
De que me serve viver? Já não tenho pátria, nem casa, nem refúgio em minha infelicidade. Fui insensata no dia em que abandonei o lar paterno, seduzida pelas promessas desse grego que saberei punir com a ajuda dos deuses. Ele não reverá vivos os filhos que de mim teve, e outros não terá de sua nova esposa, que deve perecer miseravelmente, devorada por meus venenos. Que não me creiam pois covarde, impotente, ou insensível; completamente diverso é o meu caráter: terrível para com meus inimigos, sou clemente para com aqueles que amo. É assim que se pode tornar ilustre a própria vida.
Coro
Já que nos fazes esta confidência, queremos, por nossa vez, dar-te um útil conselho, tomando a defesa das leis humanas: não faças aquilo que premeditas.
Medéia
Não posso agir de outro modo, mas compreendo que useis essa linguagem, não fostes ultrajadas como eu.
Coro
O que, mulher! Ousarias matar teus dois filhos?
Medéia
Não tenho outro meio para dilacerar o coração do pai deles.
Coro
Mas irás tornar-te a mais desgraçadas das mulheres!"