Inflação e Deflação | John Maynard Keynes

Inflação e Deflação | John Maynard Keynes

Inflação e Deflação | John Maynard Keynes"Tem sido um lugar-comum, dos manuais de Economia, que os salários tendem a ficar defasados em relação aos preços — com a conseqüência de que os ganhos do assalariado diminuem durante os períodos de preços em alta. Isto foi freqüentemente verdadeiro no passado, e pode sê-lo, ainda, para certas classes de trabalhadores mal colocadas ou mal organizadas para melhorarem sua posição. Mas na Grã-Bretanha, até certo ponto, e nos Estados Unidos, importantes seções dos trabalhadores foram capazes de tirar vantagem da situação, não apenas para obter salários monetários iguais, em poder aquisitivo, ao que antes recebiam, mas também para assegurar uma real melhora e para combinar tudo isto com uma redução das horas trabalhadas (e, nessa medida, do trabalho realizado), conseguindo tudo isto (no caso da Grã-Bretanha) num tempo em que a riqueza total da comunidade diminuiu. Esta reviravolta no habitual curso das coisas não se deveu a um acidente, mas a causas definidas.

A organização de certas classes trabalhadoras — ferroviários, mineiros, portuários e outros — para a finalidade de garantir aumentos salariais é melhor do que antes. A vida no exército, talvez pela primeira vez na história das guerras, elevou, em muitos aspectos, o padrão convencional de exigências — o soldado era mais bem vestido, mais bem calçado e freqüentemente mais bem alimentado que o trabalhador, e sua mulher, encontrando na guerra, por causa da separação, uma possibilidade adicional de buscar novas oportunidades de ganhos, também alargou suas idéias. Contudo, apesar destas influências, que forneceram o motivo, poderiam ter faltado os meios para que se chegasse aos resultados, se não existisse outro favor — os ganhos extraordinários do especulador. O fato de os empresários estarem ganhando — e ganhando notoriamente — lucros extraordinários acima daqueles normais em seus negócios, expuseram-nos à pressão, não apenas de seus empregados mas também da opinião pública em geral, permitindo-lhes, no entanto, atender a essa pressão sem dificuldade financeira.

De fato, valia a pena atender à imposição, e partilhar com os operários a boa sorte do momento.

Assim as classes trabalhadoras melhoraram sua posição relativa nos anos seguintes à guerra, contra todas as outras classes exceto a dos ‘especuladores’. Em alguns casos importantes, elas melhoraram sua posição absoluta, isto é, considerando-se a redução das horas, os aumentos salariais e a elevação de preços, algumas parcelas das classes trabalhadoras asseguraram para si uma remuneração real mais alta por unidade de esforço ou de trabalho realizado. Mas não podemos avaliar a estabilidade deste estado de coisas, enquanto contrastada com sua desejabilidade a menos que conheçamos a fonte da qual se extraiu a elevação dos ganhos das classes trabalhadoras."

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