Morte Segundo a Visão de Diferentes Religiões

Morte Segundo a Visão de Diferentes Religiões

Morte Segundo a Visão de Diferentes Religiões

O QUE É A MORTE ?        
Apresentamos definições de morte provenientes de três referências bibliográficas diferentes.

Segundo a Enciclopédia Larousse Cultural :

"Morte s.f. (Do lat. mors, mortis) 1. Cessação definitiva da vida animal ou vegetal. —  2. Cessação definitiva da vida de um ser humano. (Sin. Falecimento, Trânsito, Passamento, Desaparecimento, Decesso, Óbito.) —  3. Maneira de morrer; circunstâncias que acompanham a morte. —  4. fig. Destruição, perdição, termo; ruína. —  5. Figura alegórica representando um esqueleto humano armado de foice."

            Segundo o Minidicionário Soares Amora :

"Morte s. f. 1. O fim da vida animal ou vegetal; cessação da vida;  2. ação de morrer; 3. fim;  4. destruição;  5. causa de ruína;  6. grande desgosto."

            Segundo o Minidicionário Aurélio :

"Morte s. f. 1. O fim da vida animal ou vegetal.  2. Termo, fim.  3. Destruição, ruína.  4. Pesar profundo."

É notório que em ambas definições o termo morte está associado a corte, fim, término, interrupção, cessação da vida. E esta idéia é muito clara para todos nós seres humanos, únicos a terem consciência de sua própria morte.

É trivial se ouvir dizer de qualquer pessoa que a morte é a única certeza que temos e que para morrer basta estar vivo. Porém, apesar de toda esta conscientização acerca do fato de morrer no torna a morte menos angustiante para um indivíduo. O ser humano tem medo do desconhecido e a morte, apesar de todas as definições usuais, é acima de tudo uma "experiência" pessoal e obrigatória. Sob a ótica médica, a morte é o encerramento de todas as funções vitais, não importa a causa da morte, o que levou um indivíduo a morrer é um caso a parte. De uma forma inevitável a partir desse momento, este indivíduo não realiza mais as funções de respiração, circulação, entre outras que são condições base para a manutenção da vida.

Mas questionamentos ainda são presentes. Partindo do principio de que haja uma consciência, o que acontece com ela? Seria a consciência meramente resultado de funções cerebrais? Estaria ela atrelada ao caráter biológico humano? Estas e tantas outras indagações rondam a cabeça de filósofos, estudiosos, pesquisadores e cientistas em geral, porém, é na religião que muitos encontram o conforto, as possíveis respostas e explicações para situações que fogem — ao menos atualmente fogem — ao domínio da ciência.

Responder o que é a morte conduz a uma discussão que envolve valores culturais e religiosos pessoais. Não é possível que se chegue a um consenso até que se passe por ela — a morte — e como na concepção de alguns passarem por ela é não mais voltar, enquanto no entendimento de outros há volta, novamente há a dúvida de se até mesmo, em algum dia, será possível definir a morte através do empirismo.

Como foi acima citado, na definição da Enciclopédia Larousse item 5, esta representação alegórica da morte é meramente um símbolo, talvez resultado de uma necessidade de personificar a morte.


A MORTE COMO FATO SOCIAL

Consoante os trinta e seis resultados alcançados referentes à pesquisa divulgada em grupos de discussão na Internet, foram obtidos os seguintes gráficos:

Sendo a grande maioria de Católicos praticantes ou não, seguida do Espiritismo. As respostas são realmente muito variadas e inclusive a visão frente ao catolicismo como opção religiosa por vezes dá-se pelo fato de uma tradição familiar, ou seja, por já ter nascido em família católica. Muitos ainda se mostram numa certa busca de religiosidade, mas se intitulam católicos. Quanto aos Espíritas alguns seguem a linha de Allan Kardec e outros não. Os Sem Religião não seguem uma doutrina, mas acreditam num "ser superior".

Atesta-se que uma grande maioria diz não ter medo da própria morte, porém o que alguns receiam é não conseguir realizar seus projetos e outros temem a morte de parentes próximos, o que demonstra que na verdade este é um "não" um tanto maquiado, uma vez que de alguma forma sentem-se incomodados com a ocorrência da morte.

A Morte é um tabu ?

Com toda uma mística envolta no tema e um acréscimo de temor, seria a morte ainda um tabu ? Um assunto que causa incômodo para muitos ?

Desde 1951, em que o livro de Edgar Horin foi editado, não existia realmente nem História nem Sociologia da Morte. Neste livro, surgiu uma nova literatura, não mais geral e sim especializada.

A nova sociologia da morte não é somente o começo de uma bibliografia científica sobre a morte, mas uma data na história das atitudes diante da morte.

Todos nós morremos

No conjunto das transformações que a humanidade tem sofrido no correr da história, duas ao menos permaneceram constantes, opostas, constituintes e complementares: os homens nascem, os homens morrem. Esta afirmação aparentemente óbvia, não o é, contudo. As filosóficas, as mitologias, as práticas, os rituais se colocaram sempre, como questão urgente e fundamental, a minuciosa discussão de fundo, soluções extraordinariamente diversas. Na escala das existências individuais, posto que pode ocorrer antes do nascimento, a morte é a única certeza absoluta no domínio da vida: evento derradeiro, cujo peso de acontecimento não pode ser negado.

Uma coisa é encarar a morte como algo inscrito necessariamente no destino dos homens em geral, enquanto membros da classe dos seres vivos. Outra coisa é pensar a realidade de cada morte individual. Entre os mortos e a morte, ou seja, entre determinado acontecimento biográfico e determinada condição ontológica, ou melhor, escatológica, os liames não são simples.
A consciência da morte é uma marra da humanidade. E aquela, é sem dúvida, uma das maiores conquistas constitutivas do homem: não se trata mais de uma questão de instinto, mas já da aurora do pensamento humano, que se traduz por uma espécie de revolta contra a morte.

Desde então, os homens produziram e continuam a produzir uma imensa variedade de representações em torno de sua morte e da dos outros. A consciência da morte abre uma passagem pela qual vão transitar forças notáveis que transformarão a maneira humana de ver a vida, a morte, o mundo.

A morte de um indivíduo é a ocasião em que o grupo, no mais amplo sentido do termo, produz a sua reprodução tanto nos planos cultural, simbólico e ideológico, como no plano das estruturas sócio-econômicas. A existência da cultura, quer dizer, de um patrimônio coletivo de saberes, normas, regras organizacionais, etc, só tem sentido porque as antigas gerações morrem e porque é necessário transmiti-la continuamente às novas gerações.

Um fato importante é que a morte, para consciência coletiva, é um afastamento entre o indivíduo e a convivência humana. Todavia, esta separação tem um caráter temporário e pretende fazer com que o morto passe da sociedade dos vivos à sociedade invisível dos ancestrais. Como fenômeno social, a morte e os ritos a ela associados consistem na realização do penoso trabalho de desagregar o morto de um domínio e introduzi-lo em outro. Tal trabalho, exige todo um esforço de desestruturação e reorganização das categorias mentais e dos padrões de relacionamento social. O enterro, bem como as outras maneiras de lidar com o corpo morto, é um meio da comunidade assegurar a seus membros que o indivíduo falecido caminha na direção de seu lugar determinado, devidamente sob controle. Através de tais práticas o grupo recebe mensagens que evoluem da insegurança ao sentimento de ordem e representa, a maneira especial que cada grupo humano, tem de resolver um problema fundamental: é necessário que o morto parta.

A Aceitação diante da Morte

Este gráfico foi retirado do livro O que é a Morte4, e explicita muito bem os estágios pelo qual passam um paciente em estado terminal desde o momento em que toma conhecimento de sua situação de aproximação maior da morte.


O QUE É RELIGIÃO ?

Religião, do latim, religio, religionis. Consiste numa reunião de crenças e dogmas que visam estabelecer um padrão de conduta do homem e também buscam explicar questões que encontram-se sem resposta através do sagrado. É composta, geralmente, por um culto a um ou mais deuses, por ritos, livro e templo sagrados.

A etimologia da palavra religio ainda é questionada. Acredita-se que venha de religare, caracterizando a idéia de ligação, o vínculo obrigatório entre o homem e  deus.

A religião tem uma importância tamanha, o que se pode constatar no fato de que várias ciências dispõem-se a estudar o tema. A Teologia nasceu do interesse pessoal em suas próprias práticas e crenças. Dentro da Sociologia a pesquisa encaixa-se quanto ao seu papel na sociedade. No âmbito da Antropologiao estudo volta-se às práticas, ritos e comportamentos religiosos por todo o mundo. Para a História o importante encontra-se na análise da influência religiosa sobre os fatos. E na Fenomenologia busca-se a compreensão dos símbolos, doutrinas e rituais manifestados por intermédio da religião.

O discurso da religião busca sempre a transformação de coisas grosseiras e vazias em algo significante, que possa se inserir em nosso mundo como parte de nós mesmos. A religião é um sistema de símbolos, e é sem dúvida, uma criação humana. Foi instituída por homens e requer um grande poder imaginativo para a sua compreensão e credo. Animais não possuem religião, não têm um sistema de símbolos e crenças, pois não possuem capacidade imaginativa e interpretativa. Os símbolos são necessários para a conduta humana, para que haja ordem, para que haja sentido na vida.


CRENÇA EM DEUSES

O Cristianismo, o Judaísmo e o Islamismo são monoteístas, ou seja, acreditam em um único Deus que é criador e todo-poderoso. São religiões advindas do Oriente Médio que tem aspectos em comum, mas que obviamente também guardam diferenças.

O Hinduísmo e a Wicca são exemplos de religiões politeístas, pois possuem vários deuses que têm atributos relacionados com a natureza e a atividade humana.

O Budismo é uma religião ateísta, pois não existem deuses, assim como o Jainismo. No Budismo há uma prestação de homenagens a Buda, o grande Guia Espiritual. E os jainistas necessitam da orientação de guias espirituais, os tirthankaras.


RELIGIÃO E SOCIEDADE

A atividade religiosa implica numa prática em conjunto, na maioria das vezes. É compartilhada com a família, amigos, tribo ou congregação. Porém isso não descarta que existam estudantes religiosos solitários que pratiquem seus cultos individualmente.

A religião tem um caráter tão amplo que pode até se misturar com política e poder. Na Idade Média este fato evidenciava-se com a forte ligação entre o Clero e os poderes territoriais locais, a idéia da Cristandade. Há ainda casos de religiões que continuam vinculadas ao Estado, como é o caso do Judaísmo e do Islamismo. O Islamismo muito mais que uma religião é uma instituição política. Partindo desta ótica, descobrimos que muitos conflitos na História tiveram raízes na intolerância religiosa. As questões político-territoriais mesclam-se com os dogmas religiosos e a idéia de superioridade de uma religião sobre outra levam às ditas "Guerras Santas".

Apesar de também causar conflitos, a missão religiosa objetiva-se em ser pacífica. Todos os cultos têm um princípio de não-violência, utilizam-se do temor a algo ou alguém para tentar garantir a paz.


OS ATEUS

No Brasil, o número dos sem religião cresceu muito. E eles dividem-se em três principais grupos:

·         Não-praticantes àcrentes em Deus, mas que permanecem ausentes de algums igreja, não frequentando;
·         Agnósticos àpõem em questão a existência do ser superior;
·         Ateus àtotalmente descrentes de qualquer deidade.

Os ateus tinham, até então a sua maioria, o costume de esconder essa posição. Porém, nos dias atuais, eles vêm se juntando e se organizando. Formaram uma ONG: Sociedade da Terra Redonda.
O grande receio dos ateus é serem rejeitados pela sociedade. Mas é importante que se assuma a posição e se combata os preconceitos.

A massa ateísta atual brasileira encontra-se vinculada às pessoas ligadas às ciências exatas, e estão se preocupando em derrubar as mentiras que estão inseridas em muitas religiões, o que contrasta com antigamente, onde o ateísmo estava mais atrelado ao marxismo.

Os ateus acreditam que não exista nenhuma vida após a morte. O homem morre e acaba. Eles fundamentam sua crença no fato de não haver comprovações da vida após a morte, ou de reencarnação ou de alguém ressuscitado. Quando morto, o homem vira pó e então, não há nada além disso: "Es pó e ao pó voltarás".


A MORTE NA VISÃO DAS RELIGIÕES

Será apresentado um panorama da morte sob o olhar de certas religiões, sendo a primeira parte uma breve descrição da doutrina e os itens subsequentes serão focados no tema da morte. O critério da ordem das religiões foi estabelecido segundo as semelhanças nelas encontradas que serão melhor exploradas no item de número seis.


CRISTIANISMO

A Religião Cristã

A característica chave desta doutrina e seguir a Jesus Cristo. Ele é o Messias, Filho de Deus, o único salvador. Jesus através de sua vida, morte e ressurreição libertou os cristãos do pecado original de Adão e Eva.

Os cristãos são monoteístas e seu Deus é Onipotente, Onisciente e Onipresente.

Existem quase 2 bilhões de cristãos no mundo, divididos entre Católicos, Ortodoxos e Protestantes que apresentam algumas diferenças nas doutrinas e nos rituais, mas que se encontram dentro da mesma crença em Jesus.


O Corpo e a Alma

A alma nasce no momento da concepção, sendo eterna a partir daí. A alma é imortal, subsistente, imaterial e espiritual. Entendemos a alma como espírito, sem barreira de espaço ou tempo, independente de movimento e superando o corpo. Tem, total incorruptibilidade, não leva consigo nenhum tipo de desagregação.

Associar-se a um corpo é natural à alma. Necessita dele para realizar suas atividades: o pensamento, alcançar a perfeição e realizar sua vocação. O corpo não é prisão da alma, é um meio do qual lhe foi dado por Deus para que haja seu progresso. A união é benévola. As diferenças entre alma e corpo se mantém apesar da associação: eles estão ligados, mas ainda conservam suas características originárias, tanto que a morte corpórea não significa a morte da alma.

Já que o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus, que lhe deu (criou) a sua alma, deve tornar-se sempre mais próximo à imagem d'Ele, cada vez mais subordinado ao Criador, um corpo cada vez mais subordinado à alma.


O Batismo e a Morte

O messias é o ressuscitado, Jesus, filho enviado por Deus para libertar os homens do pecado e da morte. A conversão estabelece uma relação de participação mística com Cristo. Todo crente efetua a união mística com Cristo mediante o sacramento do batismo. Porque "os que fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados na sua morte. Fomos, pois, batizados com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida." (Romanos, 6: 3-4)

A morte e a ressurreição pela imersão na água constituem um argumento místico-virtual bem conhecido, solidário de um simbolismo aquático universalmente atestado. Mas São Paulo vincula o sacramento do batismo a um acontecimento histórico recente: a morte e a ressurreição de Jesus Cristo. Além disso, o batismo não somente assegura a vida nova do crente, mas realiza a sua transformação num membro do corpo místico de Cristo. A redenção é efetuada por um dom gratuito de Deus: a encarnação, a morte e a ressurreição de Jesus Cristo.

Os cristãos têm na morte uma esperança, a presença do eterno no tempo, a ressurreição. O homem deve passar pelos sofrimentos da morte e crer em Jesus para salvar-se de seus pecados. Para os cristãos Jesus morreu para salvar a humanidade.

A morte não é o aniquilamento de tudo, não é o aniquilamento do ser, é apenas a transição para a ressurreição. Não é uma fatalidade, é um aspecto real e cotidiano. Ao final dos tempos, com Cristo, os corpos daqueles que foram batizados e portanto purificados do pecado do nascimento, triunfará da morte e viverá eternamente, modificados pela imortalidade da alma.

Quando um cristão morre, de acordo com a sua conduta moral em vida, ele pode ir para o céu ou para o inferno. Seguindo os Dez Mandamentos, sendo um bom cristão, não pecando, irá para o céu que é o Reino de Deus, onde se viverá eternamente.

Esta oração abaixo é originária do Judaísmo para os dias de jejum e acabou tornando-se uma das mais antigas orações cristãs para os mortos, sendo até utilizadas por alguns cristãos talhadores de pedra de Arles em seus sarcófagos na Idade Média.5 4

"Libera Senhor a alma do teu servo, como liberaste Enoch e Elias da morte comum a todos, como livraste Noé do dilúvio, Abraão fazendo-o sair da cidade de Ur, Job de seus sofrimentos, Isaac das mãos do seu pai Abraão, Lot da chama de Sodoma, Moisés da mão do Faraó, o rei do Egito, Daniel da caverna dos leões, os três jovens hebreus da fornalha, Suzana de uma falsa acusação, David das mãos de Saul e de Golias, São Pedro e São Paulo de suas prisões, a virgem bem-aventurada Santa Tecla de três horríveis suplícios."


O dia dois de novembro é dedicado aos mortos. No Catolicismo, são elevadas preces às almas sofredoras no purgatório. É comum a visitação aos túmulos nos cemitérios, onde são geralmente levadas flores ou bandeirinhas coloridas, símbolos da vida, que lembram a promessa da vida eterna feita por Jesus a seus seguidores.

A extrema-unção, o último dos sacramentos, consiste em ungir o moribundo. Porém essa prática está mais associada à cura dos doentes, ou no caso de um agonizante, uma oportunidade de confissão antes da morte.

Após sete dias da morte de um católico, geralmente a família manda rezar uma Missa em memória do falecido. Além dessa Missa do Sétimo dia também é comum se ter a Missa de Mês, celebrada após trinta dias de morte.


JUDAÍSMO

A Religião Judaica

São descendentes do patriarca Abraão. Crêem que tenha sido feito um pacto entre Deus e seus ancestrais, sendo este o motivo chave para que se mantenha uma fidelidade a este Deus. São, portanto, monoteístas. Para os judeus o Messias ainda virá.

O livro sagrado é a Bíblia Judaica - Tanakh -, em destaque, a Torá - nome de seus cinco primeiros livros, que teriam sido revelados a Moisés. Ainda se tem a Nebiim e a Ketubim, Segunda e terceira partes da Bíblia que se referem, respectivamente aos Profetas e vários Escritos.


Morte, Sepultamento e Luto

"Adonai Hu Ha-Elohim"- o Senhor é Deus. Estas são as últimas palavras de um judeu. Quando um judeu ortodoxo percebe que seu fim está próximo recita o vidui, uma espécie de confissão a Deus, depois o Shema Israele por último uma declaração simples acerca da crença judaica.

Em quase todas as comunidades há uma sociedade funerária designada pelo termo hebraico chevra kadisha (ou Santa Irmandade). Estas são compostas por voluntários sem remuneração que velam pela qualidade dos funerais dos judeus. A preparação do corpo e o sepultamento é de responsabilidade desta irmandade, dispensando os serviços dos agentes funerários. O corpo é tratado geralmente por mulheres e depois envolto em um mortalha (tachrichim). E assim, levado ao cemitério com os devidos cuidados e procedimentos que não necessitam ser aqui descritos.

A utilização do corpo de um judeu para estudo em faculdades de Medicina é altamente condenável. A questão da autópsia é um pouco mais aceita, por questões de segurança e inclusive em países onde esta é obrigatória a lei judaica em nada pode interferir. A doação de órgãos para a salvação de um a vida é bem vista pelos rabinos.

Ao ser notificado da morte de pai, mãe, irmã (o), cônjuge ou filho (a) é requerido que se cubra a cabeça e se recite esta bênção de pé: "Baruch Ata Adonai, Elohenu Melech ha-olam, Dayan ha-emet" (Abençoado sede, ó Senhor nosso Deus, Rei do Universo, o Verdadeiro Juiz). Como símbolo de luto, deve ser feito a k'riah enquanto a bênção é dita. Este ato consiste em rasgar a roupa da pessoa em luto com o auxílio de alguém. O corte é de cerca de 7 a 8 cm no sentido vertical. Esta prática não é feita para bebês de menos de trinta dias, para suicidas nem para aqueles que deixaram o judaísmo. Mesmo se a notificação da morte chegue com espaço de meses ou anos a prática da k'riahé imediata, excetuando-se quando a notícia for dada num Shabat ou dia santo.

No retorno do cemitério, a família deve "sentar-se em shiva". Ë um luto de sete dias, onde todos devem ficar dentro de casa e não devem se barbear, cortar o cabelo, usar roupas novas, sentar-se em cadeiras ou calçar sapatos. Se no meio da semana do shivahouver um dia santo, imediatamente o shivaencerra-se. É comum que se diga uma prece na sinagoga em menção à memória do falecido exatamente no 30º dia subsequente à morte e o funeral. Como forma de consolo ao enlutado, alguém pode ir até sua casa para acompanhar-lhe e sentar-se também em shiva, porém isso não deve ser feito até o terceiro dia de shivanem mesmo dizer-lhe palavras de conforto. Meninas com até doze anos e meninos com até treze não precisam sentar-se em shiva porém fazem a k'riah.

             
Vida após a Morte, Messias e Alma

Os judeus acreditam em vida após a morte. Apesar de não haver nenhuma referência na Torá sobre vida pós-morte. Crêem que Deus não achou necessário revelar algo sobre o mundo de além-túmulo, por isso, qualquer narrativa de algum rabino não passa de mera hagadá - especulação, lenda. É preciso acreditar nas palavras que dizem que não deixarás a alma na perdição.

O importante para um judeu é viver dentro dos bons costumes e deixar que Deus se responsabilize pelo que acontecer após a morte.

Abaixo são descritas as concepções judaicas de certos aspectos:

·         Céu - o Gan Eden, ou Jardim de Éden é para onde vão as almas dos justos.
·         Inferno- o Gehinom. Crê-se que nenhum judeu permanece mais de um ano lá. Dentro deste tempo o pecado já foi pago e daí sua alma vai para o Gan Eden. O Shabat é tão sagrado que crê-se que nestes dias o Gehinom fecha e as almas sofredoras descansam.
·         Julgamento- após a morte a alma judia é conduzida a um tribunal celeste e dois anjos - um para acusar e outro para defender - pesam seus pecados e suas boas ações numa balança e o resultado será seu destino.
·         Reencarnação-  a gigul nechamot. Judeus ortodoxos acreditam que a alma judaica possa voltar à vida em outro corpo ou como animal ou planta. A reencarnação não é encarada como castigo, mas sim como a ausência de alguma boa ação, como se a alma estivesse "devendo" algo que na vida anterior não realizou.
·         Exorcismo- uma alma pode apossar-se de um outro corpo vivo por motivos de vingança ou outras razões. Este espírito maligno é denominado dibuk e só pode ser exorcizado por um homem sábio.
·         Messias- Chegará um dia que o fim do mundo será anunciado por um homem judeu comum, chamado de Mashiach - Messias. Neste dia os mortos ressuscitarão e se juntarão em Israel para viver eternamente lá. Elias anuncia o Messias e ele é descendente da Casa de Davi.
·         Alma- Ela diferencia homens e animais. Nos é dada por Deus. A prova de sua existência é a fala. Consiste em três elementos: nefesh, ruach e n'shama.
-          Nefesh - É a força vital. Contém a personalidade e carece de aspectos espirituais. Morre com o corpo.
-          Ruach -  É o espírito. Sobrevive à morte corpórea, porém não é possível saber quanto tempo e até onde. É neste que um dibuk pode penetrar.
-          N'shama - É a "alma sagrada". É eterna, sem princípio nem fim. Todos os homens a tem e a fala provém dela, bem como os sentido e o intelecto.


A Religião Islâmica


Islam é uma palavra de origem árabe que significa submissão, a submissão dos muçulmanos perante a vontade de Deus, ou para eles, Allah. Allah, palavra de semítica, é o nome correto para o Ser Superior, não varia nem em número nem em gênero.

O Islam não crê na idéia do Povo Escolhido segundo cor, classe ou território.

Não se deve dizer que alguém se converteao Islamismo, mas sim, que se reverte, ou seja, retorna à origem, à religião universal, porque segundo o profeta Muhammad (Maomé) todas as crianças nascem muçulmanas (submissas a Allah), porém seus pais as conduzem a suas crenças pessoais.

A religião Islâmica é a apropriada para direcionar o comportamento e regular as atividades humanas por principais três motivos:

1º) O Islam é a religião da humanidade;
2º) O Islam é a religião verdadeira;
3º) O Islam é a religião escolhida por Deus para Seus servos. Não aceitando nenhum outro tipo de culto.


A Morte e a Aniquilação

O enterro de um muçulmano dá-se da seguinte forma: seu corpo é envolto no ihram e levado para a mesquita, onde se recitam preces fúnebres. O respeito ao falecido leva que este seja enterrado o quanto antes num simples túmulo marcado por um pequeno monte de terra.

Morrer significa separar-se da vida. A aniquilação é a total eliminação de algo.

A morte humana é o ingresso para a vida eterna num outro mundo. Morrer não significa término da existência, mas o começo da eternidade. A vida terrena precisa ser aniquilada em favor da vida eterna.

Tudo tende a ser aniquilado e destruído. E com o mundo assim também acontecerá. Vemos isto comprovar-se através da existência de terremotos, meteoros, vulcões, torrentes, ventos assoladores, estrondos e chuvas de pedras. Muitos povos anteriores sofreram a sua aniquilação a partir destes acontecimentos e estes mesmos são uma breve amostra do que será o Dia da Ressurreição. Porém, há um questionamento: esse aniquilamento é mesmo o fim de tudo, ou o início da eternidade?


A Ressurreição e o Juízo Final

Ressurreição é o retorno a uma vida nova após a morte. Parece um tanto impossível, mas segundos os muçulmanos, Deus deu-nos provas de que a ressurreição é possível, afinal, foi Ele quem criou os homens, pode então dar-nos novamente a vida; Ele criou o homem da terra na primeira vez, portanto ainda que o corpo morto vire terra, pode haver ressurreição; Deus é onipotente e seu poder é ilimitado.

 No Dia da Ressurreição (Ya Umul Haxr), quando a trombeta soar pela primeira vez, tudo sumirá, exceto Deus que irá ressuscitar o Anjo Israfil que tocará a trombeta pela segunda vez, onde haverá a ressuscitação de todos os mortos, começando pelo profeta Muhammad que há de se levantar primeiro. Os mortos retornarão assim como morreram, por exemplo, os mártires volverão ensangüentados; e todos ressuscitarão nus.


A Vida após a Morte e a Eternidade


Deus registra as ações de todos os seres: seus atos, suas palavras, as expressões faciais que transmitem sentimentos, a má influência sobre o comportamento de outrem. Cada humano terá de passar pelo julgamento divino após morrer.

Na balança dos atos são levados em conta a juventude, a velhice, a riqueza, a pobreza, a sabedoria e a ignorância, pois estes fatores são capazes de modificar a intenção e o peso da ação praticada.

Não se deve utilizar de mentiras, esquemas ou tomarmos algo que não é nosso para si, pois isto também será julgado no Dia da Ressurreição.

Eternidade refere-se a longa duração, algo perpétuo. Os bons e crentes vão para os Jardins do Éden e os maus e descrentes vão para o inferno tendo penosos castigos.

O Islam entende que para a prática do bem acontecer, existem três fatores primordiais: a obrigação (o homem nasceu para fazer o bem), o estímulo à divulgação do bem entre os muçulmanos e a recompensa (o objetivo comum a todos).

Deus criou os homens e incumbiu-os de serem responsáveis por seus atos; uns foram bem, outros mal. Por isso, é preciso ter outra vida para recompensar o virtuoso e para castigar o malvado.

Outra evidência que justifica a existência de outra vida é a curta estada do ser humano no mundo.

Crer ou não na vida após a morte é fator chave para a conduta do indivíduo, isto é capaz de regular sua vida. Se crê, sabe que sua vida eterna será um recompensa, o verdadeiro sucesso dado por Deus.

O Islam ordena que o homem faça caridade para agradar a Deus, que diga sempre a verdade e exige a transformação e desenvolvimento moral do homem através dos ensinamentos morais do Alcorão. Isso tudo é capaz de tornar o homem responsável por suas ações, tendo assim como encarar Deus frente à Ressurreição.

A vida após a morte tem duas fases: a primeira (Alamul Barzakh) é a que vai desde a morte até a ressurreição e a segunda (Alamul Mahshar) é a que vai da ressurreição até o destino final eterno.

Fazer prece (duá) para os mortos muçulmanos e fazer caridade em seu favor é benévolo: alivia um possível castigo (Azah) ou contribui para a elevação de seu grau.



A Religião Espírita
           
Assim como em todas as religiões, o Espiritismo também é fragmentado em algumas doutrinas diferentes. O espiritismo de cunho politeísta é derivado das religiões primevas vindas da África, sendo os cultos mais conhecidos o da Umbanda, Candomblé e Quimbanda. A abordagem dos próximos itens será segundo o espiritismo monoteísta, a doutrina de Allan Kardec, o Kardecismo.

Os espíritas caracterizam-se principalmente pela existência de um Centro Espírita, onde há a comunicação com os mortos através de médiuns. Este Centro pode ser um Terreiro ou um Centro de Mesa, onde são realizadas as sessões kardecistas.


A Vida e a Morte
           
O fator morte dos seres é o esgotamento de seus órgãos. A matéria se decompõe, toma nova forma e o princípio vital retorna à massa.

O fluido vital pode ser passado de pessoa para pessoa. Os que possuem mais podem ceder aos que tem menos, podendo restabelecer uma vida que estava a se esvair.

A vida do Espírito é eterna, a vida do corpo é apenas uma transição, está de passageira. Assim que o corpo morre, a alma volta à vida eterna, mas essa separação não causa sofrimento ao corpo, em casos, é até um alívio ao Espírito que tenha sofrido muito em vida. O desligamento do perispírito é mais lento para aqueles que tiveram uma vida mais de apego ao material e sensual, enfim, quando o espírito sente afinidade pelo corpo e para aqueles que tiveram uma elevação no pensar, uma vida intelectual e moral, investindo já em vida em sua libertação, o desprendimento é quase instantâneo.

De acordo com a afeição, o Espírito reencontra os parentes e amigos, enfim, pessoas que tiveram afinidades em vida vêm o receber de volta ao mundo dos Espíritos e ajudam a separá-lo dos laços da matéria. Mesmo porque alguns ficam perturbados, tem dificuldade em aceitar ou demoram a entender que já estão mortos: isso varia com o grau de elevação. Essa perturbação pode levar horas, dias meses ou até anos. Geralmente nas mortes violentas, o Espírito se espanta custa a entender sua condição.


A Alma

A união da alma ao corpo inicia-se na concepção, onde o espírito adquire um laço de fluido com o corpo que vai habitar e que está se formando. Esse laço vai se estreitando à medida do crescimento do feto. O grito do nascimento anuncia que o processo se completou e que a criança está entre os vivos.

Assim que ocorre a morte, a alma regressa aos mundo dos espíritos, de onde tinha saído momentaneamente para mais uma encarnação.

Os espíritos mantém sua individualidade através do Perispírito, ou seja, um fluido próprio que retém um pouco da atmosfera de seu planeta e também a aparência da mais recente encarnação. É um envoltório semi-material e não acaba com a morte do corpo, apenas se separa deste gradualmente.

Morrer ainda criança pode significar o complemento de uma vida anterior interrompida ou ainda uma prova para os pais. A alma desta criança pode até ser até mais avançada do que de um adulto, pois pode ter progredido mais.

As pessoas que possuem uma perversidade nata são espíritos inferiores.

O mesmo espírito pode encarnar tanto como homem quanto como mulher.

Os pais não repassam porções de suas almas aos filhos porque a alma é indivisível. Um filho pode ter uma conduta moral extremamente diferente da dos pais. O dever dos pais é desenvolver o espírito dos filhos através da educação.


A Reencarnação

A reencarnação é necessária para a purificação da alma que busca a perfeição. Todas as almas precisam passar por várias existências corporais, porém o número de vezes irá depender da velocidade do progresso espiritual. Sua função e objetivo são a remissão das faltas pelo sofrimento, o aprimoramento da Humanidade. Após chegar de sua última encarnação, o Espírito torna-se o bem-aventurado, um Espírito puro.

Todos os Espíritos tendem a perfeição e Deus lhes proporciona isso através das provas em várias vidas, dando a oportunidade de realizar em uma outra vida o que não puderam ou conseguiram concluir numa existência anterior.

Não é possível para um Espírito regredir numa vida posterior. Os espíritos estão sempre progredindo, mas isso não significa que não possa descer na escala social. Porém, como esse é um processo "evolutivo", um homem mau pode reencarnar como um homem de bem, visto que ele pode ter se arrependido e ganho uma recompensa.

O corpo de uma nova encarnação não possui relação com o anterior. Apesar de que o Espírito se reflete sobre o corpo principalmente sobre o rosto, daí então é bem certo se dizer que os olhos são o espelho da alma.

As idéias inatas nada mais são do que uma lembrança de conhecimentos de encarnações anteriores.

O intervalo das reencarnações varia muito. Geralmente é longo, de horas a séculos, porém alguns poucos reencarnam imediatamente.


A Religião Hindu

Integrante do grupo das mais antigas religiões, o hinduísmo tem como idéia chave a crença num ciclo de nascimentos, mortes e reencarnações e uma permanente busca de libertação deste ciclo.

São mais de 745 milhões de hindus no mundo e a maioria encontra-se na Índia.

É uma religião politeísta e seus deuses mais populares são Vishnu e Shiva, sendo respectivamente o Protetor e o Destruidor. E o mantra OM é um dos principais. E a sempre presente nas figuras, Flor de Lótus, é o símbolo da Alma.


            Deuses relacionados à Morte

A Mãe Divina do Hinduísmo é Devi, que significa "deusa", e ela pode assumir várias formas: a guerreira Kali, a terrível Durga ou ainda a suave Parvati e a religiosa Uma. Como Kali tem o poder de libertar pessoas da reencarnação, pois através da morte é possível escapar do ciclo infindável do renascimento; usa um colar de caveiras, o símbolo da reencarnação. O trecho abaixo faz parte do mito indiano retirado do Livro Ilustrado dos Mitos 6, "A Mãe da Vida e da Morte" que fala sobre esta deusa.

"A deusa Devi é a consorte de Shiva, deus da geração e da destruição. Ela é a mãe de tudo, segurando em suas mãos tanto a alegria quanto a dor, a vida e a morte. Ela é conhecida sob muitos nomes e muitas formas. Como mãe da vida, Devi traz a chuva e protege contra as doenças. É suave e amorosa. Como mãe da morte, ela é terrível. Como Durga, a deusa guerreira de cabelos amarelos, ela é bastante assustadora. Tem oito braços e cavalga nas batalhas contra seus inimigos.
E quando Durga está enraivecida, a deusa Kali salta de sua testa, e não são apenas os malvados que devem correr com medo, mas também os bons. Porque Kali é tão mortal e furiosa que fica inteiramente possuída pela sede de sangue. Se não for detida, espalha a violência pelo mundo inteiro, lutando até que ninguém fique vivo."

O deus hindu da morte é Yama. Ele cavalga um búfalo carregando um laço e uma clava que utiliza para a captura de suas vítimas. É aquele que governa a terra dos mortos e sempre está acompanhado por dois cães de quatro olhos cada. Todas as almas que ingressam no Yamaduta precisa passar pelos cães que estão na entrada do reino. O mensageiro deste deus é o responsável por guiar as almas em sua jornada.


Crenças acerca da Morte
           
As etapas da vida de um hindu, como a morte, são marcadas pelo Samkara, um rito de passagem que destina-se a orientar a pessoa em sua próxima existência. Com referência a morte, geralmente os hindus são cremados numa pira aberta que é acesa pelo filho mais velho de quem faleceu. Os ossos são jogados no Rio Ganges, preferencialmente, para purificar e libertar o espírito da pessoa.

Os Hindus crêem no Samsara, palavra vinda do sânscrito que se refere ao ciclo da morte e do renascimento. E o renascimento depende diretamente do estado espiritual de quando se morre. O Karma é a lei de causa e efeito que governa vida e renascimento. O Karma, bom ou mau, ligado ao fato de haver o Samsara é o que determina a Jati, ou casta social, na vida próxima.

Para libertar-se do Samsara, o hindu visa alcançar o Moksha e portanto entrar em harmonia com o Brahman. Para chegar ao Moksha existem vários caminhos, dos quais estão entre eles: Jnana Marga (caminho da sabedoria), Karma Marga (caminho da ação) e Bhakti Marga (caminho da devoção). Cada caminho requer uma anulação do eu, dos sentidos e de outros aspectos terrenos.

O Brahman é a realidade suprema, é só mente e espírito, não há realidade na substância física. Na mesma proporção do que significa este Brahman para o universo, é Atmã, alma eterna, para uma pessoa. O encontro de Brahman com Atmã conduz ao Moksha, acima mencionado. Jivatmã, é diferente de atmã, pois refere-se à mente e mundo cotidiano.

As escrituras hindus dizem que cada um tem um Dharma, seu dever moral, e que precisa seguí-lo. Os Gurus e filósofos podem ajudar a pessoa a buscar seu Dharma. Ahimsa é o princípio da não-violência e respeito por todos os seres, não seguir isto implica em acumular mau karma.

Existem quatro metas hindus para a vida. A primeira é o prazer (kama), a segunda é a prosperidade (artha), a terceira é o dever moral (dharma) e a quarta é a iluminação (moksha).



A Religião Budista

Sidarta Gautama, ou posteriormente Buda, é o centro desta religião. Ele não é encarado como um deus, mas como um guia espiritual. Buda foi quem conseguiu libertar-se do ciclo da morte e reencarnação quando atingiu a iluminação: o paranirvana. Teve discípulos a quem ensinou as Quatro Nobres Verdades e os Oito Caminhos, ensinamentos estes que combinam moral, meditação e concentração.

Os budistas podem também seguir outra religião, porém sem deixar de lado os preceitos budistas.

Atualmente existem mais de 350 milhões de budistas no mundo e sua maioria encontra-se na Ásia, em destaque no nordeste e sudeste asiático.

O budismo tem vários ramos, entre eles o theravada e o mahayana. Aqui abordado será o budismo mahayana ou tibetano.


Morte
           
O preceito básico dentro da doutrina budista é ter consciência da impermanência e da morte. Parte-se da afirmação de que a morte é certa e que precisamos nos preparar para ela, devemos pois pensar diariamente no sofrimento, quer seja na hora do nascimento ou na hora da morte. O seguidor do Budismo precisa dedicar sua vida à realização de seu Dharma e nunca adiá-lo. É preciso tornar a vida significativa e fazer isso por meio da compaixão. Eles visam uma paz e felicidade eterna, definitiva e não somente uma prosperidade na vida atual, que é efêmera.

A consciência da morte leva a desprender-se de qualquer apego material, uma vez que tudo fica, nada será levado desta vida e deste mundo. Os prazeres mundanos são desprovidos de qualquer relevância.

Encontrar a essência da vida é libertar-se da doença, mortalidade, decadência, medo. É a libertação completa. A onisciência é alcançada.

Ao se chegar no derradeiro dia de vida, nas últimas horas não deve se ter nenhum tipo de arrependimento, remorso ou medo, pois a negatividade na hora da morte pode levar o indivíduo a um próximo renascimento inferior. Para "acalmar" o indivíduo é bom que se mostre imagens de Budas ou bodhisattvas.

Logo após a ocorrência da morte, os seres de mentes virtuosas terão a sensação de passar de escuridão para a luz e não terão sofrimento. Os seres dominados pelo desejo ou rancor terão alucinações e ansiedade. Poderão sentir-se queimando ou adentrando à escuridão. Estas visões e sensações nada mais são que adiantamentos acerca do futuro destes seres.

Ao morrer, a pessoa ingressa no estado intermediário , o bardo. Possui sentidos físicos completos e sua aparência corresponde à seu próximo renascimento. Consegue ver através de objetos, viaja para qualquer lugar mas só são visíveis àqueles da mesma "categoria". O tempo neste estado corresponde a sete dias.

Uma questão sempre pendente é a existência ou não da vida após a morte. Os Budistas crêem nela sim partindo de uma analogia da evidência de que como o pensamento da infância, de anos atrás pode ser recordado, existiu uma consciência anterior a atual. E o instante inicial da consciência não pode vir de algo permanente ou inanimado. As recordações são claras e conhecidas e estas não poderiam vir se não de uma existência anterior. O corpo pode agir influenciando a mente, mas não é a razão primária de suas mudanças. Matéria não se torna mente e o contrário também não se dá. Logo, a mente provém da mente. A mente da vida atual vem da mente da vida anterior e será a base da mente da vida posterior.

           
Renascimento e Refúgio
           
Os Budistas usam a palavra Renascimento em detrimento de Reencarnação.

A "definição" de vida ou morte é dada a partir da relação da consciência e corpo. Quando um está ligado ao outro, tem-se a vida. A morte se dá a partir do momento que  não existe mais essa relação.

Existem vários níveis para o renascimento. O resultado das ações kármicas negativas são determinantes para o renascimento em domínios inferiores de existência, dos quais são renascer como um animal, um fantasma voraz ou um ser demoníaco.

O medo do sofrimento em vidas posteriores motiva o budista a refugiar-se nas Três Jóias: o Buda, o Dharma e o Sangha. Estas Três Jóias são o único meio que podem proteger contra o renascimento em planos inferiores. Buda é o sábio, aquele que orienta; o Dharma é o resultado de sua iluminação, os ensinamentos e o Sangha é a comunidade espiritual, os seguidores de Buda.

Com o refúgio é possível redimir-se de suas más ações, elas podem ser purificadas. Assumir o refúgio é encorpar o objetivo de. alcançar o nirvana, a total libertação, a total onisciência da consciência, a cessação das ilusões.

As experiências podem ser desejáveis ou indesejáveis. O sofrimento, indesejável, é o ciclo da existência, o Samsara, que origina--se a partir das ilusões e ações não-virtuosas. A eterna felicidade, desejável, é atingir o nirvana através da prática do Dharma, o exercício da compaixão e do desapego ao material.


Karma

É a lei da causa e do efeito. Ações negativas levam ao sofrimento, ações positivas levam a felicidade. E a força das ações não se deteriora com o tempo. Ainda que pequena, uma ação pode ganhar um peso de grande importância, quer seja para o bem ou para o mal, o destaque é bem maior para a intenção da realização da ação.

Sorte, segundo o budismo, também tem uma explicação kármica. É o resultado também de suas ações, quer seja das cometidas em vidas passadas ou numa  parte anterior desta mesma vida.

Um treinamento mental é requerido. Uma mente treinada para a realização de bons atos, automaticamente sempre os fará, o karma acumulado, então, será positivo.

As ações são produzidas através do corpo, fala e mente. Através destes, pode-se cometer dez ações positivas e dez negativas. Das dez negativas, três são físicas, quatro verbais e três mentais e estas são estimuladas pelos três venenos: desejo ou apego, rancor e ignorância. A primeira é matar outra pessoa. A segunda é roubar. A terceira é a má conduta sexual. A quarta é falar mentiras. A quinta é fazer conversa divisória e causar discórdia entre pessoas. A sexta é ofensa verbal. A sétima é a fofoca sem sentido. A oitava é a cobiça. A nona é a intenção prejudicial (semelhante à sexta). E a décima, pior de todas, é a visão errônea ou perversa que negam as coisas que existem, inclusive a negação do karma e das Três Jóias.

Todas as ações podem ser purificadas. A aplicação dos Quatro Poderes é capaz de purificar as más ações. O primeiro poder é o arrependimento. O segundo é a purificação através da meditação, de recitar sutras e outras atividades. O terceiro é a decisão de nunca se envolver com más ações. O quarto é o refúgio nas Três Jóias.

Libertar-se do Samsara é possível a todos, mas antes é preciso passar muitas vezes por ele. É preciso renunciar os prazeres de uma só vida, pois estes são efêmeros. Que se dedique toda a vida para se aproximar sempre mais da efetivação do Dharma e a obtenção da eterna felicidade.


A LIGAÇÃO ENTRE AS CONCEPÇÕES RELIGIOSAS DA MORTE

Depois da exposição das versões da morte de cada religião acima descrita, podemos perceber e teorizar de que há uma verdadeira correlação entre todas elas.

Começando pelo caráter da crença em deuses, o Cristianismo, Judaísmo, Islamismo e Kardecismo (acima abordado como crença Espírita) seguem a mesma vertente de um Deus único e criador, a força suprema e soberana de todo o Universo. Em contraste com o Hinduísmo é politeísta, mas com uma característica em particular, de crer em um deus mais poderoso do que os outros, o Brahman. E o Budismo, completamente diferente das demais não possui em sua crença nenhum tipo de deidade.

Para entrar na real discussão da visão sobre a morte, não se pode deixar à margem a idéia de que a religião é algo humano, criação humana e partindo do pressuposto de que todos os homens tendem a pensar de forma semelhante, nada mais lógico que as religiões tenham dogmas e credos parecidos.

O Cristianismo e o Islamismo negam a reencarnação. Após a morte, os bons vão para o Céu e os maus vão para o Inferno. Admitem um Juízo Final, onde haverá a Ressurreição dos Mortos. Neste juízo final, Deus julga os bons e os maus e os conduzem à vida eterna.

O Espiritismo crê na Reencarnação como forma de construção de experiências a cada vida que contribuem para a evolução do ser, assim como o Hinduísmo e o Budismo. Em destaque os hindus e os budistas crêem no Samsara, que é o ciclo dos renascimentos, onde cada nova vida é um passo em busca da iluminação: Nirvana para os Budistas e Moksha para os Hindus.

Essa proximidade entre o Cristianismo e o Judaísmo provém da origem de ambas, assim como o Budismo e o Hinduísmo que também se parecem muito por terem nascido na Índia. Jesus Cristo, o centro da religião cristã, era Judeu. Nada mais natural que o Cristianismo tenha se apropriado de algumas crenças judaicas. Ambos crêem na existência do céu e do inferno e de um julgamento. Porém o Judaísmo crê na possibilidade da reencarnação como castigo ou dívida. A prática do exorcismo é efetuada em ambas. E quanto a escatologia, para ambas haverá a ressurreição.

Desprender-se do material é um dos comportamentos básicos e necessários para uma boa morte e conseqüente desprendimento espiritual tanto para o Kardecismo, quanto para o Budismo e o Hinduísmo. O indivíduo só cresce espiritualmente se dedicar sua vida às boas ações, que refletirão em sua encarnação futura, a diferença, então, aqui se encaixa: para os budistas e hindus crêem que é possível se regredir no renascimento, devido ao acúmulo de karma negativo, o que traz sofrimento e um certo distanciamento da iluminação, já para os Kardecistas, isso não é verdade, o Espírito está em progresso sempre, mesmo se uma vida não for construtiva para o caminho de sua perfeição, ela não acarretará em uma regressão na escala de evolução espiritual.

Muito curioso é poder estabelecer uma relação entre o Budismo e o Cristianismo, que parecem ser tão distantes um do outro, porém são relações de partes aparentemente distantes que comprovam a unicidade da linha do pensamento religioso humano. As dez ações positivas e as dez negativas do Budismo é relacionável aos Dez Mandamentos cristãos, já que dentre as ações negativas, que não devem ser feitas, estão matar e roubar, igualmente nos mandamentos cristãos. É claro que se pode dizer que toda religião não admite roubar ou matar, afinal, não é de boa conduta moral que se faça tal coisa, e que na verdade esta não seria uma ligação tão válida, uma vez que estes atos já são condenáveis independentemente de alguma doutrina religiosa. Mas o curioso é a utilização do número dez: porque exatamente dez ações?

Outro elo entre Budismo e Cristianismo encontra-se na purificação das ações. O que é chamado de ação negativa para os Budistas, podemos classificar como o pecado para os cristãos, já que ambos vão influenciar no destino pós-morte, quer seja para um renascimento ou para o julgamento de Deus. Dentro dos Quatro Poderes budistas que são capazes de purificar as ações, está o arrependimento, que é passível de ligação à prática da confissão dos pecados, uma vez que ao se confessar o cristão demonstra arrependimento, e o Padre lhe recomenda orações como forma de se purificar, justamente, no Budismo, correspondendo ao segundo dos Quatro Poderes: recitar sutras.

Mais uma das comparações curiosas está entre o Hinduísmo e o Judaísmo. Longe de pensarmos que possam ter algo em comum, muito curioso é o fato da palavra shivaencontrar-se nas duas crenças, apesar de terem significados distintos. Divindade hindu, Shiva é o destruidor, que retira a vida para que possa ser recriada; em sua representação, Shiva encontra-se de pé, porém sua perna esquerda está levantada sobre a direita (que está com o joelho flexionado) como se estivesse cruzando-a. Shiva dentro do judaísmo não é divindade alguma, é um "modo de sentar-se": a prática do sentar-se em shiva corresponde a um comportamento que a família de um falecido deve exercer ao retornar do enterro do mesmo. Agora a questão que não conseguiu ser resolucionada em nenhuma consulta às fontes bibliográficas é: qual a relação desta prática do sentar-se em shiva com o Shiva, deus hindu? Surge a mera especulação pessoal: seria sentar-se sobre o destruidor, aquele que causou o sofrimento com a morte do parente? Seria sentar-se como a figura de Shiva, com as pernas cruzadas, como sua imagem figura ser? Ou então seria justamente este período de luto judaico que busca a destruição do pesar, superação da dor pela perda de um ente, para em seguida começar uma "nova vida" com a ausência daquele que se foi? Pois assim como o Shiva hindu, que tira a vida para dar outra, o judeu perdeu um ente (foi então tirado uma vida) para que outra coisa aconteça, que uma vida se renove e tenha outros rumos (uma nova vida). Realmente não se sabe a origem do termo e nem se há alguma relação.

Enfim, as religiões são muito parecidas. Pregam uma vida virtuosa, de pureza, bons atos, não-violência porque estes atos certamente influenciarão no destino após a morte. Crendo quer seja na vida eterna no céu ou no inferno, num ciclo infindável de renascimentos ou em reencarnações, a conduta moral determina o que acontecerá, não importa a religião que se siga, todas fazem esta mesma afirmação.

O que permanece sem resposta é: em qual acreditar? Ou melhor, em o que acreditar? Mesclar todas e criar a própria fé seria errado? Ater-se a um só dogma e negar e criticar a visão das outras não é ser um tanto etnocêntrico?

Ninguém tem a certeza do que acontece e ninguém sabe a verdade. E será que em algum dia poder-se-á saber? O Budismo diz que crê no que Buda ensinou porque ele não teria razões para mentir, todas as religiões assim crêem: seus antecessores, se é que existiram, também não teriam razões para mentir. Mas não existem mais testemunhas. Todos morreram, e todos continuarão morrendo. É preciso crer no que fica escrito. Mas até onde as escrituras são fiéis aos originais? Até onde é possível se saber se houve alguma intervenção da imaginação de um copista, ou se este permaneceu imparcial e leal à escritura autêntica? Quanto mais velha a escritura ou texto sagrado é, maior a dificuldade de se responder estas perguntas. E durante muito tempo, quando a tradição foi oral, a facilidade de alterar o discurso é maior. Quando pararam para reproduzir a tradição oral em registro escrito, a veracidade já encontrava-se comprometida.

Não é uma questão de descrença nas religiões. Esse problema de verossimilidade nos credos é válido à todas. Mas o ser humano precisa ter uma crença, nem que seja a crença ateísta que crê que em nada crê, crêem que tudo que as religiões dizem é mentira, porém a negação já é uma forma de crença.

Please Select Embedded Mode To Show The Comment System.*

Postagem Anterior Próxima Postagem