Biografias de Personalidades de Portugal

Biografias de Personalidades de Portugal 

Conde dos Arcos (D. Marcos de Noronha)Conde dos Arcos (D. Marcos de Noronha)

D. Marcos de Noronha e Brito, oitavo conde dos Arcos de Valdevez, nasceu em Lisboa a 7 de junho de 1771. Ali concluiu sua preparação militar, alcançando o posto de capitão em 1796. Como governador e capitão-general do Grão-Pará e Rio Negro, de 1803 a 1806, realizou melhoramentos urbanos em Belém e estimulou a economia local.

O conde dos Arcos foi o último vice-rei do Estado do Brasil, de 1806 a 1808, pois com a instalação da monarquia portuguesa no Rio de Janeiro o cargo foi extinto.

Nomeado governador e capitão-general da Bahia, em 1809, deu ênfase à educação e à cultura, inaugurando um curso de comércio e outro de medicina e cirurgia; fundou a biblioteca pública e favoreceu a instalação da primeira tipografia, onde foi impresso o jornal A Idade d'Ouro do Brasil; concluiu a construção do teatro São João e da praça do Comércio, atualmente Associação Comercial da Bahia. Na economia, promoveu a navegação no rio Jequitinhonha, o que facilitou o comércio com Minas Gerais, além de difundir máquinas a vapor nos engenhos de açúcar do Nordeste.

Em 1813, reprimiu uma insurreição de escravos muçulmanos (hauçás) em Salvador e no Recôncavo, com condenações à morte, açoite e exílio. Quatro anos depois reprimiu o movimento republicano em Pernambuco. Mandou prender e fuzilar José Inácio de Abreu e Lima, o padre Roma, que tentava aliciar adeptos na Bahia, e presidiu o conselho de guerra que condenou à morte Domingos José Martins, José Luís de Mendonça e Miguel Joaquim de Almeida e Castro, o padre Miguelinho.

Em 1818 regressou ao Rio de Janeiro e integrou o ministério do príncipe-regente D. Pedro, na pasta do Reino e Estrangeiros, mas por exigência da tropa portuguesa foi demitido, suspeito de absolutismo. De volta a Portugal, participou do conselho de Estado, onde apoiou o reconhecimento da independência do Brasil. O conde dos Arcos faleceu em Lisboa a 6 de maio de 1828.

Aquilino Ribeiro
Aquilino Ribeiro
Aquilino Ribeiro nasceu em Carregal da Tabosa, Beira Alta, em 13 de setembro de 1885. Teve uma vida tumultuada pelo ativismo político, desde a época em que estudava filosofia e teologia em Viseu. Foi perseguido e preso várias vezes, uma delas após uma explosão da dinamite que guardava no quarto. Numa de suas fugas para Paris, freqüentou a Sorbonne. Regressou a Lisboa em 1914 e passou a lecionar no Liceu Camões (1914). Posteriormente trabalhou até 1927 na Biblioteca Nacional.

Personalidade inquieta, que a par da luta política produziu vasta obra literária, o português Aquilino Ribeiro distinguiu-se pelo vigoroso regionalismo e pela riqueza de estilo.

Desde o primeiro livro de contos, Jardim das tormentas (1913), Aquilino Ribeiro impôs-se como prosador de grande força expressiva e vocabulário opulento, magnetizado pelo meio rural e pelos tipos populares da Beira. Nos romances Terras do demo (1919), Andam faunos pelos bosques (1926) e nos contos de Estrada de Santiago (1922), sobressaem os traços picarescos e o impulso libertino.

Numa fase posterior, seus livros se tornaram mais documentais e de cenário urbano. Entre os romances dessa fase concentrada na cena lisboeta estão Maria Benigna (1933), Mônica (1939), O arcanjo negro (1947). A fase final, marcada por um estilo mais livre e freqüentemente coloquial, inclui A casa grande de Romarigães (1957) e Quando os lobos uivam (1958). Autor ainda de memórias, ensaios, biografias, traduções e literatura infantil, Aquilino Ribeiro morreu em Lisboa em 27 de maio de 1963.

Antônio SérgioAntônio Sérgio
Antônio Sérgio de Sousa nasceu em Damão, Índia, em 3 de setembro de 1883. Filho de um almirante, só aos dez anos foi para Lisboa. Fez a Escola Naval, mas deixou a Marinha pouco depois de publicar Notas sobre os sonetos e as tendências de Antero de Quental (1908). Com a república, passou a trabalhar firmemente pela "reforma da mentalidade" de seu povo. Com outros intelectuais, fundou o movimento denominado Renascença Portuguesa, cujo jornal, A Águia, abrigava as idéias e ideais do grupo, fundamentalmente voltados para as questões educacionais. Em 1918 lançou a revista Pela Grei, que dirigiu, e a que se seguiram Seara Nova e Lusitânia, nas quais se expressaram facções distintas da mesma perspectiva: a "dos homens livres" e a do "grupo da Biblioteca Nacional".

Escritor, pensador e pedagogo português, Antônio Sérgio dedicou-se à reforma educacional e foi uma das personalidades mais influentes e fecundas de Portugal na primeira metade do século XIX.

No ministério reformista de Álvaro de Castro, em 1923, Antônio Sérgio ocupou a pasta de Instrução Pública, mas quando Salazar assumiu o poder, foi obrigado a exilar-se em Paris. O pensamento de Antônio Sérgio preconiza, na educação, o autogoverno e, na vida econômica, o cooperativismo. Em sua obra, têm importância as obras Educação cívica (1915), os oito volumes dos Ensaios (1920-1958), que reúnem seus principais textos, e Breve interpretação da história de Portugal. Colaborador da Grande enciclopédia portuguesa e brasileira e tradutor de Descartes, Leibnitz, Rousseau e Bertrand Russell, Antônio Sérgio morreu em Lisboa em 26 de janeiro de 1969.

Fernando de Bulhões
Fernando de Bulhões nasceu em Lisboa em 15 de agosto de 1195, numa família de posses. Aos 15 anos entrou para um convento agostiniano, primeiro em Lisboa e depois em Coimbra, onde provavelmente se ordenou. Em 1220 trocou o nome para Antônio e ingressou na Ordem Franciscana, na esperança de, a exemplo dos mártires, pregar aos sarracenos no Marrocos. Após um ano de catequese nesse país, teve de deixá-lo devido a uma enfermidade e seguiu para a Itália. Indicado professor de teologia pelo próprio são Francisco de Assis, lecionou nas universidades de Bolonha, Toulouse, Montpellier, Puy-en-Velay e Pádua, adquirindo grande renome como orador sacro no sul da França e na Itália. Ficaram célebres os sermões que proferiu em Forli, Provença, Languedoc e Paris. Em todos esses lugares suas prédicas encontravam forte eco popular, pois lhe eram atribuídos feitos prodigiosos, o que contribuía para o crescimento de sua fama de santidade.

A profundidade dos textos doutrinários de santo Antônio fez com que em 1946 o papa Pio XII o declarasse doutor da igreja. No entanto, o monge franciscano conhecido como santo Antônio de Pádua ou de Lisboa tem sido, ao longo dos séculos, objeto de grande devoção popular.

A saúde sempre precária levou-o a recolher-se ao convento de Arcella, perto de Pádua, onde escreveu uma série de sermões para domingos e dias santificados, alguns dos quais seriam reunidos e publicados entre 1895 e 1913. Dentro da Ordem Franciscana, Antônio liderou um grupo que se insurgiu contra os abrandamentos introduzidos na regra pelo superior Elias.

Após uma crise de hidropisia, Antônio morreu a caminho de Pádua em 13 de junho de 1231. Foi canonizado em 13 de maio de 1232 (apenas 11 meses depois de sua morte) pelo papa Gregório IX. Sua veneração é muito difundida nos países latinos, principalmente em Portugal e no Brasil. Padroeiro dos pobres e casamenteiro, é invocado também para o encontro de objetos perdidos. Sobre seu túmulo, em Pádua, foi construída a basílica a ele dedicada.

Antônio Raposo TavaresAntônio Raposo Tavares
Antônio Raposo Tavares nasceu em Beja de São Miguel, no Alentejo, Portugal, por volta de 1598. Filho de Fernão Vieira Tavares, governador da capitania de São Vicente, veio para o Brasil em 1618 e se radicou em São Paulo em 1622.

"Temos de expulsar-vos de uma terra que é nossa, e não de Castela", dizia o bandeirante Raposo Tavares, aos espanhóis, para anexar terras ao Brasil. O bandeirante também se destacou nas lutas contra a invasão holandesa.

As bandeiras de Raposo Tavares, classificadas no grupo das despovoadoras, destinavam-se primordialmente a aprisionar indígenas. Asseguraram também a presença portuguesa, evitando a ampliação do domínio espanhol. Sua primeira expedição, em 1627, seguiu para Guaíra. Visava a expulsar os jesuítas espanhóis e anexar terras ao Brasil.

De regresso a São Paulo, exerceu o cargo de juiz ordinário em 1633, função que abandonou no mesmo ano pelo cargo de ouvidor da capitania de São Vicente. Foi então excomungado pelos jesuítas, além de deposto pelo governador. Absolvido pela ouvidoria geral do Rio de Janeiro e reposto no cargo, participou de outra expedição em 1636. Nessa ocasião, dirigiu-se ao Tape, no centro do atual estado do Rio Grande do Sul. Expulsos os jesuítas, Raposo Tavares voltou a São Paulo, onde era considerado herói.

Entre 1639 e 1642, Raposo Tavares dedicou-se a ações militares. Como capitão de companhia, integrou o contingente enviado do sul para prestar socorro às forças sitiadas na Bahia. Em missão semelhante esteve em Pernambuco, onde tomou parte na longa batalha naval contra os holandeses. A última e maior de suas bandeiras, em busca de prata, iniciou-se em 1648 e durou mais de três anos. A expedição, que percorreu dez mil quilômetros, saiu de São Paulo, seguiu pelo interior do continente, atravessou a floresta amazônica e chegou ao atual estado do Pará. Foi a primeira viagem de reconhecimento geográfico em território brasileiro. Raposo Tavares morreu na cidade de São Paulo em 1658.

Antônio, prior do CratoAntônio, prior do Crato
D. Antônio, filho ilegítimo do duque Luís de Beja -- irmão do rei D. João III de Portugal --, nasceu em Lisboa em 1531. Desde tenra idade sentiu-se atraído pela religião e, ainda muito jovem, entrou para a Ordem de São João ou de Malta. Em 1555 alcançou a categoria de prior do Crato. Em 1578, acompanhou D. Sebastião I em sua expedição ao norte da África, onde, na batalha de Alcácer-Quibir, ocorreram a morte do soberano e a prisão do prior. Após ser libertado, Antônio voltou a Portugal e reclamou o trono, mas sua pretensão foi negada por Henrique (o último irmão vivo do rei João) e, depois da morte deste, pelo conselho do reino.

As sucessivas derrotas infligidas por Filipe II ao prior do Crato provocaram a sujeição do reino de Portugal à coroa espanhola. Mas a tenaz resistência de D. Antônio constituiu um exemplo de consciência nacional para as gerações portuguesas vindouras.

Em junho de 1580, o prior do Crato se proclamou rei em Santarém, com o nome de Antônio I. Filipe II da Espanha, que era neto de Manuel I de Portugal por linha materna, enviou a Lisboa um exército comandado pelo duque de Alba. D. Antônio foi derrotado e, em 16 de abril de 1581, as cortes portuguesas de Tomar reconheceram Filipe II como soberano. D. Antônio se refugiou na França, de onde organizou duas expedições navais aos Açores (1582 e 1583), repelidas pela esquadra espanhola. Depois dessas derrotas, o prior foi para a Inglaterra. A rainha Elizabeth I lhe ofereceu ajuda e, em 1589, D. Antônio empreendeu nova expedição, dirigida por Francis Drake, que também terminou em malogro.

Derrotado e doente, D. Antônio retornou a Paris, onde continuou a planejar iniciativas bélicas que nunca veria realizadas. Morreu na capital francesa em 26 de agosto de 1595.

Antônio NobreAntônio Nobre
Antônio Pereira Nobre nasceu no Porto em 16 de agosto de 1867. Estudou no Porto e em Coimbra, e em 1890 seguiu para Paris, onde se formou em direito (1895), época em que conheceu o simbolismo. De volta a Portugal, entrou para a diplomacia, mas não foi nomeado porque, tuberculoso desde criança, sua saúde se agravou. Passando também por sérias dificuldades materiais, era sujeito a crises de melancolia e angústia. A procura da saúde o levou a temporadas em Seixo, viagens à Suíça e a Nova York.

Apresentando quadros da vida popular envolvidos de mistério simbolista, os versos de Antônio Nobre são de uma amarga ironia por trás de uma aparente candura infantil.

A única obra de Antônio Nobre publicada em vida é o volume Só (1892), que ele mesmo disse ser "o livro mais triste que há em Portugal". O título é justificado pelo conteúdo, que reflete sua preocupação exclusivamente consigo próprio. Em "Balada do caixão", faz ironia em torno de sua doença, servindo-se do "dandismo" de Byron. O tom geral é de um pessimismo passivo, uma melancolia complacente. Entre o desespero ("Ah, deixa-me dormir, dormir!") e a vontade de vencer ("Adeus! eu parto, mas volto, breve..."), Nobre sonha evadir-se de Portugal, mas no poema "Lusitânia no Bairro Latino" chora o "Lúgubre outono do mês de abril".

Antônio Nobre cresceu como filho da aristocracia rural decadente. Associando sua fraqueza física ao declínio de sua classe, parece querer revitalizar-se, com o povo e sua matéria viva, seu sangue, seus produtos: "Ó pôr-do-sol de azeite!" Em busca de vida e força, voltou-se para o povo, cantando o sangue vermelho de camponeses e pescadores, a pureza das raparigas do campo, o pitoresco das romarias. Inspirou-se na mitologia popular, nas lendas e romanceiros. Reproduziu a fala dos simples, a ortografia errada dos pregões. Sem ser panfletário, soube deixar bem clara a tragédia dos pobres, e identificou-se com seu sofrimento.

Antônio Nobre morreu em Foz do Douro em 18 de março de 1900. Outros dois volumes de versos, Despedidas (1902) e Primeiros versos (1921), saíram postumamente.

Antônio Feliciano de Castilho
Antônio Feliciano de Castilho
Antônio Feliciano de Castilho nasceu em Lisboa em 21 de janeiro de 1800. Filho de um professor coimbrão, aos seis anos de idade ficou praticamente cego, mas dotado de ótima memória, em 1822 formou-se pela Universidade de Coimbra. Seus primeiros versos são de corte bocagiano e inspiração neoclássica, revelando-se já em Cartas de Eco a Narciso (1821) e Primavera (1822). Nessa fase, escrevendo ou recitando poemas, participou ativamente da política portuguesa. Pouco a pouco, aderiu ao romantismo, especialmente em Amor e melancolia (1828), mas sobretudo em A noite do castelo (1836) e Ciúmes do bardo (1838) que, no entanto, se mantêm algo arcádicos. O romantismo medievalista, marcado pela presença de Herculano, lhe dá os Quadros históricos de Portugal (1839), de estilo rebuscado e intenção educativa.

Escritor empenhado no desenvolvimento social e educacional de sua terra no século XIX, Castilho representa bem o academismo romântico em Portugal.

Castilho dirigiu desde 1842 a Revista Universal Lisbonense. Resulta mais ou menos daí sua identificação cada vez maior com os clássicos e, de outra parte, ante a revolução de 1848, sua face de progressista utópico e de pedagogo: muda-se para São Miguel, nos Açores, preconiza a "fraternidade agrária" e a instrução pública fundada em suas próprias preferências e obras, contribuindo com um método de leitura e um tratado de versificação.

Nos últimos anos, dedicou-se a outra atividade em que muito se destacou: a de tradutor. Castilho traduziu magistralmente autores antigos, como Píndaro, Virgílio e Anacreonte, e os também clássicos Shakespeare, Molière e Goethe. Na Questão Coimbrã (1865), ao lado de Camilo e Ramalho Ortigão, Eça de Queirós e Teófilo Braga, aferrou-se à tradição, adverso a qualquer mudança renovadora na literatura. Morreu em Lisboa, em 18 de junho de 1875.

Antônio Egas MonizAntônio Egas Moniz
Antônio Caetano de Abreu Freire Egas Moniz nasceu em Avança, Portugal, em 29 de novembro de 1874, e formou-se em medicina pela Universidade de Coimbra. Primeiro professor de neurologia da Universidade de Lisboa, função que ocupou de 1911 a 1944, ali desenvolveu a arteriografia, que torna visível os vasos sanguíneos do cérebro pela injeção de substância opaca aos raios X e facilita o diagnóstico de doenças intracranianas.

A criação da lobotomia, operação cerebral indicada em certas psicoses, valeu a Egas Moniz o Prêmio Nobel de medicina de 1949.

Em seus estudos acadêmicos, observou que certas psicoses, como a esquizofrenia degenerativa e a paranóia grave, determinam modelos recorrentes de pensamento que dominam o processo psicológico normal. Propôs então seccionar as fibras nervosas entre os lóbulos pré-frontais, intimamente associados às respostas psicológicas, e o tálamo, centro coordenador de impulsos sensórios, a fim de transformar os modelos mentais dominantes em outros mais normais. Em 1936, realizou a primeira lobotomia, que ressaltou ser processo radical, indicado somente na impossibilidade de outras formas de tratamento, devido a graves efeitos colaterais. Pouco empregada desde a introdução dos tranqüilizantes, a operação permitiu maior conhecimento das funções cerebrais.

Egas Moniz foi deputado em várias legislaturas, entre 1903 e 1917, embaixador em Madri, chefe da delegação portuguesa à Conferência de Paz de Paris (1918-1919) e ministro do Exterior. Escreveu numerosas obras de medicina e de temas diversos ligados à história e à arte. Morreu em Lisboa, em 13 de dezembro de 1955.

Antônio de Salema
Antônio de Salema
Antônio de Salema nasceu em Alcácer do Sal, Portugal. Licenciado em leis por Coimbra, foi professor universitário entre 1565 e 1567 e posteriormente exerceu os cargos de desembargador da Casa de Suplicação e de governador de São Tomé, no oeste da África.

O jurisconsulto e político Antônio de Salema desempenhou papel fundamental na consolidação do Brasil como colônia portuguesa.

Em 1572, após a morte de Mem de Sá, a coroa decidiu-se pela divisão do Brasil em dois governos a fim de facilitar a administração e a defesa da colônia. Salema, residente em Pernambuco desde 1573 como juiz de alçada, foi indicado no ano seguinte governador do Estado do Sul, com sede no Rio de Janeiro. Em Salvador, então capital do Estado do Norte, que fazia divisa com o Sul entre Ilhéus e Porto Seguro, Salema entendeu-se com o governador da parte Norte, Luís de Brito, para que trabalhassem em harmonia. Ao chegar ao Rio de Janeiro, encontrou os franceses instalados em Cabo Frio e aliados, como antes, aos índios tamoios. Com uma força composta de 400 brancos e 700 índios de Araribóia, ajudado por Cristóvão de Barros, Antônio de Mariz e Jerônimo Leitão, Salema atacou os tamoios. Derrotou os inimigos em 1575, depois de matar dois mil índios e prender de oito a dez mil. Em sua fuga para o sertão, os remanescentes depredaram na passagem todas as plantações que encontraram.

De volta a Lisboa em 1583, Salema foi nomeado desembargador dos Agravos. Deixou, manuscrito, um relato de sua campanha contra os franceses, o Tratado da conquista que fez do Cabo Frio contra os franceses e o gentio tamoio que nele estiveram fortificados. Antônio de Salema morreu em Lisboa em 1586.

Antônio de Oliveira SalazaAntônio de Oliveira Salazar
Antônio de Oliveira Salazar nasceu em Vimieiro, Santa Comba Dão, Portugal, em 28 de abril de 1889. Educou-se no seminário de Viseu e cursou a Universidade de Coimbra, onde em 1914 graduou-se em direito e a partir de 1918 ocupou a cátedra de economia política. Expulso em 1919 sob a acusação de conspirar contra o regime republicano, foi posteriormente readmitido. Eleito deputado em 1921 pelo Centro Católico Português, abandonou pouco depois o cargo parlamentar por discordar da instituição.

O Estado Novo criado pelo primeiro-ministro português Salazar impôs um regime autoritário que anulou por 36 anos todas as tentativas de oposição a seu governo.

Em 1926, depois do golpe de estado que depôs o presidente Bernardino Luís Machado Guimarães, foi-lhe oferecido o Ministério da Fazenda. Ocupou o posto apenas durante cinco dias, por lhe serem negados plenos poderes para implantar as medidas econômicas que planejava. Regressou ao ensino e publicou artigos com críticas às contas públicas do estado, cuja crise financeira se agravara após o golpe. Em 1928, o novo presidente, Antônio Oscar de Fragoso Carmona, confiou-lhe novamente a pasta da Fazenda, desta vez com total controle de todas as despesas. Salazar promoveu então uma austera política econômica, com intensificação da pressão fiscal, redução de vencimentos e congelamento de salários, que conseguiu deter os tradicionais déficits orçamentários e estabilizar a moeda. Ganhou assim a confiança dos militares e resistiu a sucessivas remodelações ministeriais.

Em 5 de julho de 1932, Carmona nomeou-o primeiro-ministro, e Salazar, convertido em homem forte de Portugal, promulgou em 1933 a constituição do Estado Novo, referendada por plebiscito, que instaurou um regime inspirado no fascismo italiano, de caráter "unitário e corporativo". A adoção do Estatuto do Trabalho Nacional, que integrava num mesmo organismo, submetido ao controle do governo, as associações operárias e patronais; a criação de organizações paramilitares e da Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE), polícia política com poderes quase ilimitados; a fundação do Secretariado Nacional de Propaganda (mais tarde Secretariado Nacional de Informação); e a fundação da União Nacional, partido único, foram as medidas adotadas por Salazar para consolidar o novo regime que, ainda que conseguisse estabilizar a economia e promover a construção de obras públicas, foi incapaz de impedir a deterioração progressiva do nível de vida.

Durante a guerra civil espanhola, de 1936 a 1939, e a segunda guerra mundial, de 1939 a 1945, Salazar se colocou à frente do Ministério de Assuntos Exteriores. Aprovou em 1937 o governo espanhol do general Francisco Franco, com quem cinco anos mais tarde formou o Pacto Ibérico, pelo qual Portugal e Espanha se declararam a favor de uma política de estrita neutralidade. Conseguiu o ingresso de seu país na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) em 1949 e tentou manter a todo custo as possessões portuguesas de ultramar. Diante da adoção, pelos Estados Unidos e a União Soviética, de uma política anticolonialista, Salazar assumiu em 1961 a direção do Ministério da Guerra, mas sua gestão não conseguiu deter a eclosão de violentos distúrbios nos domínios portugueses de Angola, Moçambique e Guiné.

Incapacitado para desempenhar o cargo de primeiro-ministro após sofrer um derrame cerebral em 1968, foi substituído por Marcelo Caetano. Antônio de Oliveira Salazar morreu em Lisboa em 27 de julho de 1970. O regime por ele instituído sobreviveu por mais quatro anos antes de ser abolido pelo movimento militar de 25 de abril.

Antero de QuentalAntero de Quental
Antero Tarqüínio de Quental nasceu em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, Açores, em 18 de abril de 1842. Iniciou os estudos na cidade natal e aos 16 anos se transferiu para Coimbra, onde logo se destacou no meio estudantil. A religiosidade herdada da mãe e os exemplos do pai e do avô, que sempre se opuseram ao absolutismo, aliados a uma grande sensibilidade, fizeram com que se preocupasse desde cedo com os problemas sociais.

Poeta, pensador e estudioso da história e dos problemas portugueses, Antero de Quental foi o ideólogo socialista da chamada Geração de 1870 e um dos intelectuais que mais influenciaram o pensamento de seu país na segunda metade do século XIX.

Em Coimbra, organizou a Sociedade do Raio, que pretendia renovar o país pela literatura. Em 1861 publicou seus primeiros sonetos. Quatro anos depois, editou as Odes modernas, fortemente influenciadas pelo idealismo hegeliano e o socialismo de Proudhon, em que prega a revolução como uma espécie de cristianismo do mundo moderno. No mesmo ano, teve início a chamada Questão Coimbrã, em que Antero e os poetas de sua geração foram atacados por Antônio Feliciano de Castilho por serem instigadores da revolução intelectual dos estudantes contra o tradicionalismo romântico, político e religioso. Em resposta, Antero de Quental redigiu os opúsculos Bom senso e bom gosto, carta ao Exmo. Senhor Antônio Feliciano de Castilho e A dignidade das letras e as literaturas oficiais, sobre a missão moral e social do escritor.

Após intensa polêmica entre os conservadores e os que, como ele, se opunham às correntes filosóficas então em voga -- o determinismo e o positivismo -- Antero de Quental embarcou para Paris, decidido a aprender tipografia e a viver como operário. Trabalhou dois anos como tipógrafo mas, com a saúde debilitada, regressou a Lisboa em 1868 e iniciou uma fase de intensa militância. Criou com outros literatos, entre eles Eça de Queirós, Ramalho Ortigão e Guerra Junqueiro, o grupo Cenáculo. Foi um dos fundadores do Partido Socialista Português e aderiu à I Internacional. No ano seguinte, fundou o jornal A República, com Oliveira Martins e, em 1872, passou a editar, em colaboração com José Fontana, a revista O Pensamento Social.

Vítima de tuberculose, foi obrigado a permanecer em repouso durante o ano de 1874, mas em 1875 conseguiu reeditar as Odes modernas. Transferiu-se para a cidade do Porto em 1879 e em 1886 publicou sua melhor obra poética, Sonetos completos, de nítido sentido autobiográfico e simbolismo profundo. Em 1891, Antero de Quental regressou a Ponta Delgada. O agravamento da doença, porém, intensificou a tendência depressiva do escritor, que acabou por suicidar-se, na cidade natal, em 11 de setembro de 1891.

José Fernandes Pinto Alpoim
José Fernandes Pinto Alpoim 
José Fernandes Pinto Alpoim nasceu em Viana, Portugal, em 1700, ou na Colônia do Sacramento, em 1698. Como militar e engenheiro, chefiou uma das três tropas da comissão demarcatória das fronteiras do sul e do oeste do Brasil, composta de geógrafos e astrônomos, e organizada em 1752 pelo governador Gomes Freire de Andrada. Participou também do projeto do palácio dos governadores de Ouro Preto MG e transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde foi provedor da Santa Casa de Misericórdia e integrou a junta que governou interinamente. Auxiliar do vice-rei Antônio Álvares da Cunha, conde da Cunha, trabalhou em diversos projetos importantes, dos quais pouco resta hoje: os arcos da Lapa, o dique da ilha das Cobras e o terreiro do Carmo, do qual restam hoje apenas o Paço Imperial e o arco do Teles; e a igreja do Hospício, consagrada posteriormente a Nossa Senhora da Conceição e Boa Morte, único exemplo de cruzeiro em plano octogonal. Participou também da reforma do claustro do mosteiro de São Bento para abertura das janelas do púlpito. Pinto Alpoim morreu no Rio de Janeiro, em 1765 ou 1770.

Uma das principais figuras da arquitetura colonial brasileira, Pinto Alpoim realizou várias obras de engenharia em Minas Gerais e no Rio de Janeiro.

Almeida GarrettAlmeida Garrett
João Batista da Silva Leitão de Almeida Garrett nasceu no Porto, em 4 de fevereiro de 1799. Devido à invasão napoleônica, sua família emigrou para os Açores, onde ele faz os primeiros estudos. Estudou direito em Coimbra (1816) e, empolgado com o liberalismo, chamou a atenção como orador. Em 1823 a contra-revolução absolutista levou-o a se exilar na Inglaterra. Voltou ainda a Portugal, para fazer jornalismo, mas foi preso e de novo seguiu para a Inglaterra. Em 1832 retornava como combatente da causa liberal. Trabalhou como correspondente no Havre e, em Bruxelas, como encarregado de negócios.

Personalidade ligada ao liberalismo, Almeida Garrett foi o iniciador do movimento romântico em Portugal, que renovou a poesia, o teatro e a ficção sobre bases nacionais.

Na Lírica de João Mínimo (1829), sua poesia ainda mostra a inspiração arcádica, mas com Camões (1825) e Dona Branca (1826), poemas narrativos, a tendência liberal e romântica se impõe claramente. Alcança a maturidade e adquire novas dimensões nas peças Um auto de Gil Vicente (1838) e O alfageme de Santarém (1841). Garrett se distingue, então, por uma crescente consciência da autenticidade cultural e histórica que devem ter seus temas e procedimentos dramáticos. Acrescente-se a isso certo retorno à concentração e severidade do teatro clássico, e se chega a obra-prima que é Frei Luís de Sousa (1844), drama de extrema tensão burguesa, a um tempo familiar e política, entre a fatalidade inexorável e as opções humanas. Imprimindo também novo rumo à prosa de ficção, no romance O arco de sant'Ana (1845-1850), Garrett dá um sentido mais crítico à novelística iniciada por Walter Scott.

Em Viagens na minha terra (1846), o escritor atinge surpreendente profundidade psicológica para sua época. A mesma preocupação com a alma portuguesa faz de Folhas caídas (1853) a expressão mais acabada do lirismo romântico no país. Organizador do Romanceiro e cancioneiro geral (1843), tomo I, Almeida Garrett morreu em Lisboa em 10 de dezembro de 1854.

D. Francisco de AlmeidaD. Francisco de Almeida
D. Francisco de Almeida nasceu em Lisboa, por volta de 1450. Depois de ganhar fama em guerras contra os mouros, foi feito vice-rei dos recém-conquistados territórios na Índia, em março de 1505. Com uma poderosa frota de 21 navios, dobrou o cabo da Boa Esperança e, subindo a costa oriental da África, capturou Kilwa (hoje Kilwa Kisiwani, perto da Tanzânia), onde construiu um forte, e a seguir destruiu Mombaça, antes de chegar à Índia e sediar seu governo em Cochim. Resolvido a tornar Portugal a potência máxima no oriente e monopolizar o comércio de especiarias, construiu uma série de fortes. Concluiu um tratado comercial com Malaca (hoje Melaka, na Malásia) e realizou novas explorações, incumbindo seu filho Lourenço de várias delas. Tendo os árabes e seus aliados, os egípcios, desafiado a liderança portuguesa, D. Francisco incendiou e saqueou seus portos, derrotando-lhes a esquadra na costa de Diu, em fevereiro de 1509.

Soldado e explorador, D. Francisco de Almeida foi o primeiro vice-rei da Índia portuguesa e assegurou o domínio luso no oceano Índico.

Quando D. Afonso de Albuquerque chegou a Cochim para substituí-lo, D. Francisco de Almeida, suspeitando da legalidade de sua missão, mandou encarcerá-lo. Em novembro de 1509, porém, foi obrigado a reconhecer a autoridade de Albuquerque e partiu para Portugal no mês seguinte. Ao se abastecer de água em Aguada do Saldanha, perto do cabo da Boa Esperança, foi morto numa escaramuça com hotentotes.

Alexandre Herculano
Alexandre Herculano
Alexandre Herculano de Carvalho e Araújo nasceu em Lisboa em 28 de março de 1810. De família modesta, estudou na Congregação do Oratório e fez curso de diplomática na torre do Tombo. Engajado em manifestações antiabsolutistas, foi perseguido e refugiou-se na Inglaterra e na França, onde se ocupou de pesquisas históricas. Em 1832 voltou a Portugal para formar ao lado dos liberais. À frente do semanário Panorama desde 1837, publicou estudos e a primeira versão de seus contos e romances. De novo na oposição, criticando o governo nos jornais, recolheu em viagem pelo país os Portugaliae monumenta historica (1856-1867; Monumentos históricos de Portugal), sob o patrocínio da Academia Real das Ciências de Lisboa. Desiludido com a política, rejeitou grandes cargos e honrarias, casou-se (1867) e foi morar no campo, como lavrador.

Personalidade das mais significativas da literatura e da história em Portugal no século XIX, Alexandre Herculano foi pioneiro do liberalismo romântico e de um catolicismo renovado.

Liberal e romântico em que a lucidez e a consciência moral estão sempre presentes e atuantes, Alexandre Herculano se mostra um apaixonado pela história de sua terra e pelos costumes de seu povo. Tais características dão autenticidade e elegância a sua ficção histórica e romântica: Eurico o presbítero (1844), O monge de Cister (1848), Lendas e narrativas (1851) e o incompleto O bobo (1878) são livros fundamentais da cultura portuguesa. Herculano foi, além disso, também um historiador rigoroso, preocupado com a veracidade dos dados, a confiabilidade das fontes e com a abordagem econômica e social dos fatos históricos. Sua História de Portugal (1846-1853), em quatro volumes, é um dos mais sérios trabalhos da historiografia européia de seu tempo e focaliza criticamente os primeiros séculos da Idade Média em seu país. Católico de consciência renovada, opôs argumentos científicos a algumas lendas religiosas em suas "Cartas sobre a história de Portugal", na Revista Universal Lisbonense (1842), e enfrentou a Igreja Católica também com Da origem e estabelecimento da Inquisição em Portugal (1854-1859).

Sentimentalmente católico, sobretudo em sua poesia, reunida em A voz do profeta (1836) e A harpa do crente (1838), Alexandre Herculano não aceitava nenhuma forma de absolutismo. Morreu em sua quinta de Val-de-Lobos em 13 de setembro de 1877.

Mariana AlcoforadoMariana Alcoforado
Sóror Mariana Alcoforado nasceu em Beja em 22 de abril de 1640 e viveu no convento franciscano de Nossa Senhora da Conceição. Sua correspondência seria destinada a Noël Bouton, conde de Saint-Léger, mais tarde marquês de Chamilly e marechal de França, que na época esteve em Beja, integrando as tropas que foram ajudar Portugal na luta contra a Espanha.
Tida durante mais de dois séculos como autora de cartas apaixonadas e famosas pela naturalidade, Mariana Alcoforado mereceu a admiração de autores como Racine, Stendhal e Rilke.

As Lettres portugaises (1669; Cartas portuguesas) foram publicadas em Paris por Claude Barbin, que as atribuiu à amante de um "cavaleiro de nível social elevado". Em número de cinco, estão entre as mais comovedoras do gênero. Antecipando o movimento romântico, chamaram a atenção de La Bruyère, Saint-Simon e, mais tarde de Saint-Beuve e outros autores.

Em 1926 foi localizada a concessão do direito de imprimir a coletânea, dada a Gabriel Lavergne de Guilleragues, que aparecia como tradutor para o francês na edição de Colônia (1678). A ele caberia por inteiro, segundo críticos modernos, a autoria da obra. Sóror Mariana morreu em Beja em 28 de julho de 1723.

Afonso de AlbuquerqueAfonso de Albuquerque
Afonso de Albuquerque nasceu na Quinta do Paraíso, perto de Alhandra, entre 1445 e 1462. Em 1503, já navegador tarimbado, esteve em missão na Índia, de onde voltou com sólidos conhecimentos sobre a região. Em 1506, talvez por isso, D. Manuel I o enviou de novo à Índia, confiando-lhe em segredo uma provisão para substituir o vice-rei que lá se achava no cargo, D. Francisco de Almeida.
 
Controlar o comércio da Índia e do sudeste asiático, nos primeiros anos do século XVI, foi o ambicioso plano do estadista e conquistador português Afonso de Albuquerque, segundo vice-rei da Índia e maior responsável pela expansão do poder das feitorias lusas nesse país.

Em 1507 e 1508, antecipando a política que seguiria mais tarde em seu vice-reinado, Albuquerque tentou conquistar Ormuz, à entrada do golfo Pérsico, pois conhecia bem seu valor como porta do comércio oriental com o Mediterrâneo. Ao preparar tal conquista, destruiu o poderio das cidades da costa de Oman. Em setembro de 1507 cercou Ormuz, cujo rei consentiu na construção de uma fortaleza e em pagar tributos ao rei de Portugal. Mas alguns de seus capitães se rebelaram e obtiveram o apoio do vice-rei.

Em dezembro de 1508, quando Albuquerque aportou na Índia, D. Francisco de Almeida se negou a lhe transferir seus poderes, embora já soubesse da provisão real e seu mandato estivesse findo. Em 1509 Almeida prendeu Albuquerque na fortaleza de Cananor, de onde só o marechal Fernando Coutinho, chegando à frente de uma armada de 15 naus, o libertou. Os portugueses dirigiram-se então para Cochim e em 4 de novembro, finalmente, Almeida entregou o cargo a seu sucessor.

Em janeiro de 1510, apesar do fracasso de um ataque a Calicut, feito por ordem levada por Coutinho, que nele morreu, Albuquerque deu início a seu plano para controlar todo o comércio da área. Considerando Cochim insuficiente para sede do império com o qual sonhava, lançou-se à conquista de Goa, mas não obteve sucesso. Uma nova expedição chegou a Goa em 20 de novembro, e cinco dias depois a cidade foi conquistada. Tendo tido o cuidado de mandar passar à espada seus habitantes muçulmanos, que lhe opuseram resistência, Albuquerque instalou em Goa a sede da Índia portuguesa. Além de fortificar a cidade, estimulou o casamento de seus homens com mulheres nativas de castas altas. A conquista fez com que os reis de Cambaia, Calicut e Narsinga procurassem estabelecer relações comerciais pacíficas com os portugueses.

Em seguida, Albuquerque conquistou Malaca, para onde se havia desviado o comércio dos muçulmanos e cujo porto abriu um novo e vasto âmbito de influência para os portugueses. No regresso, após sobreviver a um naufrágio, Albuquerque soube em Cochim, em fevereiro de 1512, que Goa estava sitiada por muitas forças inimigas; mas conseguiu romper o cerco, graças a reforços chegados de Portugal.

Em 1513, após um infrutífero assalto a Áden, Albuquerque comandou a primeira esquadra européia a entrar no mar Vermelho, e em 1514 consolidou o domínio português no Oriente. Em fevereiro de 1515, dirigiu-se com uma armada de 27 naus para Ormuz, onde intimou o rei inimigo a pagar-lhe pesada soma, restituir a fortaleza e entregar toda a artilharia existente.

Na viagem de regresso a Goa, Albuquerque, já doente desde Ormuz, foi cientificado por carta que Lopo Soares de Albergaria, um de seus muitos inimigos, já se encontrava na Índia para substituí-lo como vice-rei. Em 16 de dezembro de 1515, já à vista de Goa, Afonso de Albuquerque morreu na nau que o levava.

Agustina Bessa-LuísAgustina Bessa-Luís
Maria Agustina Bessa-Luís nasceu em Vila Meã, Amarante, em 1922. Descendente de uma das famílias mais antigas do Douro, radicou-se no Porto, isolada do meio literário. Estreou com o romance Mundo fechado (1948) e já em seu terceiro, A sibila (1954), surpreendeu os críticos com um trabalho dos mais inovadores da ficção portuguesa de hoje. Seu material humano é a aristocracia rural do norte, submetida a agudo inventário psicossocial em uma linguagem que se pode dizer, ao mesmo tempo, meticulosamente inventiva, metafísica e regionalista.

Ainda longe do merecido reconhecimento, a ficcionista Agustina Bessa-Luís já foi apontada como "segundo milagre do século XX português", ao lado de Fernando Pessoa.

Apontaram-se logo as características ditas neobarrocas e, na organização do espaço e do tempo ficcionais, assim como na minúcia do exame de situações e personagens, a inspiração de Bergson e de Proust. De escrita caudalosa, que não teme as palavras nem a complexidade dos problemas humanos, a autora afirma que, "para o artista, para o psicólogo, não há almas simples".

Depois de seu segundo romance, Os super-homens (1950), a autora publicou Contos impopulares (1953), vistos por muitos como obras-primas de fantasia expressionista. Seguiram-se os romances Os incuráveis (1956), A muralha (1957), O susto (1958), Ternos guerreiros (1960), O manto (1961), O sermão do fogo (1963). Vêm depois a trilogia de As relações humanas (1964-1966), o díptico A bíblia dos pobres (1967-1970) e O mosteiro (1980).

Yahia Ben YahiaYahia Ben Yahia
Yahia Ben Yahia foi um líder religioso e político judaico de Portugal. Foi nomeado grão-rabino e ministro das finanças do primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques.

Abílio Guerra JunqueiroAbílio Guerra Junqueiro
Abílio Manuel Guerra Junqueiro nasceu em Freixo-de-Espada-à-Cinta, Trás-os-Montes, Portugal, em 17 de setembro de 1850. De família rica e severamente católica, que pretendeu que ele tomasse ordens, formou-se em direito pela Universidade de Coimbra. Depois entrou em contato com os intelectuais do Cenáculo e colaborou na revista Lanterna Mágica. Secretário dos governos de Angra e Viana, chegou a ter na república prestígio político, elegendo-se deputado e representando o país em Berna.

Célebre por sua poesia anticlerical, Guerra Junqueiro obteve em suas sátiras efeitos de caricatura que intensificaram a retórica de seus versos.

Guerra Junqueiro estreou com Mysticae nuptiae (1866), onde já se observa um tanto de sua retórica e panteísmo. Em A morte de D. João (1874) valeu-se da virulência para analisar o don-juanismo. A musa em férias (1879), coleção de poemas, é sensivelmente influenciado por Chansons des rues et des bois (Canções das ruas e dos bosques), de Victor Hugo. Nessa época ingressou no grupo Vencidos da Vida, de que faziam parte Eça de Queirós e Oliveira Martins.

Influências francesas também apontam em sua obra mais conhecida, A velhice do Padre Eterno (1885), sátira anticlerical, contundente pelo humor e caricatura. Em 1891, depois de publicar Finis patriae e Canção do ódio, de sátira política, retirou-se para suas propriedades no Douro, onde se inicia sua evolução para um vago misticismo, caracterizado pela piedade para com os humildes. Isso e mais o gosto pela musicalidade e a variedade formal são as bases do volume de versos Os simples (1892). Guerra Junqueiro morreu em Lisboa em 7 de julho de 1923.

Afonso VI de PortugalAfonso VI de Portugal
Afonso VI de Portugal nasceu a 21 de agosto de 1643 em Lisboa, filho de D. João IV e de D. Filipa de Gusmão. Em 1656, morto D. João IV e seu primogênito, D. Teodósio, Afonso subiu ao trono, mas sua mãe passou a governar o país como regente. A regência prolongou-se até 1662, pois D. Afonso, desde criança hemiplégico e tido como débil mental, não parecia capaz de dirigir o reino.

Celebrado por uma série de vitórias militares contra a Espanha, o reinado de Afonso VI foi marcado por disputas entre seus partidários e os de Pedro, seu irmão. Nesse longo processo, o rei perdeu sucessivamente seu casamento, seu reinado e finalmente a liberdade.

Em 1662 Afonso chamou a si o trono, no bojo de uma manobra liderada por Luís de Vasconcelos e Sousa, terceiro conde de Castelo Melhor, que se tornou sua eminência parda. Em seu governo Portugal reorganizou as finanças e praticamente completou a obra da restauração, vencendo os espanhóis em Ameixial em 1663, Castelo Rodrigo em 1664 e Montes Claros  em 1665.

Contudo, o rei era contestado por seu irmão, o infante D. Pedro, futuro Pedro II, apoiado pela nobreza e beneficiado pela generalizada opinião de que Afonso não teria condições de governar. D. Pedro aliou-se com a mulher de D. Afonso, D. Maria Francisca Isabel de Savóia, que conseguiu o direito de assistir aos conselhos de estado e ajudou a incompatibilizar o rei com Castelo Melhor.

Com o apoio de grande parte da aristocracia e de manifestações de descontentamento popular, D. Maria Francisca e D. Pedro levaram o rei a assinar uma declaração de renúncia ao governo. A 1o de janeiro de 1668, as cortes depuseram formalmente D. Afonso VI e nomearam príncipe regente a D. Pedro.

Anulado o casamento de Afonso VI sob alegação de incapacidade, D. Francisca casou-se com D. Pedro. Quanto a D. Afonso, viveu após a deposição como virtual prisioneiro em Sintra e no arquipélago dos Açores, até sua morte, a 12 de setembro de 1683, em Sintra.

Afonso V de PortugalAfonso V de Portugal
Afonso V nasceu a 15 de janeiro de 1432 em Sintra. Era filho de D. Duarte e da rainha Leonor, filha de Fernando I de Aragão. Sucedeu ao pai com seis anos, ficando Portugal sob a regência de sua mãe e, a partir de 1440, de seu tio D. Pedro, duque de Coimbra, com cuja filha, Isabel, Afonso se casou.

Conquistador de Alcácer Ceguer, Arzila e Tânger, Afonso V foi apelidado Afonso o Africano e se intitulou rei de Portugal "de aquém e além mar em África". Invadiu também Castela, tentando unir sua coroa à de Portugal.

D. Pedro favoreceu o fortalecimento do poder central, de que foram instrumento as Ordenações Afonsinas, e que interessava à burguesia mercantil empenhada nas grandes navegações. D. Afonso, porém, aderiu à aristocracia rural, que se opunha a esse projeto. Em 1448, afastou o tio da regência. Relegou-se então a segundo plano o projeto de exploração da costa africana e deu-se prioridade à expansão portuguesa em Marrocos. Assim, D. Afonso interveio no norte da África, tomando Alcácer Ceguer em 1458, além de Arzila e Tânger em 1471.

Depois da morte de Leonor, Afonso V casou-se com Joana a Beltraneja, filha de Henrique IV de Castela, e passou a apoiá-la na disputa pelo trono de Castela contra seus tios Isabel e Fernando, os reis católicos, que então pugnavam pela centralização do poder espanhol e apoiavam os decobrimentos marítimos. Afonso V atacou Castela em 1475 mas, derrotado em Toro no ano seguinte, abdicou em favor de seu filho João, mais tarde João II. Morreu em Sintra, em 28 de agosto, antes que as cortes portuguesas pudessem ratificar sua abdicação.

Afonso I HenriquesAfonso I Henriques
Afonso I Henriques nasceu em Guimarães, em 1111. Seu avô Afonso VI, imperador de Leão, concedera o "condado portucalense" ao pai de Afonso, Henrique de Borgonha. Henrique casou-se com a filha ilegítima de Afonso VI, D. Teresa, que governou o condado desde 1112, ano da morte do marido, até a maioridade do filho. Recusou-se então a passar-lhe o cetro, mas Afonso Henriques tomou o partido dos barões da região sul do rio Minho, que exigiam da rainha uma política mais autônoma em relação ao suserano leonês, e D. Teresa foi derrotada na batalha de São Mamede, perto de Guimarães, em 1128. Conquanto obrigado no começo a prestar vassalagem a seu primo Afonso VII de Leão, em 1139 ele assumiu o título de rei.

Durante seu longo reinado, o primeiro rei português conquistou Santarém e Lisboa aos muçulmanos (1147) e assegurou a independência de seu país em luta contra os leoneses (1139).

Com a vitória na batalha de Ourique, no mesmo ano, Afonso Henriques impôs tributo aos vizinhos muçulmanos. Em 1147, um ano depois de se casar com D. Mafalda, filha de Amadeu III, conde de Sabóia, sitiou com êxito Lisboa, e declarou-a capital de seu reino. Depois, levou suas fronteiras além do Tejo, anexando Beja em 1162 e Évora em 1165. Em 1169, num ataque a Badajoz, em que os muçulmanos foram socorridos por seu genro, Fernando II, Afonso Henriques quebrou uma perna e foi aprisionado pelo rei leonês, que o libertou mediante a restituição de terras anteriormente conquistadas na Galiza.

Em 1184, através de seu filho e sucessor Sancho, Afonso Henriques obteve notável vitória sobre os muçulmanos do emir Yusuf Abu Jaoub. Afonso I morreu em Coimbra, em 1185, depois de ver consolidados os alicerces da monarquia lusa, dando forma a um dos primeiros estados europeus.

Afonso de Albuquerque Afonso de Albuquerque 
Afonso de Albuquerque nasceu na Quinta do Paraíso, perto de Alhandra, entre 1445 e 1462. Em 1503, já navegador tarimbado, esteve em missão na Índia, de onde voltou com sólidos conhecimentos sobre a região. Em 1506, talvez por isso, D. Manuel I o enviou de novo à Índia, confiando-lhe em segredo uma provisão para substituir o vice-rei que lá se achava no cargo, D. Francisco de Almeida.

Controlar o comércio da Índia e do sudeste asiático, nos primeiros anos do século XVI, foi o ambicioso plano do estadista e conquistador português Afonso de Albuquerque, segundo vice-rei da Índia e maior responsável pela expansão do poder das feitorias lusas nesse país.

Em 1507 e 1508, antecipando a política que seguiria mais tarde em seu vice-reinado, Albuquerque tentou conquistar Ormuz, à entrada do golfo Pérsico, pois conhecia bem seu valor como porta do comércio oriental com o Mediterrâneo. Ao preparar tal conquista, destruiu o poderio das cidades da costa de Oman. Em setembro de 1507 cercou Ormuz, cujo rei consentiu na construção de uma fortaleza e em pagar tributos ao rei de Portugal. Mas alguns de seus capitães se rebelaram e obtiveram o apoio do vice-rei.

Em dezembro de 1508, quando Albuquerque aportou na Índia, D. Francisco de Almeida se negou a lhe transferir seus poderes, embora já soubesse da provisão real e seu mandato estivesse findo. Em 1509 Almeida prendeu Albuquerque na fortaleza de Cananor, de onde só o marechal Fernando Coutinho, chegando à frente de uma armada de 15 naus, o libertou. Os portugueses dirigiram-se então para Cochim e em 4 de novembro, finalmente, Almeida entregou o cargo a seu sucessor.

Em janeiro de 1510, apesar do fracasso de um ataque a Calicut, feito por ordem levada por Coutinho, que nele morreu, Albuquerque deu início a seu plano para controlar todo o comércio da área. Considerando Cochim insuficiente para sede do império com o qual sonhava, lançou-se à conquista de Goa, mas não obteve sucesso. Uma nova expedição chegou a Goa em 20 de novembro, e cinco dias depois a cidade foi conquistada. Tendo tido o cuidado de mandar passar à espada seus habitantes muçulmanos, que lhe opuseram resistência, Albuquerque instalou em Goa a sede da Índia portuguesa. Além de fortificar a cidade, estimulou o casamento de seus homens com mulheres nativas de castas altas. A conquista fez com que os reis de Cambaia, Calicut e Narsinga procurassem estabelecer relações comerciais pacíficas com os portugueses.

Em seguida, Albuquerque conquistou Malaca, para onde se havia desviado o comércio dos muçulmanos e cujo porto abriu um novo e vasto âmbito de influência para os portugueses. No regresso, após sobreviver a um naufrágio, Albuquerque soube em Cochim, em fevereiro de 1512, que Goa estava sitiada por muitas forças inimigas; mas conseguiu romper o cerco, graças a reforços chegados de Portugal.

Em 1513, após um infrutífero assalto a Áden, Albuquerque comandou a primeira esquadra européia a entrar no mar Vermelho, e em 1514 consolidou o domínio português no Oriente. Em fevereiro de 1515, dirigiu-se com uma armada de 27 naus para Ormuz, onde intimou o rei inimigo a pagar-lhe pesada soma, restituir a fortaleza e entregar toda a artilharia existente.

Na viagem de regresso a Goa, Albuquerque, já doente desde Ormuz, foi cientificado por carta que Lopo Soares de Albergaria, um de seus muitos inimigos, já se encontrava na Índia para substituí-lo como vice-rei. Em 16 de dezembro de 1515, já à vista de Goa, Afonso de Albuquerque morreu na nau que o levava.

Adolfo Casais MonteiroAdolfo Casais Monteiro
Adolfo Casais Monteiro nasceu na cidade do Porto em 4 de julho de 1908. Formou-se em história e filosofia em sua cidade, e em pedagogia em Coimbra. Integrou o movimento de renovação literária liderado pela revista coimbrã Presença (1927-1941), que dirigiu a partir de 1930. Também foi diretor do Mundo Literário, de Lisboa. Mudou-se para o Brasil em 1954 e a partir de 1962 lecionou teoria da literatura em Araraquara SP.

Um dos diretores da revista Presença, em que colaboraram Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro e Manuel Bandeira, o poeta e crítico português Adolfo Casais Monteiro se empenhou em valorizar e divulgar a criação literária brasileira em seu país.

A reflexão sobre a noite, identificada com a elaboração poética, alcança envolvente significado na poesia de Casais Monteiro, principalmente em Canto da nossa agonia (1941), Noite aberta aos quatro ventos (1943), Vôo sem pássaro dentro (1954) e Poesias completas (1969). É valiosa a contribuição do teórico e ensaísta em obras como Clareza e mistério da crítica (1961) e A poesia contemporânea (1977), além de estudos sobre a obra de Fernando Pessoa. Casais Monteiro morreu em São Paulo em 24 de julho de 1972.

Abílio Guerra JunqueiroAbílio Guerra Junqueiro
Abílio Manuel Guerra Junqueiro nasceu em Freixo-de-Espada-à-Cinta, Trás-os-Montes, Portugal, em 17 de setembro de 1850. De família rica e severamente católica, que pretendeu que ele tomasse ordens, formou-se em direito pela Universidade de Coimbra. Depois entrou em contato com os intelectuais do Cenáculo e colaborou na revista Lanterna Mágica. Secretário dos governos de Angra e Viana, chegou a ter na república prestígio político, elegendo-se deputado e representando o país em Berna.

Célebre por sua poesia anticlerical, Guerra Junqueiro obteve em suas sátiras efeitos de caricatura que intensificaram a retórica de seus versos.

Guerra Junqueiro estreou com Mysticae nuptiae (1866), onde já se observa um tanto de sua retórica e panteísmo. Em A morte de D. João (1874) valeu-se da virulência para analisar o don-juanismo. A musa em férias (1879), coleção de poemas, é sensivelmente influenciado por Chansons des rues et des bois (Canções das ruas e dos bosques), de Victor Hugo. Nessa época ingressou no grupo Vencidos da Vida, de que faziam parte Eça de Queirós e Oliveira Martins.

Influências francesas também apontam em sua obra mais conhecida, A velhice do Padre Eterno (1885), sátira anticlerical, contundente pelo humor e caricatura. Em 1891, depois de publicar Finis patriae e Canção do ódio, de sátira política, retirou-se para suas propriedades no Douro, onde se inicia sua evolução para um vago misticismo, caracterizado pela piedade para com os humildes. Isso e mais o gosto pela musicalidade e a variedade formal são as bases do volume de versos Os simples (1892). Guerra Junqueiro morreu em Lisboa em 7 de julho de 1923.

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