Diógenes Laertius

Diógenes Laertius

Diógenes LaertiusPírron afirmava que nada é honroso ou vergonhoso, nada é justo ou injusto, e aplicava igualmente a todas as coisas o princípio de que nada existe realmente, sustentando que todos os atos humanos são determinados pelos hábitos e pelas convenções, pois cada coisa não é mais isto que aquilo. Sua vida foi coerente com sua doutrina: o filósofo não saía de seu caminho por coisa alguma e não tomava qualquer precaução; ao contrário, mostrava-se indiferente em face de todos os perigos que se lhe deparavam, fossem eles carros, precípicios ou cães, nada deixando ao arbítrio dos sentidos. Mas, de acordo com o testemunho de Antígonos de Caristos, eram os amigos, seus acompanhantes habituais, que o salvavam dos perigos.

Pírron mantinha sempre a compostura, de tal maneira que, mesmo quando alguém o deixava no meio do discurso, ele terminava o que tinha a dizer embora fosse a única pessoa restante, apesar de na juventude haver sido inquieto. Freqüentemente – acrescenta a mesma fonte – saía de casa sem prevenir ninguém, e andava sem rumo com qualquer pessoa que encontrasse. Quando em certa ocasião Anáxarcos caiu num pântano, Pírron continuou a caminhar sem o ajudar. Alguém lhe reprovou o comportamento, porém o próprio Anáxarcos louvou-lhe a indiferença e impassibilidade.

Diógenes LaertiusConta-se ainda que quando lhe foram aplicados medicamentos cáusticos ou teve de sofrer incisões ou cauterizações por causa de um ferimento, não contraiu sequer as sobrancelhas.

E Fílon, ateniense, seu amigo íntimo, dizia que Pírron mencionava com muita freqüência Demôcritos, e depois Homero; que admirava, e de quem costuma citar o verso: "A estirpe dos homens é como a das folhas." E o elogiava também por comparar os homens às vespas, às moscas e aos pássaros, citando igualmente os seguintes versos: "Então, amigo, morre também! Por que choras assim? Pátroclos também morreu, e tinha muito mais valor que tu", e todos os trechos alusivos à precariedade da condição humana, à imutabilidade dos propósitos e à loucura infantil dos homens. 

Poseidônios conta igualmente dele o seguinte episódio. Enquanto seus companheiros de viagem numa nau estavam nervosos por causa de uma tempestade, Pírron permanecia tranqüilo e confiante, apontando para um porquinho que continuava a comer e acrescentando que aquela imperturbabilidade era um exemplo para o comportamento do sábio."
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