Obesidade | Aspectos Fisiopatológicos | Diagnóstico e Tratamento
A obesidade é uma condição caracterizada por uma elevada relação entre a massa de tecido adiposo e a massa total do corpo, comparada essa relação com a que se observa no homem considerado normal. É descrita como doença por razões entre as quais se incluem o fato de pacientes obesos apresentarem média de sobrevida inferior à dos indivíduos não-obesos e a alta incidência de distúrbios cardiovasculares e de diabetes melito em pacientes com excesso de tecido adiposo. Representa ainda uma desvantagem em muitas situações da vida real e causa distúrbios posturais relativamente graves, patologias da vesícula biliar e complicações na anestesia geral, na cirurgia e no parto.
O fator desencadeante da obesidade é quase sempre a
ingestão excessiva de calorias, mas as causas dessa doença, que nos
países desenvolvidos apresenta elevada incidência, abrangem uma ampla
variedade de condicionamentos de natureza emocional, cultural, genética e
endócrina.
Fisiologia do tecido adiposo - O tecido adiposo se constitui de células
cujos vacúolos são cheios de triglicerídeos, que constituem as gorduras.
É de ampla distribuição no organismo, principalmente na região
subcutânea, perineal e mesentérica. A massa corporal de um homem normal
de setenta quilos constitui-se, aproximadamente, de 15kg de
triglicerídeos.
Os depósitos de gordura constituem grande parte das reservas energéticas do organismo, compostas também de carboidratos (como o glicogênio) e proteínas. Os triglicerídeos são armazenados após a ingestão do alimento e consumidos (depletados) nos intervalos das refeições, ou quando as solicitações energéticas são mais pronunciadas. Esse processo de depleção se denomina mobilização das gorduras e permite que o organismo sobreviva por longos períodos sem ingerir alimentos. Nele intervêm numerosas funções, como a secreção dos hormônios glucagon e insulina, o controle do fluxo sanguíneo no tecido adiposo por meio do sistema nervoso autônomo, ou a produção de outras substâncias, como a adrenalina ou a noradrenalina, importantes hormônios mobilizadores de gorduras.
Aspectos fisiopatológicos - Estudos de obesidade em animais de
laboratório trouxeram valiosas informações, que permitem entender melhor
a obesidade humana. Lesões bilaterais do hipotálamo, especificamente no
núcleo ventromedial, acarretam obesidade em camundongos. Existem cepas
de camundongos obesos e hiperglicêmicos que apresentam níveis
plasmáticos acima do normal. Esses animais, mesmo com restrição
alimentar, são incapazes de metabolizar gorduras de forma normal e
catabolizam proteína num ritmo mais alto do que os camundongos normais,
nas mesmas condições.
No homem, a obesidade é um problema ainda mais complexo, que envolve aspectos psicológicos primários ou secundários. Fatores de ordem genética desempenham importante papel em certos tipos de obesidade. Além disso, aspectos sociais, econômicos e culturais estão envolvidos. A obesidade no homem não raro está ainda relacionada com distúrbios metabólicos associados a problemas endócrinos. O nível plasmático de insulina, geralmente mais elevado em obesos, é, em muitos casos, normalizado após a redução de peso.
Diagnóstico e tratamento - Mais importante do que o simples diagnóstico
da obesidade é a determinação de sua etiologia. É de grande importância o
conhecimento dos antecedentes do distúrbio e dos hábitos do paciente,
assim como de suas características físicas e respostas a testes
laboratoriais. Estudo psiquiátrico do paciente deve ser realizado com
atenção, já que inúmeras vezes a obesidade é consequência de um
desajuste emocional.
A prevenção e o tratamento da obesidade se baseiam num regime dietético adequado, prescrito por médico, intimamente associado à compreensão, por parte do paciente, da gravidade de seu quadro, e a uma colaboração consciente, que visa a transpor muitas das dificuldades encontradas no decorrer do processo. O tratamento médico, sem a colaboração do paciente, está fadado ao fracasso na grande maioria dos casos.
Hábitos adequados de alimentação e exercícios físicos moderados são indicados a todos os pacientes predispostos à obesidade, assim como a todos os indivíduos, ao atingirem a meia-idade, evidentemente excetuados os casos de contra-indicação médica.
Os dois pontos principais no tratamento da obesidade se baseiam nas leis fundamentais da termodinâmica, isto é, redução na quantidade de alimentos e aumento nos gastos energéticos. O tratamento pode, em linhas gerais, dividir-se em duas fases: (1) eliminação de fatores etiológicos; (2) redução dos depósitos excessivos de gordura. Assim, no hipogonadismo, deve ser tratada a causa por meio de gonadotrofinas ou hormônios gonadais. No hipotireoidismo, o emprego de hormônios tireoidianos é fundamental. Finalmente, nos distúrbios psicológicos, uma correção da conduta alimentar deve ser estabelecida, antes de tentar a redução de peso.
A eliminação dos depósitos de gordura se obtém por diminuição da ingesta de calorias e por aumento do exercício físico, seja a prática de marcha ou de um esporte. O emprego do hormônio tireoidiano, sob a forma de tireoide dessecada, facilita a perda de peso, por aumentar o metabolismo basal. Esse método só deve ser prescrito, no entanto, em casos de hipotireoidismo, a fim de trazer o metabolismo a níveis normais. O emprego de diuréticos se indica somente na presença de edema.
A restrição dietética é fundamental no processo de redução de peso. Aproximadamente 35 calorias por quilograma de peso constituem dieta adequada para uma pessoa de atividade moderada. É importante que o paciente receba um adequado suprimento vitamínico, assim como de sais minerais, em especial cálcio e ferro. O paciente deve ser encorajado a se preocupar com seu aspecto estético, a desenvolver aptidões físicas e a praticar esportes. O apoio psicológico, por parte do médico, ou, em casos mais difíceis, do psiquiatra, é de fundamental importância.
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