Dia do Índio | 19 de Abril


Dia do Índio | 19 de Abril

Dia do Índio | 19 de Abril

Comemora-se no dia 19 de abril o dia do índio.
Nada mais justo do que homenagear o índio, o primitivo dono das terras do Brasil, a que algumas tribos chamavam Pindorama (Região das Palmeiras). Os índios influíram muito em nossa cultura com seus costumes, e grande é a quantidade de palavras que nos legaram. Muitas cidades e alguns Estados brasileiros possuem nomes indígenas, como por exemplo, o Pará, Paraná, Araraquara, Piratininga, Mogi Mirim, Embu e vários outros; isto sem contar os nossos bairros tais como Itaquera, Tatuapé, Vila Guarani e tantos outros. Os índios são indivíduos sociais, isto é, vivem em sociedade, que se alicerça num código de conduta que sabem respeitar. Tinham suas leis, seus costumes, suas histórias e tradições. Embora não conhecem a escrita, possuíam um vasto vocabulário, que era transmitido oralmente de geração a geração. Gostam de danças e sempre cultuaram a música.

Os Tupi-Guaranis constituíam a família lingüística mais importante de nossa terra. Várias outras tribos tiveram papel relevante em nossa história, tais como os Tibiriças, Araribóia, Filipe Camarão (Poti) e outros. No Brasil temos a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), órgão estatal criado em 1967, pela lei 5.371, para substituir o Serviço de Proteção ao Índio (SPI). Funciona em Brasília, Distrito Federal. Entre seus objetivos está o estabelecimento da política indigenista, administração do patrimônio indígena e proteção das populações indígenas e suas terras.

A FUNAI postula a demarcação das terras para que os índios se auto sustentem e mantenham íntegra sua cultura. A entidade está procurando adequar-se às diretrizes constitucionais para concluir o processo de regularização das terras e atender às necessidades das diferentes tribos. Comemorar o Dia dos Povos Indígenas em 19 de abril é importante. Não como se costuma fazer por aí: com penas na cabeça, pintura no rosto, recitando um poema do livro de História. Comemorar esse dia é recuperar a verdadeira história, é denunciar o descaso que governantes, empresários e os “donos da grana” têm para com as nações indígenas. Aguardem: na certa o presidente vai aparecer na televisão, rodeado de adeptos, anunciando novos pacotes de demarcação de terras. Podem esperar também por shows ecológicos e outras parafernálias que ganhem audiência. Os indígenas não querem nada disso: só querem terra e liberdade, que por direito sempre lhes pertenceram.
Também querem respeito, que só poucos entendem.

VIDA DE ÍNDIO
QUANTOS ERAM...
Os indígenas existentes no Brasil, no tempo do descobrimento, eram bastante numerosos, porque eles dominavam todo o imenso litoral e as margens dos inúmeros rios. Eram, aproximadamente, 160 nações indígenas, divididas em 500 tribos. Tais tribos, distribuídas por um território tão vasto, falavam línguas e dialetos diferentes, o que tornava difícil o convívio recíproco, o que também era um empecílio, para os portugueses que desejassem aprender o idioma nativo. Entretanto, a raça tupi-guarani expandiu-se mais do que todas, e constituiu-se a língua geral entre tribos, como também , entre índios e europeus.

COMO ERAM...
Os nossos índios, fisicamente, apresentavam dois tipos mais ou menos distintos:. uns são de feições grosseiras, atarracados e espessos, fronte fugidia, queixo saliente, olhos ligeiramente oblíquos, nariz curto e chato, tez amarela-bronzeada. outros são altos e delgados, grandes olhos redondos, nariz reto e até aquilino, feições ovais mais regulares, tez avermelhada, fisionomia expressiva.

O QUE REPRESENTAVAM...
Durante muito tempo, os índios foram considerados pelos brancos como bugre, bruto, bêsta, bicho e dessa forma foram tratados. Até hoje , continuam morrendo e aproximando-se da extinção total.

QUAIS SUAS FRAQUEZAS...
O índio em contato com o branco, contraí doenças como: gripe, sarampo, tubercolose, blenorragia e outras moléstias, contra as quais não tem defesa. Recebe as miçangas, a faca, o sal, o açúcar, o fumo, a pinga, o tecido em cores. E vai “brincando” feliz com essas novidades, enquanto lhe invadem as terras, roubam-lhe as mulheres, chacinam sua caça e lhe dão outro Deus. Depois disso, deixam-no morrer à míngua.

Os que mais morreram, foram os da língua tupi, que muita gente falava e com ela era fácil de atrair os pobres silvícolas. Os índios que “sobraram” são, hoje em dia, seringueiros ou castanheiros. A verdade é que muitas tribos têm desaparecido com a conquista do território brasileiro, em nome da civilização. O governo, é certo, tem procurado dar-lhes assistência, baixando legislação protetora dos seus interesses. Para os índios não existem fronteiras, eles invadem os países limítrofes, tais como o Paraguai, a Venezuela e as Guianas, vivendo ora num, ora noutro país.

O QUE É PRECISO...
A raça dos índios está fadada a morrer. De seus costumes e cultura ficarão somente livros e mais livros, como lembrança. Essa raça morena, com mais de dez mil anos, está desaparecendo. Sempre fugindo ocultam-se no fundo das matas, na esperança de que o branco nunca os encontre. Mais humano e justo, seria manter os silvícolas em seu estado de cultura pura, do que tentar integrá-los à força em nossa sociedade.
É a única solução para a sobrevivência do índio...

QUAL A SITUAÇÃO DOS ÍNDIOS HOJE...
A maioria vive assim:
. No interior da Amazônia, o índio é escravizado pelo seringueiro,
pelo castanheiro , e pelo caucheiro.
. Os índios de São Paulo, do Paraná, do Rio Grande do Sul, são
irreversíveis. Nunca mais voltarão a ser aldeados.
Infelizmente não há lugar para o índio em nossa civilização...

Retrato de corpo inteiro dos ex-donos do Brasil

Não existe o Índio, assim como não existe o Europeu.
Os fundadores deste país-continente são um painel de muitos povos e culturas diferentes Se você visitar as 500 áreas indígenas demarcadas no Brasil, encontrará índios falando só o português, outros falando o português e uma língua nativa e outros se expressando em idiomas que mais parecem grego com japonês.
Os 300.000 índios que vivem no país não falam apenas o tupi-guarani – tronco lingüístico que abrange 30 nações indígenas – mas cerca de 170 línguas diferentes: Nambikwara, Suruí, Juruna, Pataxó, Bororo, Karajá, Ticuna e Kadiweu, entre outras.


Imagina-se que todas elas têm uma origem comum, assim como o italiano, o português, o romeno e o francês derivam do latim. Porém, não se conhece ainda a língua-mãe dos indígenas. Sabe-se que a maioria delas deriva de quatro troncos lingüísticos: o tupi-guarani, o jê, o aruak e o karib. Algumas não se encaixam em nenhum desses ramos e são consideradas isoladas, como o makú e o yanomami.


A maneira de um povo se comunicar ajuda a entender sua cultura. Como dizia Fernando Pessoa, “A pátria é a língua”. Foi a análise das línguas indígenas que permitiu agrupar as tribos para melhor ordenar seu estudo.

Quem são eles?
Supõe-se que ainda existam cerca de 60 grupos indígenas sem contato com o homem branco. Em junho de 98, um avião da Funai sobrevoava a selva amazônica no Acre quando avistou uma área de malocas na região do Rio Envira, próxima à fronteira do Peru. Era e os desaparecidos?

A notícia de que a população indígena voltou a crescer causa espanto. Muitos pensam que o futuro desses povos é a extinção, já que aos poucos vão sendo incorporados à população brasileira. Mas, ao contrário do que se supõe, a maioria das nações que sumiu do mapa desapareceu porque foi exterminada. No começo da colonização, as tribos que viviam na costa ou se aliaram aos portugueses, e com eles se miscigenaram, ou foram eliminadas. Parte delas já vivia no interior da mata, ou nela se refugiou, e lá ficou relativamente isolada até 1900. A expansão da agricultura, os seringais, os pastos, a abertura de estradas, as madeireiras, o garimpo e o progresso desordenado dizimaram, literalmente, inúmeros povos. Aqueles que foram descobertos a tempo por Rondon (SPI) e pela Funai conseguiram salvar a pele e alguma terra com as demarcações das Áreas Indígenas. E assim, mais protegidos, voltaram a se multiplicar.

MASSACRE
Claro que, na época da chegada de Cabral, ninguém contou quantos nativos habitavam a área hoje ocupada pelo Brasil – a missão seria impossível, tanto pelos recursos disponíveis, quanto pela dispersão dos indígenas. No livro História dos Índios no Brasil (Companhia das Letras, 1998), a arqueóloga Manuela Carneiro da Cunha explica que não existe consenso entre as estimativas sobre o assunto. Em 1949, Steward calculou o a população em 1,1 milhão; em 1976, Denevan afirmou que só no Brasil central, na Amazônia e na costa nordeste viviam 6,8 milhões de pessoas. Os historiadores concordam que, por volta de 1650, os índios americanos haviam sido reduzidos a uma parcela ínfima do total original: Doblins avalia que as perdas – por doenças ou como resultado de conflitos contra os brancos – podem ter alcançado 96%. Em 1995, o Instituto Socioambiental estimou em 300 000 o número de índios no país.

Rituais de iniciação à vida, de sobrevivência e de morte.
“A todo momento, a encantadora dama Yanomami nos oferece comida em pequenas porções: frutos da floresta, caranguejos e peixes de pântano, carne de anta, etc. Bananas na brasa acompanham tudo.” Pierre Clastres, antropólogo“ Fui em busca do selvagem e encontrei o homem”. Assim Lévi-Strauss se referiu aos inícios de sua atividade de antropólogo. Todo povo possui uma explicação mítica para a origem do mundo e dos homens, fala sua própria língua, tem hábitos peculiares. Mas todos realizam algumas atividades comuns: festejam o nascimento das crianças, enterram seus mortos, têm cerimônias para marcar as várias fases da vida e possuem regras de comportamento social. Além disso, constroem casas, fabricam utensílios, plantam e colhem, têm seus momentos de lazer. O que os diferencia é o “modo de fazer” e a “explicação do porquê” o fazem de uma certa maneira. Veja a seguir algumas atividades básicas dos índios brasileiros.

ALERTA INTERNACIONAL
As revistas estrangeiras acusam o governo brasileiro de promover ou aceitar matanças de índios no interior da Amazônia. E chamam isso de genocídio. Genocídio , porém, não é só matar índios a tiros de espingarda. Genocídio é , também, fazer injustiças, colaborar para que o índio e sua cultura desapareçam.

Desde a chegada de Colombo à América, mais de 75 milhões de indígenas foram exterminados. Os brancos foram deixando uma trilha de sangue e destruição por todo canto que passaram. O branco impôs padrões e normas para destruir a cultura e a vida dos povos indígenas. Por ganância, o branco roubou (e rouba até hoje) a terra, a floresta, a caça, a pesca, os costumes e a paz dos povos que ainda sobrevivem. No Dia dos Povos Indígenas, e todos os dias do ano, é importante dar força e voz aos indígenas, para que eles possam continuar lutando pelos seus direitos.
Comemorar o “dia do Índio” !
Esse é um fato que a maioria dos brasileiros acha muito importante.
Mas comemorar o que?
O estado caótico que o índio se encontra?
Sua posição de sem-terra?
Seu estado de descaracterização geral?
No dia do Índio, na certa, irão ao ar na televisão, o presidente cercado de adeptos, e outras parafernálias para ganhar audiência.
Será que é isto que os índios realmente querem?
A maioria das pessoas só se lembram do índio, no dia 19 de abril.
Por que será? Será porque nos outros dias do ano, elas têm que se preocupar com chacinas, massacres e todos tipos de injustiça ; ou as pessoas somente não se lembram deles por omissão?

POEMA

“JUCA PIRAMA”
No centro da taba se estende um terreiro
Onde ora se aduna o concílio guerreiro
Da tribo senhora, das tribos servis:
Os velhos sentados praticam d’outrora
E os moços inquietos, que a festa enamora
Derramam-se em torno dum índio infeliz
Quem é? - ninguém sabe: seu nome é ignoto
Sua tribo não diz: - de um povo remoto
Descende por certo - dum povo gentil;
Assim lá na Grécia ao escravo insulano
Tornaram distinto do vil muçulmano
As linhas corretas do nobre perfil
Por casos de guerra caiu prisioneiro
Nas mãos dos timbiras: - no extenso terreiro
Assola-se o teto, que o teve em prisão;
Convidam-se as tribos dos seus arredores,
Cuidadosos se incumbem do vaso das cores,
Dos vários aprestos da honrosa função
Acerra-se a lenha da vasta fogueira
Entesa-se a corda da embira ligeira,
Adorna-se a maça com penas gentis:
A custo, entre as vagas do povo da aldeia,
Caminha o timbira que a turba rodeia,
Garboso nas plumas de vários matiz
Em tanto as mulheres com leda trigança
Afeitas ao rito da bárbara usança
O índio já querem cativo acabar;
A coma lhe cortam, os membros lhe tingem
Brilhante enduape no corpo lhe cingem
Sombreia-lhe a fronte gentil canitar

(GONÇALVES DIAS)

Declaração Solene dos Povos Indígenas do Mundo.
Nós, povos indígenas do mundo, unidos numa grande Assembléia de Homens sábios, declaramos a todas as nações:
Quando a terra-mãe era nosso alimento,
Quando a noite escura formava nosso teto,
Quando o céu e a lua eram nossos pais,
Quando todos éramos irmãos e irmãs,
Quando nossos caciques e anciãos eram grandes líderes,
Quando a justiça dirigia a lei e sua execução
Aí outras civilizações chegaram!
Com fome de sangue, de ouro, de terra e de todas as suas riquezas, Trazendo numa mão a cruz e na outra a espada, sem conhecer ou querer Aprender os costumes de nossos povos, nos classificaram abaixo dos Animais, roubaram nossas terras e nos levaram para longe delas, Transformando em escravos os “filhos do sol”.
Entretanto não puderam nos eliminar;
Nem nos fazer esquecer o que somos,
Porque somos a cultura da terra e do céu, somos de uma
Ascendência milenar e somos milhões,
E mesmo que nosso universo inteiro seja destruído,
NÓS VIVEREMOS
Por mais tempo que o império da morte!
(Port Alberni, 1975 - Conselho Mundial dos Povos Indígenas)

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