Ritmo de Outono | Federico García Lorca


Ritmo de Outono | Federico García Lorca

Ritmo de Outono | Federico García Lorca
"A água adormeceu em prata velha
a poeira da estrada.
Os gusanos se metem sonolentos
nos seus lares gelados.
A água lá se perde na montanha;
o vento diz: – Eu sou eterno ritmo.
Nos berços pobres ouvem-se nanados
e o pranto do rebanho na ramada.

A molhada tristeza da paisagem
aponta como um lírio
as rugas profundadas que deixaram
dos séculos os olhos pensadores.

(...)

Sobre a paisagem velha e o lar fumoso
quero lançar meu grito,
de mim a soluçar qual o gusano
deplora seu destino.
Implorando do homem, Amor imenso
e azul como os álamos do rio.
Azul de corações, azul de força,
o azul de mim mesmo,
que ponha em minhas mãos a grande chave
que force o infinito.
Sem terror e sem medo frente à morte,
rociado de amor e de lirismo,
fira-me embora o raio como à árvore
e me quede sem folhas e sem grito.

Agora tenho em frente rosas brancas
e o corpo a transbordar de vinho."


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