Romantismo II


Romantismo II

Romantismo II

Impetuoso e vital, o romantismo surgiu como um movimento que privilegiava a subjetividade individual, em oposição à estética racionalista clássica, e representou a exaltação do homem, da natureza e do belo. Dá-se o nome de romantismo à tendência estética e filosófica que dominou todas as áreas de pensamento e criação artística de meados do século XVIII a meados do XIX. Como expressão do espírito de rebeldia, liberdade e independência, o romantismo propôs-se a descortinar o misterioso, o irracional e o imaginativo na vida humana, assim como explorar domínios desconhecidos para libertar a fantasia e a emoção, reencontrar a natureza e o passado.

O qualificativo "romântico" começou a ser usado, em inglês e francês, no século XVII, no sentido de "relativo a narrativa imaginosa", e aplicava-se a um tipo de forma poética -- o roman ou romant --, herdeira dos romances medievais e dos contos e baladas que floresceram na Europa nos séculos XI e XII. O fascínio pelo misterioso e sobrenatural e a atmosfera de fantasia e heroísmo que dominavam essas composições ampliaram o sentido do qualificativo, que, símbolo de uma nova estética, encontrou suas primeiras manifestações, eminentemente literárias, nos movimentos pré-românticos britânicos e alemães. A partir do fracasso das revoluções políticas de 1848 no continente, seus postulados entraram em decadência e o movimento terminou por se desagregar em ecletismo. A importância subjetiva da arte e das ciências no Ocidente acentuou-se a partir do declínio da sociedade medieval, estruturada sobre os dogmas da religião. A comprovação científica dos fatos substituiu o estabelecimento dogmático das verdades e o culto à arte tornou-se uma das principais alternativas de expressão da espiritualidade entre os intelectuais ocidentais. Filósofos e artistas como Hegel e Berlioz afirmaram que, para eles, a arte era uma religião. No período romântico, esse fervor aliou-se ao amor, à natureza e à idolatria de homens de gênio, cujo primeiro objeto foi Napoleão.

A mentalidade do homem do século XX formou-se com a marca dessas grandes rupturas explicitadas pelo romantismo. A reivindicação de total liberdade criadora e de expressão para o artista; a idéia da "arte pela arte", como depositária de verdades que não podiam ser contaminadas por interesses econômicos, políticos ou sociais; a ética do artista, que deveria agir de acordo com aquilo que sentia ser necessário comunicar aos outros homens; o desprezo pelas conveniências, pelo utilitarismo, pela monotonia da vida diária, são idéias já expressas em 1835 por Gautier, poeta romântico, no prefácio à novela Mademoiselle de Maupin e que, no final do século XX, norteavam ainda a identidade social do gênio artístico.

LITERATURA
O romantismo elevou a figura do poeta a um papel central de profeta e visionário. A apreensão da verdade deveria se dar diretamente a partir da experiência sensorial e emocional do escritor; a imitação dos modelos clássicos foi abandonada. São criações românticas o mito do artista e do amante incompreendidos e rejeitados pela sociedade ou pela amada. Denominou-se Sturm und Drang (tempestade e tensão) o movimento pré-romântico entre 1770 e 1780, que propiciou as bases para o desenvolvimento do novo estilo, na Alemanha e depois no resto do mundo. Na fase inicial, Jean Paul, pseudônimo de Johann Paul Richter, festejado pelo público, lançou Vorschule der Aesthetik (1804; Noções fundamentais de estética), tratado em que criticava Kant e Schiller. Sua obra literária conjugava sentimentalismo, elementos góticos, digressões moralizantes, meditações religiosas e filosóficas, pseudocientificismo e humorismo. Johann Wolfgang von Goethe -- que escreveu Die Leiden des jungen Werthers (1774; Os sofrimentos do jovem Werther), livro que foi acusado, na época, de induzir ao suicídio vários jovens -- encabeçou toda uma geração de bons autores, que incluiu Ludwig Tieck, Novalis, Friedrich Hölderlin e Wilhelm Heinrich Wackenroder. Uma das figuras importantes do movimento foi Friedrich von Schlegel, de formação classicista, que concebeu uma Grécia dionisíaca, numa antecipação das idéias de Nietzsche. Seu romance libertino Lucinde (1799) causou grande escândalo, mas o autor foi posteriormente considerado o maior teórico do romantismo alemão.

IMPORTÂNCIA DE SHAKESPEARE
O crítico e dramaturgo alemão Gotthold Ephraim Lessing foi um dos primeiros a recomendar aos britânicos que tomassem Shakespeare -- cuja obra data do século XVI e tipifica o direito do artista criativo de inventar suas próprias formas e ultrapassar qualquer cânone estético ou técnico -- como modelo para uma literatura nacional. A obra shakespeariana influenciou românticos de todas as nacionalidades. Embora não negassem o perigo da liberdade excessiva, os românticos não pretendiam uma fórmula de sucesso, mas valorizavam a exploração, a invenção e a multiplicidade das emoções e verdades que levariam à revigoração uma cultura decadente. O dramaturgo inglês representava também a possibilidade de quebrar a hegemonia da tragédia francesa na Europa e, com ela, a tirania cultural exercida pela França.

A literatura romântica britânica prenunciou-se na novela gótica, iniciada com o famoso The Castle of Otranto, (1765; O castelo de Otranto) de Horace Walpole. As reconstruções de ambientes medievais, os cenários históricos e exóticos e a revalorização do lúgubre nessas obras definiram alguns dos traços do romantismo. Os romances históricos de Walter Scott transcenderam as fronteiras britânicas. Ambientados na Escócia medieval, ilustram a extensão da curiosidade romântica pelo incomum, já que a Escócia era vista como um lugar selvagem, fora dos centros civilizados, e a Idade Média, como um período igualmente bárbaro e distanciado no tempo. William Wordsworth e Samuel Taylor Coleridge criaram uma teoria poética baseada no livre fluxo das emoções intensas e na fantasia, que norteou a produção de John Keats, Percy Shelley e Lord Byron.

Na França, o gosto romântico pelo selvagem e o primitivo foi antecipado por Jean-Jacques Rousseau, que defendia um modo de vida natural, sem a influência alienante da civilização. Madame de Staël, que realizou um retrato idealizado da Alemanha em De l'Allemagne (1813; Da Alemanha), e François Chateaubriand, cuja obra Le Génie du christianisme (1802; O gênio do cristianismo) não impediu as dúvidas acerca de seu espírito católico, foram considerados os primeiros escritores românticos do país. Na França a classificação do vocabulário em "nobre" e "comum" -- ou seja, impróprio para a poesia -- estava firmemente estabelecida, inclusive em dicionários. Os românticos, liderados por Victor Hugo, usavam as palavras proibidas sempre que possível e a estréia de Hernani, de Hugo, em 1830, causou por isso grande escândalo. Seu prefácio ao drama Cromwell (1827) constitui verdadeiro manifesto literário. Dentre seus principais romances destacam-se Notre-Dame de Paris (1831) e Les Misérables (1862; Os miseráveis). Na Rússia, Espanha e Polônia, a literatura romântica também se desenvolveu. Na Itália, Portugal e Estados Unidos, o movimento teve forte caráter nacionalista.

TEATRO
A expressão Sturm und Drang, que designou o movimento pré-romântico alemão, foi retirada do título de uma peça de Friedrich Maximilian von Klinger Der Wirrwarr, oder Sturm und Drang (1776; Confusão, ou tempestade e tensão). No entanto, no efervescente clima romântico, a produção teatral não passou de alguns poucos trabalhos isolados, de Shelley, Byron e, mais notavelmente, de Heinrich von Kleist. Ironicamente, o novo papel de Shakespeare como emancipador produziu uma paralisia na criação dramática até meados do século XIX. Os poetas ingleses, sobretudo, sucederam-se em tentativas frustradas de produção teatral, intimidados pelo gênio do passado.

ARTES PLÁSTICAS
Arquitetura.
Na esteira do nacionalismo que ressurgiu em toda a Europa, cada país buscou as próprias raízes. A arquitetura romântica abandonou os ideais clássicos e recriou estilos da Idade Média, principalmente o gótico, por sua exaltação espiritual. Construíram-se edifícios neogóticos, neo-românicos, neobizantinos, e mesclaram-se estilos, numa reprodução dos cenários dos romances históricos. O neogótico desenvolveu-se principalmente no Reino Unido, onde se transformou em estilo oficial. Entre os monumentos do período destaca-se o Parlamento de Westminster, projeto de Sir Charles Barry e Augustus Welby Northmore Pugin. Na França merecem menção a obra neogótica de Viollet-le-Duc, restaurador de monumentos medievais, e o grandioso edifício eclético da Ópera de Paris, de Jean-Louis Charles Garnier. Os mais consagrados monumentos românticos da Alemanha são as catedrais neogóticas de Estrasburgo e Colônia. Uma nova arquitetura surgiu na construção de estradas. Túneis, pontes e terminais foram concebidos sob a pressão dos novos problemas relativos à topografia e velocidade dos veículos. O notável uso feito do concreto e do aço inspirou a arquitetura do século XX.

Pintura.
A visualização dos sentimentos dos personagens retratados e a expressividade das paisagens foram a tônica da pintura romântica, que exaltou o passional e destacou a morte e a loucura como o fatal destino do homem. Priorizou a intimidade do indivíduo e o confronto com o desconhecido e o misterioso na busca do sentido da vida. A visão trágica do homem imerso na natureza poderosa e imponente trouxe a idéia do "sublime". O Reino Unido teve dois paisagistas românticos magistrais. John Constable pintou paisagens com cores vívidas, inaceitáveis para o gosto da época. William Turner antecipou o impressionismo em seu trabalho com as cores e, como Constable, incorporou a técnica da aquarela a seus quadros a óleo. William Blake, poeta e pintor do fantástico e visionário, elaborou uma cosmologia própria baseada em mitos cristãos e utilizou primorosa técnica de aquarela. Contra a visão clássica de que a mais elevada forma de pintura deveria descrever a verdade mais abrangente, Blake afirmou: "Particularizar é o único mérito."

Em 1824, a exposição de paisagens britânicas no Salão de Paris serviu de marcante inspiração aos artistas franceses. Eugène Delacroix é considerado o principal pintor romântico francês. Com cores fortes e vivas e pinceladas livres e pastosas, Delacroix criou tonalidades até então desconhecidas e retratou com vívido realismo episódios literários e históricos de sua época, como "A matança de Quios", massacre dos camponeses gregos pelos turcos. Fascinava-se com a vida nômade dos habitantes do deserto no norte da África e outros temas exóticos para a cultura européia. Théodore Géricault chocou o público parisiense com "A balsa de Medusa", que retratava os sobreviventes de um naufrágio ocorrido em 1816, à deriva e à míngua. Realizou também uma série de retratos de loucos. A pintura romântica alemã floresceu nas primeiras décadas do século XIX com as obras dos chamados nazarenos, alemães radicados em Roma que, com seus temas religiosos, contribuíram para a propagação do cristianismo. Entre eles, estavam Johann Friedrich Overbeck, Peter von Cornelius e outros. A paisagem como experiência grandiosa aparece idealizada nos quadros de Caspar David Friedrich. Ante a glória de uma natureza misteriosa, com montanhas imensas e planícies desertas, a mesquinhez do homem.

MÚSICA
O romantismo trouxe grande mudança para a vida profissional dos músicos, seus instrumentos e a própria criação musical, que viveu uma época de grande esplendor. Com a formação de um público urbano burguês, pagante, freqüentador de teatros -- os novos locais de espetáculo --, os compositores deixaram de trabalhar para a igreja e os príncipes tornaram-se autônomos, na busca de maior independência em seu trabalho. Foram inventados novos instrumentos e a orquestra incorporou o flautim, o corne-inglês, o contrafagote e vários instrumentos de percussão. A criação de novos elementos formais, as transformações harmônicas e os novos timbres permitiram a expressão cada vez mais elaborada das emoções, das nuanças sutis às mais extremadas paixões. O lied, gênero romântico por excelência, atingiu a máxima pureza melódica e fusão musical entre a voz e o piano nas peças compostas por Schubert, Schumann, Brahms e Wolf. O grande gênio romântico foi Beethoven, iniciador de uma tradição sinfônica grandiosa, que utilizava seqüências harmônicas inusitadas, de grande impacto aos ouvidos do público da época, habituado à previsível e equilibrada harmonia clássica. Berlioz criou a sugestiva sinfonia programática, em que uma idéia extramusical, ligada à ação dramática, conduz a composição. A instrumentação é utilizada para criar uma ambientação sonora que pode incluir motivos musicais que representam fatos ou personagens e até mesmo imitam certos ruídos. Também na música o romantismo significou a afirmação da individualidade do artista. Isso se evidencia nas inúmeras obras para um só intérprete, como as compostas por Chopin, Liszt e Schumann para piano solo.

A ópera recebeu um impulso especial com o conceito de Gesamtkunstwerke, a obra de arte total do alemão Richard Wagner, que tirou as vozes do permanente primeiro plano e fez com que se inserissem na textura instrumental. Realizou assim o que chamou de melodia infinita: o recitativo passa à ária por meio de modulações e as cadências só se completam no final do ato. O italiano Giuseppe Verdi manteve a tradição italiana de argumentos dramáticos e nacionalistas, em que a arte vocal sobrepuja a orquestração. Verdi levou o drama romântico a níveis extraordinários de imaginação melódica, força expressiva e domínio técnico. A afirmação do subjetivismo romântico ensejou a formação de escolas nacionais. Na Hungria, Ferenc Erkel, autor do hino nacional, buscou no folclore os temas para suas óperas. Franz Liszt, compositor de obras pianísticas, inovou com a sonata de tema único, em substituição ao "desenvolvimento" clássico, e com o poema sinfônico. O russo Mikhail Glinka redescobriu cantos e ritmos populares e reintroduziu um antigo sistema composicional, o modalismo próprio da música sacra eslava de seus ancestrais.

ROMANTISMO NO BRASIL
À época do romantismo europeu, o Brasil mantinha estruturas de latifúndio, escravismo, economia de exportação e uma monarquia conservadora, remanescentes do puro colonialismo: condições socioculturais muito diferentes das encontradas nos países da vanguarda romântica européia. A partir de 1808, a permanência da corte portuguesa no Brasil transformou cultural e economicamente a vida da colônia, com a implantação da imprensa e do ensino universitário. O subseqüente processo de independência, em 1822, ativou ainda mais a efervescência intelectual e nacionalista já instalada.

LITERATURA E TEATRO
O romantismo brasileiro teve na literatura sua máxima expressão e assumiu um caráter de verdadeira revolução, acentuado pelas circunstâncias sociais e políticas peculiares às primeiras décadas do novo império. Integrou-se também ativamente à agitação ideológica que precedeu a abolição da escravatura e a proclamação da república. Apesar das fortes influências francesas, inglesas e alemãs, o romantismo literário assumiu no país características próprias: (1) adaptação dos modelos europeus ao ambiente nacional; (2) introdução de motivos e temas locais, sobretudo indígenas, para a literatura que devia expressar a nacionalidade; (3) reivindicação do direito a uma linguagem brasileira; (4) inclusão obrigatória da paisagem física e social do país, com o enquadramento do regionalismo na literatura; (5) ruptura com os gêneros neoclássicos e criação de uma literatura autônoma. Iniciadora do movimento, a revista Niterói foi fundada em 1836 e editada em Paris por Domingos José Gonçalves de Magalhães, visconde de Araguaia, autor de Suspiros poéticos e saudades (1836); e Manuel de Araújo Porto Alegre, barão de Santo Ângelo. As primeiras obras brasileiras, sob forte influência de Lamartine e dos poetas alemães, caracterizaram-se pelo nacionalismo e religiosidade. Joaquim Manuel de Macedo, com A moreninha (1844), é considerado o iniciador do romance brasileiro. Manuel Antônio de Almeida publicou sob pseudônimo o romance mais despojado e resistente do período romântico: Memórias de um sargento de milícias (1854-1855). Típico romance de costumes, que ocupa posição única e destoa da produção literária da época, teve sua importância resgatada pelos modernistas. O romancista José de Alencar, grande teórico e propugnador de uma linguagem brasileira, estimulou a renovação, a valorização dos temas e motivos locais, não só indígenas, como em O guarani (1857) e Iracema (1865), mas igualmente históricos e regionais, como em As minas de prata (1865), O gaúcho (1870), O sertanejo (1876). O regionalismo foi representado sobretudo na obra de Bernardo Guimarães, com O seminarista (1872) e A escrava Isaura (1875), e Alfredo Taunay, com Inocência (1872).

Antônio Gonçalves Dias é considerado o maior poeta romântico brasileiro. Sua vasta e multiforme obra compreende a poesia lírica e intimista de Primeiros cantos (1847) e Segundos cantos (1848), e outras, de caráter medieval, como as Sextilhas de frei Antão (1848). Seguiu-se um período de individualismo subjetivista e angústia existencial, de amores contrariados e tédio. Transparece na produção dos jovens poetas a influência do "mal do século", do satanismo de Byron, da melancolia de Musset e do amargo pessimismo de Leopardi e Espronceda. A Lira dos vinte anos (1853, póstumo), de Álvares de Azevedo, é obra típica desse romantismo em que predominava a idéia da morte prematura, que realmente atingiu seus representantes. Mesmo Casimiro de Abreu, que cantou em As primaveras (1859) a vida, a força da juventude e a natureza, morreu jovem como os demais. Fagundes Varela, autor de Cantos e fantasias (1866) e Cantos meridionais (1869), dispersou seu talento na boêmia e na vida desregrada e inconstante. O último período teve como paradigma a poesia dita "condoreira", de versos grandiloqüentes, inspirada em Victor Hugo. Manifestou-se primeiramente no agitado ambiente da Faculdade de Direito do Recife, de onde se difundiu para todo o país. Caracterizou-se por temas sociopolíticos e patrióticos e idéias igualitárias. Invadiu salões, ruas, praças e teatros e proporcionou às platéias animados duelos declamatórios. Os intelectuais, empolgados pelas campanhas da guerra do Paraguai, da abolição e da república, ansiavam por transformações liberais e democráticas como as que ocorriam na Europa. Dominou a cena Antônio de Castro Alves, com uma obra lírica e combativa, em que se destacam Espumas flutuantes (1870) e Os escravos (1883, póstumo). O movimento se prolongou até a década de 1880, quando foi eclipsado pelo parnasianismo e pelo realismo. Ainda nas primeiras décadas do século XX, no entanto, registraram-se algumas manifestações extemporâneas do estilo. Gonçalves Dias foi o mais importante autor teatral brasileiro do final do século XIX. Embora inferior a sua produção poética, sua dramaturgia adquiriu alguma importância histórica em meio à fraca produção romântica do teatro nacional.

MÚSICA
Ao lado da literatura, a música brasileira expressou as principais características do movimento romântico mundial, ligadas sobretudo ao nacionalismo e à afirmação da identidade cultural. Carlos Gomes foi o principal compositor romântico do país. Suas obras, que denotam forte influência da música italiana, então dominante, apresentam traços tipicamente brasileiros. A maior parte dos músicos da época buscou a valorização de elementos nacionalistas, embora a formação do compositor erudito no Brasil dependesse ainda completamente das escolas européias. Isso muitas vezes resultou apenas em abordar temas folclóricos nativos numa linguagem musical francesa ou alemã. Na virada do século, o nacionalismo iniciado com o movimento romântico expressou-se mais fortemente na obra de Alberto Nepomuceno e Antônio Francisco Braga e, já em pleno século XX, configurou-se como a mais importante e autônoma tendência estética da história da música erudita no país. Destacaram-se compositores como Henrique Oswald, Leopoldo Miguez, Francisco Mignone e, sobretudo Heitor Villa-Lobos, internacionalmente reconhecido.

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