáculo
a sua expansão no mar Tirreno.
A vitória de Roma nos conflitos em que, ao longo de mais de cem anos, se defrontaram as duas grandes potências da antiguidade, foi decisivo para a consolidação do grandioso império cuja marca persiste ainda em nossos dias, passados mais de dois milênios daqueles fatos.
Primeira guerra púnica (264 a.C.-241 a.C)
No século III antes da era cristã, a tensão entre Cartago e Roma se fazia sentir com mais intensidade na Sicília, onde eram freqüentes os choques entre os habitantes da área púnica -- as antigas colônias fenícias da metade ocidental da ilha -- e das cidades gregas localizadas na região oriental. O confronto entre as duas potências teve início depois que Messina, então em poder de mercenários da Campânia, pediu socorro a Roma e Cartago ao ser atacada por Siracusa, aliada dos cartagineses.
As tropas de Cartago foram as primeiras a chegar. Seus oficiais tomaram Messina e se reconciliaram com Hiéron, tirano de Siracusa. Pouco depois, entretanto, chegaram à cidade as tropas romanas, que capturaram o almirante cartaginês e o obrigaram a retirar-se. O ataque deflagrou a guerra de Roma contra Siracusa e Cartago. Os aliados lançaram um ataque conjunto contra Messina, mas foram repelidos e, no ano 263 a.C., os romanos invadiram os territórios de Hiéron e o forçaram a assinar uma paz em separado. Em 262, tomaram a fortaleza cartaginesa de Agrigentum e, dois anos mais tarde, inflingiram uma grande derrota naval a Cartago, em Mylae, ao norte da Sicília.
Em 259, os romanos conseguiram expulsar as tropas cartaginesas da Córsega e três anos depois obtiveram nova vitória, ao repelir o avanço de uma esquadra na região do cabo Ecnomus, próxima à área em que seria localizada a atual Licata. Roma estabeleceu então uma cabeça de ponte em Clypea -- atual Kelibia, na Tunísia -- e Cartago aceitou negociar, mas recuou de sua posição ante as rigorosas condições impostas pelo cônsul A. Atílio Régulo. Em 255, uma frota cartaginesa, sob o comando do mercenário Xantipo, derrotou Régulo, que foi feito prisioneiro. Depois que uma nova expedição romana combateu a frota cartaginesa no cabo Hermaeum (Bon) e libertou as tropas encurraladas em Clypea, teve início uma guerra de desgaste que se prolongou até 249, quando, em represália a um ataque romano, Cartago atacou Drepanum (Trapani) por mar e destruiu 93 navios do almirante P. Cláudio Pulcher.
Nesse período em que as batalhas foram interrompidas, registravam-se apenas as ações dos guerrilheiros liderados por Amílcar Barca, que tinham seus redutos em Erecte e Eryx, montes quase inexpugnáveis localizados na costa ocidental da Sicília. O impasse foi rompido depois que Roma promoveu uma subscrição pública e construiu uma nova esquadra. Em 242, a frota cartaginesa foi destruída por 200 barcos romanos ao largo das ilhas Aegatas (ou Aegusae). Cartago -- que já enfrentava na África a revolta de seus mercenários -- capitulou, renunciou à Sicília e se comprometeu a pagar uma indenização de 3.200 talentos, ao longo dos dez anos seguintes. Em 238, Roma aproveitou-se da instabilidade em Cartago para apoderar-se da Córsega e da Sardenha e exigiu uma indenização complementar de 1.200 talentos.
Segunda guerra púnica (218-201 a.C.)
Para compensar a perda de seus territórios no mar Tirreno, os cartagineses decidiram ampliar seus domínios na península. Sob a liderança de Amílcar Barca, conquistaram a Espanha e ocuparam as minas de Sierra Morena, onde obtiveram recursos para saldar as dívidas de guerra. Em 227, Asdrúbal o Belo, genro de Amílcar Barca, assumiu o compromisso de que suas tropas não atravessariam o rio Ebro e fundou a grande base naval de Nova Cartago, que depois tomaria o nome de Cartagena.
Romanos e cartagineses delimitaram suas áreas de influência na região em tratado assinado em 226. No documento, os romanos reconheceram a soberania de Cartago ao sul do rio Ebro, onde estava localizada a cidade de Sagunto, aliada de Roma. Com o assassinato de Asdrúbal, Aníbal, seu cunhado e filho de Amílcar Barca tornou-se comandante supremo dos cartagineses na Espanha e, em 219, conquistou Sagunto. Os romanos exigiram a restituição da cidade e a libertação do comandante militar, mas Cartago preferiu o combate.
Ante a superioridade dos romanos no mar, Aníbal, que decidira levar a guerra até a Itália, conduziu suas tropas por terra, através da Espanha e da Gália. Foi uma travessia épica, que se prolongou por seis meses, pelos Pireneus e pelos Alpes, feita por cinqüenta mil soldados de infantaria, nove mil cavaleiros e 37 elefantes. Aníbal chegou a Tessino em 218 e logo derrotou o cônsul Cornélio Cipião. No ano seguinte, as tropas cartaginesas obtiveram nova vitória em combate às margens do lago Trasímeno, contra as forças lideradas pelo cônsul C. Flamínio, que perdeu 15.000 homens.
A derrota de Flamínio deixou Roma desprotegida, mas Aníbal hesitou em atacar a capital. Os romanos escolheram então um ditador, Quinto Fábio Máximo, que recrutou às pressas um novo exército e iniciou uma hábil guerra de desgaste contra as tropas de Cartago. Aníbal acabou por conseguir que o cônsul Paulo Emílio o combatesse em campo aberto e em terreno escolhido. Na batalha, travada a 2 de agosto de 216, Roma sofreu a maior derrota da história da república e perdeu cinqüenta mil de seus oitenta mil homens.
Após a vitória, Aníbal estacionou suas tropas e permaneceu imobilizado em Capua, enquanto Roma reagrupava suas forças para atacar a retaguarda cartaginesa. Com Aníbal isolado de suas bases, os romanos prosseguiram sua ofensiva até Cartagena, onde derrotaram seu irmão Asdrúbal Barca e expulsaram definitivamente os cartagineses da península. Asdrúbal tentou reunir-se ao irmão na Itália, mas foi preso e decapitado. Em 211, Aníbal capitulou em Capua e, depois de chegar à entrada de Roma, foi obrigado a regressar a Cartago, para defender a cidade ante a ameaça de um ataque de Cipião.
A batalha final da segunda guerra púnica foi travada em 202, na região de Zama, a 150km de Cartago. Derrotados, os cartagineses foram obrigados a aceitar as severas condições impostas por Roma, entre as quais a renúncia à Espanha e o pagamento de uma indenização de dez mil talentos. Refugiado na Síria e, depois, na Bitínia, Aníbal preferiu suicidar-se, em 183 a.C., para não ser entregue aos romanos.
Terceira guerra púnica (149-146 a.C.)
As drásticas condições impostas por Roma minaram a economia de Cartago, mas os cartagineses logo se recuperaram. A agricultura e o comércio marítimo voltaram a constituir a base de uma crescente riqueza. Em Roma, Catão o Censor se tornou porta-voz dos radicais e exigiu, com a frase que se tornaria famosa, que Roma pusesse fim à ameaça: Delenda Carthago (Cartago deve ser destruída). A oportunidade para o ataque foi fornecida pelo rei da Numídia, Massinissa, protegido de Roma e que fustigava com freqüência as tropas de Cartago.
Quando os cartagineses se preparavam para revidar uma das agressões de Massinissa, Roma lançou sua ofensiva e aniquilou as tropas de Cartago. Os vencidos se dispuseram a entregar reféns e a depor as armas, mas Roma exigiu a migração em massa para o interior do continente. Cartago preferiu a luta e resistiu por três anos ao cerco das tropas romanas. Na resistência ao cerco, as mulheres chegaram a cortar as tranças para que se fizessem cordas e quando a cidade foi tomada, em 146 a.C., de seus 250.000 habitantes restavam apenas cinqüenta mil, vendidos como escravos. Nada restou da cidade e o local em que fora localizada foi condenado, em cerimônia solene, à desolação perpétua. O seu próprio nome desapareceu e o antigo território cartaginês passou a constituir a província romana da África.
Filho de Amílcar Barca, fundador do império cartaginês na Espanha e
comandante da primeira guerra púnica contra os romanos, Aníbal nasceu em
Cartago no ano 247 a.C. Aos 26 anos, depois do assassinato do pai e do
cunhado Asdrúbal, assumiu o comando do exército. Dedicou-se inicialmente
à consolidação do domínio cartaginês na península ibérica e para esse
fim fez várias viagens pelo império, no decorrer das quais arregimentou
tribos celtas e iberas que viriam a constituir a base de seu exército.
As técnicas de combate inventadas por Aníbal nas batalhas que travou contra os exércitos romanos foram consagradas pela história dos conflitos bélicos. O emprego de armamento pesado móvel e de movimentos envolventes no palco de operações faz parte do legado transmitido por aquele que foi talvez o maior gênio militar da antiguidade.
A segunda guerra púnica começou em 219 a.C., quando os cartagineses cercaram Sagunto, aliada de Roma. Em resposta, os romanos declararam guerra a Cartago. Aníbal reagiu organizando uma expedição à Itália, composta de aproximadamente quarenta mil homens e grande número de elefantes. Após a travessia dos Pireneus e dos Alpes, o cartaginês infligiu aos romanos a primeira derrota em Trébia, no vale do rio Pó, onde incorporou a suas tropas os gauleses cisalpinos. Na batalha de Trasimeno esmagou as forças de Flamínio, estimadas em 15.000 homens, e conquistou o domínio da Itália central. Em Canas obteve outra retumbante vitória contra um contingente romano duas vezes mais numeroso que as tropas cartaginesas.
Durante quatro anos procurou consolidar o domínio cartaginês no sul da Itália e em 212 a.C. ocupou ainda Cápua e Taranto. Sem reforços e abastecimento, foi obrigado a adiar o projeto de tomar Roma e refugiou-se no extremo sul da Itália. Esperou em vão a adesão dos povos itálicos ou a chegada do exército comandado por seu irmão Asdrúbal Barca, dizimado pelos romanos na batalha do rio Metauro, em 217 a.C. O inimigo passou à contra-ofensiva e recuperou progressivamente suas posições.
Durante as campanhas de Aníbal na Itália, o cônsul Públio Cornélio Cipião, o Africano, conquistou todos os territórios espanhóis que estavam sob controle cartaginês. Em 203 a.C. levou a guerra até Cartago, forçando Aníbal a atravessar o oceano para defender sua cidade. Na batalha de Zama, Aníbal foi definitivamente derrotado, mas ainda tentou, durante alguns anos, restaurar Cartago. Em 195 a.C. Roma exigiu sua rendição, e ele procurou refúgio na corte de Antíoco, na Síria. Três anos mais tarde seu protetor foi derrotado pelos romanos e Aníbal asilou-se na Bitínia. Quando Roma, em 183 a.C., pediu sua extradição, preferiu suicidar-se com veneno.
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