Manifestações Populares no Brasil | Gênese de uma Revolução?

Manifestações Populares no Brasil | Gênese de uma Revolução?

Manifestações Populares no Brasil | Gênese de uma Revolução?

Os protestos ocorridos no Brasil, não tem nada de parecido com o que ocorreram, e ainda ocorrem, no mundo árabe. O Brasil, ao contrário daqueles países, é uma democracia. O problema é que aqui é um caso de democracia muito confuso causando transtornos tais como legislar, julgar e executar se confundem. O Brasil tem três poderes e os três querem fazer a função dos três ao mesmo tempo. No Brasil tem tantas leis absurdas que dão margem a interpretações absurdas, mas passam a valer, afinal de contas são leis aprovadas pelo "represantantes" do povo.

A onda de protestos no país foi desencadeada quando os governos de São Paulo e do Rio de Janeiro decidiram aumentar a passagem de ônibus em R$ 0,20. A população logo se articulou e tomou as ruas para protestar contra o aumento que, segundo os manifestantes, não está ligado ao valor da passagem, que passaria para R$ 3,20, mas sim com o transporte e os serviços públicos caóticos do país. A polícia reagiu com violência para impedir os protestos, alegando que os manifestantes eram vândalos, mas vídeos e fotos mostraram que a maior parte do movimento era pacífico.

Manifestações populares no Brasil – entendendo os acontecimentos
Na noite de quinta-feira, 6/6/2013, ocorreu o primeiro grande ato contra o aumento das passagens, um protesto contra o aumento da tarifa de ônibus bloqueou que totalmente as avenidas Paulista, Nove de Julho, Treze de Maio e São Luís. Os manifestantes se concentraram na Praça Ramos, por volta das 18h, e seguiram em passeata, passando pelas avenidas 23 de Maio e Nove de Julho, após deixar a Paulista, o grupo também passou pela Brigadeiro Luís Antônio, onde foram dispersados por grupos de policiais de moto, armados com espingardas e munição.

No segundo dia de manifestações contra o aumento das tarifas dos ônibus municipais, trens metropolitanos e metrô, os manifestantes percorreram avenidas na região de Pinheiros, zona oeste de São Paulo. Ao fim do evento, os participantes retornaram ao largo da Batata, ponto de partida da caminhada, onde se dissiparam. Porém, um grupo isolado tentou ir à avenida Paulista usando a estação Faria Lima, da linha 4 e foi impedido de entrar pela tropa de choque da PM e por seguranças da Via Quatro.

A noite de terça-feira, dia 11 de junho, em São Paulo, foi marcada pela repressão violenta da PM e tropa de choque no terceiro Ato Contra o Aumento da Passagem. Aproximadamente 12 mil pessoas marcharam pelas ruas do centro e da Avenida Paulista. O ato acontecia com tranquilidade até o momento em que a polícia decidiu reprimir fortemente os manifestantes com bombas de gás lacrimogêneo e sprays de pimenta. Diversos manifestantes e jornalistas sofreram violência policial e foram presos, entre eles o repórter Pedro Nogueira, indiciado por crimes de dano qualificado e formação de quadrilha.

O Brasil resolveu apoiar o movimento e outros motivos surgiram. Os brasileiros passaram a questionar: como assim o país gastar tanto com uma Copa do Mundo e não ter escolas boas, e hospitais melhores? As manifestações tomaram as ruas das principais capitais e repercutiu no exterior, que decidiu apoiar os protestos no Brasil.

Manifestações Populares no Brasil | Gênese de uma Revolução?


Os atuais protestos em várias cidades brasileiras resultam do fato de que os brasileiros "caíram na realidade", na avaliação do sociólogo francês Alain Touraine, especialista em América Latina e autor de inúmeros livros sobre movimentos sociais.

O Brasil está escrevendo um capítulo novo de sua história. Motivado pelos aumentos abusivos dos preços dos transportes públicos municipais, surge um movimento nacional de protestos e manifestações. Ainda não está definido as bandeiras e reinvindicações desse movimento.

Brasil Social
"Os protestos que estão acontecendo no Brasil vão muito além do aumento de 20 centavos no transporte público.

O Brasil está vivenciando atualmente um amplo colapso de sua infraestrutura. Há problemas com portos, aeroportos, transporte público, saúde e educação. O Brasil não é um país pobre e os impostos são extremamente altos. Os brasileiros não veem motivo para terem uma infraestrutura tão ruim quando há tanta riqueza e tantos impostos altos. Nas capitais estaduais as pessoas chegam a gastar 4 horas por dia no tráfego, seja em seus carros ou em transportes públicos lotados e de má qualidade.

O governo brasileiro tomou medidas para controlar a inflação cortando taxas e ainda não se deu conta que o paradigma deve mudar para uma abordagem focada na infraestrutura do país. Ao mesmo tempo o governo brasileiro está reproduzindo em menor escala o que a Argentina fez anos atrás: evitando austeridade fiscal e prevenindo o aumento dos juros, o que está levando a uma alta inflação e baixo crescimento.

Além do problema de infraestrutura, há vários escândalos de corrupção que permanecem sem julgamento, e os casos que são julgados tendem a terminar com a absolvição dos réus. O maior escândalo de corrupção na história brasileira finalmente terminou com a condenação dos réus e agora o governo está tentando reverter essa condenação ao usar manobras inacreditavelmente inconstitucionais, como a PEC 37, que vai tirar o poder investigativo dos promotores do ministério público, delegando a responsabilidade da investigação unicamente para a polícia federal. Além disso, outra proposta tenta sujeitar as decisões da Suprema Corte Brasileira ao Congresso – uma completa violação dos três poderes.

De que forma o mundo vê os protestos aqui no Brasil? Praticamente é unânime entre todos residentes fora do nosso país, o pensamento de que ver um Brasil que vive um ótimo momento economicamente, contrastando com protestos contra diversas situações políticas que ocorrem no país, como a elevada carga tributária e a precariedades nos serviços públicos por exemplo, aumentam mais ainda os motivos deles também irem as ruas lutarem contra as adversidades em seus países, aos quais, passam por graves problemas econômicos.

Já é fato de que "lá fora" todos vêem o nosso país como um dos poucos que superaram e superam a grande crise econômica que ocorreu e ocorre atualmente no mundo. O Brasil está na contra-mão dessa situação e vive sem dúvida alguma os seus melhores dias "economicamente" (está em aspas pois somente é através dos números, pois socialmente não é o que percebemos ou vemos no nosso cotidiano).

"A situação (econômica e social) no Brasil vinha sendo descrita de maneira exageradamente cor-de-rosa", disse o sociólogo em entrevista à BBC Brasil.

O inconsciente coletivo pode ser a causa de tamanha identificação por parte da população para com os movimentos que, em tese, ocorrem a quilômetros de distância de onde estamos. Pode ser a razão de nos mobilizarmos e nos indignarmos com fatos cuja repercussão só afeta nosso dia a dia exatamente a partir do momento em que ocorre a identificação.

Para ele, os protestos aproximaram a imagem que se tinha do Brasil da realidade do país.

"Construiu-se uma imagem do Brasil em que tudo vai bem e que o país se dirige rapidamente em direção ao crescimento e ao bem-estar", disse ele. "Fico feliz ao ver que o que acontece atualmente no Brasil corresponde melhor à realidade do país do que as imagens que vinham sendo transmitidas", afirmou.

"É ridículo ter a imagem de que há sucesso em todas as áreas, sobretudo em um país como o Brasil, onde as instituições são fracas e a corrupção é profunda", disse Touraine, que foi professor do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Ele disse que em uma comparação com o México, por exemplo, apesar de este país ter vários indicadores econômicos e sociais mais positivos, é o Brasil que possui a imagem de país "onde tudo vai bem".

O sociólogo definiu os movimentos de protestos no Brasil como a "quebra da esperança", um sentimento de "decepção, que cria uma situação favorável ao descontentamento".

"Quando há crescimento econômico e ele diminui, como é o caso do Brasil, isso representa exatamente o bom momento para protestar", disse ele.

"O balanço da situação brasileira é bom. Mas o país sofre desigualdades e benefícios do desenvolvimento são muito mal distribuídos", afirmou.

"O Brasil ainda está muito longe de ter um nível de distribuição de renda aceitável".

De acordo com Touraine, os protestos no Brasil demonstram "um sentimento real, justificado, de que o nível de vida é muito baixo".

E também, acrescentou, "o sentimento de que se constituiu, estranhamente, no topo do poder, um mundo de riquezas."

"A pobreza, que permanece imensa, é sacrificada em benefício do espetáculo", disse ele, se referindo aos gastos "gigantescos" com as obras da Copa do Mundo e Jogos Olímpicos, que geraram protestos "no país do futebol".

Mas Touraine ressaltou que os protestos no Brasil não assumiram, "pelo menos até o momento", uma forma política, com o objetivo de derrubar o governo, como ocorreu nas revoluções nos países árabes.

"O caso brasileiro é um pouco atípico. As reivindicações econômicas e sociais são, pelo menos aparentemente, mais importantes do que os protestos ou ataques puramente políticos", afirmou.

"Não há um furor pela democracia no Brasil como ocorreu, por exemplo, na praça Tiananmen, em Pequim. Em vários países os protestos se concentraram contra um ditador", disse Touraine à BBC Brasil.

"No caso do Brasil, não acredito que os protestos representem uma ameaça política contra o governo atual. Mas é possível que a situação evolua. Hoje, não posso dizer que o movimento seja voltado contra Dilma Roussef".

Declaração do Ministro do STF, Joaquim Barbosa
"Somos o único caso de democracia no mundo em que condenados por corrupção legislam contra os juízes que os condenaram.

Somos o único caso de democracia no mundo em que as decisões do Supremo Tribunal podem ser mudadas por condenados.

Somos o único caso de democracia no mundo em que deputados após condenados assumem cargos e afrontam o Judiciário.

Somos o único caso de democracia no mundo em que é possível que condenados façam seus habeas corpus, ou legislem para mudar a lei e serem libertos".

(Declaração do Ministro do STF, Joaquim Barbosa, sobre o projeto de submete à aprovação do Congresso as decisões do STF)

   Luciano Mende*: Analista de Inteligência

www.megatimes.com.br

www.klimanaturali.org

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