Idade Contemporânea de 1789 até 2016

Idade Contemporânea de 1789 até 2016

1789-1799 – Estimulada pelos ideais iluministas e com apoio popular, a burguesia volta-se contra os privilégios da nobreza e do clero e instaura a I República na Revolução Francesa. A desigualdade civil e uma profunda crise econômica dominam a França de Luís XVI. Ocorrem revoltas que resultam na proclamação da Assembleia Nacional Constituinte e na tomada da Bastilha, em 14 de julho de 1789, por cerca de mil parisienses, quase todos comerciantes, artesãos e assalariados. Em 1792, os jacobinos assumem a liderança da revolução com o apoio dos sans-culottes (proletariado urbano) e prendem seus opositores, os girondinos. Durante o chamado Período do Terror, entre 1793 e 1794, a revolução se radicaliza sob o comando de Robespierre. Há execuções em massa e as sentenças de morte atingem também os revolucionários considerados traidores ou acusados de conspiração. Com a execução do próprio Robespierre, chega ao fim a supremacia do grupo jacobino. Os girondinos instalam no poder a alta burguesia. Diante de ameaças externas e com a finalidade de resguardar seus privilégios, a burguesia entrega o poder a Napoleão Bonaparte.

1799-1804 – Escolhido pela burguesia para solucionar a crise que se instala com a Revolução Francesa, Napoleão Bonaparte dá um golpe de Estado, o Golpe do 18 Brumário. O líder militar suprime a Constituição republicana, substituindo-a por outra de caráter autoritário. Concentra todo o poder nas mãos do primeiro-cônsul, cargo que passa a ocupar. Nesse período, conhecido como Consulado, Napoleão realiza obras de pacificação e de organização dos territórios franceses. Participa da redação do Código Civil, que confirma a vitória da revolução burguesa e influencia a legislação de todos os países europeus no século XIX. Institui os princípios de igualdade, de propriedade das terras, das heranças, a tolerância religiosa e o divórcio.

1804-1815 – Napoleão Bonaparte é coroado imperador sob o nome de Napoleão I. O Império Napoleônico promove uma política expansionista: domina a Itália, a Holanda (Países Baixos) e parte da Alemanha; estabelece uma aliança com a Rússia; e declara bloqueio continental à Inglaterra em 1807. Em 1810, o império reúne 71 milhões de habitantes, dos quais apenas 27 milhões são franceses. Forma-se uma coalizão européia contra o poderio francês e Napoleão é obrigado a abdicar. Exilado por menos de um ano na ilha de Elba, retorna à França e reconquista o poder. Inicia-se o Governo dos Cem Dias. Finalmente é derrotado pelos ingleses na Batalha de Waterloo.

1811-1844 – Início dos movimentos de independência das colônias americanas. O processo é favorecido pela difusão das idéias liberais trazidas pela Revolução Francesa e pela independência dos Estados Unidos; pela mudança no equilíbrio de poder na Europa em conseqüência das guerras napoleônicas; e pela alteração nas relações metrópole-colônia. A maioria dos movimentos emancipacionistas é liderada por crioulos (descendentes de espanhóis nascidos na América), que exigem maior autonomia, liberdade comercial e igualdade perante os espanhóis. Contam com o apoio dos ingleses, interessados na liberação dos mercados latino-americanos.

1815 – Com a derrota de Napoleão Bonaparte, representantes das potências européias se reúnem no Congresso de Viena para redefinir o mapa político da Europa e do mundo. Sob a liderança de Inglaterra, Áustria, Prússia e Rússia, os territórios do Império Napoleônico são redistribuídos entre os países vencedores, restaurando dinastias e fronteiras alteradas pelas guerras napoleônicas. A Santa Aliança, organização política internacional, é criada com o propósito de deter novas campanhas revolucionárias e impedir o desequilíbrio de poder entre as potências européias.

1830-1832 – Os movimentos de caráter liberal e burguês que se iniciam na França e se espalham pela Europa ficam conhecidos como Revoluções Liberais. Na França explodem revoltas populares depois que o rei Bourbon Carlos X suspende a liberdade de imprensa e dissolve a Câmara. Vitoriosos, os burgueses levam ao trono um Orléans: Luís Felipe I. A derrubada dos Bourbon estimula o surgimento de várias outras insurreições na Europa. A Bélgica liberta-se dos Países Baixos (Holanda e Luxemburgo) e a Grécia torna-se um Estado independente. Entre 1830 e 1831, manifestações nacionalistas eclodem na Polônia, abafadas pelos russos. Em 1832 começam as agitações em várias partes da Alemanha e da Itália.

1838 – Os primeiros sindicatos (trade unions) surgem na Inglaterra, influenciados pelo aparecimento das idéias socialistas e das revoluções liberais.

1839-1860 – China e Reino Unido envolvem-se em dois conflitos, conhecidos como Guerra do Ópio. A Companhia Britânica das Índias Orientais mantém intenso comércio com os chineses, comprando chá e vendendo o ópio trazido da Índia. A decisão do governo imperial chinês de suspender a importação dessa substância leva ao primeiro confronto (1839-1842). Vencida, a China é forçada a pagar indenização, abrir cinco portos para o comércio e ceder a ilha de Hong Kong aos britânicos. No segundo embate (1856-1860), os ingleses aliam-se à França contra os chineses, que, novamente derrotados, cedem novos portos às nações vencedoras.

1845 – O Parlamento britânico aprova a lei Bill Aberdeen, que praticamente extermina o tráfico negreiro no mundo. A lei concede à Marinha de Guerra inglesa o direito de aprisionar e afundar qualquer navio negreiro no oceano Atlântico.

1848 – Karl Marx e Friedrich Engels publicam o Manifesto do Partido Comunista. Nele, a História é concebida como o resultado da luta entre as classes. No período do capitalismo, a oposição ocorre entre a burguesia e a classe operária. O manifesto conclama o proletariado de todo o mundo a se unir para tomar o poder. Traduzido para várias línguas, tem forte influência nos movimentos operários e revolucionários.

1848 – A crise econômica e a falta de liberdade civil acentuam a oposição à monarquia na França, iniciando as Revoluções de 1848. Os revoltosos proclamam a II República e instalam um governo provisório de maioria burguesa durante uma insurreição em fevereiro. Apesar da conquista da liberdade democrática, as condições de vida dos trabalhadores pouco mudam. Em junho, promovem uma nova revolução, reprimida pelas tropas oficiais. A onda revolucionária atinge simultaneamente outras nações européias (como a Itália, a Suíça e os estados alemães), mas é sufocada em todas elas.

1853-1856 – Reino Unido, França, Áustria, Sardenha (Itália) e Império Turco-Otomano combatem o expansionismo russo nos Bálcãs e na região entre os mares Negro e Mediterrâneo durante a Guerra da Criméia. O conflito se desenrola na península da Criméia, no sul da Rússia, e nos Bálcãs. Vencida, a Rússia devolve o sul da Bessarábia (atual Moldávia) e a embocadura do rio Danúbio para os otomanos. Também é proibida de manter bases ou forças navais no mar Negro.

1861-1865 – Interesses antagônicos entre os estados do sul dos EUA (latifundiários, aristocratas e escravagistas) e os do norte (industrializados e abolicionistas) provocam a Guerra Civil Americana ou Guerra de Secessão. Os 11 estados sulistas (Alabama, Arkansas, Carolina do Norte, Carolina do Sul, Flórida, Geórgia, Louisiana, Mississippi, Tennessee, Texas, Virgínia) deflagram o conflito. Com um saldo de 600 mil mortos, a guerra termina com a derrota sulista e o fim da escravidão. A liberdade formal não transforma a vida dos negros, que continuam marginalizados e sem nenhum programa governamental para sua integração profissional e econômica. O sul é ocupado militarmente até 1877, favorecendo o surgimento de sociedades secretas como os Cavaleiros da Camélia Branca e a Ku Klux Klan, defensoras da segregação racial.

1864 – É criada a Primeira Internacional dos Trabalhadores, associação do proletariado socialista dirigida por Karl Marx. Ela defende a tomada do poder pelo proletariado por meio de partidos socialistas e sindicatos operários.

1867-1918 - Áustria e Hungria se unem numa monarquia dual, o Império Austro-Húngaro. Pelo acordo, as duas nações se mantêm como Estados separados, com Constituições, línguas, governos e Parlamentos próprios. Possuem, porém, um monarca e ministros comuns para assuntos estrangeiros e financeiros. O império reúne um mosaico de povos (tchecos, poloneses, eslovacos, romenos, croatas, eslovenos e italianos) submetidos à hegemonia magiar (na Hungria) e alemã (na Áustria). A negativa dos dirigentes austro-húngaros em atender às reivindicações das minorias acirra os nacionalismos e acaba provocando sua dissolução no final da I Guerra Mundial.

1868 – O imperador Mutsuhito assume o poder após o declínio do xogunato e põe fim ao Japão feudal. Início de um período de modernização e industrialização, conhecido como Era Meiji, que transforma o Japão na maior potência do Oriente.

1870 – Unificação italiana, com a integração dos diversos estados e reinos italianos. Após a Revolução Liberal de 1848 intensificam-se os ideais italianos de união do território, dividido até então nos reinos da Sardenha e Piemonte, ao norte; no Reino das Duas Sicílias, ao sul; nos Estados da Igreja; no Reino Lombardo-Veneziano; no Ducado de Toscana; e no Ducado de Módena. Enquanto o grupo Jovem Itália (formado pela média burguesia e pelo proletariado) defende um Estado republicano, o Risorgimento (integrado pela alta burguesia) é partidário da criação de uma monarquia liberal. Em 1861, Vittòrio Emanuèle II, rei de Piemonte-Sardenha, é proclamado rei da Itália. A consolidação do país é atingida em 1870 com a conquista de Roma.

1870-1871 – Guerra Franco-Prussiana marca o fim da hegemonia francesa na Europa. Reagindo à ambição de Napoleão III de conquistar a Prússia, o chanceler prussiano Otto von Bismarck derrota o Exército francês em 1871 e anexa a Alsácia e a Lorena. No mesmo ano, Bismarck efetiva a unificação alemã, integrando os estados germânicos no II Reich (o primeiro foi o Sacro Império Romano-Germânico, instalado por Otto em 962). O desenvolvimento econômico e social dos estados germânicos no século XIX estimula os ideais de unificação, à medida que garante condições para o avanço militar.

1871 – Os termos de paz impostos à França, vencida na Guerra Franco-Prussiana, provocam uma revolta popular liderada pelo socialista Louis Blanc e pelo anarquista Joseph Proudhon. É implantado, então, um governo revolucionário – a Comuna de Paris – que institui o fim dos privilégios e distinções de classe, o ensino gratuito e obrigatório, o controle do preço dos alimentos e a distribuição da renda em sistema cooperativo. Após 72 dias de duração, a Comuna é derrotada por tropas conservadoras francesas e estrangeiras. Mais de 20 mil revolucionários são executados.

1879-1884 – O Chile vence Peru e Bolívia na Guerra do Pacífico, que envolve a posse da região do deserto de Antofagasta, rica em salitre. Pelo Tratado de Valparaíso, a Bolívia entrega ao Chile sua única saída para o mar.

1884-1885 – A Conferência de Berlim partilha a África entre as potências européias.

1894-1895 – Japão e a China travam a Guerra Sino-Japonesa pelo controle da Coréia, que ocupa posição estratégica e possui grandes reservas minerais (carvão e ferro). A guerra termina com a vitória das forças militares japonesas, que arrasam o Exército e a Marinha chineses. O Japão recebe as ilhas de Taiwan (Formosa) e Pescadores, além de uma volumosa indenização. 1898 – As ambições norte-americanas no mar do Caribe e no oceano Pacífico, então sob domínio espanhol, levam à Guerra Hispano-Americana. A derrota espanhola assinala o início do imperialismo norte-americano no mundo. Os Estados Unidos (EUA) anexam Porto Rico, Filipinas e a ilha de Guam e incorporam formalmente o Havaí, seu protetorado desde 1875. Cuba também é cedida aos EUA, mas conquista a independência em 1902.

1899-1902 – O Reino Unido anexa as repúblicas independentes de Transvaal e de Orange, no nordeste da África do Sul, após vencer a resistência dos bôeres na Guerra dos Bôeres. Descendentes dos colonizadores holandeses, os bôeres ocupam a região nas primeiras décadas do século XIX, atraídos por suas ricas jazidas de diamante, ouro e ferro. Em 1910, Transvaal e Orange juntam-se às colônias do Cabo e de Natal para constituir a União Sul-Africana.

1900-1901 – Insatisfeitos com a submissão da dinastia Manchu à dominação européia, nacionalistas chineses iniciam atentados contra autoridades estrangeiras na China, deflagrando a Guerra dos Boxers. O movimento parte de uma associação secreta do norte do país, a Sociedade Harmoniosos Punhos Justiceiros, conhecida como Sociedade dos Boxers. Reino Unido, França, Japão, Rússia, Alemanha e Estados Unidos organizam uma expedição conjunta para combater o movimento. Derrotada, a China é condenada a pagar indenização e a aceitar a política da Porta Aberta, que mantém sua integridade territorial em troca de concessões econômicas ao Ocidente.

1904-1905 – Os expansionismos japonês e russo entram em choque no extremo Oriente, provocando a Guerra Russo-Japonesa. Em 1900, a Rússia ocupa a região da Manchúria (nordeste da China) e começa a penetrar no norte da Coréia. Os japoneses reagem em 1904 e derrotam os russos num ataque-surpresa. Com a vitória – a primeira de um exército asiático sobre uma potência européia – o Japão ascende à condição de potência mundial e abre caminho para suas ambições imperialistas.

1909 – O norte-americano Henry Ford introduz em sua fábrica de automóveis a linha de montagem, com o objetivo de racionalizar e aumentar a produção. O novo processo produtivo – chamado de fordismo – exige a construção de grandes fábricas e forte concentração financeira, levando à formação das sociedades anônimas.

1910 – O candidato da classe média mexicana Francisco Madero perde as eleições presidenciais de 1910 para Porfírio Díaz, no poder desde 1876 com o apoio da oligarquia latifundiária. Alegando fraude, milhões de camponeses pegam em armas e dão início à Revolução Mexicana, a primeira revolta popular do século XX, liderada por Pancho Villa e Emiliano Zapata. Sua principal reivindicação é a reforma agrária.

1912-1913 – As Guerras Balcânicas - envolvendo países da península e a Turquia – praticamente encerram a ocupação turco-otomana nos Bálcãs. Vitoriosa, a Sérvia duplica seu território, anexando partes da Macedônia e de Montenegro. Mas o país fica sem saída para o mar Adriático e reafirma suas ambições sobre os territórios a oeste da península, sob domínio do Império Áustro-Húngaro. O agravamento das tensões na região compõe o cenário que resulta na I Guerra Mundial.

1914-1918 – O choque de interesses imperialistas das nações européias aliado a anseios nacionalistas provocam a I Guerra Mundial. O conflito opõe a Tríplice Aliança (Alemanha, Império Austro-Húngaro e Turquia) e a Tríplice Entente (França, Reino Unido e Rússia), vencedora da guerra. O estopim do confronto é uma disputa entre o Império Austro-Húngaro e a Sérvia (aliada dos russos) na península Balcânica. Mais de 8 milhões de soldados e mais de 6,5 milhões de civis morrem no conflito.

1917-1922 – A crise econômica e política do Império Russo, agravada no início do século XX, estimula a propagação de idéias contra o regime czarista, abolido durante uma revolução que conduz o proletariado ao poder, conhecida como Revolução Russa. O movimento começa com a Revolução de Fevereiro, que força a abdicação do czar e coloca no governo uma coalizão reunindo a burguesia liberal e os socialistas moderados (mencheviques). No entanto, os mencheviques perdem apoio ao manter a Rússia na I Guerra Mundial. No dia 7 de novembro de 1917 (25 de outubro no calendário juliano), a oposição socialista radical (bolcheviques) promove uma insurreição sob o comando de Lênin. O novo dirigente dá aos camponeses o direito de explorar a terra e transfere o controle das fábricas aos operários. Institui a Nova Política Econômica (NEP), que permite a criação de empresas privadas, sob a supervisão do Estado. O governo bolchevique só se consolida após quatro anos de guerra civil. Em 1922, nasce a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), a primeira nação socialista do mundo, reunindo os territórios que pertenciam ao Império Russo.

1919 – As nações vencedoras da I Guerra Mundial estabelecem o Tratado de Versalhes, que determina os termos de paz com a Alemanha, impondo a esse país severas penas. Obrigada a ratificá-lo, a Alemanha perde todas as colônias, entrega a Alsácia e a Lorena à França, fica proibida de manter Marinha e Aeronáutica e limita seu Exército a 100 mil homens. É forçada, ainda, a pagar uma pesada indenização aos vencedores. As demais potências derrotadas assinam acordos em separado. Pelos tratados de Saint-Germain e Trianon, o Império Austro-Húngaro é desmembrado e surgem a Hungria, a Tchecoslováquia, a Polônia e a Iugoslávia. A Áustria se tornou um pequeno Estado, sem poder significativo. A paz com o Império Turco-Otomano é selada no ano seguinte.

1920 – Tratado de Sèvres partilha territórios do Império Turco-Otomano no Oriente Médio entre as potências vencedoras da I Guerra Mundial. O Iraque, a Transjordânia (atual Jordânia) e a Palestina se tornam protetorados britânicos, enquanto a Síria e o Líbano passam para o mandato francês. Três anos depois, Mustafa Kemal – líder militar que adota o codinome Atatürk, ou "pai dos turcos" - funda a República Turca nos domínios que restaram do Império Turco-Otomano.

1920 – Criação da Liga das Nações, com sede em Genebra (Suíça), que tem como objetivo garantir a paz e a segurança mundial.
1920 – Tropas britânicas abrem fogo contra uma multidão de irlandeses em Dublin, matando 12 pessoas. O episódio, conhecido por Domingo Sangrento, acontece em meio a onda de violência contra o domínio britânico na Irlanda, comandada pelo partido nacionalista Sinn Féin e seu braço armado, o Exército Republicano Irlandês (IRA). Dois anos depois é proclamado o Estado Livre da Irlanda – atual República da Irlanda – reunindo os condados católicos do sul da ilha. O norte da Irlanda – Ulster –, de maioria protestante, permanece ligado ao Reino Unido até hoje.

1922 – Após organizar a Marcha sobre Roma, Benito Mussolini torna-se primeiro-ministro da Itália a convite do rei Vittòrio Emanuèle III. O dirigente implanta o fascismo, regime político totalitário, nacionalista e corporativo.

1924-1953 – Stálin torna-se secretário-geral do Partido Comunista da URSS (PCUS) e assume o comando do país. Institui um regime totalitário, conhecido como stalinismo. Controla o Estado com poderes ditatoriais e espalha o terror: expulsa do partido e do Exército os inimigos declarados ou potenciais. Milhões são presos, executados ou deportados para campos de trabalho na Sibéria. No plano econômico, implanta uma nova política econômica (gosplan), baseada em planos qüinqüenais. Força a industrialização de base e a coletivização de terras.

1929 – A expansão do crédito bancário e a especulação financeira nos Estados Unidos (EUA) gera grave crise econômica, que atinge o limite com a quebra da Bolsa de Nova York. Mais de 9 mil bancos e 85 mil empresas decretam falência e a cotação das ações cai em média 85% entre 1929 e 1932. A redução de salários chega a 60% e o desemprego atinge 13 milhões de pessoas. A crise ganha dimensão mundial com a diminuição do crédito norte-americano a outros países e a elevação das tarifas alfandegárias dos EUA, que provocam refluxo no comércio exterior.

1930 - Seguido por milhares de pessoas, Mahatma Gandhi conduz a Marcha para o Mar: uma caminhada de mais de 320 quilômetros para protestar contra os impostos britânicos sobre o sal. Principal líder do movimento pela independência da Índia, Gandhi prega a resistência pacífica, ou seja, a não-violência como forma de luta. É preso diversas vezes por organizar campanhas de desobediência civil, que incluem o boicote aos produtos britânicos e a recusa ao pagamento de tributos.

1931 – O auge do expansionismo japonês se dá com a invasão da Manchúria – rica província chinesa, detentora de solo fértil e de depósitos de xisto petrolífero, carvão e ferro. É implantado o estado fantoche de Mandchukuo, governado formalmente pelo último imperador chinês, Pu Yi, e efetivamente controlado pelos japoneses.

1932 – António de Oliveira Salazar torna-se primeiro-ministro de Portugal. Inspirado no fascismo italiano, seu regime fica conhecido como salazarismo. Por meio da Constituição de 1933, Salazar institui o Estado Novo: estabelece o União Nacional como partido único, implanta a censura e reprime a oposição com a polícia de segurança, a Pide.

1933 – No auge da crise provocada pela quebra da Bolsa de Nova York, Franklin Roosevelt assume a Presidência dos Estados Unidos e lança o New Deal (Novo Acordo). Influenciado pelas idéias do economista inglês John Keynes, o programa de reformas econômicas e sociais baseia-se no combate ao desemprego e no aumento da produção industrial por meio de investimentos estatais.

1933 – Hitler torna-se chanceler da Alemanha, assume o papel de führer (guia do povo alemão) e instaura uma ditadura dominada pelo partido nazista. A recessão vivida pela Alemanha no pós-guerra cria condições favoráveis ao surgimento e à expansão do nazismo. Nacionalista, Hitler defende o racismo e a superioridade da raça ariana; nega as instituições da democracia liberal e a revolução socialista; e luta pelo expansionismo alemão. Transformando comícios e manifestações de massa em espetáculos e utilizando-se dos meios de comunicação para divulgar seus ideais de ordem e revanchismo, o partido nazista ganha rapidamente o apoio da população, castigada pela crise e pelo desemprego.

1936 – Início do expansionismo alemão com a invasão da Renânia, região do oeste da Alemanha, desmilitarizada pelo Tratado de Versalhes.

1936-1939 – Liderados pelo general Francisco Franco, rebeldes militares da guarnição de Melilla, no Marrocos espanhol, voltam-se contra o governo republicano e tomam as cidades de Sevilha e Cádiz, iniciando a Guerra Civil Espanhola, conflito que deixa 1 milhão de mortos. O combate se alastra pelo país, opondo republicanos e nacionalistas (franquistas). Do lado republicano lutam operários, camponeses, setores da classe média e cerca de 25 mil voluntários de 53 países, organizados nas Brigadas Internacionais. A União Soviética (URSS) dá auxílio financeiro limitado aos militantes comunistas, dividindo as forças republicanas. Com o apoio das Forças Armadas (exceto Aeronáutica), da Igreja Católica e a ajuda da Alemanha e da Itália - que tinham afinidades ideológicas com a direita espanhola - Franco vence a guerra em 1939 e instaura a ditadura, que se estende até sua morte, em 1975.

1939-1945 – Reino Unido e França declaram guerra à Alemanha após a invasão nazista na Polônia e iniciam a II Guerra Mundial. Em 1940 é formalizado o Eixo, pacto entre Alemanha, Japão e Itália. No ano seguinte, os japoneses bombardeiam a base naval de Pearl Harbor, no Havaí, e forçam a entrada dos Estados Unidos (EUA) na guerra. Definem-se, assim, as duas forças em conflito. De um lado, os países do Eixo e, de outro, os Aliados (França, Reino Unido, Estados Unidos e União Soviética). Quase 50 milhões de pessoas morrem na guerra e cerca de 6 milhões de judeus são exterminados em campos de concentração nazistas.

1944 – Com o objetivo de facilitar as operações financeiras de venda, troca ou compra de valores em moedas entre países, a Conferência de Bretton Woods, realizada em New Hampshire, Estados Unidos, adota o dólar norte-americano como base do sistema monetário mundial, em substituição ao padrão ouro. Na conferência, é criado o Fundo Monetário Internacional (FMI).

1944 – No dia 6 de junho de 1944, conhecido como Dia D, os aliados lançam o ataque decisivo contra as forças nazistas. O desembarque de 155 mil soldados aliados em Caen, na Normandia francesa, é considerado a maior operação aeronaval da história. Envolve mais de 1,2 mil navios de guerra e mil aviões. Paris é libertada em 25 de agosto.

1945 – O Exército da URSS ocupa a Berlim em 2 de maio de 1945. Cinco dias depois, ocorre a rendição da Alemanha.

1945 – Durante a II Guerra Mundial, os Estados Unidos lançam bombas atômicas sobre as cidades japonesas de Hiroshima (6/8) e Nagasaki (9/8), matando 170 mil pessoas. Ao mesmo tempo, tropas soviéticas expulsam os japoneses da Manchúria e da Coréia. Em 2 de setembro, o Japão capitula, pondo fim à II Guerra Mundial.

1945 – Franklin Roosevelt, presidente dos Estados Unidos, Josef Stálin, dirigente da União Soviética, e Winston Churchill, primeiro-ministro do Reino Unido, determinam os limites da área de influência soviética no Leste Europeu durante a Conferência de Yalta, na Criméia.

1945 – Conferência de Potsdam partilha a Alemanha e Berlim em quatro zonas de ocupação (Reino Unido, EUA, França e URSS). A Coréia é dividida entre os EUA (sul) e a URSS (norte), e o Japão permanece sob ocupação norte-americana até 1952.

1945 – Cinqüenta países assinam a Carta da ONU (Organização das Nações Unidas) em 25 e 26 de abril. A organização - hoje com 185 países-membros - nasce com a finalidade de zelar pela segurança e pela paz mundial, pela defesa dos direitos humanos e pela melhoria do nível de vida em todo o mundo.

1945 – Países árabes do Oriente Médio e do norte da África fundam a Liga Árabe no Egito, reunindo forças contra o domínio colonial sobre Estados árabes da região. O nacionalismo árabe – pan-arabismo – torna-se uma força política sobretudo a partir da ascensão de Gamal Abdel Nasser ao poder no Egito, em 1952.

1945-1980 – Tito assume o poder na Iugoslávia transformando o país numa federação de seis repúblicas – Sérvia, Croácia, Eslovênia, Bósnia-Herzegóvina, Montenegro e Macedônia – com direitos iguais. Consciente da tradição hegemônica da Sérvia, garante autonomia para as províncias sérvias de Kosovo (de maioria albanesa) e Voivodina (com forte presença húngara). Instaura um regime comunista de partido único e resiste à tentativa soviética de transformar a Iugoslávia em Estado-satélite, como ocorreu com os demais países do Leste Europeu. Durante seu governo, consegue neutralizar as diferenças entre as nacionalidades iugoslavas com base nos ideais socialistas e de fraternidade entre os povos eslavos do sul.

1945-1946 – Os países vencedores da II Guerra Mundial instituem um Tribunal Militar Internacional na cidade de Nuremberg para julgar criminosos nazistas acusados de conspiração, crimes de guerra e crimes contra a humanidade. Os julgamentos começam no dia 20 de novembro, duram dez meses e ficam conhecidos como Os Tribunais de Nuremberg. Doze dos acusados são condenados à morte por enforcamento; três recebem prisão perpétua; quatro, prisão entre dez e 15 anos; e três são inocentados. As execuções ocorrem em 16 de outubro de 1946.

Idade Contemporânea de 1946 Até a o Final da Década de 1990Idade Contemporânea de 1946 Até a o Final da Década de 1990

Anos 40

1946 – Juan Domingo Perón é eleito presidente da Argentina. Implementa um programa social conhecido como "justicialismo", funda o Partido Peronista e proíbe as demais agremiações políticas. Durante seu governo populista recebe grande influência de sua mulher, Eva Duarte. É reeleito em 1951 e deposto pela Marinha quatro anos depois. Em 1973 volta à Argentina e elege-se para presidente pela terceira vez, tendo Isabelita, sua terceira mulher, como vice.

1947 – Interessado em ampliar a área de influência norte-americana no mundo, o presidente Harry Truman estabelece a Doutrina Truman. Com o objetivo básico de combater o avanço do comunismo, cria o Plano Marshall: maciço investimento financeiro que visa recuperar as economias da Europa Ocidental, devastadas pela guerra, e, dessa forma, consolidar as estruturas capitalistas no continente. Para fortalecer o poder do Executivo e reforçar os princípios da Doutrina Truman, os Estados Unidos aprovam a Lei de Segurança Nacional (National Security Act), que cria o Conselho de Segurança Nacional (CSN) e a Central de Inteligência (CIA).

1947 – Criação do Comitê de Informação dos Partidos Comunistas e Operários (Kominform). Por meio dele, a União Soviética exerce o controle político sobre os partidos únicos que governam os países do Leste Europeu, com exceção da Iugoslávia.

1947 – Mahatma Gandhi lidera a independência da Índia em meio a violentos confrontos entre hindus e muçulmanos. Como resultado, é criado no mesmo ano um Estado muçulmano no norte do Subcontinente Indiano, o Paquistão. Seu território é formado pelo Paquistão Ocidental e pelo Paquistão Oriental (atual Bangladesh), regiões separadas por mais de 1,6 mil quilômetros. A região fronteiriça da Caxemira, de maioria muçulmana, é dividida em 1948 entre o domínio da Índia e do Paquistão.

1948 – No dia 10 de dezembro, a ONU (Organização das Nações Unidas) adota a Declaração Universal dos Direitos do Homem, um texto de referência que estabelece os direitos naturais de todo ser humano, independentemente de nacionalidade, cor, sexo, orientação religiosa, política ou sexual. Não é uma lei, mas tem grande força moral e norteia boa parte das decisões tomadas pela comunidade internacional.

1948 – A política de segregação racial do apartheid (separação, em africâner) é oficializada na África do Sul com a chegada ao poder do Partido Nacional (NP).

1948-1949 - O Estado de Israel é fundado oficialmente em maio de 1948, após aprovação pela ONU (Organização das Nações Unidas) do plano de partilha da Palestina entre árabes e judeus. Nações árabes do Oriente Médio atacam Israel para impedir sua criação, dando início ao primeiro conflito árabe-israelense, a chamada Guerra de Independência de Israel. A guerra termina em 1949 com a vitória de Israel, que amplia seu território além dos limites estabelecidos pela ONU. O Estado palestino desaparece do mapa – o Egito anexa a Faixa de Gaza e a Jordânia conquista e Cisjordânia.

1949-1991 - Após a II Guerra Mundial, Estados Unidos (EUA) e União Soviética (URSS) disputam a hegemonia planetária na Guerra Fria: intensa batalha econômica, diplomática e tecnológica pela conquista de zonas de influência no mundo, dividido em dois blocos, o capitalista (liderado pelos EUA) e o socialista (comandado pela URSS). Provoca uma corrida armamentista que se estende por décadas e coloca o mundo sob ameaça de uma guerra nuclear. O marco final da Guerra Fria é a dissolução da URSS, em 1991.

1949 – A divisão da Alemanha em República Federativa da Alemanha (RFA) (Alemanha Ocidental) e República Democrática da Alemanha (RDA) (Alemanha Oriental) sela o fechamento da cortina de ferro, expressão criada pelo primeiro-ministro inglês Winston Churchill ao falar sobre a cisão da Europa em duas áreas geopolíticas antagônicas.
1949 – Os países capitalistas ocidentais formam uma aliança militar, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), com o objetivo de conter a expansão militar e ideológica do bloco socialista.

1949 – Os principais grupos políticos chineses – nacionalista e comunista – intensificam uma guerra civil iniciada em 1927, provocando a Revolução Chinesa. O líder dos nacionalistas, Chiang Kai-shek, não consegue resistir ao avanço dos guerrilheiros camponeses comandados pelo líder comunista Mao Tsé-tung. Em 1º de outubro de 1949, Mao proclama a República Popular da China e reorganiza o país nos moldes comunistas, com a coletivização forçada das terras e o controle estatal da economia. Em 1958 adota o Grande Salto para a Frente, plano de desenvolvimento em tempo recorde, cujo fracasso o leva a ser afastado do poder pelo Partido Comunista.

Anos 50

1950 – O 14º dalai-lama, Tenzin Gyatso, é empossado como líder espiritual do Tibet. No mesmo ano, a China inicia a ocupação do Tibet. Em 1959, depois de uma fracassada rebelião nacionalista contra o governo chinês, o dalai-lama exila-se na Índia, onde permanece até hoje.

Década 50-70 – Quase todas as colônias africanas conquistam a independência. As reivindicações pelo direito à autodeterminação dos povos do continente ganha impulso após a II Guerra Mundial, com o aparecimento de movimentos nacionalistas como o Pan-Africanismo. Na Conferência de Bandung (1955), na Indonésia, e na primeira Conferência dos Povos da África (1958), em Gana, líderes asiáticos e africanos se unem na luta pela libertação do domínio europeu. Em toda a África, o processo de emancipação se dá de forma lenta e diferenciada. Algumas colônias desligam-se pacificamente de suas metrópoles, tais como a Mauritânia e a Líbia. Outras só alcançam a soberania por meio de conflitos, a exemplo da Argélia, a principal colônia de povoamento da França. A oposição dos imigrantes franceses (pieds-noirs) à independência acabou provocando uma das mais longas e cruéis guerras anticoloniais da história: matou 1 milhão de pessoas e se estendeu de 1954 a 1962. O nascimento de vários Estados africanos também é marcado por guerras civis, já que muitas das fronteiras políticas estabelecidas não obedeceram às divisões étnicas, religiosas e lingüísticas do povo africano. Mesmo após a independência, boa parte das nações da África mantém laços com as ex-metrópoles - por meio de programas de ajuda ao desenvolvimento - como forma de minorar os agudos problemas econômicos e sociais.

1950-1953 – O primeiro grande conflito da Guerra Fria é a Guerra da Coréia. Estados Unidos (EUA) e União Soviética (URSS) haviam estabelecido no final da II Guerra Mundial duas zonas de ocupação em solo coreano. Em 1948 foram criados dois Estados distintos: a Coréia do Norte (socialista) e a Coréia do Sul (capitalista). Na tentativa de unificar a península sob o regime comunista, tropas da Coréia do Norte invadem a Coréia do Sul em 1950, provocando a reação imediata dos EUA. A China entra na guerra ao lado dos norte-coreanos. As batalhas duram até 1953, quando é assinado um armistício estabelecendo uma zona divisória entre as duas Coréias.

1951 – O senador norte-americano Joseph McCarthy lança uma campanha de perseguição contra ativistas, militantes ou simpatizantes do comunismo, chamada de macarthismo. A perseguição atinge cerca de 6 milhões de norte-americanos do meio artístico, intelectual e sindical.

1953 – Primeira rebelião contra o poder soviético nos países do Leste Europeu eclode em Berlim Oriental, na República Democrática da Alemanha (RDA). É sufocada por tropas enviadas pela União Soviética.

1953 – 1973 – Após a independência, o Laos mergulha em uma guerra civil entre as forças do príncipe pró-Ocidente Souvanna Phouma e os seguidores do príncipe pró-comunista Souphanouvong, líder do Partido Comunista (Pathet Lao). Em 1964, os Estados Unidos iniciam o bombardeio das regiões controladas pelo Pathet Lao. Em 1973, um acordo põe fim à guerra e deixa um saldo de 35 mil mortos.

1954 – Os Acordos de Genebra encerram a Guerra da Indochina e determinam a partilha da Indochina em quatro Estados independentes: Laos, Camboja, Vietnã do Norte, com capital em Hanói, e Vietnã do Sul, com capital em Saigon. Diversos movimentos nacionalistas contra o domínio francês surgem na península indochinesa nas primeiras décadas do século XX. Entre eles está o Vietminh, grupo que proclama a República Democrática do Vietnã na região de Tonkin em 1945. A França reage enviando tropas, mas é derrotada na Batalha de Dien Bien Phu, ocorrida entre novembro de 1953 e maio de 1954.

1955 – Países do Leste Europeu firmam na Polônia uma aliança militar, o Pacto de Varsóvia, que estabelece o compromisso de ajuda mútua em caso de agressão armada de outras nações. Extinto em 1991, o Pacto de Varsóvia foi o principal instrumento da hegemonia militar da União Soviética, opondo-se à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que reúne o bloco capitalista.

1955 – Líderes de 24 Estados africanos e asiáticos se reúnem na Conferência de Bandung, na Indonésia, e firmam a política de não-alinhamento a nenhuma das duas superpotências (Estados Unidos e União Soviética). A fundação do Movimento dos Não-Alinhados, na Iugoslávia, em 1961, consolida os princípios de Bandung sob a liderança de Gamal Abdel Nasser (Egito), Jawaharlal Nehru (Índia), Josip Broz Tito (Iugoslávia) e Sukarno (Indonésia).

1956 – Tropas soviéticas bombardeiam a Hungria e depõem o governo liberal de Imre Nagy, conduzido ao poder com o apoio de estudantes e trabalhadores. Defensor da política de não-alinhamento a Moscou, Nagy retira a Hungria do Pacto de Varsóvia durante seu governo. É preso e executado dois anos depois.

1956 – Gamal Abdel Nasser, presidente do Egito, nacionaliza o Canal de Suez e impede a passagem de navios israelenses, provocando um conflito internacional. Com o apoio da França e do Reino Unido, o Exército israelense derrota o Egito e conquista a Zona do Canal e a península do Sinai. Sob pressão dos Estados Unidos e da União Soviética, Israel termina devolvendo os territórios ocupados ao Egito, que assume a obrigação de manter o canal aberto à navegação internacional.

1956 – Nikita Kruchóv, dirigente da União Soviética (URSS) entre 1953 e 1964, denuncia no 20º Congresso do Partido Comunista da URSS (PCUS), os abusos e crimes cometidos por Stálin. O discurso tem grande impacto e provoca dissidências. O PC chinês começa a afastar-se da influência soviética.

1957 – França, Itália, República Federal da Alemanha, Bélgica, Holanda (Países Baixos) e Luxemburgo assinam o Tratado de Roma,
formando a Comunidade Econômica Européia, atual União Européia (UE).

1959 – Descontentes com a ditadura de Fulgêncio Batista, setores da oposição liderados por Fidel Castro organizam a Revolução Cubana. A luta contra o Exército cubano começa em dezembro de 1956 e ganha apoio popular. Em 1º de janeiro de 1959, os revolucionários tomam Havana, e Batista foge do país. Sob o comando de Fidel, Cuba transforma-se na única nação socialista do continente americano, alinhando-se à esfera de influência da União Soviética, no início da década de 60. O novo regime entra em choque com os interesses dos Estados Unidos, que rompe relações diplomáticas com a ilha e decreta um embargo comercial vigente até hoje. Cuba também é expulsa da Organização dos Estados Americanos (OEA).

1959 – O governo da África do Sul aprova o Bantu Self Government Act, que cria reservas territoriais negras de base tribal (homelands), conhecidas como bantustões. Estes deveriam tornar-se nações negras autônomas. Chegaram a obter a independência os bantustões de Transkei (1976), Bofutatsuana (1977), Venda (1979) e Ciskei (1981), porém sem reconhecimento internacional.

1959 – Durante a ditadura de Francisco Franco é criado o movimento separatista ETA (Pátria Basca e Liberdade) para lutar pela independência do País Basco. O grupo limita-se a promover a difusão da cultura basca até 1966, quando se lança à luta armada. Desde então, violentos atentados terroristas, dentro e fora das províncias bascas, abalam a Espanha.

1959-1976 – O Vietnã do Sul, apoiado pelos Estados Unidos (EUA), e o Vietnã do Norte, comunista, confrontam-se na Guerra do Vietnã. O conflito tem início com a tentativa da guerrilha comunista do sul (Vietcongue) e das tropas do norte de derrubar o regime pró-Ocidente do Vietnã do Sul e reunificar o país. O auxílio dos EUA aos anticomunistas começa em 1961 e se amplia até a completa intervenção militar, a partir de 1965. A guerra termina em 1976, após a retirada norte-americana. Os comunistas tomam Saigon (capital do Vietnã do Sul) e reunificam o país. A guerra é a maior derrota militar da história dos EUA: o país perde mais de 45 mil soldados, tem 800 mil feridos e quase 2 mil soldados desaparecidos em ação. Não há dados seguros sobre as baixas vietnamitas, mas acredita-se que ultrapassem 180 mil.

Anos 60

1961 – Começa a construção do Muro de Berlim, símbolo da divisão da Europa e do mundo em blocos geopolíticos antagônicos durante a Guerra Fria. O objetivo é impedir a passagem de alemães da porção oriental para a ocidental: até 1961, cerca de 2,7 milhões haviam fugido de lá.

1962 – O presidente norte-americano John Kennedy decreta bloqueio naval a Cuba para forçar a retirada de mísseis nucleares soviéticos instalados na ilha. O episódio fica conhecido como crise dos mísseis. O governo norte-americano arrisca-se a um impasse que poderia ter conduzido a uma guerra nuclear.

1963 – O presidente norte-americano John Kennedy é assassinado no dia 22 de novembro em Dallas, Texas. O presidente fazia um desfile em carro aberto e recebeu tiros supostamente disparados por Lee Oswald.

1964 – O movimento pela criação de um Estado árabe na Palestina se consolida a partir da fundação da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), durante a Conferência de Cúpula Árabe de Alexandria, no Egito. A partir de 1969, a OLP é presidida por Yasser Arafat. O líder palestino obtém progressos nas relações com Israel desde que abandona a luta armada, nos anos 80, e parte para a via diplomática.

1964 – Golpe militar no Brasil derruba o governo do presidente João Goulart e dá início ao Regime Militar, que se mantém até 1985. Entre os anos 60 e os anos 80, as ditaduras militares predominam nos países da América Latina com o apoio dos Estados Unidos, interessado em barrar o avanço do comunismo no Cone Sul. Os regimes militares suprimem a liberdade democrática, promovem a extinção dos partidos políticos e a restrição dos poderes Legislativo e Judiciário. Os adversários (sobretudo comunistas) são perseguidos e punidos com assassinatos, torturas e deportações, práticas que marcam as ditaduras do Brasil, da Argentina, do Chile e do Uruguai. A crise econômica, a violação aos Direitos Humanos – que passa a ser condenada pelos norte-americanos a partir do governo Jimmy Carter (1976-1980) – e a reprovação popular acabam pondo fim aos regimes militares.

1966 – Mao Tsé-tung busca apoio das massas populares para se manter no comando do Partido Comunista chinês – abalado por lutas internas - e institui a Grande Revolução Cultural Proletária, rígida política de doutrinação ideológica da população. A Guarda Vermelha, formada por jovens militantes, passa a perseguir todos aqueles que se tenham desviado dos "preceitos revolucionários", como dirigentes do partido e intelectuais. Em 1969, três anos após o início da Revolução Cultural, Mao consegue reafirmar seu poder, mantendo seus adversários sob controle.

1967 – Em 5 de junho de 1967, Israel lança um ataque-surpresa contra os aeroportos militares do Egito, da Síria e da Jordânia, arrasando suas Forças Aéreas ainda no solo. Em apenas seis dias - daí o nome Guerra dos Seis Dias - Israel derrota os três países e conquista amplas fatias de seus territórios: Faixa de Gaza e península do Sinai (Egito); Cisjordânia e Jerusalém Oriental (Jordânia); e as colinas de Golã (Síria). As alegações israelenses para o ataque foram a intensificação do terrorismo palestino no país e um novo bloqueio do golfo de Ácaba pelo Egito. Israel rejeita resolução da ONU (Organização das Nações Unidas) de devolução dos territórios.

1967-1970 – A divergência cultural entre nômades e hauçás muçulmanos ao norte – no governo e apoiados pelo Reino Unido -, e ibos e iorubas cristãos a leste e a oeste, respectivamente, causa a Guerra da Biafra, na Nigéria. Ela é deflagrada quando, com o apoio da França e de Portugal, os ibos proclamam a República de Biafra, como resposta aos massacres sofridos. Ajudado pelo Reino Unido e pela União Soviética, o poder central acaba dominando os rebeldes três anos depois. A guerra deixa o saldo de 1 milhão de mortos.

1968 – Estudantes e operários de Paris realizam manifestações no período conhecido como Maio de 68. Insatisfeitos com a disciplina rígida, os currículos escolares e a estrutura acadêmica conservadora, os estudantes organizam protestos que levam à ocupação da Universidade de Nanterre, em 23 de março. Também reagem ao desgaste provocado pela guerra de independência da Argélia. Influenciados pelos estudantes, operários de Paris ocupam fábricas e organizam passeatas e greves. Em 6 de maio ocorre o confronto entre 13 mil jovens e a polícia. A situação é controlada no final de maio, com violenta repressão: são mais de 1,5 mil feridos. Os eventos em Paris fazem parte de um movimento maior de contestação que ocorre em vários países do Ocidente, como Alemanha, Itália, Bélgica, Holanda (Países Baixos), Suíça, Dinamarca, Espanha, Reino Unido, Polônia, México, Argentina e Chile.

1968 – Tropas do Pacto de Varsóvia invadem a Tchecoslováquia para reprimir os movimentos pró-democracia, no episódio chamado de Primavera de Praga. Ao assumir a chefia do Partido Comunista tcheco, Alexander Dubcek inicia reformas políticas liberais e estimula a parceria econômica com os países capitalistas do Ocidente. Recebe o apoio de estudantes, intelectuais e trabalhadores que, influenciados pelos acontecimentos de Maio de 68 em Paris, realizam manifestações nas ruas de Praga em nome do "socialismo com face humana". Dubcek rompe com o governo de Moscou e o exemplo tcheco logo se transforma em ameaça à unidade do bloco comunista. O líder soviético, Leonid Bréjnev, ordena a invasão militar do país e Dubcek é destituído.

1970 – Reagindo ao crescente poder da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) na Jordânia – onde estava a sede da organização - o rei Hussein ordena o massacre dos milicianos palestinos. Após o episódio, chamado de Setembro Negro, a OLP transfere sua base de operações para Beirute, no Líbano.

1970 – Como parte da estratégia de ampliar a influência capitalista no Sudeste Asiático, os Estados Unidos (EUA) incentivam um golpe de Estado no Camboja. É o início da Guerra do Camboja. O envio de tropas norte-americanas para a região mobiliza uma frente de resistência, que une defensores da monarquia constitucional deposta e comunistas do grupo Khmer Vermelho. Os EUA se retiram após assinatura de tratado de paz em 1973, mas deixam o conflito instalado. O Khmer Vermelho assume o governo e aproxima sua política externa da China, criando uma rivalidade com o Vietnã, aliado da União Soviética. Em 1978, os vietnamitas invadem o Camboja e instalam no poder um grupo aliado. O governo pró-Vietnã fica isolado internacionalmente até se retirar, em 1989, sem um acordo de paz.

1971 – Movimentos separatistas no Paquistão Oriental deflagram a Guerra do Paquistão. O xeque Mujibur Rahman proclama a independência do Paquistão Oriental com o nome de Bangladesh. O Paquistão reage com violência, mas é obrigado a recuar diante da intervenção militar da Índia a favor de Bangladesh. Quase 10 milhões de bengalis se refugiam na Índia e mais de 3 milhões morrem no conflito.

1972 – Paramilitares britânicos abrem fogo contra uma marcha católica por direitos civis em Londonderry, na Irlanda do Norte, matando 14 pessoas. O episódio fica conhecido como Domingo Sangrento. Os manifestantes protestavam contra o Internamento – detenção de ativistas irlandeses sem acusação ou julgamento.

1973 – No feriado judaico do Yom Kipur (Dia do Perdão), Síria e Egito atacam as posições israelenses no deserto do Sinai e nas colinas de Golã, iniciando a Guerra do Yom Kipur. A ofensiva é uma tentativa árabe de recuperar as áreas perdidas para Israel na Guerra dos Seis Dias e responder aos bombardeios israelenses na Síria e no Líbano contra bases militares da Organização para a Libertação da Palestina (OLP). A guerra dura 19 dias, não provoca alterações territoriais e chega ao fim com a intervenção das potências mundiais.

1973 – Donos de dois terços das reservas de petróleo do mundo, países-membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) embargam o fornecimento de petróleo aos EUA e às potências européias, provocando a crise do petróleo. A decisão é tomada em represália ao consentimento norte-americano e da Europa Ocidental à ocupação israelense de territórios árabes. Após o embargo, a Opep estabelece cotas de produção e quadruplica os preços. Essas medidas provocam severa recessão nos Estados Unidos e na Europa, abalando a economia mundial.

1973 – Com o apoio dos Estados Unidos, as Forças Armadas dão um golpe de Estado no Chile, colocando no poder o general Augusto Pinochet. O golpe derruba o governo de esquerda de Salvador Allende, democraticamente eleito. A transição para a democracia começa em 1988, com a derrota de Pinochet em um plebiscito sobre sua permanência no poder. No ano seguinte é eleito para presidente o democrata-cristão Patricio Aylwin.

1974 – Envolvido no escândalo Watergate, Richard Nixon torna-se o primeiro presidente norte-americano a renunciar ao mandato. O caso tem início durante a campanha eleitoral de 1972, quando a sede do Partido Democrata no prédio Watergate, em Washington, é invadida e tem os telefones grampeados. As investigações levantam provas contra Nixon, que renuncia para não sofrer o impeachment aprovado pela Comissão Judicial do Senado.

1974 – A crise econômica e as guerras nas colônias africanas enfraquecem o governo totalitário português e dão início à Revolução dos Cravos, que provoca a redemocratização do país. Os partidos políticos são legalizados e a polícia política de Salazar é extinta.

1975 – A Indonésia invade a ex-colônia portuguesa de Timor Leste e, no ano seguinte, anexa o território como sua 27ª província. Desde então, a guerrilha separatista Frente Revolucionária de Timor Leste Independente (Fretilin) luta pela independência da região em acirrados combates contra as forças de ocupação, que já mataram 200 mil timorenses. Após a queda do ditador Suharto, em 1998, surgem perspectivas de solução para o conflito. O novo governo indonésio abre negociações com os timorenses e concorda em realizar um plebiscito na região, sob mediação da ONU (Organização das Nações Unidas), previsto para agosto de 1999.

1975 – O governo de Marrocos anexa o Saara Ocidental. Cerca de 300 mil marroquinos desarmados cruzam a fronteira, no episódio conhecido como Marcha Verde.

1975-1990 – A presença da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) no Líbano abala a frágil convivência dos grupos locais - cristãos maronitas e muçulmanos – dando início a uma guerra civil que se estende até 1990. Mesmo após o término do conflito, a situação política libanesa é de extrema instabilidade. Por motivos de segurança, o Exército de Israel ocupa uma fatia do sul do Líbano para combater as atividades do Hezbollah. A milícia xiita assumiu o vazio deixado pela OLP – expulsa do Líbano em 1982 – e passou a promover ataques constantes contra o norte de Israel.

1975 – A disputa pelo poder entre diferentes movimentos de libertação, após a independência de Portugal, deflagra a guerra civil em Angola. As facções recebem apoio estrangeiro – a MPLA da União Soviética e a Unita dos Estados Unidos – e transformam o país em cenário da Guerra Fria. Em novembro de 1994, os dois grupos assinam um acordo de paz em Lusaka, em Zâmbia, mas os combates recomeçam com intensidade em 1998.

1976-1983 – Durante o regime militar na Argentina, iniciado pelo general Jorge Rafael Videla, é registrado o desaparecimento de mais de 10 mil oposicionistas. O período fica conhecido como guerra suja. Em 1983 descobre-se a existência de campos de prisioneiros, nos quais 8.961 pessoas foram mortas.

1978-1979 – Egito e Israel assinam os acordos de paz de Camp David, sob mediação dos Estados Unidos. O Egito recupera a península do Sinai (de forma gradativa, até 1982) e torna-se o primeiro país árabe a reconhecer a existência de Israel.

1979 – Descontente com o governo pró-Ocidente do xá Reza Pahlevi, a maioria xiita do Irã inicia a Revolução Islâmica. Setores da esquerda e liberais se unem aos muçulmanos tradicionalistas, comandados pelo aiatolá Khomeini, líder religioso exilado na França. O governo não controla a insurreição e, em janeiro de 1979, o xá foge do país. Com o apoio dos militares, Khomeini regressa a Teerã em 1º de fevereiro e proclama a República Islâmica do Irã, da qual é chefe religioso e político. Khomeini persegue intelectuais, comunidades religiosas rivais, partidos políticos e todos os que se opõem à união entre Estado e religião. Obriga as mulheres a usar o chador, ou véu sobre o rosto, proíbe músicas ocidentais e bebidas alcoólicas.

1979 – A vitória de guerrilheiros esquerdistas da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) sobre a Guarda Nacional do governo de Somoza principia a Revolução Sandinista na Nicarágua. A revolução estimula a ação de outros grupos guerrilheiros da América Latina para se constituir como frentes político-militares. A FSLN mantém-se no poder até 1990, quando é derrotada na eleição presidencial.

1979-1989 – A União Soviética promove uma fracassada intervenção militar no Afeganistão para garantir sua influência no país, iniciada em 1973 com a proclamação da República por Daud Khan, simpático ao regime soviético. Apesar de seu poderio, as forças soviéticas não conseguem vencer os grupos guerrilheiros islâmicos (mujahedin), apoiados por Estados Unidos, Irã e Paquistão.

1980 – O governo da Polônia reconhece a central sindical livre, o Solidariedade. Liderado por Lech Walesa, o sindicato se estrutura rapidamente entre os trabalhadores dos estaleiros do mar Báltico e elabora projetos políticos independentes de Moscou. No ano seguinte, o general Wojciech Jaruzelski assume o poder na Polônia com o apoio do poder central soviético e coloca o Solidariedade na ilegalidade, prendendo quase todos os dirigentes.

1980-1988 – Litígios fronteiriços no canal de Chatt-el-Arab levam o ditador iraquiano Saddam Hussein a declarar guerra ao Irã. Saddam também tinha como objetivo conter o avanço da Revolução Islâmica iraniana para o Iraque e outras nações do Oriente Médio. A Guerra Irã-Iraque termina sem vencedores, com o esgotamento econômico e militar dos inimigos e um saldo de 1 milhão de mortos.

1982 – Argentina e Reino Unido disputam o controle das ilhas Malvinas, Geórgia e Sandwich do Sul na Guerra das Malvinas. A Argentina dá início ao conflito em 2 de abril, ao ocupar militarmente as ilhas - situadas a 400 quilômetros da costa argentina e sob domínio britânico. Três dias depois, o governo britânico mobiliza a Marinha e a Força Aérea e obtém apoio diplomático e militar dos EUA. As tropas argentinas rendem-se em 14 de junho. A invasão foi vista como uma tentativa do general Leopoldo Galtieri de unir a nação em torno de uma causa externa e desviar a atenção da crise econômica e política do país. Mas o fiasco militar na guerra precipitou a queda do regime militar na Argentina. O país reivindica os direitos sobre a ilha até 1990, quando as duas nações reatam relações diplomáticas.

1984 – Extremistas sikhs ordenam o assassinato de Indira Gandhi, primeira-ministra da Índia, em represália à invasão do Templo Dourado de Amritsar. Os sikhs, grupo étnico do estado de Punjab, lutam pela independência e criação de um Estado na região desde os anos 70.

1985 – Mikhail Gorbatchov assume o poder na URSS e lança no ano seguinte a perestroika (reestruturação econômica) e a glasnost (abertura e transparência política), reformas que desencadeiam a queda do comunismo no Leste Europeu e a dissolução da União Soviética.

1986 – Assessores diretos do presidente norte-americano Ronald Reagan são ligados ao escândalo Irã-Contras, envolvendo a venda secreta de armas para o Irã e destinando os lucros à subvenção da guerrilha contra-revolucionária na Nicarágua.

1986 – A explosão de um reator atômico em Chernobyl, na Ucrânia, provoca o mais grave acidente nuclear da história. Morrem 30 pessoas, 135 mil são obrigadas a abandonar a região e, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 5 milhões contraem câncer.

1987 – Palestinos deflagram a Intifada (Rebelião das Pedras) nos territórios ocupados por Israel (Faixa de Gaza e Cisjordânia). A violenta repressão das forças de segurança israelense ao movimento desgasta a imagem de Israel e mobiliza a opinião pública mundial a favor da causa palestina.

1989 – Deng Xiaoping manda reprimir com violência os protestos pró-democracia na praça da Paz Celestial, em Pequim, no dia 4 de junho. Desde abril a praça vinha sendo palco quase diário para o protesto de milhares de estudantes contra a corrupção e o autoritarismo. Estima-se entre 2 mil e 5 mil o número de mortos no massacre. O governo chinês prende vários manifestantes, mas negociações com o governo norte-americano levam à libertação de alguns deles. Em 1997, o mais conhecido dissidente chinês, Wei Jingxeng, é solto e exila-se nos Estados Unidos. Em 1998, é a vez de Wang Dan, um dos líderes das manifestações. A repressão, porém, continua: em 1998, Wang Bingzhang, opositor que retorna clandestinamente à China, é preso e deportado. O dissidente de maior destaque ainda em liberdade, Xu Wenli, também é preso no mesmo ano.

1989 – O presidente norte-americano George Bush ordena a invasão do Panamá. A operação militar, chamada de Causa Justa, depõe e prende o general Manuel Noriega, acusado de manter relações com o tráfico colombiano.

1989 – Símbolo do término dos regimes comunistas no Leste Europeu, a queda do Muro de Berlim dá início ao processo de reunificação da Alemanha, concluído em 1990. Comandada pelo chanceler da Alemanha Ocidental, Helmut Kohl, o processo se divide em duas fases: a unificação monetária (julho) e a unificação política (outubro). A reunificação agrava os problemas econômicos do país: provoca o aumento dos gastos da parte ocidental, que conduz ao desemprego, e a diminuição das garantias sociais no lado oriental, obrigado a se adequar ao sistema capitalista.

Anos 90

1990-1991 – O presidente do Iraque, Saddam Hussein, ordena a invasão do Kuweit em 2 de agosto de 1990 deflagrando a Guerra do Golfo. O líder iraquiano responsabiliza o Kuweit pela baixa no preço do petróleo no mercado externo – o país estaria vendendo mais barris do que a cota estabelecida pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). Também acusa o Kuweit de extrair petróleo iraquiano na região fronteiriça de Rumaila e exige o perdão da dívida iraquiana contraída com o Kuweit na guerra com o Irã. Em 6 de agosto, a ONU (Organização das Nações Unidas) impõe um boicote econômico ao Iraque. No dia 28, Hussein proclama a anexação do Kuweit como sua 19ª província, aumentando a pressão norte-americana pela intervenção armada. Com o fracasso das tentativas de solução diplomática, as forças coligadas de 28 países liderados pelos EUA dão início ao bombardeio aéreo de Bagdá em 16 de janeiro de 1991. O Iraque se rende em 27 de fevereiro. O número estimado de mortos durante a guerra é de 100 mil soldados e 7 mil civis iraquianos, 30 mil kuweitianos e 510 homens da coalizão.

1991 – Tratado de Maastricht é assinado na Holanda (Países Baixos) com o objetivo de acelerar o processo de integração econômica e monetária dos países da Comunidade Econômica Européia (CEE), atual União Européia (UE). Prevê a formação de um mercado interno único e um sistema financeiro comum, com moeda própria – o euro –, adotado em 1999. O tratado também lança as bases de uma política externa e de defesa européias. Após sua assinatura, é submetido à aprovação popular nos países-membros do bloco.

1991 – Reformas políticas e econômicas de Gorbatchov provocam a dissolução da União Soviética. Em seu lugar, forma-se a Comunidade dos Estados Independentes (CEI), uma confederação de Estados soberanos unida por laços econômicos e militares. A CEI recebe a adesão de 12 das 15 ex-repúblicas federadas soviéticas. A principal delas, a Federação Russa, passa a ser presidida por Boris Yeltsin.

1992 – Quase 70% dos eleitores da África do Sul aprovam em plebiscito o fim do apartheid. O regime de segregação racial – enfraquecido por sanções econômicas internacionais – termina oficialmente com a primeira eleição multirracial do país, realizada em 1994. Nelson Mandela, o principal líder da resistência negra, é escolhido para a Presidência.

1992-1995 – A república da Bósnia-Herzegóvina é palco do mais violento conflito de desintegração da Iugoslávia, a Guerra da Bósnia. Com o fim do comunismo e a morte de Tito, reacendem-se as diferenças étnicas, culturais e religiosas entre as seis repúblicas iugoslavas, impulsionando movimentos pela independência. Na Bósnia, a emancipação é aprovada em plebiscito por croatas (católicos) e bósnio-muçulmanos. Mas a recusa da minoria sérvia (cristã ortodoxa) em acatar a decisão provoca a guerra, marcada pela disputa de territórios. Nas áreas ocupadas, os dois lados em conflito (muçulmano-croatas e sérvios), sobretudo os sérvios, fazem a chamada limpeza étnica: expulsão e massacre dos grupos rivais. A guerra termina em 1995 com um saldo de 200 mil mortos. O acordo de paz – Dayton – divide o território da Bósnia em duas entidades semi-autônomas, a federação muçulmano-croata e a República Sérvia.

1993 – Depois da derrubada pacífica do regime comunista em 1989, conhecida como Revolução de Veludo, tchecos e eslovacos promovem a divisão da Tchecoslováquia em República Tcheca e Eslováquia.

1993 – Israel e OLP assinam em Washington o histórico acordo de paz de Oslo – recebe esse nome por ser fruto de negociações secretas ocorridas na capital norueguesa. Pela primeira vez desde a criação de Israel, os dois lados se reconhecem mutuamente e lançam as bases para a possível solução da Questão Palestina. No ano seguinte, os palestinos conquistam autonomia plena na maioria da Faixa de Gaza e na cidade de Jericó, na Cisjordânia – no chamado acordo de Oslo I.

1994 – Um grupo de camponeses indígenas reunido no Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN) inicia uma rebelião armada em Chiapas, o estado mais pobre do México.

1994 – Os Estados Unidos (EUA) realizam uma intervenção militar no Haiti com permissão da ONU (Organização das Nações Unidas). O país sofrera um golpe de Estado do general Raoul Cédras, e o crescimento do êxodo de refugiados para os EUA aumentara as pressões de Washington pela volta do presidente Jean-Bertrand Aristide.

1994 – Guerra civil entre tutsis e hutus deixa aproximadamente 1 milhão de mortos na Região dos Grandes Lagos africanos. O genocídio atinge sobretudo Ruanda e em menor intensidade o Burundi.

1994 – Governo do México desvaloriza a moeda, na primeira crise financeira expressiva dos anos 90. Numa reação em cadeia, chamada de "efeito tequila", caem também os preços das ações dos chamados "países emergentes", entre eles Argentina e Brasil. Para evitar uma crise de maior alcance, os Estados Unidos aprovam um pacote de ajuda de 47,75 bilhões de dólares em janeiro de 1995.

1994-1996 – Trinta mil pessoas morrem durante a intervenção militar russa na Chechênia, pequena república do Cáucaso que se declarara independente em 1991. Acordo acertado em 1997 prorroga para 2001 a definição de seu status político.

1995 – Israel e a OLP avançam nas negociações de paz e assinam em setembro, em Washington, o acordo de Oslo II, que prevê a extensão do controle palestino na Cisjordânia.

1995 – O primeiro-ministro trabalhista de Israel, Yitzhak Rabin, é assassinado em Telaviv, na saída de um grande comício pela paz. O autor do atentado é Yigal Amir, jovem extremista judeu contrário à entrega de territórios aos palestinos. Yigal é condenado à prisão perpétua em março de 1996

1997 – Rebeldes liderados pelo guerrilheiro Laurent Kabila entram em Kinshasa, capital do Zaire, sob aplauso da população, encerrando a ditadura de Mobutu Sese Seko, no poder desde 1965. O país passa a chamar-se República Democrática do Congo.

1997 – Hong Kong volta à soberania da China em 1º de julho, pondo fim a 156 anos de colonialismo britânico.

1997 – Crise financeira abala a Ásia e se propaga para os demais mercados do mundo numa velocidade jamais vista – o chamado efeito dominó. As turbulências na região evoluem para uma crise internacional em 1998, um ano marcado pela desconfiança generalizada dos investidores, por quedas contínuas nas bolsas de valores de todo o mundo, pela fuga de capitais e por desvalorizações cambiais. No centro da crise estão as economias do Japão, da Federação Russa e do Brasil.

1997 – Com a vitória dos trabalhistas nas eleições de maio, Tony Blair torna-se primeiro-ministro do Reino Unido, pondo fim a 18 anos de governo conservador.

1998 - Estados Unidos e Reino Unido lançam a maior ofensiva militar contra o Iraque desde a Guerra do Golfo, a operação Raposa do Deserto. A decisão é tomada após nova crise envolvendo o ditador Saddam Hussein e a Comissão Especial das Nações Unidas (Unscom), encarregada de monitorar a destruição do arsenal iraquiano de armas de destruição em massa – principal condição para a suspensão do embargo econômico ao país. Durante as 70 horas de ofensiva – 16 a 19 de dezembro – a moderna máquina de guerra mobilizada no golfo Pérsico destrói instalações militares e alvos civis.

1998 – A milícia fundamentalista Taliban conquista em agosto cidades do norte do Afeganistão e consolida seu domínio sobre 90% do território do país. Desde setembro de 1996 o Taliban controla a capital, Cabul. O grupo é financiado pelo Paquistão e pertence ao ramo sunita do islamismo.

1998 – Representantes católicos e protestantes da Irlanda assinam em Belfast, em abril, o acordo de paz para a Irlanda do Norte, mostrando disposição em colocar fim ao mais violento conflito da Europa Ocidental do pós-guerra.

1998 – Suharto, ditador da Indonésia desde 1968, renuncia ao poder em meio à grave crise econômica e forte pressão dos Estados Unidos. Transmite seu cargo ao vice Bacharuddin Habibie, em maio.

1998 – Em outubro, Peru e Equador assinam em Brasília um acordo de paz que põe fim ao antigo conflito de fronteira entre os dois países.

1998 – O ex-ditador chileno Augusto Pinochet torna-se o centro de uma batalha jurídica internacional ao ser preso de forma inesperada em Londres, Reino Unido, em outubro. A ordem de detenção parte do juiz espanhol Baltasar Garzón, que requer sua extradição para Madri, onde deveria responder a um processo por crimes contra a humanidade.

1998 – Helmut Kohl, chanceler da Alemanha desde 1982, é derrotado nas eleições de setembro por Gerhard Schroeder, do Partido Social-Democrata (SPD). O programa de governo de Schroeder, intitulado Novo Centro mescla bandeiras da esquerda e da direita.
1998 – O ex-militar Hugo Chávez é eleito presidente da Venezuela em dezembro, com a promessa de sanar a grave crise econômica e acabar com a corrupção no país.

1998 – Israel e a OLP retomam o processo de paz, interrompido há mais de um ano, e acertam nova retirada israelense na Cisjordânia. O acordo é assinado após rodadas de negociações em Wye Plantation, Estados Unidos, que contam com o envolvimento direto do presidente norte-americano, Bill Clinton. Até setembro de 1999, Israel havia cumprido apenas a primeira etapa da retirada.

1998 – Índia e Paquistão realizam uma série de testes nucleares subterrâneos reprovados com veemência pela comunidade internacional. Com as explosões – cinco da Índia e seis do Paquistão –, os dois países passam a integrar o grupo das potências nucleares declaradas do mundo.

2001 - Os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 estão entre os acontecimentos da história humana que mais geraram impacto internacionalmente. Os alvos dos ataques foram o prédio do Pentágono, sede do pensamento estratégico e do centro de defesa dos EUA, que fica localizado no Condado de Arlington, na Virgínia, e o complexo predial World Trade Center, em Nova York, conhecido como as Torres Gêmeas. Toda a operação terrorista foi executada antes das 10 horas da manhã do dia 11. Ao todo, 19 terroristas participaram da ação, sendo o egípcio Mohamed Atta o líder do grupo. O grupo de Atta, como ficou comprovado posteriormente, foi recrutado e treinado pela organização terrorista internacional Al-Qaeda, à época sob liderança do saudita Osama Bin Laden. Além de Bin Laden, outro integrante da organização, Khalid Sheikh Mohammed, teria participado da montagem do plano de ataque.

2002 - A eleição presidencial brasileira de 2002 ocorreu em dois turnos. O primeiro aconteceu em 6 de outubro de 2002 e o segundo, no dia 27 do mesmo mês. Após três tentativas frustradas, Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT), conseguiu eleger-se presidente com quase 53 milhões de votos, tornando-se o segundo presidente mais votado do mundo, atrás apenas de Ronald Reagan na eleição estadunidense de 1984. Lula foi reeleito em 2006.

2008 - A eleição presidencial nos Estados Unidos em 2008 foi a 56ª eleição presidencial quadrienal no país, realizada em 4 de novembro de 2008. O senador Barack Obama e seu candidato a vice, o senador Joe Biden, ambos do Partido Democrata, derrotaram os republicanos John McCain e sua candidata a vice Sarah Palin. Obama é reeleito em 2014.

Crise de 2008 - Um dos acontecimentos históricos de maior importância da primeira década de século XXI foi a crise financeira deflagrada em 2008. Você já deve ter ouvido falar na Crise de 1929, que é mais famosa, por ter atingido proporções imensas, levando a um colapso da economia dos Estados Unidos (episódio que ficou conhecido como a Grande Depressão Americana) e a um agravamento do sistema financeiro mundial, na época. Apesar das semelhanças, a crise de 2008 teve um impacto menor e ainda pode desencadear novos impasses no setor financeiro, nos próximos anos.

2010 - Dilma é eleita primeira mulher presidente do Brasil.  Após quatro meses de uma campanha em que temas morais e religiosos ofuscaram propostas concretas sobre temas importantes à nação, Dilma Rousseff é eleita a primeira presidente da história brasileira. A candidata petista derrotou o tucano José Serra em um segundo turno em que a abstenção superou os 20 milhões de eleitores. Com mais de 99% dos votos apurados, a sucessora de Luiz Inácio Lula da Silva não vai alcançar a votação de 2006 do atual presidente. Naquele ano, Lula obteve mais de 58 milhões de votos, e Dilma somou cerca de 55 milhões. Dilma é reeleita em 2014, mas sofre o Impeachment em agosto de 2016. Michel Temer, o vice, assume a função de presidente até 1º de janeiro de 2019.

2015 - Crise no Brasil - Os protestos no Brasil em 2015-2016 são manifestações populares que ocorreram em diversas regiões do Brasil tendo como principais objetivos protestar contra o Governo Dilma Rousseff e a corrupção. O movimento reuniu milhões de pessoas nos dias 15 de março, 12 de abril, 16 de agosto e 13 de dezembro de 2015, e, segundo algumas estimativas, foram as maior mobilizações populares no país desde o início da Nova República. Manifestações populares voltaram a ocorrer em todas as regiões do Brasil no dia 13 de março de 2016. Foi o maior ato sobre política na história do Brasil, superando as Diretas já.

2016 - Donald Trump será o 45º presidente dos Estados Unidos. Contrariando pesquisas e previsões, ele derrotou Hillary Clinton e teve sua vitória projetada pela agência Associated Press (AP) às 5h32 (hora de Brasília) desta quarta-feira (9 de novembro de 2016)

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