História do Estado de São Paulo

História do Estado de São Paulo

HISTÓRIA DO ESTADO DE SÃO PAULO

A capitania de São Vicente foi doada por D. João III, então, rei de Portugal, a Martim Afonso de Sousa, em 28 de Setembro de 1532. Em 21 de janeiro daquele ano, Martim Afonso de Sousa fundou a povoação que viria a se transformar na Vila de São Vicente, a primeira vila do Brasil.

Em 1549, Thomé de Sousa chegou na Bahia com a missão de fundar a primeira cidade e capital do Brasil. Com ele, chegaram os primeiros jesuítas.

Dando continuidade à exploração da terra e em busca de novos gentios a evangelizar, o padre jesuíta Manoel da Nóbrega, acompanhado do noviço José de Anchieta, escalou a Serra do Mar, chegando ao planalto de Piratininga, onde encontraram, segundo cartas enviadas a Portugal, "uma terra mui sadia, fresca e de boas águas".

 Nesse lugar, fundaram um colégio em 25 de janeiro de 1554, ao redor do qual, iniciou-se a construção das primeiras casas de taipa, que dariam origem ao povoado de São Paulo de Piratininga. Em 1560, o povoado ganhou foros de vila.

No início, São Paulo vivia da agricultura de subsistência, aprisionando índios para trabalharem como escravos na frustrada tentativa de implantação em escala da lavoura de cana-de-açúcar. Mas o sonho já era então a descoberta do ouro e dos metais preciosos. Assim, na segunda metade do século 16 começariam as viagens de reconhecimento ao interior da América Lusitana, com expedições organizadas para aprisionar índios e procurar pedras e metais preciosos nos sertões distantes.

São Paulo no Século 17São Paulo no Século 17

Do final do século 16, ao início do século 19, São Paulo era não mais que um coadjuvante na História do Brasil, mas com destaque às expedições exploradoras, iniciadas na segunda metade do século 16.

No século 17, a Capitania de São Vicente abrigava caçadores de índios, para escravizar, e exploradores em busca de pedras e metais preciosos. Distante da metrópole da época, a Cidade do Salvador, e do próspero Nordeste holandês, São Vicente era um porto de passagem, no caminho do Rio da Prata, onde Portugal fundou, em 1680, a Colônia do Sacramento. A Vila de São Paulo, ponto de partida de várias expedições, era selvagem, apesar de abrigar 400 soldados e da presença dos jesuítas, que foram expulsos pelos paulistas, em 1640 (veja comentário abaixo de Luis de Céspedes Xería, que saiu de lá apavorado).

Na época, existiram expedições em várias partes da América Lusitana. As expedições da Bahia, por exemplo, não foram menos importantes que as de São Paulo. Esse ponto é bem observado por Luís Henrique Dias Tavares, em sua História da Bahia. Tavares também relata, que tanto na Bahia, quanto em São Paulo, essas expedições eram chefiadas por capitães, com autorização real para conquistar novas terras e a guerrear o gentio bárbaro. Diferente das expedições baianas, as expedições paulistas buscavam principalmente índios para escravizar.

Em 1638, Luis de Céspedes Xería passou pela Vila de São Paulo, a caminho do Paraguay (na época, a Gobernación del Guayrá), onde assumiria o governo daquela governadoria. Era a época da União Ibérica. Xería elaborou um mapa da região, que se tornou um dos mais importantes documentos iconográficos de São Paulo (veja referência ao lado). Em sua carta ao rei, de oito de novembro daquele ano, após chegar na Ciudad Real del Guayrá, Xería faz os seguintes comentários sobre a Vila de São Paulo:

Suplico a V. Magestad mire con atención desde aquí lo que le voy diciendo y oyrá desta gente de San Pablo y su jurisdición las mayores maldades, trayciones y vellaquerías que le hazen ni an hecho vasallos suyos. También oyrá desta tierra donde e llegado por su gouernador las mayores lástimas de pobresa y deznudez, poco gouierno, poco amparo en las cosas de Dios y ninguna ayuda en el vno ni en el otro. En la uilla de San Pablo reciden quatrocientos soldados; tienen sus casas en ella, su asistencia dellos, mugeres y hijos es en los campos; vienen al pueblo los días de fiesta y eso armados con escopetas, rrodelas y fistolas. Públicamente consiéntenlo las justicias, porque no lo son más que en la aperencia y son como los demás: muertes, cuchilladas y otras ynsolencias, matándose y aguardándose en los caminos, todos los días suseden sin que aya sido castigado hombre ninguno hasta el día de oy, ni tal se saue; y para que V. Magestad remedie esto y castigue tan malos basallos, no solamente lo son en su patria, sino también en estas prouincias, que bienen a ellas muchas vezes ducientas y trecientas leguas y se lleban los yndios reducidos a V. Magestad y los que no lo están de aquestos pueblos, y vna vez destas llegaron a vno, no estando aý el padre que dotrinaua los yndios, y se los lleuaron todos con hijos y mugeres, y las ymágenes de la yglecia, y después la quemaron y a todas las casas. Lo que hazen de todas estas almas que lleban, christianos y no christianos, es vendellos por esclauos públicamente, y no fuera tanto si se quedaran en la tierra, pero embíanlos en los nauíos a vender por todo el Estado del Vracil y a Lisboa y otras partes, y aora actualmente estando yo allí y harto temeroso que no me matasen, porque sauían el zelo con que benía a estorbarles algunas cosas, estauan en campo nobecientos hombres de aquella villa y su jurisdición con tres mill yndios para venir haçia estas partes a saltear y rouar estas Reduciones, que ansí me lo dixeron ellos mesmos. V. Magestad, por quien es y por Dios nuestro señor, primeramente remedie esto y haga castigar estos traydores que av´n no lo son sólo en lo que e dicho, sino también en lo que hazen, y es que para salir en campo a hazer estas vellaquerías ellos mesmos se hazen capitanes, alférez y sargentos, y alsan vanderas y tocan caxas sin consentimiento de su gouernador, que digo mal, que lo saue y no lo remedia. [...] Para ello salí con toda priesa de aquesta mala tierra por ver si puedo remediar alguna cosa defendiendo estos pueblos de yndios de aquellos traydores ... (transcrição de Juan Antonio Frago Gracia, Universidad de Zaragoza, Espanha - Boletín de Filología, 2005).

Em 1640, os jesuítas foram expulsos da Vila de São Paulo, por pressão dos exploradores paulistas, que queriam escravizar e não educar os índios.

Em 1653, Fernão Dias Paes, tio do explorador de mesmo nome, negociou o retorno dos jesuítas para o Colégio de São Paulo.

No final do século, São Paulo já havia crescido bastante devido principalmente à exploração de ouro. Em 1699, o explorador britânico William Dampier, aportou na Bahia, a caminho da Austrália, e escreveu em seu livro A Voyage To New-Holland, &c. In the Year 1699 - Vol. III (página 82), o que ele ouviu sobre São Paulo:

"Of the other ports in this country none is of greater note than that of St. Paul's where they gather much gold; but the inhabitants are said to be a sort of banditti, or loose people that live under no government: but their gold brings them all sorts of commodities that they need, as clothes, arms, ammunition, etc. The town is said to be large and strong".

Dampier referia-se, na verdade, ao ouro descoberto em Minas Gerais nos últimos anos do século 17. As minas foram descobertas pelas expedições paulistas da Serra Acima, que buscavam índios para escravizar. Alguns autores acreditam que índios da região enfeitavam-se com o metal precioso e levaram os paulistas até as minas, em troca de liberdade (não concedida).

No final do século 17, a Vila de São Paulo já era a principal localidade da Capitania. Embora de difícil acesso, era um local de encontro para expedições ao sertão paulista, em busca de riquezas. Essa região era conhecida apenas pelos guias locais. O interior de São Paulo só foi mapeado oficialmente, em 1837, por Daniel Müller.

O território do atual Estado de São Paulo ganhou a sua primeira cidade apenas em 1711, quando a vila de São Paulo foi elevada a essa condição. A América Lusitana já possuía, entretanto, várias outras cidades, principalmente no Nordeste.

São Paulo no Século 18São Paulo no Século 18

Embora em 1711 a vila tenha sido elevada à categoria de cidade, o próprio êxito do empreendimento bandeirante fez que a Coroa desmembrasse a capitania, para ter controle exclusivo sobre a região das Minas.

Por isso, ao longo de todo o século 18, São Paulo continuava sendo apenas o quartel-general de onde partiam expedições, provocando o extermínio de nações indígenas que colocavam resistência a esse empreendimento. Disso tudo resultou a pobreza da província de São Paulo, na época, carente de uma atividade econômica lucrativa como a do cultivo da cana-de-açúcar no Nordeste.

Durante os três primeiros séculos de colonização, o número de índios e mamelucos superou em muito o de europeus. Até meados do século 18, predominava entre a população uma "língua geral" de base tupi-guarani, sendo essa língua franca a mais falada em toda a região.

Após a Independência, em 1822, os africanos representavam cerca de 25% da população e os mulatos, mais de 40%. Era já então insignificante a presença de índios nas zonas ocupadas pela colonização, e em especial nas lavouras de açúcar, implantadas com êxito no litoral norte e na região entre Itu e Sorocaba.

No final do século 18, com o esgotamento das Minas Gerais, a Bahia voltou a ser a capitania mais rica do Brasil. A virada da economia paulista só aconteceu em meados do século 19, com o ciclo do café.

Em 1745 foi criada a Diocese de São Paulo, subordinada à Arquidiocese de São Salvador da Bahia.

São Paulo no Século 19São Paulo no Século 19

 Ao chegar em Salvador, em 1808, o Príncipe Regente D. João iniciou uma série de reformas que, da arquitetura ao ensino superior, da civilidade urbana aos empreendimentos artísticos, deveriam adequar o país para sediar a Coroa portuguesa, e que de fato preparariam sua independência. São Paulo também se beneficiaria em muito dessas transformações.

Foi em território paulista que, em 7 de setembro de 1822, o herdeiro do trono português, o príncipe Dom Pedro, rompeu com Portugal, iniciando a Guerra pela Independência. Com sua renúncia nos anos 30, em meio à agitação política contra o domínio português, seguiu-se o conturbado período da Regência que, na segunda metade do século, com a ascensão ao trono de D. Pedro II, cederia lugar a um período de inusitado desenvolvimento e prosperidade do país, sobretudo após a consolidação da agricultura cafeeira como o principal produto de exportação brasileiro.

Nessa época que São Paulo começou a assumir uma posição de destaque no cenário nacional, com o avanço dos cafezais, que encontraram na terra roxa do norte da província o solo ideal.

Foi nessa época que São Paulo passou a assumir uma posição de destaque no cenário nacional, com o avanço dos cafezais, que encontraram na terra roxa do norte da província o solo ideal. A expansão da cultura do café exigiu a multiplicação das estradas de ferro, iniciando-se então (1860-1861) em Santos e São Paulo os trabalhos da construção da Estrada de Ferro Santos-Jundiaí, a São Paulo Railway, responsável pelo primeiro trem a ligar as duas cidades. Esse foi um período de grandes transformações, marcado pela crise do sistema escravocrata, que levaria à Abolição em 1888 e que daria lugar, entre outros fatos, à chegada em massa de imigrantes, principal alternativa de solução ao problema da mão de obra na lavoura cafeeira.

São Paulo prosperou muito nessa época e a capital da província passou por uma verdadeira revolução urbanística, resultado da necessidade de transformar uma cidade acanhada, pouco mais que um entreposto comercial, em capital da nova elite econômica que se impunha. Em meados de 1860, a cidade de São Paulo já era bem diferente da antiga cidade colonial. Os primeiros lampiões de rua queimavam óleo de mamona ou de baleia e a cidade já contava com um parque público, o Jardim da Luz, que passaria por extensas reformas no final do século.

Nesse período, à medida que a cidade se expandia em todas as direções, consolidava-se também um núcleo urbano moderno em torno de alguns marcos simbólicos, como a Estação da São Paulo Railway e o Jardim da Luz. Ao seu redor instalaram-se bairros residenciais de elite - os Campos Elíseos -, com seus bulevares ao estilo parisiense, como a avenida Tiradentes. Mas as estradas de ferro também permitiram que surgissem novos bairros populares ao lado da Estação da São Paulo Railway, como o Bom Retiro e o Brás, cujo povoamento foi reforçado pela instalação, nas proximidades, da Hospedaria dos Imigrantes. Também os edifícios públicos multiplicaram-se: assembleia, câmara, fórum, escolas, quartéis, cadeias, abrigos para crianças desamparadas. Dezenas de igrejas, conventos e mosteiros ainda continuavam a espalhar-se por toda parte. Na área cultural artistas de circo, atores de teatro, poetas e cantores começaram a consolidar seu lugar na cidade, junto com o primeiro jornal periódico.

Por volta de 1870, o Porto de Santos tornou-se o maior do Brasil, desbancando o Porto de Salvador. Em 1892, o Porto foi reinaugurado após as reformas propostas pelo engenheiro baiano Theodoro Sampaio, publicadas na Revista de Engenharia de 10 de agosto de 1879.

O fim do Império já estava selado quando foi declarada a Abolição da Escravidão em 1888. A perda de apoio das elites conservadoras, agravada pelas fricções do imperador com a Igreja, na chamada "Questão religiosa", e a crise no Exército após a guerra do Paraguai, origem da "Questão militar", determinariam a queda de Dom Pedro II. Assim, ele seria deposto por um movimento militar liderado pelo alagoano Deodoro da Fonseca em 1889. Teve início então o primeiro período republicano no Brasil.
São Paulo no Século 20

São Paulo no Século 20

O século 20, em São Paulo, começou com toda a força dos milhares de imigrantes, que resolveram o problema da mão de obra da lavoura cafeeira, permitiu maior ocupação do interior do Estado. Criaram-se as condições necessárias para que pequenas fábricas, subsidiárias do café, dessem os primeiros passos em direção à industrialização.

Até 1930, a ferrovia puxava a expansão da cafeicultura, atraía imigrantes e permitia a colonização de novas áreas, enquanto nas cidades a industrialização avançava. As greves e as "badernas de rua" tornam-se assunto cotidiano dos boletins policiais, ao mesmo tempo que começa a saltar aos olhos a precariedade da infraestrutura urbana, exigida pela industrialização. Um dos graves problemas passou a ser a geração de energia, centro de atenção das autoridades estaduais. Já em 1900, fora inaugurada a Light, empresa canadense e principal responsável pelo setor em São Paulo até 1970. O Estado passou a ter uma significativa capacidade de geração de energia, o que foi decisivo para o grande desenvolvimento industrial verificado entre 1930 e 1940. Nessa nova conjuntura, mais de uma dezena de pequenas hidrelétricas começaram a ser construídas, principalmente com capital estrangeiro.

Nesse período da Primeira República, a cafeeira paulista viveu o seu apogeu. Mas a Revolução de 1930 colocou fim à liderança da oligarquia cafeeira. As oligarquias paulistas ainda promovem, contra o movimento de 1930, a Revolução Constitucionalista, em 1932, mas foram derrotadas, apesar da pujança econômica demonstrada pelo Estado de São Paulo.

Em 1930, os trilhos de suas ferrovias chegavam às proximidades do rio Paraná e a colonização ocupava mais de um terço do Estado. Socialmente, o Estado, com seus mais de um milhão de imigrantes, tornou-se uma torre de Babel, marcado pelas diferentes culturas de muitos países e brasileiros de todo o Brasil.

O café superou a crise do início dos anos 1930 e nos anos 1950 a indústria automobilística em São Paulo despontou como uma das principais alavancas de desenvolvimento.

Please Select Embedded Mode To Show The Comment System.*

Postagem Anterior Próxima Postagem