História de Boa Vista | Roraima

História de Boa Vista | Roraima


A História de Boa Vista tem início nos primórdios do Século XIX, quando se estabeleceram pequenas fazendas ou burgos localizados no curso de diversos rios componentes da bacia do Rio Branco.

O Forte São Joaquim concorreu, juntamente com a introdução do gado nos lavrados do Rio Branco, como um dos principais fatores atrativos para o povoamento da região.

Parte dos militares destinados a servir no forte, ou aqui chegados em outras missões, gostaram e ficaram. Não apenas soldados, cabos e sargentos, mas também, oficiais fixaram-na região com seus familiares, constituindo família e não mais retornando às suas terras natais.

Vindo do Ceará para comandar as tropas do Forte São Joaquim, em 1830, o Capitão Inácio Lopes de Magalhães funda a primeira fazenda particular de pecuária à margem direita do Rio Branco, cuja denominação é Boa Vista, com sede na casa onde hoje funciona o Bar e Sorveteria Meu Cantinho, nascendo daí um pequeno povoado que provavelmente encontrava-se nas imediações do lugar onde ergueu-se a antiga povoação de Santa Isabel ou São Martinho, datado de 1740.

No ano seguinte, Inácio Lopes de Magalhães casa-se com Liberata Batista Mardel, filha do ex-comandante Major Carlos Batista Mardel, dando início à tradicional família Magalhães. Com a Lei nº 92, de 9 de novembro de 1858, o Governador do Amazonas cria, na bacia do Rio Branco, no lugar denominado Boa Vista, a Freguesia de Nossa senhora do Carmo do Rio Branco, localizada acima das cachoeiras Cujubim e Bem Querer.

Através do Decreto nº 19 de 9 julho de 1890, o Governador do Amazonas, Augusto Ximeno de Villeroy, cria o Município de Boa Vista, desmembrando-o do Município de Moura, pertencente ao Amazonas. O mesmo decreto eleva à categoria de Vila a antiga Freguesia de Nossa Senhora do Carmo. Na época, Boa Vista tinha 164 casas e uma população estimada em 1.200 habitantes. Sua população era composta por portugueses, brasileiros de outros estados, índios, mestiços e negros vindos da Guiana Inglesa.

A atividade econômica básica, a pecuária, não exigia mão-de-obra intensa e especializada. Por isso, destacavam-se no setor trabalhadores de seringais e camponeses sem capital, que chegavam aqui contratados por comerciantes e fazendeiros locais trazendo consigo seus costumes, suas histórias, sua própria visão do mundo.

A cultura diversificada do nordeste brasileiro contribuiu para uma mistura cultural mais intensa, principalmente com os povos de cultura nativa, formando, assim, a cultura popular roraimense. A cada dia, a sede do município criava forma. A maior concentração de casas situava-se em volta da Praça Barreto Leite.

Ali encontravam-se o Porto das Lavadeiras, o Depósito de Sal, a Igreja, a Prefeitura, a aldeia e, mais adiante, fora da área delimitada como Centro Histórico, a charqueada. A ocupação se dava a partir da margem do Rio Branco até onde, hoje, é chamada de avenida Jaime Brasil, esquina com a avenida Sebastião Diniz. Dali em diante o resto era só lavrado.

A formação de Boa Vista aconteceu graças à contribuição e ao trabalho de muitos pioneiros que deixaram seus estados e sua terra em busca de uma vida melhor. Assim formaram-se as tradicionais famílias Mota, Brasil, Magalhães, Dias, Cruz, Pinheiro, Souza Cruz, Vasconcelos, Cavalcante, Duarte, Terêncio Lima, Sampaio, Matos, Rodrigues, Melo, Queiroz, Souto Maior, Lago, Fraxe, Figueiredo e Abdala, que até hoje mantém-se vivas através de seus descendentes.

Como em outras regiões brasileiras, em Boa Vista também implantou-se a educação através do trabalho de missionários religiosos que se instalaram na região desde as primeiras concentrações populacionais.

O primeiro superintendente de Boa Vista foi João Capistrano da Silva Mota, sargento do exército vindo do Pará em 1865, integrando uma comissão da Delegacia Fiscal do Amazonas, encarregada de averiguar denúncias sobre desvios de gado da Fazenda Nacional de São Marcos.

Foi empossado pelo Capitão Barreto Leite, representante do Governo do Amazonas. Já chegou em Boa Vista com esposa e filhos. Ficou viúvo e casou-se pela segunda vez, tendo mais 12 filhos na cidade.

Ainda como militar fundou a primeira escola da região. Foi o primeiro professor, o primeiro juiz de paz, o primeiro promotor de justiça, o primeiro superintendente e o primeiro prefeito, cargo este que desempenhou por quatro vezes.

Dado o imenso tamanho da família Mota, seus descendentes encontram-se, hoje, espalhados por todo o estado, colaborando com a formação e a perpetuação de outras famílias.

Os primeiros vereadores, denominados na época, intendentes, foram José Francisco Coelho e José Joaquim de Souza Júnior. Outros professores que se destacaram no setor da educação foram Alfredo Venâncio de Souza Cruz e Diomedes Souto Maior. Na área da saúde, na época da fundação de Boa Vista, não havia médicos. O hospital era controlado pelas Madres Beneditinas.

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Havia apenas um dentista, o Doutor Nier e os farmacêuticos Cícero Leal e Epifânio, um homeopata português. Iniciando uma nova fase O crescimento da cidade foi rápido e nítido.

E em 13 de setembro de 1943 o Presidente Getúlio Vargas assinou decretos criando cinco territórios federais, dentre eles o Território Federal do Rio Branco, tendo como capital Boa Vista. Devido às dificuldades de acesso à região a notícia levou alguns dias para chegar a Boa Vista.

 E o primeiro Governador, Capitão Ene Garcez dos Reis, chegou depois de 9 meses, em junho de 1944. A recepção foi feita, na época, por mais de 500 pessoas a postos na pequena praça da rua Floriano Peixoto, próximo à matriz .

O governo de Garcez durou 18 meses, terminando com a queda de Getúlio Vargas em 1945, sendo exonerado no ano seguinte. Outros governadores foram nomeados continuando, assim, o processo político. Em 13 de setembro de 1962, através do projeto 1433, o Território Federal do Rio Branco passou a se chamar Território Federal de Roraima, graças ao deputado federal Valério Caldas de Magalhães, autor do projeto.

Por se tratar da primeira cidade construída na região e a de maior número de habitantes, Boa Vista permaneceu como centro administrativo do território, com status de capital.

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