Axé Music, História do Estilo Musical


Axé Music, História do Estilo Musical

Axé Music, História do Estilo Musical

Estilo musical que surge em Salvador, na Bahia, na segunda metade da década de 1980. Caracteriza-se pelo uso intenso da percussão e pela utilização predominante de instrumentos, como o repique, timbau e surdos. Próprias da cultura afro-baiana, as letras em geral abordam temas relativos à sensualidade, com certa ironia e malícia. Outras dizem respeito à rica religiosidade da população local e às tradições negras. É comum a presença de bailarinas sensuais, uma clara influência dos antigos sambas-de-roda do interior baiano.

O termo axé music é criado em 1987 pelo jornalista baiano Hagamenon Brito, que trabalhava no jornal A Tarde, na tentativa de cunhar uma expressão pejorativa para designar o estilo nascente. Ela é rapidamente incorporada pela mídia, tornando-se uma designação de referência nacional para esse tipo de música. No início, os músicos baianos renegam o nome, mas posteriormente acabam por aceitá-lo.

No começo dos anos 80, o grupo Olodum e o músico Luiz Caldas estabelecem as bases do estilo, ao juntar elementos do Carnaval, da música caribenha e muita percussão. A partir do samba-reggae e do samba-duro, típicos de Salvador, diluem a estética afro por meio da introdução de elementos da música pop. Também é fundamental nesse processo a batida criada por Neguinho do Samba. Os trios elétricos, inventados nos anos 50 por Dodô e Osmar, são também influências essenciais. Posteriormente, os grupos de axé music passam a incorporar novos instrumentos, como guitarra, baixo, bateria e teclados.

A música que inaugura o gênero é Fricote, de Luiz Caldas, em 1985. No ano seguinte, a canção Eu Sou Negão, de Jerônimo, faz muito sucesso. Mas o primeiro grande fenômeno de vendas, que lança nacionalmente a axé music, é Madagascar Olodum, do bloco afro Reflexu’s, gravada em 1987. Do mesmo ano é Vem Faraó, que lança o grupo Olodum internacionalmente. Entre os maiores expoentes do estilo estão É O Tchan, Terra Samba, Daniela Mercury, Chiclete com Banana, Asa de Águia, Bamdamel, Netinho, Gera Samba, Banda Eva, Timbalada, Banda Beijo e Ara Ketu.

Com o surgimento da axé music, a música de Salvador quebra definitivamente a hegemonia histórica do eixo Rio-São Paulo, ao estabelecer outra vertente geográfica de expressão nacional. O gênero torna-se influente, diversificado e com enorme apelo popular. Os músicos percebem rapidamente o potencial do novo estilo e passam a investir numa poderosa infra-estrutura de criação, recebendo logo a aprovação de grandes nomes da MPB, como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânea, Gal Costa e Carlinhos Brown. A inserção musical nacional da axé music é assim oficializada.

Agosto é o mês no qual os artistas mais importantes do movimento lançam seu trabalho para que esteja conhecido no Carnaval do ano seguinte. O pico de vendas ocorre depois dessa festa, quando os turistas – principalmente paulistas e cariocas – voltam a sua cidade e compram os CDs. Nos primeiros anos do século XXI, o gênero começa a declinar e diminui rapidamente sua participação no mercado fonográfico. Sintomaticamente, a cantora Daniela Mercury sobe pela primeira vez em um trio elétrico acompanhada de um DJ de música tecno, no Carnaval de 2000.

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