A Retirada da Laguna | Visconde de Tanay

A Retirada da Laguna | Visconde de Tanay

A Retirada da Laguna | Visconde de TanayTítulo: A Retirada da Laguna
Autor: Visconde de Tanay
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A narrativa de Visconde de Taunay norteia sua postura de narrador descerra algumas situações conflitantes como o vínculo entre as mudanças das mentalidades e as circunstâncias político-sociais inseridas no contexto do conflito com o Paraguai, no cenário platino, naquele momento histórico. Tomou-se por referencial teórico a História Cultural, principalmente Roger Chartier, que tem como um de seus objetos fulcrais identificar o modo como em diferentes lugares e momentos uma determinada realidade social é construída, pensada, dada a ler. Com o emprego de instrumentos analíticos advindos da historiografia e da literatura, pode-se inferir que a Guerra do Paraguai, representou, no campo da cultura, das ideologias e da construção das identidades, o momento em que os países da bacia do Rio da Prata construíram suas formas de apreensão do mundo, suas categorias fundamentais de percepção e apreciação sociais, culturais e ideológicas, calcadas em um discurso de si frente aos demais - a identidade e a alteridade. Essa construção destinada a referendar a memória é bem exercida pela história e pela literatura, cabendo à narrativa épica ou heróica ressaltar aspectos fundamentais para a formação do sentimento nacional nesses países. Dessa forma, os autores nacionais exaltam momentos históricos, construindo um sentimento de amálgama coletiva, corporificando as nacionalidades e os nacionalismos, criados e mantidos na imaginação individual e grupal, como um artefato cultural que transforma e historicisa, com o passar do tempo, uma determinada situação histórica. Nessa perspectiva, no estudo de A Retirada da Laguna de Visconde de Taunay, um clássico da literatura brasileira que narra a tentativa de invasão do Paraguai por uma coluna expedicionária brasileira a partir da remota Província do Mato Grosso e sua retirada acometida de doenças, fome e da constante perseguição pelas forças paraguaias, revelam-se elementos praticamente universais como os obstáculos a serem vencidos e as qualidades por eles despertadas nos atores desse episódio. O autor descreve esse episódio objetivando influenciar as gerações futuras no seu apego à memória e a Pátria. Essa posição de Taunay é referendada por Martin Garcia Merou, intelectual argentino contemporâneo desse devir histórico, demonstra em sua crítica a obra do mesmo, uma afinidade de valores com o brasileiro. São homens de seu tempo, separados por fronteiras geopolíticas, mas unidos na busca de pontos fundantes para seus discursos nacionais. No interior da obra de Taunay, apresentam-se categorias de pensamento histórico, de linguagem e de representações que descerram ao olhar crítico do historiador circunstâncias políticas, sociais e culturais, entre outras, que interferem ainda na atualidade na "consciência" histórica platina.

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