História do Cinema no Brasil e no Mundo

História do Cinema no  Brasil e no Mundo

HISTÓRIA DO CINEMA
A origem do cinema está relacionada com a antiga necessidade do homem em registrar o movimento, demonstrada pelo próprio surgimento da pintura na Antiguidade. Pode-se dizer, entretanto, que a mais primordial tentativa de fazer algo mais dinâmico, próximo à ideia de cinema, foi registrada na China por volta de 5000 a.C. Tratava-se de um teatro de sombras, no qual objetos recortados eram manipulados para representar heróis, dragões e príncipes.

Ao longo do tempo, diversas invenções e melhoramentos tecnológicos possibilitaram a criação de aparelhos capazes de captar e registrar o movimento. Entre estes melhoramentos, podemos citar a câmara escura, princípio desenvolvido por Leonardo Da Vinci no século XVI, além da lanterna mágica, máquina criada por Athanasius Kirchner durante o século XVII capaz de projetar imagens desenhadas em lâminas de vidro.

No entanto, foi o fenômeno da persistência retiniana, descoberto pelo inglês Peter Mark Roger em 1826, e o desenvolvimento da fotografia por Louis-Jacques Daguerre e Joseph Nicéphore Niepce na mesma época que deram o pontapé inicial para a criação das filmadoras. A partir daí, diversos equipamentos foram idealizados ao longo do século XIX, até que em 1895 os irmãos Auguste e Louis Lumière criaram uma máquina capaz de registrar o movimento por meio do uso de negativos perfurados. Embora a mesma funcionasse à manivela, dispensou a utilização de várias câmeras fotográficas para registrar a imagem, aspecto que o tornou a mais arcaica das filmadoras.

Os primeiros filmes da história eram bastante simples, filmados ao ar livre e se resumiam em ficções e documentários. Entretanto, vale ressaltar que todas as obras cinematográficas não tinham áudio, apenas a imagem. O cinema falado como conhecemos hoje só foi possível a partir do desenvolvimento do som no final do século XIX. A primeira obra com música e efeitos sonoros sincronizados foi “Don Juan”, em 1926. A partir daí, os filmes sonorizados se consolidaram com facilidade. Três anos depois, em 1929, mais da metade das películas norte-americanas já contavam com a experiência da sonorização.

A ascensão da indústria cinematográfica americana se deu logo após a Primeira Guerra Mundial e o declínio do cinema europeu. A consolidação de Hollywood como principal reduto de empresas do ramo cinematográfico se deu a partir da década de 20, com a criação de novos gêneros, como policial, de terror, a comédia, entre outros.

Cronologia do Cinema Mundial
150 a. C. – O jogo de sombras, surgido em países como China e Indonésia, é um dos precursores do cinema. Por meio de imagens projetadas na luz, reproduzem-se os movimentos de seres humanos e animais.

Século XV – A câmara escura criada por Leonardo Da Vinci e a lanterna mágica, uma caixa com uma lâmpada usada para projetar desenhos, introduzem alguns princípios do que viria a ser o cinema.

1832-1894 – Várias máquinas são inventadas antes de se chegar ao cinema como é conhecido hoje. Thomas Edison sintetiza essas experiências em seu cinetoscópio (1893), aparelho que permite a um único espectador assistir à projeção de um filme num visor. A partir de 1894, o pioneiro Edison filma em local fechado e monta o Black Maria, o primeiro estúdio norte-americano.

1895 – Com a invenção do cinematógrafo pelos irmãos franceses Louis e Auguste Lumière, eles se tornam os primeiros a conseguir passar o filme num ritmo constante por meio de uma película perfurada nas laterais, puxadas por uma engrenagem que
permite projetar as imagens numa tela. A primeira sessão de cinema tem lugar num café de Paris em 28 de dezembro. A programação reúne nove filmes curtos, entre eles A Chegada do Trem à Estação de Ciotat.

1896 – Georges Méliès realiza na França os primeiros filmes de ficção, na maioria teatro filmado, como A Escamoteação de uma Dama. Desenvolve diversas técnicas de filmagem e constrói um estúdio em Montreuil, nos arredores de Paris. É também o autor da ficção científica Viagem à Lua, um sucesso comercial.

1903 – O norte-americano Edwin Porter, com O Grande Roubo do Trem, inaugura o filme de mocinho e bandido e abre caminho para gêneros como o policial e o faroeste.

1910 – O diretor e ator francês Max Linder cria o primeiro tipo cômico do cinema em filmes como Max Toma Banho.

1913 – Surge em Nova York, nos Estados Unidos, a primeira sala especialmente construída para a projeção de filmes. A partir daí, as salas de cinema multiplicam-se.

1915 – O francês Louis Feuillade cria Fantomas, o primeiro seriado policial. Na Itália, Giovanni Pastrone roda as primeiras superproduções épicas e históricas, entre elas Cabíria (1914).

1914-1918 – Com a I Guerra Mundial, assiste-se ao declínio da produção européia e à ascensão dos filmes norte-americanos, com o estabelecimento do cinema espetáculo. Um grupo de produtores cinematográficos instala-se no povoado de Hollywood, ao
lado de Los Angeles, e nasce ali a meca do cinema e os grandes estúdios, como a Fox (1916). Autor de épicos como Nascimento de uma Nação e Intolerância, David Griffith é o responsável pela consolidação da linguagem do cinema. É um dos primeiros a utilizar intencionalmente o close, a montagem paralela (mostrar duas ou mais situações simultâneas por meio de cortes), os suspenses e os movimentos de câmera. Há um intenso desenvolvimento da comédia em torno de nomes como Mack Sennett, Buster Keaton, Harold Lloyd e Charles Chaplin.

1918 – Na França ocorre a primeira fase expressionista, inspirada na luminosidade da pintura, que tem como representantes os cineastas Abel Gance (Napoleão) e Jean Epstein (A Queda da Casa de Usher).

1919 – O expressionismo alemão ganha reconhecimento internacional a partir desse ano, apesar de haver surgido em 1910. Os filmes mostram o estado de alma dos personagens e traduzem as angústias e as frustrações do país após a derrota na I Guerra
Mundial. O espírito do movimento é exposto com fidelidade em O Gabinete do Dr. Caligari (1919), de Robert Wiene. Outros diretores são Fritz Lang (Dr. Mabuse, o Jogador; Metrópolis; M, o Vampiro de Dusseldorf); Friedrich Wilhelm Murnau (Nosferatu); Ernst Lubitsch (Madame Du Barry); e George Wilhelm Pabst (A Caixa de Pandora).

1921 – Na recém-criada União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), o grupo Kinoglaz (Cine-Olho), de Dziga Vertov, constrói o cinema documental ao registrar o dia-a-dia soviético. O cinema é considerado instrumento de difusão dos ideais revolucionários. Cineastas como Serguei Eisenstein (O Encouraçado Potemkin), Vsevolod Pudovkin (A Mãe) e Aleksandr Dovjenko (Ivan) filmam a revolução e criam uma inovadora prática de montagem: enquanto o cinema hollywoodiano adota uma montagem quase imperceptível, o grupo soviético propõe uma articulação de planos visível ao espectador. O objetivo é revelar a união de diferentes imagens e assim estabelecer novos significados para o que se vê na tela.

1927 – A Warner Bros lança O Cantor de Jazz, de Alan Crosland, com Al Jolson. É o primeiro filme com passagens faladas e cantadas. No ano seguinte, Brian Foy dirige Luzes de Nova York, a mais antiga fita inteiramente falada.

1928 – Na década de 1920, a vanguarda francesa, representada por nomes como Luis Buñuel (Um Cão Andaluz, L’Âge d’Or), René Clair (A Nós a Liberdade) e Jean Vigo (À Propos de Nice), dedica-se a filmes experimentais, inspirados em movimentos artísticos, como o dadaísmo, o cubismo e o surrealismo.

1928 – Na Dinamarca, o grande representante é Carl Dreyer, que roda na França O Martírio de Joana d’Arc. Na Suécia, Victor Sjöström (Mulher Divina) produz uma obra marcada por intenso lirismo.

1934 – Na França, Jean Vigo realiza L’Atalante, que aborda problemas sociais com um traço de lirismo. Nessa linha estão também Jean Renoir (A Grande Ilusão) e Marcel Carné (Cais de Sombras).

1934 – O norte-americano Robert Flaherty termina de filmar numa ilha da Irlanda o documentário Man of Aran, após dois anos de trabalho. Ele influencia uma geração britânica de documentaristas integrada por cineastas como Paul Rotha, Basil Wright e o brasileiro Alberto Cavalcanti.

1935 – A diretora alemã Leni Riefenstahl começa a dirigir filmes encomendados por Adolf Hitler para louvar a pureza da raça ariana. O Triunfo da Vontade (1936) é uma das obras máximas de propaganda nazista.

1936 – Nos Estados Unidos, após o recesso causado pela Depressão, a indústria cinematográfica vive uma recuperação, em que se destacam a comédia social de Frank Capra (O Galante Mr.Deeds), o ecletismo de Howard Hawks (Levada da Breca), os painéis históricos de John Ford (No Tempo das Diligências e Vinhas da Ira) e o talento narrativo de William Wyler (O Morro dos Ventos Uivantes). Conhecido como o diretor de mulheres, George Cukor filma com Greta Garbo A Dama das Camélias.

1939 – Estréia um dos maiores fenômenos de mídia de todos os tempos: o épico...E o Vento Levou, produção de David O. Selznick, com direção de Victor Fleming.

1941 – Orson Welles desafia a rigidez dos estúdios e renova a linguagem cinematográfica em Cidadão Kane, ao quebrar a habitual narrativa cronológica e usar recursos inovadores de iluminação. Ainda hoje o filme é considerado um dos mais importantes de todos os tempos.

1943 – Premiado com o Oscar de melhor filme e direção (Michael Curtiz), Casablanca conta a história de um amor impossível. Esse filme foi apontado como uma das obras mais importantes da década de 1940.

1945 – Nos Estados Unidos do pós-guerra, prosperam os musicais de Vincente Minnelli (Ziegfeld Follies), Gene Kelly (Cantando na Chuva) e Stanley Donen (Procura-se uma Estrela), além de comédias românticas e sofisticadas. A partir de 1950, as perseguições do macarthismo criam restrições ao cinema politizado. Mesmo seguindo o sistema convencional dos estúdios, cineastas como John Huston (O Tesouro de Sierra Madre), Alfred Hitchcock (Festim Diabólico), Billy Wilder (Crepúsculo dos Deuses), George Cukor (Nascida Ontem), George Stevens (Um Lugar ao Sol) e Fred Zinnemann (A um Passo da Eternidade) realizam trabalhos de qualidade que a crítica francesa mais tarde considerará "autorais".

1945 – Roma, Cidade Aberta, de Roberto Rossellini, é o primeiro grande filme do neo-realismo italiano, o mais importante movimento cinematográfico da época. Com poucos recursos, linguagem simples, atores não profissionais e a temática da ruína social do pós-guerra, nega o artificialismo de Hollywood. O neo-realismo influencia não só as gerações posteriores de cineastas italianos como também diretores de outros países. Os nomes mais importantes do período são Luchino Visconti (A Terra Treme), Vittorio De Sica (Ladrões de Bicicletas), Alberto Lattuada (O Bandido) e Pietro Germi (Em Nome da Lei), além do roteirista Cesare Zavattini.

1951 – O cineasta japonês Akira Kurosawa é premiado no Festival de Veneza por Rashomon. Depois disso, as atenções do Ocidente voltam-se para os cineastas do Japão, que, no entanto, já acumulavam extensa produção. O primeiro filme notável do país, A Encruzilhada, de Teinosuke Kunigasa, data de 1929. Entre os diretores de expressão da fase clássica japonesa, que segue o modelo hollywoodiano, destacam-se Kenji Mizoguchi (Contos da Lua Vaga e Intendente Sansho) e Yasujiro Ozu (Bom-Dia).

1953 – O diretor, ator e roteirista francês Jacques Tati realiza As Férias do Sr. Hulot, um dos marcos de seu tipo muito particular de humor. O comediante encarna o único personagem de seus filmes que não precisa falar para se comunicar ou fazer rir.

1955 – O comediante Jerry Lewis e o diretor Frank Tashlin representam um renascimento do gênero comédia. Em parceria, rodaram vários filmes, entre eles Artistas e Modelos.

1955 – O indiano Satyajit Ray estréia na direção com Canção da Estrada e é premiado em Cannes. Ele se torna o cineasta da Índia com maior reconhecimento internacional.

1956 – O cineasta sueco Ingmar Bergman lança O Sétimo Selo e ganha destaque fora de seu país. Realiza obras memoráveis, que falam da incomunicabilidade familiar, da ausência de Deus e do absurdo da condição humana. Exerce grande influência sobre cineastas de seu país, como Vilgot Sjöman (491), e do mundo inteiro.

1957 – Nos Estados Unidos, Sidney Lumet, cineasta oriundo da televisão, dirige Doze Homens e uma Sentença. Nasce então um cinema capaz de abordar temas polêmicos para a sociedade norte-americana, como o conflito de gerações (Nicholas Ray, A Bela do Bas-Fond), a sexualidade (Elia Kazan, Baby Doll), as injustiças sociais e os preconceitos (Stanley Kramer, Clamor Humano).

1958 – No Reino Unido, os young angry men ("jovens irados"), surgidos do teatro e da literatura, desencadeiam o free cinema, movimento de muito humor e irreverência. Representam essa tendência Tony Richardson (Odeio Essa Mulher), Richard Lester (A Bossa da Conquista), John Schlesinger (Ainda Resta uma Esperança) e John Boorman (À Queima-Roupa).

1959 – A nouvelle vague começa a se delinear na França e propõe um cinema de autor. Marcado por uma visão amarga do mundo, o movimento não toma como modelo o acabamento primoroso norte-americano e se preocupa com as técnicas narrativas. O movimento é integrado por François Truffaut (Os Incompreendidos), Jean-Luc Godard (Acossado), Claude Chabrol (Os Primos), Alain Resnais (Hiroshima, Meu Amor) e Louis Malle (Trinta Anos Esta Noite). A nouvelle vague irradia-se pelo mundo e influencia, entre outros, os cinemas novos do Japão e do Brasil.

1960 – Michelangelo Antonioni lança A Noite, um dos filmes que marcam um período em que os cineastas italianos seguem caminhos bastante pessoais. Luchino Visconti dirige dramas intimistas refinados, muitos deles apoiados em fatos históricos, como Rocco e seus Irmãos e O Leopardo. Federico Fellini transita entre o drama e a comédia – em A Doce Vida e Oito e Meio, reflete sobre a condição humana. Em 1965, Mario Monicelli realiza a comédia O Incrível Exército de Brancaleone. Quatro anos antes, Dino Risi, outro especialista em humor, havia rodado Uma Vida Difícil.

1960 – O cineasta britânico Alfred Hitchcock faz nos Estados Unidos seu maior sucesso, Psicose. A cena do assassinato no chuveiro se transforma numa das clássicas do cinema de suspense.

1961 – Nos Estados Unidos surgem cineastas underground, que rodam filmes em 16 milímetros e focalizam temas polêmicos. Shadows, de John Cassavetes, é um dos marcos e seu diretor um dos únicos a ter uma carreira de expressão. O cinema industrial incorpora temas como sexo, negros, militarismo e contestação estudantil. O resultado pode ser visto em obras de Stanley Kubrick, como Doutor Fantástico; de John Frankenheimer, como Sob o Domínio do Mal; e de Sidney Pollack, como A Noite dos Desesperados. Blake Edwards renova a comédia com A Pantera Cor-de-Rosa.

1961 – O cubano Santiago Álvarez lança Morte ao Invasor e torna-se líder da escola documentarista de seu país.

1962 – O espanhol Luis Buñuel filma O Anjo Exterminador, um dos vários trabalhos importantes que realiza no México nas décadas de 1950 e 1960. Muitos dos filmes têm roteiro de Luis Alcoriza, que depois também passa a dirigir.

1968 – Considerado um mestre do cinema político, o grego Constantin Costa-Gavras ganha o Oscar de melhor filme estrangeiro por Z. O cineasta cursou universidade e fez carreira na França, onde roda Estado de Sítio (1973) e Um Homem, uma Mulher, uma Noite (1979). Com produção norte-americana, Desaparecido – Um Grande Mistério (1982) leva a Palma de Ouro em Cannes.

Década de 1970 – A partir da década de 1970, diretores de quatro países do Leste Europeu destacam-se trabalhando em solo pátrio ou no exterior. Da Polônia: Roman Polanski (Chinatown), Andrezi Wajda (O Homem de Mármore) e Krzysztof Kieslowski (Decálogo); da Tchecoslováquia, Jirí Menzel (Trens Estreitamente Vigiados) e Milos Forman (Um Estranho no Ninho); da Hungria, Miklós Jancsó (Vícios Privados, Virtudes Públicas), Istvan Szabo (Mephisto); e da Iugoslávia, Dusan Makavejev (Montenegro ou Porcos e Pérolas) e Emir Kusturica (Quando Papai Saiu em Viagem de Negócios).

Década de 1970 – Nos Estados Unidos, Robert Altman, diretor de obras pessoais que dissecam a sociedade norte-americana, termina Mash. Outros diretores também marcantes são Francis Ford Coppola, que lança o primeiro O Poderoso Chefão em 1972, e Martin Scorsese, diretor de Taxi Driver. Woody Allen renova o humor com filmes como Noivo Neurótico, Noiva Nervosa. Bob Fosse mantém a tradição musical com Cabaret e O Show Deve Continuar. No cinema alemão, destacam-se Volker Schloendorff, que faz boas adaptações literárias, como O Tambor, e Margarethe von Trotta, que oferece a visão do universo feminino em obras como A Honra Perdida de uma Mulher. Wim Wenders filma O Amigo Americano em 1977 e, em 1984, nos Estados Unidos, Paris, Texas.

1972 – Um dos mais bem-sucedidos diretores italianos dos anos 1970, Bernardo Bertolucci roda o escandaloso e poético O Último Tango em Paris. Protagonizado por Marlon Brando, traz fortes cenas de sexo que chocam os padrões morais da época. O filme é proibido no Brasil.

1974 – Na Itália, depois de haver realizado trabalhos que seguem de perto a estética neo-realista, Pier Paolo Pasolini finaliza As Mil e Uma Noites. Extremamente polêmica, a obra mostra seqüências de sexo e de tortura.

1975 – Depois de um recesso, o cinema no Reino Unido populariza o humor irreverente do grupo Monty Python em filmes como Monty Python em Busca do Santo Graal, de Terry Gilliam e Terry Jones.

1975 – Na Itália, Ettore Scola lança Feios, Sujos e Malvados, comédia social com alta dose de humor corrosivo e, em 1977, o drama Um Dia Muito Especial. Nesse mesmo ano, os irmãos Taviani (Paolo e Vittorio) dirigem Pai Patrão, premiado com a Palma de Ouro em Cannes.

1975 – O cineasta Steven Spielberg lança Tubarão, que assinala o retorno das superproduções no cinema norte-americano. Dois anos depois, George Lucas dirige o primeiro filme da série Guerra nas Estrelas, que renova o gênero ficção científica.

1976 – Sylvester Stallone protagoniza e dirige Rocky, um Lutador, êxito de bilheteria com mais quatro seqüências. Stallone é também a estrela da série Rambo.

1976 – No Japão, Nagisa Oshima realiza O Império dos Sentidos, um dos filmes mais polêmicos da década, em virtude das cenas de sexo explícito. Da mesma escola do cinema novo japonês (espécie de nouvelle vague oriental), destaca-se o cineasta Shohei Imamura, de A Balada de Narayama.

1976 – O diretor Carlos Saura termina na Espanha Cría Cuervos. O filme conquista prestígio em todo o mundo e contribui para que Saura se torne conhecido internacionalmente.

1978 – Realizadores britânicos saídos da publicidade começam a se destacar nos Estados Unidos, como Alan Parker (O Expresso da Meia-Noite), Ridley Scott (Alien, o Oitavo Passageiro e Blade Runner, o Caçador de Andróides) e Adrian Lyne (9 1/2 Semanas de Amor).

1980 – Nos Estados Unidos, ao lançar trabalhos como Vestida para Matar, Brian De Palma obtém notoriedade como seguidor do mestre do suspense Alfred Hitchcock. Lawrence Kasdan, considerado bom roteirista, dirige em 1981 Corpos Ardentes. Outros roteiristas que também passam à direção são Paul Schrader (A Marca da Pantera) e Oliver Stone (Platoon).

1982 – Na França, Jean-Jacques Beineix realiza Diva, filme precursor da nova tendência entre os diretores estreantes franceses de produzir obras mais ao estilo hollywoodiano – como Subway, de Luc Besson, e Sangue Ruim, de Leos Carax.

1982 – O Ano Que Vivemos em Perigo, de Peter Weir, é lançado na Austrália. Depois do sucesso, Weir, o mais conhecido diretor australiano, transfere-se para os Estados Unidos.

1984 – Na Argentina, após a abertura política, ganham projeção nomes como Luis Puenzo, diretor de A História Oficial, e Fernando Solanas, de Tangos – Exílio de Gardel.

1984 – Na França predomina um retrato intimista do cotidiano nos filmes de Bertrand Tavernier, como Um Sonho de Domingo, e de Eric Rohmer, como O Raio Verde (1985). Sempre ligado à comédia, Bertrand Blier dirige Meu Marido de Batom em 1986.

1984 – Sem diálogos, usando apenas gestos e intenções, o holandês Jos Stelling cria O Ilusionista. E repete o êxito com O Homem da Linha (1985).

1985 – Em Portugal, João Botelho, diretor de Um Adeus Português, é considerado um dos melhores da nova geração. Outro português a brilhar é Manoel de Oliveira, uma das mais duradouras carreiras da história do cinema. Ele começa a filmar em 1931 e seu mais recente filme, O Princípio da Incerteza, é de 2002.

1985 – Minha Adorável Lavanderia, de Stephen Frears, marca o novo cinema britânico, que, em co-produções com a TV, revela cineastas como Derek Jarman (Caravaggio), Neil Jordan (Monalisa) e Peter Greenaway (O Cozinheiro, o Ladrão, Sua Mulher e o Amante).

1986 – A visão violenta e polêmica sobre a sociedade norte-americana captura o público em Veludo Azul, de David Lynch. Em Nova York, um cinema independente, feito com poucos recursos, revela Jim Jarmusch (Daunbailó).

1986 – O Canadá ingressa no circuito cinematográfico internacional com O Declínio do Império Americano, de Denys Arcand.

1987 – O espanhol Pedro Almodóvar obtém reconhecimento internacional com A Lei do Desejo e se notabiliza no ano seguinte por Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos. O cineasta investe em temas polêmicos, como o mundo das drogas, a homossexualidade e os valores morais, e se confirma como o mais importante cineasta da Espanha. Outros diretores espanhóis expressivos são Victor Erice (O Sul), Bigas Luna (Angústia) e Fernando Trueba (Sedução – Belle Epoque).

1987 – O cinema da Dinamarca ganha prêmios internacionais com Gabriel Axel (A Festa de Babette) e Bille August (Pelle, o Conquistador).

1989 – Com um ponto de vista muito particular sobre a questão racial nos Estados Unidos, Spike Lee dirige Faça a Coisa Certa. Em 1992 roda Malcom X, cinebiografia do líder e ativista negro.

1991 – O cinema chinês consegue reconhecimento nos grandes festivais internacionais. Destacam-se diretores como Zhang Yimou, de Lanternas Vermelhas, e Chen Kaige, de Adeus Minha Concubina, que pertencem à quinta geração da Academia de Cinema Chinesa. Em Taiwan (Formosa), surgem bons cineastas, como Ang Lee, de Banquete de Casamento.

1991 – Com carreira iniciada no cinema independente, os irmãos Joel e Ethan Coen conquistam a Palma de Ouro em Cannes por Barton Fink. Desde o primeiro trabalho, Gosto de Sangue (1984), a dupla realiza obras que se transformam em cult movies.

1992 – Quentin Tarantino lança o violento Cães de Aluguel e torna-se a revelação do cinema norte-americano. São recorrentes em seus filmes citações de filmes B. O reconhecimento internacional vem com a Palma de Outro em Cannes por Pulp Fiction – Tempo de Violência (1994).

1993 – Jane Campion, da Nova Zelândia, dirige O Piano, que a faz conhecida em todo o mundo. A cineasta constrói um conjunto de obras extremamente pessoais, que trazem como protagonistas mulheres de histórias inusitadas.

1993 – O cinema cubano de ficção alcança projeção internacional com o filme Morango e Chocolate, de Tomás Gutiérrez Alea.

1996 – Os cineastas dinamarqueses Lars von Trier e Thomas Vinterberg lançam o movimento Dogma 95, cujas regras prevêem filmes feitos com baixo orçamento, câmeras leves utilizadas sem tripé e filmagens em locações, sem efeitos especiais nem trilha sonora que não seja ambiental. Nessa linha se incluem Festa de Família (1998), de Vinterberg, Os Idiotas (1999), de Trier, e Mifune (1999), de Soren Kragh-Jacobsen.

1997 – Titanic, de James Cameron, a produção mais cara da história do cinema, faz enorme sucesso de público. Takeshi Kitano, um dos nomes mais promissores do cinema japonês contemporâneo, realiza Hana-Bi - Fogos de Artifício. Gosto de Cereja, do iraniano Abbas Kiarostami, obtém a Palma de Ouro em Cannes, dividida com A Enguia, de Shohei Imamura. Com autores não profissionais, o cinema iraniano mistura ficção e documentário. Outros destaques são Mohsen Makhmalbaf, diretor de Gabbeh (1996) e O Silêncio (1998), e sua filha Samira, que aos 18 anos estréia na direção com A Maçã (1998). Filhos do Paraíso, de Majid Majidi, é o primeiro iraniano a concorrer ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 1999.

1998 – Depois de dirigir Parque dos Dinossauros (1993), o norte-americano Steven Spielberg dedica-se com mais freqüência a dramas perturbadores, caso de O Resgate do Soldado Ryan. Theo Angelopoulos, o mais conhecido e premiado cineasta grego, faz nome após levar a Palma de Ouro em Cannes por A Eternidade e um Dia. Apesar de ter iniciado a carreira no fim dos anos 1960, seu primeiro filme exibido comercialmente no Brasil é Paisagem na Neblina (1988). Com roteiro elaborado pelo inglês Tom Stoppard e pelo norte-americano Marc Norman, Shakespeare Apaixonado, de John Madden, mistura realidade e ficção para contar a história de William Shakespeare. A Vida É Bela, comédia de Roberto Benigni sobre o nazismo, arrebata prêmios internacionais, entre eles, o Oscar de melhor filme estrangeiro, derrotando Central do Brasil, de Walter Salles Jr. Retomadas no princípio dos anos 1990, as refilmagens ganham força no fim da década. Dois trabalhos de Alfred Hitchcock voltam às telas: Psicose, de Gus van Sant, e Um Crime Perfeito, de Andrew Davis. Os filmes baseados em antigas séries de TV tornam-se outro filão, como Perdidos no Espaço, de Stephen Hopkins, e As Loucas Aventuras de James West, de Barry Sonnenfeld. Entram em alta também filmes de terror para adolescentes: Pânico, de Wes Craven, Prova Final, de Robert Rodriguez, e Eu Ainda Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado, de Danny Cannon.

1999 – Cercado por uma grandiosa campanha de marketing, Star Wars: Epsódio I – A Ameaça Fantasma, de George Lucas, retoma a saga Guerra nas Estrelas. Repleto dos mais modernos efeitos especiais, é o primeiro de uma trilogia concebida para contar a história anterior à dos três primeiros episódios, lançados nos anos 1970 e 1980. Sucesso de bilheteria, Matrix, de Larry e Andy Wachowski, é uma fita de ação no mundo da informática, repleta de efeitos especiais ao estilo dos videogames. Pela primeira vez os Estúdios Disney contam a história do rei das selvas em Tarzan, de Kevin Lima. A fita tem um efeito de profundidade (tela profunda) jamais visto num desenho animado. A produção independente do filme ficcional A Bruxa de Blair, de Daniel Myrick e Eduardo Sanchez, usa a internet para se promover, como se fosse um documentário, e arrecada mais de 100 milhões de dólares apenas nos Estados Unidos. O suspense O Sexto Sentido, de M. Night Shyamalan, torna-se a segunda maior bilheteria do ano em todo o mundo, atrás apenas de Star Wars. O filme norte-americano de maior prestígio na temporada é Beleza Americana, do estreante Sam Mendes, que conquista cinco estatuetas do Oscar (melhor filme, diretor, ator, roteiro original e fotografia). Tudo sobre Minha Mãe recebe o prêmio de direção no Festival de Cannes e é considerado em vários países como o melhor filme do espanhol Pedro Almodóvar. Nenhum a Menos, o filme mais popular do chinês Zhang Yimou, ganha o Leão de Ouro no Festival de Veneza.

2000 – O musical Dançando no Escuro, de Lars von Trier, que segue apenas alguns dos preceitos do movimento dinamarquês Dogma 95, renegando outros, conquista a Palma de Ouro de melhor filme e o prêmio de melhor atriz (a cantora Björk, em sua estréia no cinema) no Festival de Cannes. Produções orientais – como o chinês Devils on the Doorstep, de Jiang Wen, o taiuanês As Coisas Simples da Vida, de Edward Yang, e o iraniano O Quadro-Negro, de Samira Makhmalbaf – recebem diversos prêmios em Cannes. Lançado com base em forte campanha publicitária, Missão: Impossível - 2, de John Woo, consagra Tom Cruise como o ator mais popular em todo o mundo. Dinossauro e Fantasia 2000, ambos dos estúdios Disney, O Caminho para El Dorado, produzido por Steven Spielberg, e Titan, de Don Bluth e Gary Goldman, empregam os avanços mais recentes em tecnologia digital. Gladiador, do britânico Ridley Scott, uma das maiores bilheterias da temporada, marca o retorno dos épicos, enquanto o sucesso de X-Men - O Filme, de Bryan Singer, recupera a confiança dos grandes estúdios em adaptações de histórias em quadrinhos.

2001 – Intimidade, do francês Patrice Chéreau, ganha o Urso de Ouro no Festival de Berlim. Gladiador, de Ridley Scott, ganha o Oscar de melhor filme. O prêmio de melhor direção, no entanto, é entregue a Steven Soderbergh, que concorreu ao troféu por dois trabalhos, Erin Brockovich e Traffic, ambos também indicados para o Oscar de melhor filme. Shrek, animação da Dreamworks lançada no Festival de Cannes, desafia a fórmula dos Estúdios Disney e conquista público, críticos e bilheteria. A produção japonesa Final Fantasy é feita inteiramente por computador. A técnica fotorrealista utilizada para criar cenários e personagens humanos é um marco na história da animação. O Quarto do Filho, de Nanni Moretti, recebe a Palma de Ouro em Cannes, que o cinema italiano não obtinha havia 23 anos. Casamento Indiano, de Mira Nair, obtém o Leão de Ouro no Festival de Veneza. São lançados os primeiros filmes das séries O Senhor dos Anéis e Harry Potter, que se tornam os recordistas de bilheteria na temporada em todo o mundo. Na Europa, um dos maiores sucessos do ano é a comédia romântica francesa O Fabuloso Destino de Amélie Poulain, de Jean-Pierre Jeunet.

2002 – Domingo Sangrento, de Paul Greengrass, e A Viagem de Chihiro, de Hayao Miyazaki, dividem o Urso de Ouro no Festival de Berlim. Uma Mente Brilhante ganha o Oscar de melhor filme e também o prêmio de melhor direção para Ron Howard. O Festival de Cannes é marcado pela discussão em torno do cinema digital. Pela primeira vez são exibidos na seleção oficial filmes projetados digitalmente, como Star Wars 2 – O Ataque dos Clones, de George Lucas, Arca Russa, de Alexander Sokurov, e o desenho animado Spirit, da Dreamworks. Lucas aproveita a ocasião para defender o sistema de certificação para salas digitais THX, patenteado por ele, mas combatido pelo sindicato dos exibidores norte-americanos, para os quais os custos da migração tecnológica das salas devem ser repartidos entre produtores, distribuidores e exibidores. Estima-se que existam apenas cerca de 90 salas digitais em todo o mundo, das quais 50 nos Estados Unidos e quatro no Brasil (Rio de Janeiro, São Paulo, Campinas e Brasília). A Palma de Ouro é entregue a O Pianista, de Roman Polanski, como reconhecimento ao conjunto da obra do cineasta polonês, que recebe também o Oscar de melhor diretor em 2003. O polêmico Em Nome de Deus, de Paul Mullan, recebe o Leão de Ouro no Festival de Veneza, sob protestos de representantes da Igreja Católica. O filme reconstitui a história verídica de um grupo de adolescentes maltratadas em um convento irlandês, na década de 1960.

2003 – O musical Chicago, de Rob Marshall, recebe o Oscar de melhor filme e é a película mais premiada do ano pela academia norte-americana. Adrien Brody, revelação, recebe o prêmio de melhor ator por O Pianista e Nicole Kidman, após duas indicações consecutivas, é reconhecida por sua atuação como Virginia Woolf em As Horas. O destaque da premiação é Michael Moore, que ganha o troféu de melhor documentário por Tiros em Columbine, filme que faz uma crítica à utilização de armas nos Estados Unidos. Na hora do discurso, o diretor se declara contrário à guerra contra o Iraque e critica o presidente George W. Bush. Em Cannes, a Palma de Ouro de melhor filme vai para Elefante, de Gus Van Sant, que também recebe o prêmio de melhor diretor. O filme, assim como Tiros em Columbine, fala do crime cometido por dois adolescentes na Columbine High School. As Invasões Bárbaras, de Danys Arcand, recebe os prêmios de melhor roteiro e de melhor atriz (Marie-Josée Croze). Os dois últimos filmes da trilogia Matrix, Matrix Reloaded e Matrix Revolution, estréiam em todo o mundo, batendo recordes de arrecadação. Os filmes, entretanto, não recebem elogios da crítica e são considerados inferiores ao primeiro. Estréiam também as duas seqüências de O Senhor dos Anéis: As Duas Torres e O Retorno do Rei, com enorme sucesso de bilheteria. Na categoria infantil, Procurando Nemo, da Pixar, recebe reconhecimento de público e crítica e garante a concorrência com a Dreamworks.

2004 – O Senhor dos Anéis – O Retorno do Rei conquista 11 Oscar, incluindo o de melhor filme de 2004 e de direção para Peter Jackson. Trata-se da consagração para o desfecho de uma das trilogias de maior sucesso da história. O prêmio de melhor ator fica com Sean Penn, por Sobre Meninos e Lobos, e o de melhor atriz para Charlize Theron, pela surpreendente atuação em Monster. O brasileiro Cidade de Deus, de Fernando Meirelles, concorre nas categorias melhor diretor, melhor roteiro adaptado, melhor edição e melhor fotografia. Se no Oscar de 2003 Michael Moore ganha as atenções, no Festival de Cannes de 2004 ele triunfa com a Palma de Ouro pelo documentário Fahrenheit 9/11, ataque incisivo contra a família Bush, sua relação com os sauditas, as transações comerciais de petróleo e a invasão do Iraque. É lançada a segunda parte de Kill Bill, de Quentin Tarantino, um grande pastiche que combina artes marciais, cultura pop e submundo da máfia. A Paixão de Cristo, de Mel Gibson, narra a via-crúcis com imagens violentas e levanta suspeitas de ter um conteúdo anti-semita, tema e dúvida que atraem enorme bilheteria, assim como o épico Tróia, de Wofgang Petersen, que traz Brad Pitt no papel de Aquiles. Outros destaques pela qualidade do conjunto são Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças, de Michel Gondry; a animação Shrek 2, de Andrew Adamson, Kelly Asbury e Conrad Vernon; Má Educação, de Pedro Almodóvar; Igual a Tudo na Vida, de Woody Allen; Os Sonhadores, de Bernardo Bertolucci. O documentário Super Size Me, produção independente de Morgan Spurlock, narra os 30 dias em que o diretor se alimentou apenas de lanches do McDonald’s. O tamanho da polêmica foi proporcional ao seu sucesso.

Cinema Novo

Movimento do cinema brasileiro iniciado no começo da década de 60 que ressalta a importância do autor e rejeita o predomínio do produtor e da indústria na realização de um filme. Com o lema "uma câmera na mão e uma idéia na cabeça", jovens cineastas propõem a elaboração de obras voltadas à realidade brasileira e defendem uma linguagem mais adequada à situação social do país. De baixo custo, boa parte desses trabalhos se caracteriza por imagens com pouco movimento, falas geralmente longas e cenários simples. Muitos são rodados em preto-e-branco.
Cinema Novo
O cinema novo é a versão brasileira de estéticas cinematográficas nascidas após a II Guerra Mundial, como o neo-realismo italiano e a nouvelle vague francesa, que contestam as grandes produções da época, o artificialismo, e se recusam a ser apenas diversão. Primeira experiência importante no cinema do terceiro mundo, pretende promover a discussão política com filmes que enfocam problemas sociais.

No início, a temática centraliza-se no trabalhador rural e na miséria nordestina, como em Vidas Secas (1963), de Nelson Pereira dos Santos, marco inicial do movimento; em Barravento (1961) e Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964), de Glauber Rocha, principal nome do cinema novo e articulador da "estética da fome", que redefine a relação do cinema brasileiro com a carência de recursos; e em Os Fuzis, de Ruy Guerra (1931-). Posteriormente, predominam temas urbanos relacionados à classe média, como em A Grande Cidade (1965), de Cacá Diegues. Após o golpe militar de 1964, os filmes utilizam metáforas para tentar driblar a censura. É o caso de Terra em Transe (1966), de Glauber Rocha, de O Bravo Guerreiro (1968), de Gustavo Dahl, e de Macunaíma (1969), de Joaquim Pedro de Andrade. O movimento começa a perder força no final dos anos 60, quando surge o cinema marginal ou underground.

Cronologia do Cinema Brasileiro
#Cronologia do Cinema Brasileiro
1896 – Em 8 de julho, apenas sete meses depois da projeção inaugural dos filmes dos irmãos Lumière em Paris, o Rio de Janeiro assiste à primeira sessão de cinema no Brasil. No ano seguinte, Paschoal Segreto e José Roberto Cunha Salles abrem a primeira sala exclusiva de cinema na rua do Ouvidor.

1898 – Afonso Segreto roda o primeiro filme brasileiro, com cenas da baía de Guanabara.

1907 – Várias salas de exibição são abertas no Rio de Janeiro e em São Paulo. O período de 1908 a 1912 é considerado a belle époque do cinema brasileiro. Surge um centro de produção no Rio, e, com ele, histórias policiais, comédias e filmes com atores interpretando atrás da tela. Nos anos seguintes, a produção cai por causa da concorrência dos filmes norte-americanos.

Década de 1920 – Realizam-se ciclos de cinema regionais em Campinas (SP) e nos estados de Pernambuco, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Na cidade mineira de Cataguases, o fotógrafo italiano Pedro Comello realiza experimentos com Humberto Mauro e, juntos, produzem Os Três Irmãos (1925) e Na Primavera da Vida (1926). Em São Paulo, José Medina, que começara com curtas, como Exemplo Regenerador, filma o clássico Fragmentos da Vida (1929).

1929 – É lançado Acabaram-se os Otários, de Luiz de Barros, primeiro filme nacional inteiramente sonorizado. Ligado às vanguardas européias, Mário Peixoto roda o arrojado Limite no Rio de Janeiro. É um filme perturbador, sem uma história linear e com uma montagem que desorienta o espectador.

1930 – Adhemar Gonzaga funda a Cinédia, no Rio de Janeiro. O estúdio realiza comédias musicais e dramas populares.

1934 – Carmem Santos monta a produtora Brasil-Vita Filme, no Rio de Janeiro. Humberto Mauro, seu principal cineasta, passa a trabalhar para o Instituto Nacional do Cinema Educativo (Ince) em 1937.

1941 – É criada a Atlântida, estúdio que investe em comédias de baixo custo e grande apelo popular, as chanchadas, como Não Adianta Chorar (1945), de Watson Macedo, e Nem Sansão Nem Dalila (1953), de Carlos Manga.

1946 – O cantor Vicente Celestino estrela O Ébrio, de Gilda de Abreu, que se mantém durante algumas décadas como o maior sucesso de público do cinema brasileiro. Segundo estimativa conservadora, foi visto por 4 milhões de espectadores, ou 10% da população do país naquela época. Como muitos exibidores do interior forjavam números de bilheteria, suspeita-se que o público possa ter alcançado a marca de 12 milhões.

1949 – Um grupo de empresários liderado pelo italiano Franco Zampari funda a Vera Cruz em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, para fazer filmes nos moldes hollywoodianos. O cineasta pernambucano Alberto Cavalcanti é convidado para dirigir o estúdio. Outros técnicos são trazidos do exterior para participar de produções como Floradas na Serra, de Luciano Salce, e Tico-Tico no Fubá, de Adolfo Celi. O Cangaceiro (1952), de Lima Barreto, faz carreira internacional e dá início ao ciclo sobre o cangaço.

1952 – Alex Viany roda Agulha no Palheiro. Fora dos estúdios, ele, Nelson Pereira dos Santos, diretor de Rio 40 Graus (1954-1955), e Roberto Santos, de O Grande Momento (1957), filmam com estilo próximo ao do neo-realismo italiano. Tanto a temática quanto os personagens passam a expressar uma identidade brasileira, precursora do cinema novo.

1962 – Galã da Atlântida, Anselmo Duarte dirige o filme O Pagador de Promessas, que ganha a Palma de Ouro do Festival de Cannes. No começo dos anos 1960 se destacam também cineastas como Roberto Faria, de Assalto ao Trem Pagador (1962), Walter Hugo Khouri, de Noite Vazia (1964), e Luís Sérgio Person, de São Paulo S/A (1964).

1963 – A principal estrela da Vera Cruz, o comediante Amacio Mazzaropi, funda uma produtora. Sua primeira fita é Casinha Pequenina. Criador de tipos caipiras ao estilo do Jeca Tatu, Mazzaropi é um fenômeno de público. Vidas Secas, de Nelson Pereira dos Santos, é o marco inicial do cinema novo, movimento que tem como proposta o filme de autor, feito a baixo custo, preocupado com a realidade social e enraizado na cultura brasileira. É a versão brasileira de estéticas nascidas após a II Guerra Mundial, entre elas o neo-realismo italiano e a nouvelle vague francesa. As câmeras portáteis, surgidas na época, permitem filmar com mais facilidade. Destacam-se as produções Deus e o Diabo na Terra do Sol (1963), de Glauber Rocha; Vidas Secas (1963), de Nelson Pereira dos Santos; Os Fuzis (1963), de Ruy Guerra; A Grande Cidade (1965), de Carlos (Cacá) Diegues; e Macunaíma (1969), de Joaquim Pedro de Andrade.

1964 – José Mojica Marins roda À Meia-Noite Levarei Sua Alma. Nesta fita, o cineasta cria o coveiro Zé do Caixão, personagem bizarro com unhas longas, fraque e cartola interpretado por ele próprio. Sua extensa obra tem quase 150 títulos, entre os quais Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver e O Despertar da Besta. A partir dos anos 1990 seus filmes são lançados em vídeo nos Estados Unidos.

1967 – Ozualdo Candeias filma A Margem, obra considerada inspiradora do cinema marginal.

1968 – O cineasta Rogério Sganzerla dirige O Bandido da Luz Vermelha, fita ligada à estética chamada de marginal ou underground. São filmes experimentais que retratam a situação social do país de maneira debochada. Outro líder do movimento é Júlio Bressane, de Matou a Família e Foi ao Cinema (1969).

1969 – O governo funda a Embrafilme, que a princípio tem a função de distribuir filmes brasileiros e, logo depois, passa também a financiar produções nacionais.

1976 – É criado o Conselho Nacional de Cinema (Concine) para normatizar e fiscalizar o mercado, em mais uma tentativa de industrialização da produção. Com Os Trapalhões no Planeta dos Macacos, tem início a carreira de sucesso dos filmes de Os Trapalhões, quarteto fundado no ano anterior. Seu líder, Renato Aragão, o Didi, protagonizara vários filmes ao lado de Dedé Santana entre 1965 e 1976. Rodada com diferentes diretores, sua filmografia contabiliza 39 obras, que foram vistas por cerca de 100 milhões de pessoas. É o conjunto de maior bilheteria do cinema brasileiro. Dona Flor e Seus Dois Maridos (1976), de Bruno Barreto, é a produção brasileira de maior bilheteria em todos os tempos, com 12 milhões de espectadores.

1979 – Com o fim da censura, no fim dos anos 1970, a política e a realidade nacional voltam a ser temas de filmes, como em Bye Bye Brasil, de Cacá Diegues. Na mesma linha, dois anos mais tarde, Roberto Faria realiza Pra Frente, Brasil.

Década de 1980 – Apesar da retração de público, 70 cineastas estréiam em longa-metragem no decorrer de quase toda a década. Destacam-se Djalma Limongi Batista, de Asa Branca (1982); André Klotzel, de A Marvada Carne (1985); e Sérgio Rezende, de O Homem da Capa Preta (1985). A chamada Boca do Lixo, onde funcionava a produção do cinema popular em São Paulo, muda de foco na década de 1980 – depois de produzir, nos anos 1960 e 1970, filmes sobre o cangaço (Corisco, o Diabo Loiro, de Carlos Coimbra), de faroeste (Panca de Valente, de Luís Sérgio Person), pornochanchadas e comédias eróticas, parte para o sexo explícito. Com o declínio desse tipo de fita nos cinemas, a produção da Boca desaparece.

1980 – Revolução de 30, de Sylvio Back, é um dos filmes da pequena, porém expressiva, produção de documentários da década de 1980. São importantes também Cabra Marcado para Morrer (1984), de Eduardo Coutinho, e Jango (1984), de Sílvio Tendler.

1981 – Eles Não Usam Black-Tie, de Leon Hirszman, é o vencedor do Leão de Ouro em Veneza. Também ganham prestígio no mercado internacional fitas como Memórias do Cárcere (1983), de Nelson Pereira dos Santos; Pixote, a Lei do Mais Fraco (1980) e O Beijo da Mulher-Aranha (1984), de Héctor Babenco; Parahyba Mulher Macho (1982), de Tizuka Yamazaki; e Eu Sei Que Vou Te Amar (1984), de Arnaldo Jabor.

1984 – Depois de rodar a comédia erótica As Taras de Todos Nós, produção da Boca do Lixo, em São Paulo, Guilherme de Almeida Prado assina a direção de A Dama do Cine Shangai. Seu trabalho mais recente é A Hora Mágica.

1985 – A cineasta Suzana Amaral dirige seu primeiro longa, A Hora da Estrela, baseado no conto homônimo de Clarice Lispector. A protagonista Marcélia Cartaxo ganha o prêmio de melhor atriz no Festival de Berlim. Em 2002, Suzana lança Uma Vida em Segredo, baseado no romance de Autran Dourado.

1990 – A Embrafilme é praticamente extinta durante o governo Fernando Collor, e o cinema passa por um período crítico, sem financiamento oficial.

1993 – Alma Corsária, de Carlos Reichenbach, é um dos filmes que sinalizam a recuperação do cinema brasileiro. A retomada ocorre com o surgimento de projetos de incentivo à produção cinematográfica e uma nova lei de audiovisual. Outras fitas desse período são A Terceira Margem do Rio (1994), de Nelson Pereira dos Santos, e Lamarca (1994), de Sérgio Rezende.

1994 – Numa parceria inédita entre televisão e cinema, Cacá Diegues roda Veja Esta Canção, com produção da TV Cultura, de São Paulo.

1995 – Há um aumento significativo da produção de filmes brasileiros. Entre os destaques estão Carlota Joaquina - Princesa do Brazil, longa de estréia de Carla Camurati, que leva 1,2 milhão de pessoas ao cinema, e Sábado (1994), de Ugo Giorgetti. Há também as co-produções entre Brasil e Portugal, como Terra Estrangeira (1995), de Walter Salles Jr. e Daniela Thomas; e entre Brasil e Estados Unidos, como Jenipapo (1995), de Monique Gardenberg.

1996 – Rosemberg Cariry realiza Corisco e Dadá, seu trabalho de estréia em longa-metragem. Murilo Salles faz Quando Nascem os Anjos. O Quatrilho (1995), do diretor Fábio Barreto, concorre ao Oscar de melhor filme estrangeiro.

1997 – Lírio Ferreira e Paulo Caldas voltam à temática do cangaço em Baile Perfumado. Walter Lima Jr. realiza A Ostra e o Vento. Entre as principais estréias em longas-metragens estão Os Matadores, de Beto Brant, e Um Céu de Estrelas, de Tata Amaral.

1998 – O Que É Isso, Companheiro?, de Bruno Barreto, concorre ao Oscar de melhor filme estrangeiro. Hector Babenco lança Coração Iluminado, obra de caráter autobiográfico.

1999 – Depois de levar o Urso de Ouro no Festival de Berlim e vários outros prêmios, Central do Brasil (1998), de Walter Salles Jr., concorre ao Oscar de melhor filme estrangeiro, que fica com o italiano A Vida É Bela. Estrela da fita, Fernanda Montenegro é indicada para melhor atriz, prêmio ganho por Gwyneth Paltrow, de Shakespeare Apaixonado. Entre as adaptações literárias, tem destaque Orfeu, peça de Vinicius de Moraes filmada por Cacá Diegues. Os documentários Fé, de Ricardo Dias, e Santo Forte, de Eduardo Coutinho, prêmio de melhor filme no Festival de Brasília, registram manifestações religiosas brasileiras. Nós que Aqui Estamos por Vós Esperamos, de Marcelo Masagão, faz um balanço incomum do século XX, misturando personalidades com personagens anônimos. O veterano cineasta paulista Carlos Reichenbach lança Dois Córregos, seu trabalho mais lírico.

2000 – O cinema brasileiro retorna depois de 11 anos à mostra competitiva do Festival de Cannes com o longa Estorvo, de Ruy Guerra, baseado no romance de Chico Buarque, e o curta Três Minutos, de Ana Luíza Azevedo. Eu, Tu, Eles, de Andrucha Waddington, é bem recebido pela crítica internacional na mostra paralela Un Certain Regard. Mesmo exibido de modo restrito no país, com apenas quatro cópias, Cronicamente Inviável, de Sérgio Bianchi, causa polêmica pelo retrato que faz do Brasil. Castelo Rá-Tim-Bum – O Filme, de Cao Hamburger, é uma adaptação bem-sucedida do programa infantil da TV Cultura. Reunidos no 3º Congresso Brasileiro de Cinema, o primeiro realizado desde 1953, profissionais de diversas áreas assinam a Carta de Porto Alegre, documento que resume as dificuldades da produção nacional e propõe soluções ao governo e à iniciativa privada.

2001 – Com o filme Bicho de Sete Cabeças, da estreante Laís Bodanzky, o ator Rodrigo Santoro arrebata os principais prêmios de melhor ator dos festivais de cinema do país. A comissão nomeada pelo governo para escolher a produção brasileira que tentará a indicação ao Oscar de melhor filme estrangeiro indica Abril Despedaçado, de Walter Salles Jr. Por meio de medida provisória, o presidente Fernando Henrique Cardoso cria a Agência Nacional do Cinema ( Ancine), órgão de fomento, regulação e fiscalização da indústria cinematográfica e videofonográfica, dotado de autonomia administrativa e financeira e vinculado diretamente à Presidência da República. A autonomia da agência é possibilitada pelos recursos obtidos com a Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional (Condecine), em duas modalidades de recolhimento: por título e percentual de bilheteria.

2002 – O cineasta Gustavo Dahl é empossado como diretor-presidente da Ancine. A agência esvazia as atribuições do Ministério da Cultura na área do audiovisual ao assumir, entre outras atividades, o registro e conseqüente taxação de todos os filmes e vídeos produzidos ou lançados no Brasil, bem como a manutenção do acervo que registra a história do cinema no país. Estima-se que os recursos da Ancine alcancem 80 milhões de reais, superior à média movimentada pelas leis Rouanet e do Audiovisual (cerca de 65 milhões de reais). Abril Despedaçado é indicado para o Globo de Ouro, vencido por Terra de Ninguém, do bósnio Denis Tanovic, mas não é selecionado entre os cinco candidatos ao Oscar de filme estrangeiro. Cidade de Deus, de Fernando Meirelles, baseado em romance de Paulo Lins, participa fora de concurso da seleção oficial do Festival de Cannes, impressiona a crítica internacional e dá início a uma bem-sucedida carreira, com público superior a 3 milhões de espectadores no Brasil e direitos de distribuição vendidos para 62 países. O outro grande filme de ficção lançado no ano é O Invasor, de Beto Brant, prêmio de melhor filme latino-americano no Sundance Festival. O destaque do ano, no entanto, vem dos documentários, com Edifício Master, de Eduardo Coutinho; Ônibus 174, de José Padilha; Janela da Alma, de João Jardim e Walter Carvalho; e Rocha que Voa, de Eryk Rocha. Outro documentário, Surf Adventures, de Arthur Fontes, rompe barreira histórica para o gênero e tem 500 mil espectadores.

2003 – O ano é de grande sucesso para o cinema nacional, que registra aumento brutal de público – cerca de 220% – em comparação com 2002. Parte desse sucesso deve-se à estréia de Casseta e Planeta – A Taça do Mundo É Nossa e duas adaptações de programas da TV Globo: Os Normais – O Filme e Lisbela e O Prisioneiro, de Guel Arraes. Carandiru, de Hector Babenco, é uma das principais estréias de 2003 e ganha reconhecimento tanto de público quanto da crítica. O filme participa da seleção oficial do Festival de Cannes, ganha o prêmio de melhor filme no Festival de Havana e é o escolhido para representar o Brasil na indicação ao Oscar de filme estrangeiro de 2004. Cidade de Deus, de Fernando Meirelles, é reconhecido internacionalmente e ganha o prêmio de melhor filme estrangeiro de 2003, concedido pela Associação de Críticos de Nova York. Outras produções de destaque são: Amarelo Manga, de Cláudio Assis; O Homem que Copiava, de Jorge Furtado; Deus É Brasileiro, de Cacá Diegues; e De Passagem, de Ricardo Elias, vencedor do Festival de Gramado. Glauber o Filme, Labirinto do Brasil, de Sílvio Tendler, recebe os prêmios da crítica e do júri popular no Festival de Brasília. No mesmo festival, Filme de Amor, de Júlio Bressane, é o vencedor do troféu Candango de melhor filme. A edição de 2003 é considerada histórica, por selecionar obras experimentais e autorais.O anúncio de novos critérios para o patrocínio de projetos culturais, adotados pelas empresas estatais Eletrobrás e Furnas Centrais Elétricas, causam protestos de parte da classe cinematográfica, liderados pelo cineasta Cacá Diegues. Os novos critérios incluíam medidas de contrapartida social, vistas como dirigismo por esses artistas. O fato leva o Ministério da Cultura a concentrar as discussões sobre o patrocínio cultural de empresas estatais, o que antes era atribuição do Ministério das Comunicações.

2004 – Diários de Motocicleta, de Walter Salles, investe na biografia de juventude de Che Guevara e torna-se a grande aposta brasileira para prêmios internacionais. Os dois grandes campeões de público, ultrapassando a barreira dos 3 milhões de espectadores, são Cazuza – O Tempo Não Pára, de Sandra Werneck e Walter Carvalho, e Olga, de Jayme Monjardim. Outras produções significativas são: Narradores de Javé, de Eliane Caffé; Benjamim, de Monique Gardenberg; De Passagem, de Ricardo Elias; O Outro Lado da Rua, de Marcos Bernstein; Filme de Amor, de Júlio Bressane; Querido Estranho, de Ricardo Pinto e Silva; Redentor, de Claudio Torres; Contra Todos, de Roberto Moreira. Entre os documentários, destacam-se Motoboys – Vida Louca, de Caíto Ortiz, e duas produções que enfocam aspectos da trajetória do presidente Lula: Peões, de Eduardo Coutinho, trata de personagens desconhecidos que participaram das greves no ABC paulista, na época em que Lula era sindicalista; Entreatos, de João Moreira Salles, retrata os bastidores da campanha para a Presidência em 2002. O governo brasileiro dá início às discussões para a criação da Agência Nacional de Cinema e Audiovisual (Ancinav), órgão do Ministério da Cultura que regulamentaria a produção cinematográfica e televisiva brasileira. Esse projeto de lei é duramente criticado pelas distribuidoras, que temem uma política protecionista, e os que suspeitam de controle ideológico.

Principais Diretores de Cinema do Brasil
Principais Diretores de Cinema do BrasilAmaral, Suzana (1932-) – A Hora da Estrela (1985); Uma Vida em Segredo (2002).

Amaral, Tata (1960-) – Um Céu de Estrelas (1997); Através da Janela (2000).

Andrade, João Batista de (1939-) – Doramundo (1977); O Homem que Virou Suco (1980); A Próxima Vítima (1982); O Cego que Gritava Luz (1997).

Andrade, Joaquim Pedro de – Garrincha, Alegria do Povo (1963); O Padre e a Moça (1965); Macunaíma (1969); Os Inconfidentes (1971); Guerra Conjugal (1974).

Babenco, Héctor – O Rei da Noite (1975); Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia (1977); Pixote, a Lei do Mais Fraco (1980); O Beijo da Mulher-Aranha (1984); Ironweed (1987); Brincando nos Campos do Senhor (1990); Coração Iluminado (1998); Carandiru (2003).

Back, Sylvio (1937-) – Guerra dos Pelados (1976); Aleluia, Gretchen (1976); República Guarani (1978); Revolução de 30 (1980); Guerra do Brasil (1986); Rádio Auriverde (1990).

Barreto, Bruno – A Estrela Sobe (1974); Dona Flor e Seus Dois Maridos (1976); O Beijo no Asfalto (1980); Gabriela Cravo e Canela (1982); Romance da Empregada (1987); Atos de Amor (1995); O Que É Isso, Companheiro? (1997); Bossa Nova (1999).

Barreto, Fábio (1957-) – Índia, a Filha do Sol (1981); O Rei do Rio (1984); Luzia Homem (1987); O Quatrilho (1995); Bela Donna (1998); A Paixão de Jacobina (2002).

Barreto, Lima – Painel (1950); Santuário (1951); O Cangaceiro (1952).

Barros, Luiz de (1893-1981) – Acabaram-se os Otários (1929).

Batista, Djalma Limongi (1950-) – Asa Branca, um Sonho Brasileiro (1982); Brasa Adormecida (1986); Bocage, o Triunfo do Amor
(1997).

Bianchi, Sérgio (1945-) – Maldita Coincidência (1981); Romance (1988); Cronicamente Inviável (1999).

Brant, Beto (1964-) – Os Matadores (1997); Ação entre Amigos (1998); O Invasor (2001).

Bressane, Júlio (1946-) – Cara a Cara (1967); O Anjo Nasceu (1969); Matou a Família e Foi ao Cinema (1969); O Rei do Baralho (1973); Tabu (1982); Brás Cubas (1985); O Mandarim (1995); São Jerônimo (1999); Dias de Nietzsche em Turim (2002).

Caldas, Paulo – Baile Perfumado (co-dir. Lírio Ferreira, 1997).

Camurati, Carla – Carlota Joaquina – Princesa do Brazil (1995); La Serva Padrona (1998); Copacabana (2001).

Cariry, Rosemberg (1953-) – Corisco e Dadá (1996).

Carvana, Hugo (1937-) – Vai Trabalhar, Vagabundo (1974); Se Segura, Malandro (1978); Bar Esperança (1982); O Homem Nu (1997).

Cavalcanti, Alberto (1897-1982) – A Vida e as Aventuras de Nicholas Nickleby (1946); Simão, o Caolho (1952); O Canto do Mar (1953); O Sr.Puntila e Seu Criado Matti (1955). Checar se é esse Alberto Cavalcanti que tem bio

Coutinho, Eduardo – O Homem Que Comprou o Mundo (1968); Cabra Marcado para Morrer (1984); O Fio da Memória (1991); Santo Forte (1999); Babilônia 2000 (2001); Edifício Master (2002).

Dias, Ricardo (1950-) – No Rio das Amazonas (1995); Fé (1999).

Diegues, Carlos (Cacá) – Ganga Zumba, Rei de Palmares (1963); A Grande Cidade (1965); Xica da Silva (1975-1976); Bye Bye Brasil (1979); Quilombo (1983); Tieta do Agreste (1996); Orfeu (1999).

Duarte, Anselmo (1920-) – Absolutamente Certo (1957); O Pagador de Promessas (1962); Vereda da Salvação (1964); Um Certo Capitão Rodrigo (1973).

Faria, Roberto (1932-) – Assalto ao Trem Pagador (1962); Pra Frente, Brasil (1981).

Ferreira, Lírio – Baile Perfumado (co-dir. Paulo Caldas, 1997).

Fresnot, Alain (1951-) – Ed Mort (1997); Desmundo (2002).

Furtado, Jorge (1959-) – Felicidade é... (1995); Houve uma Vez Dois Verões (2002).

Gardenberg, Monique (1958-) – Jenipapo (1995); Benjamin (2002).

Giorgetti, Ugo (1942-) – Jogo Duro (1985); Festa (1988); Sábado (1994); Boleiros (1998); O Príncipe (2002).

Guerra, Ruy (1931-) – Os Cafajestes (1961); Os Fuzis (1963); Os Deuses e os Mortos (1970); A Queda (1976); Erêndira (1982); Ópera do Malandro (1985); Kuarup (1989).

Hirszman, Leon – Maioria Absoluta (1964); A Falecida (1964); Garota de Ipanema (1967); São Bernardo (1971); Eles Não Usam Black-Tie (1981); Imagens do Inconsciente (1986). Jabor, Arnaldo – Toda Nudez Será Castigada (1973); O Casamento (1975); Tudo Bem (1978); Eu Te Amo (1980); Eu Sei Que Vou Te Amar (1984).

Joffily, José (1945-) – Urubus e Papagaios (1985); Quem Matou Pixote? (1996); O Chamado de Deus (2000); Dois Perdidos numa Noite Suja (2002).

Khouri, Walter Hugo – Noite Vazia (1964); O Anjo da Noite (1974); Eros, o Deus do Amor (1981); Amor, Estranho Amor (1982); Eu (1986); Forever (1988).

Klotzel, André (1954-) – A Marvada Carne (1985); Capitalismo Selvagem (1993); Memórias Póstumas (2001).

Lima Jr., Walter (1938-) – Menino de Engenho (1965); A Lira do Delírio (1977); Inocência (1983); Ele, o Boto (1987); O Monge e a Filha do Carrasco (1996); A Ostra e o Vento (1997).

Mauro, Humberto – Brasa Dormida (1928); Lábios sem Beijos (1930); Ganga Bruta (1931-32); O Descobrimento do Brasil (1937); Carro de Bois (1947); O Canto da Saudade (1952).

Mazzaropi, Amacio – Sai da Frente (1952); Nadando em Dinheiro (1953); O Gato da Madame (1956); Jeca Tatu (1959); Um Caipira em Bariloche (1972).

Medina, José (1894-1980) – Exemplo Regenerador (1919); Fragmentos da Vida (1929).

Meirelles, Fernando (1955-) – Menino Maluquinho 2 (1998); Domésticas (2000); Cidade de Deus (2002).

Murat, Lúcia (1948-) – Que Bom te Ver Viva (1989); Doces Poderes (1996); Brava Gente Brasileira (2000).

Oliveira, Denoy de (1933-1998) – Amante Muito Louca (1974); Sete Dias de Agonia (1983); A Grande Noitada (1998).

Oliveira, Domingos (1936-) – Todas as Mulheres do Mundo (1966); Amores (1998); Separações (2002).

Peixoto, Mário – Limite (1930).

Pereira, Luiz Alberto (1951-) – Jânio a 24 Quadros (1981); O Efeito Ilha (1994); Hans Staden (1999).

Person, Luís Sérgio (1936-1976) – São Paulo S/A (1964); O Caso dos Irmãos Naves (1967); Cassy Jones, o Magnífico Sedutor (1972).

Ratton, Helvécio (1949-) – A Dança dos Bonecos (1986); Menino Maluquinho (1995); Amor & Cia. (1998); Uma Onda no Ar (2002).

Reichenbach, Carlos (1945-) – Lilian M: Relatório Confidencial (1974); Amor, Palavra Prostituta (1979); Anjos do Arrabalde (1986); Alma Corsária (1993); Dois Córregos (1999).

Rezende, Sérgio (1951-) – O Sonho Não Acabou (1981); O Homem da Capa Preta (1985); Doida Demais (1989); Lamarca (1994); Guerra de Canudos (1997).

Rocha, Glauber – Barravento (1961); Deus e o Diabo na Terra do Sol (1963); Terra em Transe (1966); O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro (1968); Idade da Terra (1980).

Salles Jr., Walter – A Grande Arte (1992); Terra Estrangeira (co-dir. Daniela Thomas, 1995); Central do Brasil (1998); Abril Despedaçado (2001).

Salles, Murilo (1950-) – Nunca Fomos Tão Felizes (1984); Faca de Dois Gumes (1989); Todos os Corações do Mundo (1995); Quando Nascem os Anjos (1996); Todos os Corações do Mundo (1995); Seja o que Deus Quiser! (2002).

Santos, Nelson Pereira dos – Rio 40 Graus (1954-1955); Rio Zona Norte (1957); Vidas Secas (1963); Como Era Gostoso o Meu Francês (1970); Tenda dos Milagres (1977); Memórias do Cárcere (1983); A Terceira Margem do Rio (1994).

Santos, Roberto – O Grande Momento (1957); A Hora e Vez de Augusto Matraga (1965); Um Anjo Mau (1971); Quincas Borba (1986).

Saraceni, Paulo César (1933-) – O Desafio (1965); Capitu (1968); A Casa Assassinada (1971); O Viajante (1998).

Segreto, Afonso (1875-1920) – O Desembarque do Presidente Prudente de Morais e Sua Comitiva no Arsenal da Marinha, A Inauguração da Igreja da Candelária no Rio (1898); O Corpo de Bombeiros em Movimento (1899).

Sganzerla, Rogério – O Bandido da Luz Vermelha (1968); A Mulher de Todos (1969); Sem Essa Aranha (1970); Nem Tudo É Verdade (1986); Tudo É Brasil (1998).

Tanko, J.B ou Josip Brogoslaw (1906-1993) – Asfalto Selvagem (1964); Os Trapalhões no Planeta dos Macacos (1976); Os Saltimbancos Trapalhões (1981).

Tendler, Sílvio (1950-) – Os Anos JK (1976-1980); Jango (1981-1984).

Thiago, Paulo (1945-) – Sagarana, o Duelo (1974); Jorge, um Brasileiro (1989); Policarpo Quaresma, Herói do Brasil (1998); O Poeta de Sete Faces (2002).

Thomas, Daniela (1959-) – Terra Estrangeira (co-dir. Walter Salles Jr. 1995); O Primeiro Dia (co-dir. Walter Salles Jr. 1999).

Venturi, Toni (1955-) – O Velho, a História de Luiz Carlos Prestes (1997); Latitude Zero (2000).

Viany, Alex (1918-1992) – Agulha no Palheiro (1952); Sol sobre a Lama (1963); A Noiva da Cidade (1978).

Werneck, Sandra (1951-) – Pequeno Dicionário Amoroso (1997); Amores Posíveis (2001).

Yamasaki, Tizuka (1949-) – Gaijin, Caminhos da Liberdade (1979); Parahyba Mulher Macho (1982); Patriamada (1984); Fica Comigo (1996); O Noviço Rebelde (1998).

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