Religiões da Síria e Palestina

Religiões da Síria e Palestina

Religiões da Síria e Palestina
Baal e deus da fertilidade
Por sua antiguidade, pois datam de dois mil a quatro mil anos antes da era cristã, e duradoura influência sobre as religiões posteriores, os sistemas religiosos da Síria e da Palestina são considerados particularmente importantes pelos historiadores modernos. Seja por contágio, seja por oposição, esses sistemas estão na origem das religiões cretense, grega e romana e das atuais judaica, cristã e islâmica.

As religiões dos povos que, a partir do terceiro milênio anterior à era cristã, habitaram os territórios que correspondem atualmente à Síria e à Palestina eram politeístas, concebiam divindades antropomórficas e as identificavam ou vinculavam a elementos do universo e a aspectos primordiais da natureza e da sociedade. As divindades estavam organizadas, embora de forma flexível, numa assembleia, na qual o deus das tempestades desempenhava papel preponderante. Cultuavam-se imagens nos templos, considerados as casas dos deuses, onde sacerdotes garantiam constante suprimento de comida e roupas. Os mitos, veiculados frequentemente sob a forma de complexos poemas narrativos, expressam concepções sobre a natureza do mundo e da organização social.

A população da área, miscigenada étnica e linguisticamente, estava exposta a influências do Egito, Mesopotâmia e Anatólia. A unidade política típica era a cidade-estado, geograficamente limitada, cada qual com um ou mais panteões e cultos próprios. As principais preocupações da religião oficial dirigiam-se a questões econômicas e políticas básicas, como a abundância das colheitas e a fertilidade da terra, o bem-estar do governante e a continuação de sua linhagem.

As informações mais completas obtidas pelos pesquisadores referem-se à religião dos cananeus, que felizmente parece ter sido típica e representativa das demais. As principais fontes são textos remanescentes da idade do bronze recente (1600 a 1200 a.C.), escavados, a partir de 1929, em Ras Shamra, na antiga cidade fenícia de Ugarit. Outras fontes são o Antigo Testamento, inscrições fenícias e púnicas, e textos gregos, romanos e egípcios.

A divindade principal é Il-a-bi, o "deus-pai", "deus dos pais" ou "deus de meu pai", expressões também mencionadas no Antigo Testamento, embora não se possa afirmar uma correlação. El, chamado "rei", presidia o panteão como pai de todos os deuses (exceto Baal) e criador do homem. É representado como um velho de longas barbas grisalhas. Conhecido por seus atributos sexuais e por conceder dádivas, identifica-se com o deus grego Cronos.

Dagon, pai de Baal e deus da fertilidade, tornou-se mais tarde a principal divindade dos filisteus. Baal era o deus da tempestade, príncipe, conquistador e patrono dos navegantes, cultuado em toda a região. Embora não haja dúvidas sobre sua importância, a palavra "baal" era também empregada quotidianamente com a significação de "senhor" ou "mestre", o que originou nomes como Baal-peor (senhor de Peor), referente a uma pequena divindade local. Yarikh ("lua") era uma divindade masculina largamente cultuada, mas sobre seu mito restaram poucas informações.

Kothar era o deus artesão dos cananeus, semelhante ao grego Hefesto. Asherah era a esposa de El, em Ugarit. Astartéia - divindade do amor e da guerra, equivalente aproximado da deusa mesopotâmica Ishtar - é a deusa pagã mais frequentemente mencionada no Antigo Testamento. Anath é a principal deusa do amor e da guerra em Ugarit, esposa de Baal e conhecida por sua ferocidade na batalha. No período helênico, Anath e Astartéia foram reunidas numa só sob o nome de Atárgatis, a "deusa síria" cujo culto tornou-se famoso por seus galli, devotos que se emasculavam voluntariamente em honra à deusa e passavam a vestir-se como mulheres.

As cerimônias religiosas realizavam-se em templos ou lugares altos, onde os sacerdotes ofereciam sacrifícios de animais ante a imagem da divindade. Há evidências acerca da prática de sacrifícios humanos. Em alguns santuários, havia homens e mulheres dedicados à prostituição sagrada, mas não se conhecem detalhes sobre o significado dessa instituição. O rei, a rainha e os sacerdotes supremos eram as principais autoridades religiosas.

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