Eros e Civilização | Herbert Marcuse

Tal regressão romperia através das fortificações centrais do princípio de desempenho; anularia a canalização da sexualidade para a reprodução monogâmica e o tabu sobre as perversões. Sob o domínio do princípio de desempenho, a catexe libidinal do corpo do indivíduo e as relações libidinais com os outros estão normalmente limitadas ao período de lazer e dirigidas para a preparação e execução do intercurso genital; só em casos excepcionais, e com um elevado grau de sublimação, às relações libidinais é consentido que penetrem na esfera do trabalho. Essas restrições, impostas pela necessidade de conservar uma vasta proporção de energia e tempo aos labores não-gratificantes, perpetuam a dessexualização do corpo, a fim de que o organismo seja o sujeito-objeto de desempenhos socialmente úteis. Inversamente, se o tempo e energia de trabalho forem reduzidos a um mínimo, sem correspondente manipulação do tempo livre, as bases de tais restrições serão abaladas. A libido libertar-se-á e extravasará dos limites institucionalizados em que é mantida pelo princípio de realidade."
www.klimanaturali.org