Alegoria, Expressão Literária

Alegoria, Expressão Literária

#Alegoria, Expressão Literária

Alegoria é um modo de expressão literária e artística que, através de um conjunto de imagens, mostra uma realidade com significado simbólico. Ou seja, a alegoria tem dois planos: o da representação figurada, literal e visível, e o da significação encoberta. Os elementos da representação figurada correspondem aos da realidade ocultada, e a correspondência entre os dois planos se dá pelo princípio da analogia.

A alegoria foi empregada principalmente do século XIII ao século XVIII, contribuindo para enriquecer o significado da literatura e das artes visuais.

No romantismo alemão, estabeleceu-se a necessidade de distinção nítida entre alegoria e símbolo. Goethe, mais favorável a este último, chegou a dizer que distinguir entre a expressão alegórica e a simbólica seria a prova da consciência crítica de um jovem poeta; é que a alegoria, para os românticos, seria a tradução de uma estrutura não poética, isto é, de ideias abstratas, enquanto o símbolo partiria de uma imagem poética e sua significação seria uma atribuição posterior.

Desenvolvimento. A interpretação alegórica foi utilizada pelos filósofos pré-socráticos, que apontavam a "significação encoberta" dos mitos homéricos. Também os autores cristãos, de São Paulo a santo Ambrósio, ou o próprio santo Agostinho, valeram-se desse tipo de interpretação, mas para os textos bíblicos. A alegoria como invenção literária expandiu-se a partir do século XIII, em torno de símbolos correntes na época, como a rosa no famoso poema narrativo Le Roman de la rose (O romance da rosa), começado por Guillaume de Lorris. Pouco depois surgia a Divina comédia, de Dante Alighieri, a maior alegoria literária que se conhece. I Trionfi (Os triunfos), de Petrarca, e Amorosa visione, de Boccaccio, são alegorias de fundo respectivamente moral e erótico.

O século XVI vê o triunfo da alegoria no teatro, em representações do vício e da virtude, como no Auto da alma (1518), de Gil Vicente, nas morality plays  inglesas e nas moralités francesas. Do século XVII em diante a primeira obra toda alegórica é The Pilgrim's Progress (1678-1684; A marcha do peregrino), de John Bunyan, de realismo quase moderno. Há ainda elementos alegóricos em Calderón de la Barca e John Dryden, mas especialmente na sátira Gulliver Travels (1725; Viagens de Gulliver), de Jonathan Swift. Rara no século XIX, a alegoria conta com dois mestres no século XX: Kafka e Albert Camus.

Nas artes visuais há formas e personagens alegóricos desde a Grécia clássica ao surrealismo de Giorgio de Chirico ou de Salvador Dali. Elas aparecem em Giorgione e em Dürer no século XVI, em Rubens ou em La Marseillaise (1832), de François Rude, como na própria estátua da Liberdade, em Nova York (1886), de Frédéric-Auguste Bartholdi, bem como nos murais do mexicano Diego Rivera.

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