Poesia Moderna e Fim das Escolas

Poesia Moderna e Fim das Escolas

Poesia Moderna e Fim das Escolas No início do século XX, a poesia passou por outras alterações formais. Os poetas, de um modo geral, abandonaram a filiação a escolas e passaram a responsabilizar-se por suas próprias concepções e técnicas. Apesar disso, na Itália, Marinetti lançou as bases do futurismo, que serviu para chamar a atenção dos escritores para muitas das mudanças do século. O verso branco, sem rima, reapareceu com pretensões revolucionárias, desta vez sem métrica ou ritmo obrigatórios. Na França, Mallarmé foi dos primeiros a abolir a rima, a métrica e até mesmo a sintaxe convencional do verso. Na língua inglesa, as revoluções ainda do século XIX -- tanto de Whitman como de Gerard Manley Hopkins, na liberdade rítmica, e de Poe, na racionalidade e concepção do poema -- marcaram a fundo os caminhos da criação poética no século XX, como os de Dylan Thomas, de Wystan Hugh Auden e T. S. Eliot, ou de Ezra Pound, William Carlos Williams e e. e. cummings.

Fatos semelhantes ocorreram na Itália de Montale e Ungaretti, na Alemanha de Rilke e Georg Trakl, na Rússia de Maiakovski, em Portugal -- onde o gênio múltiplo de Fernando Pessoa é, em uma de suas faces (Álvaro de Campos), de influência whitmaniana, e em outra (Ricardo Reis) recupera um filão de lirismo que remonta a Horácio --, na Espanha e na América espanhola, no Brasil do modernismo e em dezenas de outros países de tradição literária.

NOVAS TENDÊNCIAS
A poesia moderna se caracteriza por uma concepção espacial muito específica. Ao quebrar graficamente o verso, um poeta como Mallarmé verificou que o espaço em branco da página podia ser usado não só como simples suporte gráfico, mas também, e principalmente, como material significativo. Marinetti, em seus influentes desafios na década de 1900, não ignorou essas novas possibilidades. Apollinaire também experimentou, cerca de dez anos depois, o rompimento com o discurso lógico-discursivo e, ao integrar o grupo de poetas chamados dadaístas, usou o caligrama, texto de palavras e letras dispostas em forma de figuras que representassem o motivo central. O emprego da página e dos meios gráfico-visuais apareceu, aproximadamente na mesma época, nas obras do russo Maiakovski e do português Mário de Sá-Carneiro. Ezra Pound, ao iniciar a série de seus Cantos (1925-1948), pôs em foco, como elemento poético, o ideograma chinês estudado por Ernest F. Fellonosa. O processo do ideograma, numa língua sintética como a chinesa, tem por base a fusão, num só signo, de vários elementos significantes, e a tentativa de aplicar esse princípio às línguas ocidentais levou à fusão de palavras e às aglutinações e montagens vocabulares. Desse modo o poeta poderia, em linguagem supostamente mais concretizada, transmitir o máximo com o mínimo. Até meados do século XX (seus Poems datam de 1922-1954), e. e. cummings igualmente aboliu o verso e passou a usar letras minúsculas e maiúsculas em busca da visualização, também figurativa, dos objetos e motivos poéticos recriados. Suas preocupações incluíam a criação de nova ortografia para a poesia. Paralelamente, as experiências de poesia sem verso continuaram como sintoma da variada busca de uma nova linguagem poética. Nas últimas décadas do século XX, novas tendências manifestaram-se. Algumas vinculam a poesia a novas tecnologias e meios de comunicação. A experimentação de veículos como o poema cartaz, o poema postal, o holopoema (poema em holografia), entre outros, representam tentativas de adequar a arte poética a um mundo em constante mutação.

www.megatimes.com.br
www.klimanaturali.org

lumepa.blogspot.com

Postagem Anterior Próxima Postagem