Regência Provisória

Pedro de Alcântara
BRASILEIROS!
Um acontecimento extraordinário veio surpreender todos os cálculos da humana prudência; uma revolução gloriosa foi operada pelos esforços, e patriótica união do povo, e tropa do Rio de Janeiro, sem que fôsse derramada uma só gota de sangue: sucesso ainda não visto até hoje, e que deve honrar a vossa moderação, energia, e o estado de civilização a que haveis chegado. Brasileiros! Um Príncipe mal aconselhado, trazido ao princípio por paixões violentos, e desgraçados prejuízos antinacionais, cedeu à força da opinião pública, tão briosamente declarada, e reconheceu que não podia ser mais o Imperador dos Brasileiros. A audácia de um partido que todo se apoiava no seu nome, os ultrajes que sofremos de uma facção sempre adversa ao Brasil, a traição com que foram repentinamente elevados ao Ministério homens impopulares, e tidos como hostis à Liberdade, nos pôs as armas nas mãos. O Gênio Tutelar do Brasil, a espontaneidade com que a força armada, e o povo correu à voz da pátria oprimida, tiraram aos nossos inimigos o conselho, e a coragem; eles desmaiaram; e a luta foi decidida, sem que se nos tornasse mistér tingir as armas no sangue dos homens. D. Pedro I abdicou em seu Filho, hoje o Senhor D. Pedro lI, Imperador Constitucional do Brasil. (...) Brasileiros! A vossa conduta tem sido superior a todo o elogio; essa facção detestável, que ousou insultar-nos em nossos lares, veja na moderação que guardamos depois da vitória, mais uma prova da nossa força. Os Brasileiros adotivos, que se tem querido desvairar com sugestões perfidas, reconheçam que não é sede de vingança, sim o amor da Liberdade que nos armou; convençam-se de que o seu repouso, pessoas, propriedades, tudo será respeitado, uma vez que obedeçam às Leis da Nação Magnanima a que pertencem.
(...)
Brasileiros! Já não devemos corar deste nome: a Independência da nossa Pátria, as suas Leis vão ser desde este dia urna realidade. O maior obstáculo, que a isso se opunha, retira-se do meio de nós; sairá de um país onde deixava o flagelo da guerra civil, em troco de um Trono que lhe demos. Tudo agora depende de nós mesmos, da nossa prudência, moderação, e energia; continuemos como principiamos, e seremos apontados com admiração entre as Nações mais cultas. VIVA A NAÇAO BRASILEIRA! VIVA A
CONSTITUIÇÃO! VIVA O IMPERADOR CONSTITUCIONAL O SENHOR D. PEDRO II!
Bispo Capelão Mor, Presidente.
Luiz Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque, Secretário.
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