2455, Cela da Morte Autor | Caryl Whittier Chessman
Creio que eu tinha uns 11 ou 12 anos quando este livro me caiu nas mãos. Foi um alumbramento. Li e reli vezes sem conta.A história do pequeno Whit (quando se lê o livro pela primeira vez - sem conhecer a história do autor, claro - demora-se a perceber que o Whit é o Caryl Chessman) é dramática. Menino pobre, crescendo em plena depressão americana, vendo a família comer alimentos fornecidos pelo governo (tipo sopa da caridade), passa a envolver-se com delinqüentes juvenis. Claro que é uma história banal, mas o autor consegue ser extremamente sensível (há um momento em que ao ouvir uma menina rica tocando piano ele diz "não entendo música, mas vejo as cores") e humano. Seus personagens - reais - são tocantes (há uma menina que sai com todos os homens que aparecem, para, segundo ela, mostrar a eles que estão no mesmo nível dela e um outro que sonha em ser cáften, que se prepara pra isso). A adolescência de Caryl Chessman é passada em reformatórios, com diversas idas e vindas. Um dia, começa a aparecer nos jornais "O Bandido da Luz Vermelha" - The Red Light Bandit - que depois teve um homônimo no Brasil. Trata-se de um ladrão que estupra suas vítimas. Caryl é preso e, acusado de ser este bandido, é condenado à morte.
Na cela da morte (a famosa 2455), ele trava uma luta intensa contra esta condenação. Tendo estudado apenas até o 5º ano primário, lê todos os livros que lhe é possível e torna-se um autodidata profundo conhecedor das leis. Escreve o livro "2455 - A cela da morte" que se torna recordista de vendas em diversos países.
A segunda parte do livro é esta defesa; é esta negação. Caryl morreu dizendo que "não era o Bandido da Luz Vermelha", conforme este texto escrito por ele 18 horas antes de ser executado: "Vou morrer com conhecimento de que deixo atrás de mim outros homens vivendo seus últimos dias no corredor da morte. Declaro aqui que a prática de matar ritualmente e premeditadamente outros homens envergonha e macula nossa civilização, sem nada resolver contra aqueles que se lançam violentamente contra a sociedade e eles próprios". É um belo livro.
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