Platero e Eu | Juan Ramon Jimenez

"A noite cai, nevoenta e lilás. Vagas claridades esverdeadas e cor de malva flutuam ainda atrás da torre da igreja. A estrada se encurva
–povoada de sombras, impregnada do perfume das campânulas, do bálsamo das ervas, cheia de canções, de dolência e de sonhos. De repente, um homem sombrio, de boné e aguilhão, a cara feia alumiada, instantaneamente, pela brasa do cigarro, irrompe de uma guarita miserável, encravada entre sacos de carvão. Platero se assusta.
- Que leva aí?
- Pode ver... Borboletas brancas...
O homem procura examinar a sacola com o aguilhão, e eu deixo. Abro-a e ele não vê nada. E o inefável manjar passa livre e inocente, sem pagar seus impostos à Alfândega..."