Anestesia | Para Que Serve a Anestesia

Anestesia | Para Que Serve a Anestesia

#Anestesia | Para Que Serve a AnestesiaA sensação de dor que todo organismo animal experimenta ante a ação de agentes externos pode desaparecer se os centros nervosos forem submetidos a  diversos procedimentos de natureza física ou química e ao efeito de certas substâncias. Define-se anestesia, portanto, como a supressão parcial ou total da sensibilidade de todo o organismo ou de uma parte delimitada deste, seja por efeito de processos patológicos, seja como consequência da aplicação de um determinado tratamento.

O emprego de anestésicos já na antiguidade clássica transparece em inúmeras referências, de autores como Heródoto, Dioscórides e Plínio o Velho, à inalação de cozimentos de cânhamo ou de soluções alcoólicas de ópio e meimendro para aliviar a dor dos enfermos ou feridos.

Os fenômenos que ocasionam o aparecimento da anestesia podem obedecer a mecanismos desencadeados por enfermidades neurológicas, caso em que recebem a denominação de espontâneos. Mas os que têm utilidade para a medicina são os chamados terapêuticos, obtidos artificialmente por meio de processos químicos, divididos em grupos diferenciados, de acordo com seus efeitos.

Anestesia geral - A anestesia geral pode ser obtida, principalmente, por via endovenosa, intramuscular ou inalatória. A anestesia por via endovenosa é conseguida através de drogas como a propanidida, a quetamina, diazepínicos, neurolépticos e analgésicos potentes. Contudo, os tiobarbituratos são mais amplamente empregados, por uma série de vantagens, mas principalmente porque permitem uma indução anestésica agradável. O paciente passa para o estado de inconsciência rapidamente, mas sem desconforto ou mal-estar. Tais drogas só são empregadas isoladamente em cirurgias de curta duração; em operações mais demoradas, seus efeitos devem ser complementados por outros anestésicos, administrados por via pulmonar.

A anestesia por via inalatória pode ser conseguida através do emprego de agentes gasosos, como ciclopropano e protóxido de nitrogênio, armazenados em torpedos de grande resistência, capazes de suportar pressões elevadas, ou líquidos voláteis, principalmente halotano, éter, metoxifluorano, tricloretileno.

Cada anestésico geral apresenta indicações e contra-indicações que limitam seu uso. Por exemplo, o ciclopropano induz a anestesia de modo rápido e agradável, é altamente analgésico, mas não pode ser associado a determinadas drogas (adrenalina, por exemplo) e, sendo explosivo, não deve ser empregado em presença de aparelhos elétricos. O tricloretileno nunca será utilizado em circuito fechado, isto é, em aparelhos com sistemas de absorção de gás carbônico. O éter possui propriedades analgésicas intensas, mas a indução analgésica que propicia é lenta e associada a sensações desagradáveis; ademais, produz secreções muitas vezes abundantes e determina incidência elevada de náuseas pós-operatórias. O óxido nitroso tem pequena potência anestésica; em geral deve ser  utilizado em combinação com outras drogas, e seu uso não permite a administração de oxigênio em concentrações elevadas.

O anestesiologista pode avaliar a profundidade da anestesia através de uma série de sinais, pesquisados e registrados a curtos intervalos de tempo. Os principais são: reflexos palpebral, ciliar e corneano; movimentação dos olhos; profundidade, ritmo e frequência dos movimentos respiratórios; comportamento da pressão arterial e do pulso; e tono muscular.

Por várias razões, um bom relaxamento muscular é muitas vezes necessário durante grande número de operações; isso pode ser conseguido mediante o emprego de relaxantes musculares, dentre os quais são mais comuns a di-alil-nor-toxiferina, a d-tubo-curarina, a succinilcolina, a galamina, o pancurônio etc. Os primeiros produtos desse grupo eram extraídos de plantas de fácil obtenção na Amazônia, e os índios que a habitavam já de há muito conheciam as propriedades paralisantes dos curares, como eram conhecidos. Os relaxantes musculares não possuem propriedades anestésicas e são utilizados como drogas auxiliares da anestesia. Ao final da cirurgia, alguns são neutralizados e eliminados pelo próprio organismo, enquanto outros devem ser antagonizados por drogas administradas pelo anestesiologista.

Anestesia loco-regional - A anestesia pode ser também local, limitada a pequenas áreas, ou regional, quando atinge porções maiores do corpo. Nesses tipos de anestesia são utilizados anestésicos locais, dentre os quais os mais empregados são a prilocaína, a marcaína, a lidocaína, a tetracaína e a novocaína. Alguns possuem a capacidade de anestesiar mucosas e são utilizadas, topicamente, no esôfago, na traqueia, na uretra etc. Os principais tipos de anestesia regional são a raquianestesia, a anestesia peridural, os bloqueios de plexos nervosos e a anestesia endovenosa regional.

A raquianestesia consiste no bloqueio de raízes nervosas por drogas anestésicas (anestésicos locais) introduzidas no espaço subaracnoideo. O agente difunde-se pelo líquido céfalo-raquidiano e produz interrupção da transmissão nervosa, tanto sensitiva (tato, dor, temperatura), como motora (produzindo relaxamento muscular). A raquianestesia é indicada especialmente para operações realizadas nas porções baixas do abdome e nos membros inferiores.

A anestesia peridural é conseguida pela introdução da solução anestésica no espaço peridural (ao redor da dura-máter) e pode ser executada desde a região do pescoço até a sacra. Nesse último caso, a anestesia denomina-se epidural sacra ou caudal. Tem, aproximadamente, as mesmas indicações e contra-indicações da raquianestesia. Pela introdução de um cateter de polivinil no espaço peridural, a anestesia pode ser mantida durante horas ou dias. Sua eficácia tem-se revelado no tratamento de dores que não são aliviadas pelos analgésicos comuns, como acontece em determinadas moléstias arteriais periféricas, no pós-operatório de certas intervenções cirúrgicas, durante o parto etc.

Entre os bloqueios dos plexos nervosos, o mais amplamente utilizado é o do plexo braquial, conseguido pela introdução do anestésico local dentro da bainha nervosa, por via supraclavicular ou axilar. É indicado para intervenções realizadas nos membros superiores.

A anestesia endovenosa regional constitui outro exemplo de anestesia regional e consiste na introdução de anestésico local na veia de um membro, superior ou inferior, previamente exsanguinado com faixa de borracha e garroteado. Desse modo, a droga difunde-se por toda a região situada distalmente ao garrote e assim permanece, mantendo a anestesia pelo tempo que durar o garroteamento. Permite operações de diversos tipos realizadas naquelas regiões, como, por exemplo, redução de fraturas, extração de unhas, sutura de tendões, amputações etc.

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