História da População Brasileira

História da População Brasileira

História da População Brasileira
Até 1872 existem apenas estimativas sobre a população brasileira feitas por diversos autores e baseadas nas fontes disponíveis: registros paroquiais, listas de moradores das capitanias, censos provinciais, entre outras. De 1872 em diante é possível contar com os dados oficiais dos recenseamentos gerais, depois chamados de censos demográficos, realizados regularmente a cada década, exceto nas de 1910 e 1930. O estudo dos censos permite acompanhar o processo histórico da população brasileira e avaliar as tendências demográficas atuais do país.

População colonial – A população brasileira começa a ser constituída durante o período da colonização. Na sua origem, além dos colonos portugueses, estão os índios americanos e os negros africanos. As principais estimativas referentes à população indígena à época do descobrimento são muito diversas entre si, variando de 1 milhão a 3 milhões de indivíduos. O certo é que essa população declina rapidamente com a colonização, em função das doenças, da fome e das guerras de extermínio. Supõe-se que, até a independência, dois terços dos nativos já haviam sido eliminados. Quanto aos negros, as estimativas também são variadas. Calcula-se entre 3,5 milhões e 4 milhões de indivíduos trazidos da África para o Brasil pelo tráfico de escravos, sendo 1,5 milhão na sua última fase, entre 1800 e 1850.

História da População BrasileiraDois aspectos se destacam na evolução demográfica brasileira nesse período. O primeiro é o grande salto da população no século XVIII, decorrente do incremento da imigração colonial portuguesa e do tráfico africano provocado pela mineração de ouro e diamante no Sudeste e Centro-Oeste. O segundo é o crescimento da população mestiça gerado pela miscigenação de brancos e índios e de brancos e negros, decorrente da alta taxa de masculinidade da imigração colonial e do tráfico africano, estimulada pela política natalista da metrópole interessada em ocupar mais rapidamente o território da colônia. Calcula-se que por volta de 1800 os mestiços (mulatos e caboclos) já representam de 20% a 30% da população total.

Crescimento acelerado – Ao longo do século XIX, a população aumenta 4,8 vezes, passando de cerca de 3,5 milhões de habitantes em 1800 para 17 milhões em 1900. E no século XX aumenta 9 vezes, aproximando-se hoje de 160 milhões de habitantes.

Durante todo o século XIX e primeira metade do século XX, os fatores desse crescimento acelerado continuam sendo principalmente externos: o tráfico de escravos africanos até 1850 e a forte imigração entre 1870 e 1960. Nesse período vêm para o país cerca de 5 milhões de estrangeiros. Portugueses, italianos, espanhóis, alemães e japoneses são os grupos mais numerosos, atraídos para a lavoura cafeeira do Sudeste e para as áreas de colonização pioneira do Sul.

A partir das décadas de 50 e 60, com o encerramento da grande imigração européia e asiática, os fatores do crescimento populacional passam a ser basicamente internos: manutenção de taxas elevadas de fecundidade e natalidade e declínio acentuado da taxa de mortalidade. Em 1900, a mortalidade é de 29 por mil habitantes e o crescimento natural, de 1,6%; em 1960, a mortalidade cai para 14 por mil e o crescimento natural sobe para 2,9%. Essas taxas são resultado de melhores condições de vida e saúde pública da população (principalmente saneamento básico e vacinação preventiva) que fazem também com que a esperança de vida média do brasileiro passe dos 33 anos do início do século para 55 anos entre 1960 e 1970. Com esse crescimento demográfico, o Brasil entra para a lista dos países mais populosos do mundo.

O aumento acelerado reflete-se ainda nos índices de densidade demográfica. Se em 1800 a densidade demográfica brasileira era de 0,4 hab./km², hoje a média é de 18,4 hab./km². Enquanto na Região Norte, por exemplo, a densidade demográfica permanece abaixo de 3 hab./km², na Região Sudeste ela está acima de 70 hab./km².

Urbanização – Outro aspecto determinante do crescimento e da formação da população brasileira é o alto grau de urbanização que ela adquire nos últimos 50 anos. Em 1940, a população urbana representa 30% da população total; em 1970, ela já alcança 55%; hoje passa de 75%. Esses números indicam que o aumento da população urbana vem sendo ainda mais acelerado que o do conjunto da população. As origens do fenômeno estão ligadas ao processo geral da industrialização, intensificada a partir dos anos 40 e 50.

O incremento das atividades industriais faz crescer o mercado de trabalho urbano e leva para as cidades médias e grandes boa parte da força de trabalho ociosa ou subocupada nas áreas rurais e semi-rurais. A indústria dá impulso ao êxodo rural e direciona as grandes correntes migratórias do Norte e Nordeste para o Sudeste. As cidades incham com esse afluxo populacional - caso de São Paulo, que de 1,5 milhão de habitantes em 1940 passa a 10 milhões em 1990, além de outros 9 milhões que gravitam à sua volta nos 39 municípios da área metropolitana. Apesar do agravamento dos problemas das cidades, a urbanização traz benefícios econômicos e sociais, como a melhora dos serviços de infra-estrutura e a ampliação dos serviços de saúde e educação para maiores parcelas da sociedade. Dessa forma, acaba contribuindo para a queda da mortalidade - inclusive infantil -, para o aumento da expectativa de vida, hoje em torno de 67 anos, e para a elevação do crescimento natural da população.

Tendências demográficas atuais – Nas duas últimas décadas, porém, o crescimento da população brasileira vem dando sinais de desaceleração. Entre 1980 e 1991, segundo os censos, o crescimento foi de 23% (119 para 146 milhões de habitantes), enquanto entre 1960 a 1970 tinha sido de 32% (de 70 milhões para 93 milhões de habitantes). Também a taxa de crescimento anual vem caindo: passa de quase 3% na década de 50 para 1,6% na década de 90. Com isso, a população vem envelhecendo: diminui o grupo etário de 0 a 10 anos (de 38% para 34% entre 1980 e 1991) e aumenta o de 65 anos e mais (de 4% para 4,8% no mesmo período). Do ponto de vista demográfico, a desaceleração do crescimento e a recomposição etária da população brasileira decorrem da menor fecundidade das mulheres, que geram menos filhos, e do declínio continuado da taxa de mortalidade. Assim, estreita-se a base e alarga-se o vértice da pirâmide demográfica, enquanto a população absoluta tende a crescer em ritmo menor a cada ano. De um ponto de vista mais amplo, essas tendências demográficas resultam de transformações econômicas, sociais e culturais profundas: mudança na estrutura familiar (famílias com menor número de filhos, mas com maiores encargos familiares), inserção cada vez maior da mulher no mercado de trabalho, mais tempo dedicado à preparação profissional, maiores exigências pessoais de atividades culturais e de lazer, entre outras. Essas mudanças apontam para a consolidação de padrões de comportamento típicos das sociedades e culturas urbanas, o que indica que as atuais tendências demográficas brasileiras devem continuar a prevalecer nos próximos anos.

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