Ecologia dos Moluscos

Ecologia dos Moluscos

Ecologia dos MoluscosUm número elevado de moluscos vive em meios marinhos, seja em grandes profundidades, seja em áreas costeiras, e há também os que levam vida pelágica, como os cefalópodes, e se deslocam livremente pelos oceanos. Outras espécies colonizaram meios de água doce, como ocorre com certos bivalves -- entre eles os do gênero Unio -- e gastrópodes, ou então se adaptaram a meios terrestres, como os caracóis e as lesmas. Certos caracóis, como os dos gêneros Planorbis e Limnaea, se desenvolvem em águas estanques, das quais emergem à superfície, de tempos em tempos, para respirar.

As plataformas continentais, zonas de menor profundidade que margeiam os continentes, são um meio propício à proliferação de numerosas espécies. Algumas vivem semi-enterradas na areia do fundo; outras se fixam às pedras do litoral e se mantêm a descoberto quando baixa a maré; e muitas vivem em recifes de corais e se desenvolvem por entre as colônias de celenterados.

Os hábitos de alimentação dos moluscos são variados. Muitos são herbívoros e se nutrem de vegetais terrestres, como ocorre com os pulmonados, lesmas e caracóis, que vagueiam à cata de comida por hortas e campos úmidos, ou de organismos aquáticos, como ocorre com as lapas e os quítons, que ingerem algas. As lapas fixam-se às rochas costeiras, graças à ação dos músculos do pé locomotor, e por elas podem se deslocar para se alimentar das algas que eventualmente aí estejam aderidas.

Outras espécies de moluscos têm dietas carnívoras e são vorazes predadores, como é o caso dos cefalópodes e de muitos gastrópodes marinhos. Entre esses se encontram os múrices, que furam a concha dos bivalves mediante o uso de órgãos perfuradores situados na parte anterior do pé; e os do gênero Conus, que secretam substâncias tóxicas, com as quais paralisam as presas, que depois fisgam com estruturas semelhantes a trombas. Entre os moluscos perfuradores se incluem ainda os do gênero Teredo, também chamados ubiraçocas, que esburacam madeira, causando dano a embarcações e a instalações portuárias, e os do gênero Lithophaga, que atacam rochas calcárias ao lançarem sobre elas secreções ácidas.

Classificação - A maioria dos moluscos pertence a uma de três grandes classes: a dos gastrópodes, que compreende os caracóis terrestres e marinhos; a dos bivalves, também chamados de lamelibrânquios ou pelecípodes, com espécies representativas como as ostras e os mexilhões; e a dos cefalópodes, que inclui principalmente polvos e lulas.

Gastrópodes. Os gastrópodes apresentam cabeça bem diferenciada, com tentáculos tácteis e outros nos quais se dispõem os olhos. Têm o pé muito típico, grosso e proeminente, sobre o qual se assenta a massa visceral, encerrada na concha. Devido à formação da concha, os órgãos mais importantes do corpo experimentam um processo de torção ou giro em relação ao eixo longitudinal, com o que o aparelho digestivo se curva e o sistema nervoso sofre um cruzamento em seus cordões neurais. Nos organismos marinhos, a respiração é branquial e nos de terra firme e de água doce, é pulmonar.

Quando o animal se acha em perigo, retrai o corpo e o esconde no interior da concha, o que as formas terrestres também fazem ao entrarem em letargia para enfrentar o inverno. Neste último caso, a abertura da concha é tapada com muco que se solidifica ao secar, impedindo, assim, a perda de umidade. Certas espécies aperfeiçoaram ainda mais o sistema e formam uma pequena placa calcária, em forma de disco, com a qual vedam completamente a abertura.

A concha se dispõe em espiral, se bem que em determinadas espécies terrestres ela tenha desaparecido de todo (lesmas vaginulídeas) ou se reduza a uma casca achatada, fina e oculta sob o manto (lesmas limacídeas). Caramujos e caracóis se distinguem pelas formas elaboradas e beleza de suas conchas. O primeiro nome, no Brasil, designa todos os gastrópodes de água doce ou salgada, quer pulmonados, quer providos de brânquias, enquanto o segundo se restringe aos pulmonados terrestres com concha fina e de pequenas dimensões. Representantes dos dois grupos são extremamente comuns na fauna brasileira. Citam-se entre os caramujos os aruás do gênero Ampullarius, os bulimos do gênero Strophocheilus, o linguarudo (Lintricula auricularia), o preguari (Strombus pugilis) e búzios como Cassis tuberosa. Entre os caracóis, sobressaem os dos gêneros Bradybaena, Leptinaria e Subulina. Gastrópodes marinhos bem conhecidos no Brasil e em várias partes do mundo são as lapas do gênero Patella, os múrices do gênero Murex, a litorina (Littorina littorea), as porcelanas e chaves do gênero Cypraea.

Bivalves. Em sua maior parte, os bivalves -- ou pelecípodes -- são marinhos. Sua concha se constitui de duas valvas que se fecham como tampas graças à contração dos chamados músculos adutores; a articulação das valvas se processa mediante a charneira, frequentemente denteada, que as mantém unidas.

A respiração se efetua por meio de brânquias laminares, razão pela qual esses animais também são conhecidos como lamelibrânquios. Tais lâminas, ao mesmo tempo, filtram partículas alimentícias em suspensão na água. Algumas espécies, como as amêijoas, dispõem de estruturas tubuliformes -- os sifões branquial e cloacal -- pelas quais absorvem substâncias nutritivas e eliminam os resíduos oriundos da atividade metabólica.

Entre os bivalves acham-se espécies muito utilizadas na alimentação humana, entre elas o mexilhão da Europa (Mytilus edulis) e seus correspondentes brasileiros, os mariscos conhecidos por nomes como sururu ou bacucu, a ostra (Ostrea edulis), a navalha europeia (Ensis ensis), a unha-de-velha alagoana (Tagelus gibbus) ou a famosa coquille Saint-Jacques francesa (Pecten jacobeus), conhecida também como concha-de-romeiro. Referência à parte merece a enorme Tridacna gigas do Pacífico, que alcança 1,30m e cujas conchas foram usadas em igrejas antigas como pias batismais.

Cefalópodes. A classe dos cefalópodes congrega espécies habituais em alto-mar, capazes de se deslocarem por propulsão, até mesmo em águas profundas, graças à forte emissão de líquido através de um sifão. Cefalópodes como os polvos e lulas são dotados de uma glândula produtora de tinta escura, que pode ser esguichada para turvar a água e assim prejudicar a visão de seus eventuais predadores.

Algumas espécies, como os náutilos, possuem concha externa espiralada, ao passo que em muitas outras, entre as quais os polvos, lulas e sépias, a concha tornou-se vestigial, reduzida a uma pequena lâmina cartilaginosa ou coriácea no interior do corpo. Traço característico dos cefalópodes desprovidos de concha é a presença de tentáculos terminados em ventosas ao redor da cabeça, em número variável, mas na maioria das vezes entre oito e dez. Animais como os polvos são por isso chamados de octópodes, cabendo às lulas e sépias a designação de decápodes. Os argonautas configuram um grupo à parte, por associarem a existência de tentáculos à de uma concha bem constituída, embora fina e frágil, que serve entre outras coisas para a incubação de seus ovos.

Nas espécies do gênero Nautilus, que ocorrem sobretudo nos oceanos Índico e Pacífico, a concha nacarada e de grande valor ornamental consiste de cerca de 36 câmaras, na última das quais o animal vive. Todas as câmaras se comunicam por um tubo, o sifúnculo, pelo qual há uma intensa circulação de gases, para dentro e para fora dos diversos compartimentos. Em decorrência disso, a concha funciona como uma boia ou órgão hidrostático, que facilita ao molusco a ascensão e a descida na água. Os náutilos possuem também dezenas de pequeninos tentáculos contráteis, que utilizam para a captura de camarões e outras presas de que se nutrem.

Outras classes. Os moluscos incluem também outras classes, com menor número de espécies. Os monoplacóforos, como os do gênero Neopilina, são muito primitivos, enquanto os escafópodes (gênero Dentalium) possuem concha de forma tubular. Na classe dos anfineuros incluem-se os poliplacóforos (tipificados pelo gênero Chiton) e os solenogastros (aplacóforos), semelhantes a vermes e sem concha, mas incluídos entre os moluscos pelas características de seus estágios larvares.

Gastrópodes; Invertebrados; Lula; Mexilhão; Náutilo; Ostra; Polvo

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