"Os Profetas do Fato Consumado"
Vivemos na era dos videntes de internet. Eles não leem o futuro — leem as manchetes do dia anterior e gravam vídeos dizendo:
“EU JÁ SABIA.”
Religiosos, geopolíticos ou economistas — é tudo o mesmo roteiro com figurino diferente:
🔹 O "profeta do YouTube" vê um terremoto e grita: “está em Mateus 24!”
🔹 O “analista internacional” vê uma guerra e solta: “já previa tensões no cenário multipolar”
🔹 O “economista do apocalipse” vê inflação e diz: “como alertei no vídeo que ninguém consegue encontrar…”
Nenhum deles prevê com clareza. Nenhum acerta com precisão. Mas todos têm uma thumbnail com cara de urgência e um Pix na descrição.
Quando a Rússia invadiu a Ucrânia, onde estavam os gênios da geopolítica?
Sumidos. Mas dois dias depois, surgiram com mapas, gráficos e “análises profundas”.
Só esqueceram de mostrar o vídeo onde realmente previram o ataque.
Spoiler: não existe.
Esses “especialistas” vivem de frases genéricas:
“Vivemos um momento delicado da história”
“A tensão global tende a aumentar”
“A fé do povo será testada”
Nada disso é profecia.
É horóscopo disfarçado de análise.
É teatro com figurino de autoridade.
Eles falam para quem precisa acreditar.
Ou para quem quer rir da bizarrice — porque no fundo, esse espetáculo é uma mistura de religião, política e entretenimento de mau gosto.
No fim, todos esses personagens têm uma coisa em comum:
eles nunca erram — porque nunca dizem nada que possa ser cobrado depois.
Enquanto isso, o mundo real continua:
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O Papa morre, e o mundo não acaba.
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A guerra começa, e os “analistas” fazem live.
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A economia afunda, e os “profetas” vendem curso de libertação financeira.
Mas a verdade?
O tempo expõe todos eles.
Só que até lá… o Pix já caiu.