Yoga | História da Yoga

Yoga | História da Yoga

#Yoga | História da Yoga
Ioga ou Yoga designa um conjunto de tradições, ensinamentos e filosofias, não muito homogêneas, centradas principalmente em práticas ascéticas, que se desenvolveu ao longo da história no oriente, particularmente na Índia, e que nos dias de hoje está amplamente difundido no mundo todo, inclusive no ocidente.

Com relação à grafia da palavra, no Brasil existem escolas que usam a palavra Yôga, outras que utilizam Yoga e outras ainda Ioga. Não só em relação ao nome, mas também a sua filosofia, a Yoga apresenta diversas abordagens diferentes. Este artigo não se fixa em uma abordagem, mas tenta apresentar informações sobre todas as abordagens.

libertação: a união do eu ou consciência individual com o espírito divino interior, que recebe o nome de samadhi.

Yoga não é, em si, uma filosofia, mas muito mais um caminho prático para a pessoa se libertar das amarras que impedem a união desejada. O sistema filosófico que apóia e acompanha esta prática, e que segundo o Bhagavad Gita é inseparável dela, é o Sankhya.

A Yoga é dividida em dois grandes grupos: Yoga Antiga e Yoga Moderna. A Yoga Antiga subdivide-se em pré-clássico e clássico. A Yoga Moderna, em medieval e contemporâneo. Cada uma dessas subdivisões tem características que a distinguem tanto das demais, que passaram as quatro a ser conhecidas como troncos. De cada tronco, nasceram vários ramos da Ioga. Os troncos determinam se a fundamentação será Sámkhya (Antigo) ou Vêdánta (Ioga Moderna); e se a postura comportamental adotada será Tantra (Ioga pré-clássica e contemporânea) ou Brahmacharya (Ioga clássica e medieval). Já os ramos definem se as técnicas serão constituídas por mudras, pújas, mantras, pranayamas, kriyas, asanas, yôganidrás, dháranas, dhyana, etc. Estas variações foram elaboradas empiricamente ao longo de 5.000 anos para adaptar-se a diferentes tipos de praticantes. As combinações entre si alcançam uma variedade incalculável e pode-se dizer que há pelo menos uma modalidade da Ioga perfeita para cada pessoa.

Concepção do mundo e do ser humano
O sistema Sankhya-Yoga é dualista. Baseia-se em três concepções:

o mundo está fundado na dicotomia entre mônadas vitais ou purusha, e matéria inanimada ou prakrti.
a matéria ou prakrti se manifesta por três aspectos ou guna indissociáveis.
cada mônada vital ou purusha transmigra (reencarna) interminavelmente.
Essa perspectiva de eterno retorno e infindável repetição tem sua saída nas práticas iogues: atingir o samadhi significa romper a "roda do samsara".

As técnicas da ioga visam a cessação dos movimentos da mente. Os Yoga Sutras de Patanjali começam com a definição:

"Yoga é a detenção (intencional) da atividade espontânea da substância mental".

A mente é comparada com a superfície de um lago, que se agita a qualquer aragem que a toque. O objetivo da ioga é aquietar as ondas que se formam nesse lago, para que o espelho de água possa refletir a calma das profundezas.

As modificações da mente são de cinco tipos: noções corretas, noções errôneas, fantasia, sono e memória. Ao detê-las, desaparecem as flutuações emocionais. A pessoa se torna contemplativa, o purusha se manifesta.

Os obstáculos a serem removidos são de cinco tipos: ignorância (o prncipal), sentimento do eu, paixão, repulsa e apego à vida. Eles provêm do jogo dos três gunas da prakrti ou matéria: rajas ou impulso de ação, tamas ou inércia e sattva ou perfeição.

O Sankhya enumera exaustivamente as categorias da natureza e sua evolução, e descreve de forma igualmente meticulosa a psicologia humana: os cinco órgãos dos sentidos ou jñanaendriyas e os cinco órgãos de ação ou karmaendriyas são controlados pelo órgão interno ou antahkarana. O antahkarana ou sentido interno é formado por uma hierarquia, respectivamente do intelecto ou manas, ego ou ahamkara e julgamento ou buddhi. Todas estas instâncias são materiais, embora cada vez mais sutis. O purusha ou espírito não age, ele é a causa e o mantenedor da vida, mas não participa da parte material dela. Sobre ele, nada pode ser dito.

Do antahkarana ou sentido interno procedem os cinco pranas que mantêm a vida. Pela prática da ioga o antahkarana, que inclui o que no ocidente chamamos de inconsciente, se purifica.

Ashtanga: os oito pilares da ioga
Referidos como etapas, são passos que se sobrepõem à medida que se avança no caminho. O discípulo somente passa a etapa seguinte quando já domintou o precedente. São:

Ética
1 yama ou cinco prescrições morais
ahimsa ou não agredir
satya ou não mentir
asteya ou não-roubar
brahmacharya ou não dissipar a sexualidade
aparigraha ou não cobiçar
2 niyama ou cinco prescrições éticas
saucha ou limpeza
higiene corporal externa, e interna pelas ‘’asanas’’ e ’’pranayama’’
da mente, do intelecto, da alimentação
do lugar em que se pratica ioga
santosha ou alegria
tapas ou auto-superação
esforço do corpo, da fala e da mente
svadhyaya ou auto-estudo
Ishvara pranidhama ou auto-entrega
3 asana ou posições psicofísicas
4 pranayama ou domínio da bioenergia através de exercícios respiratórios
5 pratyahara ou abstração dos sentidos externos
O "tesouro da ioga" ou os efeitos
6 dharana ou concentração mental
7 dhyana ou meditação
8 samadhi ou estado de hiperconsciência, absorção

Caminhos da ioga
Ioga é a disciplina que proporciona a experiência de distanciamento intencional da matéria que envolve a mônada vital. Esse processo de desapego e introversão segue três caminhos:

o caminho físico do ascetismo purifica a pessoa dos samskaras ou marcas dos acontecimentos passados.
o caminho mental da instrução no conhecimento sagrado afasta a mente do mundo
o caminho devocional da entrega à vontade e à graça de Deus ritualiza o dia-a-dia e leva a se desapegar do resultado das ações
Existem muitas subdivisões desses caminhos, mas todas se encaixam nas quatro divisões:

hatha ioga: a união pelo controle do espírito
jñana ioga: a união pelo conhecimento
bhakti ioga: a união pelo amor a um Deus pessoal
karma ioga: a união pela ação sem se apegar ao resultado

Origem e desenvolvimento
Sankhya e Ioga não têm origem nas concepções religiosas do Bramanismo: não encontramos neles os deuses cultuados atualmente no Hinduísmo. Estão mais relacionados com o Jainismo, de origem muito antiga, e com o Budismo, que se desenvolveu mais tarde. No entanto, com o passar do tempo o pensamento bramânico incluiu elementos dessa filosofia, e adotou a prática da ioga.

Com o Budismo, o sistema Sankhya-Yoga compartilha a indiferença ao ritualismo védico e a oposição ao ascetismo exagerado dos jainistas.

Assim como Homero, primeiro na Grécia a escrever o que até então era tradição oral, Patanjali escreveu os Yoga Sutras, mas estava documentando uma tradição de séculos. Selos encontrados nas escavações do vale do Indo mostram figuras humanas em posições que talvez sejam asanas iogues.

Patanjali era monge no sul da Índia, por volta do século 2 a.C. É portanto posterior a Kapila, renovador da filosofia Sankhya que viveu no século 8 a.C.

Os Yoga Sutras são uma série de aforismos (sutras) que formam um livro pequeno, conciso, de linguagem objetiva. Dos quatro livros que o compõem, o quarto é bem posterior e há também inserções no terceiro.

O texto que codificaou a Hatha Yoga - o Hatha Yoga Pradipika - é bem posterior, por volta do século XV. Foi escrito por Swami Svatmarama.

Textos fundamentais da ioga
Bhagavad Gita
Yoga Sutras
Hatha Yoga Pradipika

Grandes iogues modernos
Em 1893 Swami Vivekananda, discípulo de Sri Ramakrishna veio para o ocidente, sendo ele o primeiro de uma série de mestres que trouxeram esta prática para cá.

Sri K. Pattabhi Jois, (criador da Ashtanga Yoga, B.K.S. Iyengar e Indra Devi são os discípulos mais conhecidos de of Sri Tirumalai Krishnamacharya, de Mysore. Seu filho, T.K.V. Desikachar, mantém o Krishnamacharya Yoga Mandiram em Chennai (Madras).

Paramahamsa Yogananda, discípulo de Sri Yuktesvar (este por sua vez disícpulo de Lahiri Mahasaya), trouxe a Kriya Yoga para o ocidente. Tem grande número de seguidores em todo o mundo, inclusive no Brasil. Seu livro Autobiografia de um iogue foi traduzido pzra dezenas de línguas.

Sri Aurobindo, criador da Ioga integral, inspirou Auroville, reconhecida pela ONU como uma ecovila modelo de cidade de paz. é visto como um avatar.

Gopi Krishna ficou conhecido através do livro, em parceria com James Hillmann, O despertar da kundalini.

Swami Shivananda e seu discípulo Swami Satyananda, que inspiraram a Bihar Yoga Bharati, única universidade de ioga no mundo, dirigida por Swami Niranjananda, e reconhecida pelo governo da Índia.

Shrii Shrii Anandamurti associou técnicas tântricas avançadas de meditação à Raja Yoga. O movimento Ananda Marga baseia-se em seus ensinamentos.

Mahamandaleshwar Paramhans Swami Maheshwarananda criou a Ioga na vida diária.

Estilos de ioga praticados atualmente
Ashtanga Vinyasa Yoga - ensinado por Sri K. Pattabhi Jois.
Bhakti Yoga
Hatha Yoga
Indra Devi
Ioga científico - criado por Swami Kuvalayananda e ensinado na Faculdade de Ioga e Síntese Cultural de Lonavla
Ioga integral - criado por Sri Aurobindo
Ioga na vida diária - o sistema
Iyengar Yoga - a Hatha yoga precisa de B.K.S. Iyengar
Jñana Yoga
Karma Yoga
Kriya Yoga - ioga do movimento interno
kundalini yoga
Nada Yoga - ioga do som
Self Realization Felloswship
Purna Swasthya Yoga ou Iogaterapia - usada por médicos na Índia.
Raja Yoga
Sahaja Yoga
Swara Yoga
SwáSthya Yôga - Yôga da auto-suficiência, codificado no sec.XX pelo Mestre DeRose
Viniyoga
Yoga Nidra - ioga do sono divino (a la Vishnu)
Yoga Sutras, Textos Clássicos Sobre o YogaYoga Sutras, Textos Clássicos Sobre o Yoga - Os Yôga Sútras (linhas sobre íoga) são o texto clássico que codificou o conhecimento tradicional sobre o Yôga. Foi escrito por Pátañjali, grande sábio do sul da Índia que viveu provavelmente no século III a.C. Consta de quatro partes, sendo que a quarta é nitidamente, pelo estilo, bem posterior.

A tradição encontrada nos Yôga Sútras pertence a uma época anterior à cultura vêdica, e está associada à filosofia Sámkhya, a qual o Yôga é a parte prática. Esta tradição se contrapôs ao bramanismo, que acabou por incorporar partes dela, como o Yôga. A tradição não-brâmane persiste na Índia, em povos como o tamil.

Sutras são um tipo de livro de conteúdo filosófico comum às culturas orientais. Extremamente concisos, apresentam o assunto na forma de linhas, como um fio condutor do pensamento e do ensino por um Mestre.

Os Yôga Sútras estabelecem os fundamentos do Yôga, a união com o divino através da libertação da ilusão. O Sutra 1 do Livro I diz:

yogash chitta vrtti nirodah
Ioga é a detenção (intencional) dos movimentos (espontâneos) da mente.

A partir daí o livro vai definir o objetivo, os obstáculos e como ultrapassá-los. Exporá a sádhana, o caminho, e os sinais de que se está caminhando.

O quarto livro, sobre os poderes obtidos através da prática, é uma adição da tradição brâmane ao original. O bramanismo, em suas raízes, consistia em fórmulas mágicas de poder, como se pode ver nos primeiros livros do Rig Veda. São desta tradição também os livros sobre o poder real, como o Arthashastra, precursor em muitos séculos de Maquiavel.

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