Assassinato no Expresso Oriente | Agatha Christie
– Não Senhor. Ele vai me derrubar. Não sei como decifrá-lo. Eles não podem estar todos envolvidos, mas não consigo adivinhar quem é o culpado. Como descobrirá, é o que preciso saber.
– Simplesmente imaginei coisas.
– Então, acredite, o senhor é um grande adivinho – Hardman reclinou-se na poltrona, olhando Poirot com admiração. – Desculpe-me – disse – mas ninguém poderia imaginar, olhando para o senhor. Tiro o chapéu para o senhor, Monsieur Poirot.
– É muito bondoso, Mr. Hardman.
– Nada disso. Tinha de cumprimentá-lo.
– Ainda assim, o problema não foi resolvido inteiramente. Podemos dizer com certeza quem matou Ratchett?
– Deixe-me fora – preveniu Hardman – porque não direi nada do que penso. Tudo que sinto é uma admiração natural. Que diz dos outros dois que faltam, a velha senhora americana e a dama-de-companhia alemã? Será que são as únicas duas inocentes em todo o trem?
– A menos – ressalvou Poirot, sorrindo, – que possamos enquadrá-las em nosso pequeno grupo, como, diríamos, caseira e cozinheira da família Armstrong.
– Bem, nada no mundo me surpreenderia agora – disse Hardman com uma calma resignação, – uma loucura! Eis o que temos à nossa frente!
– Ah, mon cher , isto seria realmente levar a coincidência um pouco longe demais – advertiu Bouc; – eles não podem estar todos metidos nisso.
Poirot observou-o um pouco, e respondeu:
– Você não compreende absolutamente nada. Diga, você sabe quem matou Ratchett?
– E você? – respondeu, perguntando, Bouc.
– Ah, sei sim – anuiu Poirot; – já fazia algum tempo que sei. É tudo tão claro! Não vejo por que não deduziu também."