Pedro Páramo | Juan Rulfo

Pedro Páramo | Juan Rulfo


Pedro Páramo | Juan Rulfo"Vim a Comala porque me disseram que aqui vivia meu pai, um tal Pedro Páramo. Minha mãe me disse, e eu prometi que viria vê-lo logo que ela morresse. Apertei suas mãos em sinal de que o faria pois ela estava para morrer e eu em uma situação de prometer-lhe tudo. "Não deixes de ir visitá-lo – recomendou-me. Chama-se dêste modo e dêste outro. Estou certa de que terá prazer em conhecer-te." Então não pude fazer outra coisa senão dizer-lhe que assim o faria e, de tanto dizê-lo, continuei dizendo, mesmo depois

que para as minhas mãos custou trabalho libertar-se de suas mãos mortas. Entretanto, antes me tinha dito:

– Não vás pedir-lhe nada. Exige-lhe o nosso. O que era obrigado a dar-me e nunca deu... O esquecimento em que nos deixou, meu filho, cobra-o caro.


– Assim o farei, mãe.


Mas não pensei em cumprir minha promessa, até há pouco, quando comecei a encher-me de sonhos, a dar asas às ilusões. Dêsse modo foi-se-me formando um mundo em torno da esperança que era aquêle senhor chamado Pedro Páramo, o marido de minha mãe.


Por isso vim a Comala.


Era tempo de calor, quando o ar de agôsto sopra quente, envenenado pelo cheiro pútrido dos saboeiros.


O caminho subia e descia; " sobe ou desce segundo se vai ou se vem. Para o que vai, sobe; para o que vem, desce."


– Como disse mesmo que se chama a vila que se vê lá embaixo?


– Comala, senhor."

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