Uma equipe de pesquisa chamada Boomerang, reunindo cientistas de diversos países, divulga no início de 2000 uma imagem altamente precisa do brilho remanescente do Big Bang, a explosão que deu origem ao cosmo há 13 bilhões de anos. A partir dela, os cientistas deduzem que a geometria interna do Universo é plana – significa que é possível se mover em linha reta pelo espaço. Se a geometria fosse esférica ou hiperbólica, todo movimento acabaria tomando um trajeto curvo, seja na forma de um arco de círculo, seja na forma de uma hipérbole. Nesse caso, o cosmo estaria perdendo velocidade e, no futuro, voltaria a encolher. Mas, como a geometria é plana, sabe-se que a expansão prosseguirá indefinidamente. Esse estudo fortalece um resultado semelhante, anunciado no final de 1997 por dois grandes grupos internacionais, chamados Supernova e High-Z. A hipótese mais aceita é que a expansão acelerada é causada por uma força ainda desconhecida, presente no vácuo – ou seja, mesmo depois que se retira de um volume toda forma de matéria e de radiação conhecidas, resta ainda uma espécie de energia negativa, que se opõe à gravidade. No princípio dos tempos, quando as galáxias estavam bem próximas entre si, a gravidade era mais intensa que agora e a força contrária do vácuo praticamente não influía no ritmo da expansão. Mais tarde, com as galáxias longe umas das outras, a atração gravitacional se diluiu e o ritmo de afastamento das galáxias tornou-se mais rápido. Os grupos Supernova e High-Z detectaram a aceleração cósmica ao comparar a velocidade de galáxias próximas e distantes, notando que as mais longínquas eram mais lentas que nossas vizinhas.
No Universo, distância é sinônimo de passado. O Sol, por exemplo, sempre é visto com cerca de oito minutos de atraso, porque esse é o tempo que sua luz leva para chegar à Terra. As galáxias distantes estavam tão longe quando observadas que pertenciam à época em que o Universo tinha apenas 5 bilhões de anos. Então, se elas se moviam mais devagar que as galáxias próximas, avistadas no tempo presente, é porque a expansão era mais lenta no passado. Sua velocidade atual é 5% maior do que era há 8 bilhões de anos e deve aumentar cada vez mais depressa no futuro. A teoria mais aceita sobre a origem do Universo, chamada de inflação cósmica, postula que o cosmo passou por uma fase de crescimento absurdo nos primeiros trilionésimos de segundo de vida. Para verificar se isso está correto, os cientistas decompõem e analisam a luz fraquíssima que restou desse crescimento — uma autêntica explosão. Em 2002 e 2003, vários estudos desse tipo mostraram que a pálida luz cósmica tem exatamente a forma prevista pela teoria da inflação, que sai muito fortalecida do teste. O resultado mais impressionante foi obtido pela equipe do satélite americano Wilkinson Map: ela não apenas confirmou a expansão, como também forneceu a mais completa receita da matéria de que ele é feito. Nada menos que 73% de toda a matéria é composta pela energia escura — a força misteriosa que empurra o Cosmo cada vez mais depressa. Outros 23% são partículas desconhecidas, talvez com uma minúscula parcela de átomos comuns. A surpresa é que somente 4% de toda a matéria são, com certeza, átomos comuns, com os quais são feitas todas as galáxias, estrelas, planetas, cometas, seres vivos e assim por diante. A imensa maioria do Universo — 96% — contém formas ainda não identificadas de energia ou de partículas. www.klimanaturali.org