Agressividade

Agressividade

Agressividade

A agressividade faz parte da própria vida, relacionando-se desde o início com a luta pela sobrevivência. Varia muito, por isso, a extensão ou o significado que assume nos vários planos em que se verifica, dependendo das causas e dos efeitos, na intensidade, da freqüência, das circunstâncias.

Característica daquele ou daquilo que é capaz de agredir, atacar, a agressividade se apresenta em muitas formas e, às vezes, em duas ou mais ao mesmo tempo. Assim, deve-se analisá-la conforme suas manifestações biológicas, psicológicas, éticas, sociais, jurídicas, políticas, estratégicas.

Durante milhões de anos a agressividade humana pode ter ido pouco além dessa que ora mais, ora menos, mas quase sempre de modo equilibrado, estava presente no convívio de todos os seres vivos. As primeiras explicações da agressividade provêm da verificação de fatos desse tipo e se originam na teoria da evolução, de Charles Darwin, a partir da qual se difundiram noções como "seleção natural", "sobrevivência do mais apto" e "luta pela vida".

Mas o homem só se limitava a esses aspectos antes de ser completamente ele próprio, isto é, quando ainda era um primata como tantos outros. O Homo habilis, que fazia ferramentas e armas, e que viveu há mais de dois milhões de anos, já tinha alguma linguagem eficiente, já experimentava emoções complexas e, portanto, já devia ser capaz de uma agressividade que haveria de requerer a abordagem psicológica.

Muito mais tarde, o Homo sapiens, agricultor, organizado em grupos ou sociedades estáveis, conhecedor da escrita e de técnicas cada vez mais apuradas (inclusive do ponto de vista bélico) tornou-se capaz de outras tantas formas de agressividade que já podiam ser controladas ou compreendidas a partir de códigos morais e jurídicos, que adquiririam sentido político e militar, que envolveriam problemas cada vez mais difíceis e passariam a ter desse modo, na esfera individual ou coletiva, seus desvios patológicos, ou seja, manifestações de caráter doentio, irregular.

Direito. Com o aparecimento, ao longo dos séculos, da agressão humana de caráter anômalo, de conseqüências perigosas ou altamente destruidoras, foram-se procurando mil modos de controlá-la. Os feiticeiros, os sacerdotes, as autoridades de toda espécie tentaram, cada qual a seu modo, exorcisar ou combater os excessos de agressividade, os seus inconvenientes. Surgiram assim as normas de comportamento social, como o código de Hamurabi, os Dez Mandamentos, as muitas etapas de codificação do direito penal (estabelecendo punições para os variados graus e tipos de agressão), o direito internacional, as convenções que regulamentam até certo ponto a própria agressividade entre os povos. Por algumas delas, por exemplo, se proíbem determinados atos, como o ataque a hospitais, mesmo durante as guerras mais devastadoras.

Psicologia social, psicanálise. Desde seus primeiros passos as ciências humanas se preocuparam com a agressão e a agressividade. No século XVII, Thomas Hobbes, em seu Leviathan, defendia um estado tão poderoso que sufocasse a brutalidade dos homens. Foi o primeiro a atacar o mal com suas próprias armas (um século depois Malthus preconizava até a guerra como fator de controle do crescimento populacional, para muitos uma das causas da agressividade social e política). Na fisiologia e psicologia do comportamento, uma das maiores contribuições veio a ser, já no século XX, a de Konrad Lorenz, que, em longas pesquisas sobre as reações dos animais em diferentes situações, confirmou Darwin e trouxe novas luzes para a compreensão do problema, inclusive entre os seres humanos (nos quais, para ele, também existe sempre, latente ou manifesto, o instinto de matar).

Na psicopatologia e na psiquiatria vem-se conhecendo cada vez melhor a relação entre a doença mental, a doença emocional (psicoses, neuroses) e os sintomas de agressividade, especialmente a partir de Freud e da psicanálise, em que se associou a agressividade ao impulso para a morte, principalmente quando alimentado pela frustração (ou pelas frustrações) do impulso para o amor. A perspectiva freudiana foi aperfeiçoada por outros estudiosos como Wilhelm Reich, Margaret Mead, Herbert Marcuse, Jacques Lacan.

Política, diplomacia. A agressividade entre os povos ou nações é fundamentalmente determinada pela competição econômica (de recursos, mercados), mas também envolve a intolerância étnica, religiosa, cultural. Os mecanismos políticos de controle e o papel de entidades como a Organização das Nações Unidas (ONU) denotam um esforço para conter as soluções agressivas, sobretudo por ter o homem atingido, no século XX, a possibilidade de agressões planetárias, seja na destruição da natureza, seja na de sua própria espécie.

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