O Nome da Rosa | Umberto Eco


O Nome da Rosa | Umberto Eco


O Nome da Rosa | Umberto Eco"O velho calou-se. Mantinha ambas as mãos abertas sobre o livro, quase acariciando suas páginas, como se estivesse esticando as folhas para ler melhor, ou quisesse protegê-lo de uma presa voraz."Tudo isso de qualquer modo não serviu para nada", disse Guilherme. "Agora acabou, encontrei-te, encontrei o livro, e os outros morreram em vão.""Em vão, não", disse Jorge. "Talvez em demasia. E caso carecesses de uma prova de que este livro é maldito, tu a tiveste. Mas não devem ter morrido em vão. E a fim de que não tenham morrido em vão, uma outra morte não será demais."Disse, e começou com as mãos descarnadas e diáfanas a rasgar lentamente, em pedaços e tiras, as páginas frágeis do manuscrito, colocando-as aos bocados na boca, e mastigando lentamente como se estivesse consumindo a hóstia e quisesse torná-la carne na própria carne. Guilherme fitava-o fascinado e parecia não se dar conta do que estava acontecendo. Depois percebeu e adiantou-se gritando: "O que estás fazendo?" Jorge sorriu descobrindo as gengivas exangues, enquanto uma baba amarelada lhe escorria dos lábios pálidos sobre o pelame branco e ralo do queixo.

"És tu que esperavas o toque da sétima trombeta, não é verdade? Escuta agora o que diz a voz: sela o que disseram os sete trovões e não o escrevas, pega-o e devora-o, ele amargará o teu ventre, mas para a tua boca será doce como o mel. Vês? Agora selo o que não devia ser dito, no túmulo que me torno."

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