Burundi | Aspectos Geográficos e Socioeconômicos do Burundi
Geografia: Área: 27.834 km². Hora local: +5h. Clima: tropical. Capital: Bujumbura. Cidades: Bujumbura (320.000), Gitega (111.800), Bururi (17.800), Ngozi (15.500).
População: 8,2 milhões; nacionalidade: burundinesa; composição: hutus 85%, tutsis 14%, pigmeus 1%. Idiomas: francês, quirundi (oficiais), suaíle. Religião: cristianismo 91,7% (católicos 57,2%, sem filiação 14,7%, protestantes 12%, outros 7,8%), crenças tradicionais 6,7%, outras 1,6%, sem religião 0,1%.
Relações Exteriores: Organizações: Banco Mundial, FMI, OMC, ONU, UA. Embaixada: 2233, Wisconsin Avenue NW, suite 212, Washington D.C. 20007, EUA.
Governo - República presidencialista (governo de transição desde 2001). Div. administrativa: 15 províncias subdivididas em distritos. Partidos: Frente para a Democracia de Burundi (Frodebu), União para o Progresso Nacional (Uprona). Legislativo: bicameral – Assembleia Nacional, com 121 membros; Senado, com 51 membros. Constituição: 2001 (transitória).
Sem saída para o mar, o Burundi está situado no Centro-leste da África, na região dos Grandes Lagos. Desde a independência, na década de 1960, é palco de violentos combates que envolvem tutsis e hutus – etnias também em conflito na vizinha Ruanda –, com centenas de milhares de mortos e refugiados. Com altas taxas de e densidade demográfica, o país detém o quinto menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do mundo, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). Mais da metade da população, predominantemente rural, é analfabeta.Baseada no cultivo de café e chá, a agricultura emprega a maioria da força de trabalho e responde por cerca de 50% do Produto Interno Bruto (PIB). A indústria se restringe à capital, Bujumbura, onde existe um pequeno setor de manufaturas. A guerra civil afeta seriamente a economia, fazendo com que o país dependa da ajuda externa, em especial de Bélgica, França e Alemanha.
História do Burundi
O Reino do Burundi existe desde o século XVII e antecede a Colonização Europeia. A região dos atuais Burundi e Ruanda é marcada pela presença das etnias hutu (maioria) e tutsi (minoria dominante). Na década de 1890, o atual Burundi é incorporado às terras coloniais alemãs. Após a derrota da Alemanha na I Guerra Mundial, a região fica sob tutela da Bélgica, que explora as tensões tribais para assentar sua dominação. Em 1946, a tutela passa para a ONU.
Independência - Em 1962, o país torna-se independente, sob uma monarquia tutsi. Com a retirada da força militar belga, a luta pelo poder transforma-se em conflito étnico. Os ressentimentos acumulados desde o período colonial explodem em 1965, quando uma rebelião hutu é esmagada pelo governo. No ano seguinte, a monarquia é derrubada por um golpe de Estado liderado pelo primeiro-ministro, o tutsi Michel Micombero, que proclama a república e assume a Presidência. As décadas seguintes são marcadas por diversos golpes de Estado. Os conflitos matam dezenas de milhares de pessoas.
Massacres - Uma das piores matanças da história do Burundi tem início em outubro de 1993, quando oficiais tutsis matam o primeiro presidente eleito, o oposicionista hutu Melchior Ndadaye, no cargo havia quatro meses. Os hutus reagem e sua ação desencadeia a guerra civil, que dura até hoje, com mais de 200 mil mortos e1 milhão de refugiados, que se deslocam para Ruanda, Tanzânia e República Democrática do Congo (RDC). Em fevereiro de 1994, o hutu Cyprien Ntaryamira é escolhido para a Presidência. Dois meses depois, Ntaryamira e o presidente de Ruanda, o também hutu Juvénal Habyarimana, são mortos num atentado que derruba o avião no qual viajavam. É o estopim para uma nova fase de violência no Burundi e sobretudo em Ruanda, onde há um genocídio contra os tutsis.
Golpe militar - Em 1996, o Exército, dominado por tutsis, dá outro golpe de Estado e coloca na Presidência o major Pierre Buyoya. As nações vizinhas impõem sanções econômicas e isolam o Burundi. Piora a situação do país, cuja base econômica, a agricultura, encontra-se arrasada pela guerra. Em 1998 começam conversações com a oposição para pacificar o país. O ex-presidente sul-africano Nelson Mandela assume a coordenação das negociações de paz no Burundi e reúne, em 2000, representantes do governo, da Assembleia Nacional e dos principais partidos. Sob intensa pressão de Mandela e dos Estados Unidos, é feita a tentativa de um acordo de paz. O impasse é a resistência dos hutus à continuidade de Buyoya na Presidência.
A guerra civil prossegue em 2001, com ataques dos dois principais grupos rebeldes hutus: Frente de Libertação Nacional (FNL) e Forças em Defesa da Democracia (FDD). Uma nova rodada de negociações sem os dois grupos forma um governo provisório de três anos, encabeçado inicialmente por Buyoya e, no período final, pelo hutu Domitien Ndayizeye, líder da Frente para a Democracia de Burundi (Frodebu).
Tropas da ONU - Em abril de 2003, Ndayizeye assume a Presidência. Em novembro, o governo e a FDD fecham um acordo: o grupo obtém quatro ministérios e 40% dos oficiais do Exército. Em maio de 2004, o Conselho de Segurança da ONU decide enviar uma força internacional para o Burundi. No começo de agosto, um novo acordo é assinado pelo governo, pelo Exército e por 20 partidos e grupos, para balancear a presença de hutus e tutsis nas instituições de Estado. Mas a tensão interna volta a se agravar, dias depois, quando os hutus da FNL chacinam 160 tutsis congoleses (chamados de banyamulenges) em um campo de refugiados. Nas semanas seguintes, o Exército ataca posições da FNL.
Nova Constituição - Em outubro, o presidente Ndayizeye apresenta e o Parlamento aprova uma nova Constituição provisória. Ela estende o mandato do governo e marca as eleições presidenciais para abril de 2005, quando haverá um plebiscito sobre a nova Constituição. Em janeiro de 2005, o presidente forma o novo Exército nacional, incorporando às Forças Armadas todos os grupos hutus, salvo a FNL. O processo de integração é gradativo e pode durar até quatro anos.
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