Biotipologia (Biologia)

Biotipologia (Biologia)

Biotipologia (Biologia)

Biotipologia é o estudo dos caracteres físicos e psicológicos que diferenciam os indivíduos entre si. É por isso chamada também de antropologia diferencial, antropologia constitucional, constitucionalística e caracterologia. A biotipologia busca estabelecer correlações entre a morfologia externa do corpo e os múltiplos e complexos componentes da personalidade individual, tais como os psicológicos (temperamento) e éticos (caráter), as aptidões intelectuais, físicas e fisiológicas, as formas de expressão artística e de comportamento social e até as tendências patológicas do organismo.

A suposição de que certas feições morais e psicológicas correspondem a um tipo físico determinado deu origem à biotipologia, disciplina tributária da medicina e da psicologia.

Ao longo da história da biotipologia, que remonta ao século V a.C. com o médico grego Hipócrates, sempre se buscou descrever tipos biológicos, ou biótipos, flagrantemente antitéticos, isto é, opostos por natureza. Assim, Hipócrates descreveu o pletórico e o tísico; o alemão Ernst Kretschmer, o pícnico e o leptossômico; o italiano Giacinto Viola, o braquitípico e o longitípico, e Nicola Pende, o brevilíneo e o longilíneo. Em todas essas classificações, o primeiro tipo compreende indivíduos de tronco volumoso e membros relativamente curtos, com tendência a baixa estatura e a obesidade. O tipo antagônico é linear, fino, longo e frágil, de tronco reduzido e membros compridos. Na literatura, o exemplo clássico é o dos personagens de Cervantes, respectivamente Sancho Pança e D. Quixote.

As classificações mencionadas contribuíram, quase todos, para o progresso da biotipologia, mas eram insatisfatórias, porque, executada a da escola italiana, careciam de métodos científicos, e porque, sem exceção, se atinham à tentativa de reduzir todas as variedades de constituição individual a um escasso número de tipos delimitados. Como não há, praticamente, dois indivíduos iguais na espécie humana (a probabilidade de que isso aconteça foi calculada por Valdemar Berardinelli em cerca de 1 para 300 trilhões), raros indivíduos correspondem exatamente a uma das categorias descritas.

Somente a partir da segunda metade do século XX, com os trabalhos do americano William Sheldon, a biotipologia inicia uma fase propriamente científica. Nessa nova visão, a morfologia corporal depende de diferentes tendências que atuam com intensidade variável no desenvolvimento de cada organismo.

As três tendências principais são a endomorfia, a mesomorfia e a ectomorfia. Na primeira se verifica  participação do tecido adiposo e das vísceras abdominais na constituição física e, quando  predomina, o indivíduo é gordo, de abdome volumoso, musculatura débil, esqueleto franzino e cabeça redonda. A mesomorfia produz desenvolvimento do esqueleto e do tecido muscular e sua predominância manifesta-se pela robustez dos ossos, pelos músculos volumosos e fortes, cabeça aproximadamente cúbica e mandíbula saliente. A predominância da ectomorfia dá ao corpo um aspecto de fragilidade, com o tronco fino, membros longos, crânio grande e mandíbula retraída.

Em geral, o organismo apresenta características das três tendências, mas pode haver dominância de uma sobre as outras duas, equilíbrio de duas com atenuação da terceira, ou participação equilibrada das três. Assim, as diferenças de morfologia externa do corpo resultam de maior ou menor intensidade dessas variáveis primárias na determinação do biótipo, ou somatótipo, isto é, do tipo físico.

No plano rigorosamente científico, é difícil obter confirmação ou negação objetiva das teorias biotipológicas. Existe consenso entre os especialistas, no entanto, de que o tipo físico não é resultado apenas de algumas categorias definidas e limitadas, mas função de variáveis contínuas, presentes em todos os indivíduos e de cuja participação relativa decorre, em cada organismo, um conjunto de caracteres morfológicos que forma o biotipo individual e irrepetível.

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