A Marcha Para o Oeste | Cláudio e Orlando Villas Boas

Quando chegamos, pudemos ainda vê-la arriada nas patas dianteiras, pronta, mas sem coragem para o salto que ameaçava. Era uma belíssima canguçu. Quando nos viu, tirou os olhos dos cachorros e passou a vigiar nossos movimentos. O quadro era estupendo, e por um instante tivemos pena de tirar a vida de tão belo animal. Até ali vinha vivendo feliz e livre como rei invencível das matas. Agora tinha apontado contra si o cano ameaçador de uma carabina 44. Mesmo sentindo-se observada, ela não fez um só gesto brusco nem perdeu a aparente tranqüilidade. Seus movimentos continuavam seguros e calmos. Com a nossa presença os cães se calaram, e ela, com os olhos miúdos, vivos, continuava nos fuzilando enquanto com uma das patas limpava vagarosamente a baba que caía da boca. Com o primeiro tiro a onça vacilou, os cachorros latiram, ela se firmou novamente no tronco onde estava. O tiro, porém, fora mortal. Novamente vacilando, ela deslizou pelo tronco até que, perdendo completamente o equilíbrio, caiu pesadamente ao solo. A manhã tinha sido movimentada, mas o campo reclamava os homens. Deixamos um deles tirando o couro da onça e tocamos para lá."
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