Otorrinolaringologia, O Que é e o Que Faz o Otorrinolaringologista?

Otorrinolaringologia, O Que é e o Que Faz o Otorrinolaringologista?

#Otorrinolaringologia, O Que é e o Que Faz o Otorrinolaringologista?Otorrinolaringologia é a especialidade médico-cirúrgica que estuda as doenças do ouvido, nariz, seios paranasais e garganta (faringe e laringe). Geralmente considerada de forma unitária, essa disciplina médica é muitas vezes separada em otologia (que estuda as doenças do ouvido), rinologia (que trata das afecções do nariz e dos seios nasais) e laringologia (que se ocupa do tratamento das doenças da laringe, da faringe e da boca).

A unificação do estudo e do tratamento das doenças que afetam o nariz, o ouvido e a garganta numa única especialidade médica, a otorrinolaringologia, decorre, entre outros fatores, da correlação entre esses órgãos e da probabilidade que o acometimento de um deles venha a afetar os demais.

Histórico. Tradicionalmente, o tratamento médico das doenças do ouvido esteve vinculado ao das afecções visuais. Com os progressos da laringologia a partir do final do século XIX, descobriu-se a conexão entre ouvido e garganta e ambos os órgãos passaram a ser tratados em conjunto.

O estudo das doenças auditivas não teve base científica sólida até meados do século XIX, quando Jean-Marc-Gaspard Itard e Prosper Ménière pesquisaram sistematicamente a fisiologia do ouvido. A especialidade foi delineada por William Wilde, que publicou, em 1853, Practical Observations on Aural Surgery, and the Nature and Treatment of Diseases of the Ear (Observações práticas sobre cirurgia auricular e a natureza e o tratamento das doenças do ouvido). A invenção do otoscópio, instrumento que permitiu examinar visualmente o tímpano, determinou novos avanços na otologia.

As pesquisas sobre a laringe e suas doenças ganharam um precioso auxiliar com o laringoscópio, aparelho inventado em 1855 pelo espanhol Manuel García, professor de canto. O laringoscópio foi adotado por Ludwig Türck e Jan Czermak em estudos detalhados sobre a patologia da laringe. Czermak descobriu uma nova utilidade para o laringoscópio, ao virar para cima o espelho do aparelho, o que lhe permitiu investigar a fisiologia da cavidade nasofaríngea. Estabeleceu-se assim um vínculo essencial entre laringologia e rinologia. Um dos assistentes de Czermak, Friedrich Voltolini, aperfeiçoou o sistema de iluminação do aparelho e adaptou-o para uso com o otoscópio.

Em 1921, Carl Nylen empregou pela primeira vez um microscópio binocular de alta potência numa cirurgia de ouvido. O microscópio cirúrgico inaugurou uma série de novos procedimentos corretivos nas delicadas estruturas do ouvido. Outra importante conquista do século XX foi a invenção, na década de 1930, do audiômetro elétrico, aparelho usado para medir a acuidade auditiva.

Doenças nasais. Uma das patologias mais frequentes do nariz e das fossas nasais é a epistaxe, hemorragia de causas variadas, entre as quais a secura da mucosa nasal, com a conseqüente ruptura dos vasos sangüíneos, e os estados febris. A facilidade com que ocorrem hemorragias nasais deve-se à superficialidade dos vasos sangüíneos. A epistaxe pode estar associada a doenças sistêmicas, como anemia perniciosa, leucemia ou distúrbios da coagulação. O tratamento consiste no combate local da hemorragia e de sua causa.

É também frequente a incidência de furúnculos nasais, pequenos abscessos superficiais de origem infecciosa. O grande perigo dessas infecções é a possibilidade de propagação através de vasos venosos para o seio cavernoso, com conseqüente infecção intracraniana. O tratamento dos abscessos, que jamais devem ser espremidos ou manipulados, se baseia na aplicação de calor local e na administração de antibióticos. Principalmente em crianças pequenas, que muitas vezes apresentam motivação compulsória de colocar sementes, contas e outros objetos na cavidade nasal, a remoção de eventuais corpos estranhos se faz geralmente sem anestesia.

A alergia pode ser considerada uma hipersensibilidade patológica do indivíduo a certas substâncias ou condições. A reação alérgica está associada à formação de anticorpos pelo indivíduo alérgico, em resposta a determinados estímulos antigênicos. Esses anticorpos podem circular no plasma ou estar fixos na célula. O diagnóstico da alergia baseia-se na anamnese cuidadosa e completa, assim como no exame físico detalhado, em que se levam em consideração, entre outros fatores, a história familiar da alergia, episódios alérgicos anteriores e ataques recorrentes ou estacionais da doença. Nesse contexto, merece especial atenção a doença conhecida como febre do feno, provocada por uma reação alérgica ao pólen de diversos vegetais. É caracterizada por espirros, rinite aquosa, obstrução nasal e coceira no nariz, olhos e garganta.

Inflamação da mucosa que recobre as fossas nasais, a rinite tem grande variedade de formas, em função do agente causador. Há as rinites alérgicas, por hipersensibilidade a algumas substâncias; a rinite vasomotora persistente, que se caracteriza por obstrução nasal decorrente de anormalidade na regulação vasomotora do nariz; a rinite crônica, geralmente associada a processos alérgicos ou sinusite de evolução lenta; a rinite hiperplástica, caracterizada por espessamento e alterações edematosas na membrana mucosa e no periósteo; e a rinite atrófica crônica (ozena), atrofia osteomucosa da parede externa das fossas nasais, com formação de crostas sem ulceração da mucosa subjacente e fetidez característica.

A rinite alérgica persistente diferencia-se da febre do feno pela ausência de periodicidade, com sintomatologia presente durante quase todo o ano, enquanto na outra afecção a sintomatologia ocorre em consonância com as estações. Na rinite, os alérgenos mais freqüentes são o pó, agentes infecciosos, alimentos e substâncias químicas.

Juntamente com a rinite, a doença nasal mais freqüente é a sinusite, inflamação dos seios paranasais. A etiologia das infecções sinusais, no que diz respeito aos agentes patogênicos, é a mesma que a das vias aéreas superiores. Não existem microrganismos que demonstrem especificidade para as cavidades sinusais. Geralmente os seios paranasais acompanham as infecções das vias respiratórias altas. A presença de pólipos nasais, que causam a obstrução dos orifícios de drenagem, é, porém, causa freqüente de infecções.

Quando relacionadas às sinusites, as dores de cabeça são tratadas por otorrinolaringologistas. Nesse caso, a dor está associada a uma infecção aguda dos seios frontais ou maxilares. A dor associada a uma infecção aguda dos seios etmoidais e esfenoidais é de localização mais posterior e se projeta entre os olhos ou no vértice da cabeça.

Doenças frequentes como a gripe e o resfriado, que afetam as vias respiratórias superiores, são também tratadas pela otorrinolaringologia, uma vez que a maior parte dos sintomas de ambos os processos centram-se nas fossas nasais e na garganta. A gripe é uma doença infecciosa das vias respiratórias cujos sintomas são febre, cefaléia e dor muscular. O processo, na maior parte das vezes, afeta ainda os seios paranasais, o ouvido médio, os brônquios e os pulmões. O tratamento, que tem por base o repouso, é específico segundo o sintoma predominante. Já o resfriado comum é causado por vírus - os paragripais, ECHO e outros - e produz congestão nasal, secreção aquosa e perda da capacidade olfativa, além de outros sintomas.

Doenças da faringe, amígdalas e laringe. A otorrinolaringologia se ocupa também do estudo da faringe, da laringe e das amígdalas (órgão par, de forma ovóide, cuja função é defender a garganta contra os processos infecciosos).

Entre as doenças da faringe, a de maior incidência é a faringite, quadro inflamatório que pode apresentar ou não natureza infecciosa e que pertence a diferentes categorias, de acordo com os sintomas que produza: faringite não bacteriana; faringite aguda; faringite crônica (ou granulosa); agranulocitose, angina ulcerativa e gangrenosa da orofaringe e de outras superfícies mucosas; leucemia; leucoplasia; monilíase e aftas.

Muito comuns são as doenças de natureza virótica, bacteriana e micótica que afetam as amígdalas. O tratamento nesses casos é essencialmente etiológico, visando ao combate do agente causador. Os surtos repetidos de infecções agudas podem dar origem à hiperplasia das amígdalas, cujo tratamento indicado é geralmente a extirpação cirúrgica.

A laringe pode sediar inúmeros processos patológicos, decorrentes de malformações, infecções agudas e crônicas, além de processos infiltrativos, traumáticos e tumorais. As doenças da laringe, em vista de sua fisiologia e de sua disposição anatômica, podem levar a obstruções das vias respiratórias, algumas vezes graves, até com a morte do paciente por sufocação. Como a laringe é o principal órgão da fonação, pequenas lesões podem ser acompanhadas de profundas alterações da voz. Os tumores da laringe podem ser de natureza benigna ou maligna, sendo que estes últimos têm caráter infiltrativo, pois invadem as regiões vizinhas e emitem metástases, principalmente nos gânglios linfáticos regionais.

A laringe é sede também de doenças infecciosas, como a difteria, causada pela bactéria Corynebacterium diphteriae. A doença se caracteriza pela formação de pseudomembranas de fibrina, que recobrem a região inflamada. À medida que a infecção avança, há dificuldade de deglutição e toxemia, acompanhadas de prostração intensa. O edema da laringe pode produzir dificuldade respiratória e, nos casos avançados, asfixia. A profilaxia se faz com uma vacina que proporciona alto grau de imunização, e o tratamento consiste na aplicação de antibióticos.

Doenças do ouvido. A distinção anatômica e fisiológica entre ouvido externo, médio e interno é também válida para efeitos clínicos: distinguem-se, dessa forma, os processos patológicos gerais daqueles que são específicos de cada parte do ouvido. Entre os gerais, são muito comuns as otites, inflamações agudas ou crônicas que afetam a pele do conduto auditivo externo, médio ou interno (também chamadas labirintites).

Entre as doenças que afetam especificamente o ouvido externo, estão a obstrução do canal auditivo externo por cerume e as lesões causadas pela introdução de corpos estranhos. Alterações da aeração e da drenagem do ouvido médio provocam a disfunção da trompa de Eustáquio. Ainda no ouvido médio, as alterações ou lesões do tímpano se corrigem geralmente mediante técnicas cirúrgicas, entre as quais a timpanoplastia (operação destinada a erradicar a doença do ouvido médio e reconstruir o mecanismo da audição) e a miringoplastia (restauração da membrana timpânica perfurada).

No ouvido interno, diferenciam-se várias doenças cujo traço mais característico é a modificação do sentido de equilíbrio, o que produz vertigens. Essas afecções podem acarretar também redução ou perda total da audição. É o caso da labirintite, classificada como circunscrita ou difusa, aguda ou crônica, supurativa ou seqüestrativa; da neuronite vestibular, forma de neurite epidêmica que afeta o nervo vestibular e se caracteriza por vertigens intensas, vômitos e nistagmo espontâneo; e da síndrome de Ménière, doença de causa desconhecida que afeta a fisiologia dos líquidos do ouvido interno, mais precisamente da endolinfa, e se caracteriza pela ocorrência de crises periódicas, iniciadas com o aumento da pressão intra-auricular e seguidas de vertigem e zumbido.

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