Inflação e Deflação | John Maynard Keynes

A organização de certas classes trabalhadoras — ferroviários, mineiros, portuários e outros — para a finalidade de garantir aumentos salariais é melhor do que antes. A vida no exército, talvez pela primeira vez na história das guerras, elevou, em muitos aspectos, o padrão convencional de exigências — o soldado era mais bem vestido, mais bem calçado e freqüentemente mais bem alimentado que o trabalhador, e sua mulher, encontrando na guerra, por causa da separação, uma possibilidade adicional de buscar novas oportunidades de ganhos, também alargou suas idéias. Contudo, apesar destas influências, que forneceram o motivo, poderiam ter faltado os meios para que se chegasse aos resultados, se não existisse outro favor — os ganhos extraordinários do especulador. O fato de os empresários estarem ganhando — e ganhando notoriamente — lucros extraordinários acima daqueles normais em seus negócios, expuseram-nos à pressão, não apenas de seus empregados mas também da opinião pública em geral, permitindo-lhes, no entanto, atender a essa pressão sem dificuldade financeira.
De fato, valia a pena atender à imposição, e partilhar com os operários a boa sorte do momento.
Assim as classes trabalhadoras melhoraram sua posição relativa nos anos seguintes à guerra, contra todas as outras classes exceto a dos ‘especuladores’. Em alguns casos importantes, elas melhoraram sua posição absoluta, isto é, considerando-se a redução das horas, os aumentos salariais e a elevação de preços, algumas parcelas das classes trabalhadoras asseguraram para si uma remuneração real mais alta por unidade de esforço ou de trabalho realizado. Mas não podemos avaliar a estabilidade deste estado de coisas, enquanto contrastada com sua desejabilidade a menos que conheçamos a fonte da qual se extraiu a elevação dos ganhos das classes trabalhadoras."
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