Numeral e Número | Língua Portuguesa
Numeral, na nomenclatura gramatical brasileira, é a classe de palavras
que designa a quantidade dos objetos ou sua posição numa série. Os
numerais podem ser cardinais, quando indicadores de quantidade (um,
dois, três); ordinais, quando dão ideia de ordem ou posição (primeiro,
segundo); fracionários (meio, terço) e multiplicativos (duplo, triplo).
Os numerais podem ser expressos em algarismos romanos (I, V, XX) ou
arábicos (1, 5, 20).
Nos títulos honoríficos, na designação dos capítulos de livros e na determinação de datas e horários, empregam-se frequentemente os numerais.
Figuradamente, o numeral pode expressar número indeterminado, como por exemplo na frase: "Já lhe disse isso mais de mil vezes." Em datas, quando se trata do primeiro dia do mês, dá-se preferência ao ordinal: primeiro de janeiro (e não um de janeiro). Na sucessão de papas, reis, príncipes, anos, séculos, capítulos etc., empregam-se, de um a dez, os ordinais e, de 11 em diante, os cardinais. Por exemplo, diz-se papa João Paulo II (segundo), mas papa João XXIII (vinte e três). Quando aparece anteposto, o numeral é normalmente lido como ordinal, como em XX Salão do Automóvel (vigésimo).
Número
Número é a flexão que as palavras variáveis sofrem, em muitas línguas,
para indicar singular -- um ser único (um peixe) ou um conjunto de seres
considerados como um todo (substantivo coletivo: cardume) - ou plural - mais de um ser (peixes) ou mais de um desses conjuntos (cardumes).
A diferença existente entre "um peixe" e "vários peixes", "um cardume" e "vários cardumes" exprime-se em português mediante a flexão de número. Embora a palavra cardume se refira também a muitos peixes, gramaticalmente é classificada como singular, porque se aplica a um conjunto de peixes.
Substantivos. Quanto à flexão do plural, em português os substantivos se classificam em três grupos: os terminados em vogal ou ditongo; os terminados em consoante; e os compostos.
Terminados em vogal ou ditongo. Forma-se o plural de substantivos terminados em vogal ou ditongo: (1) pelo acréscimo de -s ao singular, se o substantivo termina em vogal (livro/livros), em ditongo oral (pai/pais) e no ditongo -ão, quando a palavra é paroxítona (acórdão/acórdãos), monossilábica (mão/mãos) e ainda em alguns poucos oxítonos (cidadão/cidadãos, irmão/irmãos); (2) pela mudança do final -ão para -ões, na maioria dos oxítonos em -ão (botão/botões); (3) pela mudança do final -ão em -ães, em reduzido número de oxítonos (capitão/capitães).
Alguns substantivos terminados em -o, cuja vogal tônica é o fechado (ô), passam, no plural, a ter o aberto (ó): caroço/caroços, poço/poços. Não são poucos, porém, os substantivos que conservam no plural o o fechado do singular (cachorro/cachorros, polvo/polvos), além de palavras homógrafas de formas verbais em que o o tônico é aberto: "acordos", plural de "acordo", com o o tônico fechado, homógrafo de "acordo", do verbo "acordar", com o tônico aberto), adornos, brotos, encostos.
Há substantivos em -ão que têm mais de uma forma de plural, com preferência, contudo, para o plural em -ões: (1) plural em -ães e -ões (alazão: alazães e alazões); (2) plural em -ãos e -ões (anão: anãos e anões); (3) plural em -ãos, -ões e -ães (aldeão: aldeãos, aldeões e aldeães); (4) plural em -ães e-ãos (refrão: refrães e refrãos).
Terminados em consoante - O plural de substantivos terminados em consoante obedece às seguintes normas: (1) substantivos terminados em -r e -z formam o plural pelo acréscimo de -es ao singular (açúcar/açúcares; cartaz/cartazes), com exceção de "caráter" (caracteres); (2) os terminados em -al, -el, -ol, e -ul trocam no plural o -l por -is: catedral/ catedrais; papel/papéis; anzol/anzóis; paul/pauis. São exceções: mal/males, real/réis (moeda antiga), cônsul/cônsules; (3) os oxítonos em -il mudam o -l para -s: funil/funis; projetil/projetis (ao lado de projétil/projéteis); reptil/reptis (ao lado de réptil/répteis); (4) os paroxítonos em -il mudam a terminação para -eis: fácil/fáceis; fóssil/fósseis; (5) os terminados em -n fazem o plural mediante acréscimo de -es (cânon ou cânone/cânones) ou apenas de -s (abdômen: abdômenes ou abdomens; dólmen: dólmenes ou dolmens; líquen: líquenes ou liquens); "espécimen", além do plural "espécimens", faz "especímenes", com acréscimo de -es e deslocamento da tônica, ademais de "espécimes", do singular alternativo "espécime"; (6) os terminados em -m (índice de nasalidade da vogal anterior) mudam o-m para -n, a que se apõe o -s do plural: viagem/viagens; pudim/pudins; (7) os terminados em -s formam o plural pelo acréscimo de -es ao singular, quando são oxítonos (ananás/ananases); os paroxítonos ou proparoxítonos são invariáveis (o pires/os pires, o ônibus/os ônibus), como também o são os monossílabos (cais, pus, cós -- embora se documente o plural coses); (8) os paroxítonos em -x são invariáveis: o tórax/os tórax; o ônix/os ônix; (9) nos diminutivos formados com -zinho e -zito, o substantivo primitivo faz o plural, perdendo o -s: anõe(s) + zinhos = anõezinhos; cãe(s) + zitos = cãezitos.
Alguns substantivos só são usados no singular. Exemplos são nomes de metais (cobre), salvo quando empregados em sentido figurado ("cobres", no plural, tem o sentido de "dinheiro"), e nomes abstratos (fé). Já outros só são empregados no plural (alvíssaras, anais, antolhos, arredores, exéquias, férias, fezes, matinas, núpcias, pêsames, primícias, víveres).
Compostos - Os substantivos compostos de elementos aglutinados ou de elementos justapostos sem hífen formam o plural como se fossem substantivos simples: aguardente/aguardentes; malmequer/malmequeres. Quando há hífen, distinguem-se: os formados por dois substantivos (tenente-coronel/tenentes-coronéis), substantivo e adjetivo (amor-perfeito/amores-perfeitos), adjetivo e substantivo (gentil-homem/gentis-homens), numeral e substantivo (quinta-feira/quintas-feiras), em que ambos os termos variam, salvo quando o segundo for um substantivo que funcione como determinante específico do primeiro, que será o único a variar: navios-escola, mangas-espada (mangas em forma de espada), salários-família (salários para a família).
Pronomes e adjetivos - Merecem referências na flexão de número dos pronomes: o plural de modéstia (nós em lugar de eu) e o uso do vós de cerimônia (aplicável a uma só pessoa). Os adjetivos simples seguem as regras que se aplicam aos substantivos. Nos compostos, apenas o último elemento vai para o plural (luso-brasileiro/luso-brasileiros), excetuados os casos de surdo-mudo (surdos-mudos) e dos adjetivos referentes a cores, que não variam, quando o segundo elemento for substantivo (tecidos amarelo-canário).