Antropofagia e Literatura

Antropofagia e Literatura  

Antropofagia e Literatura
Movimento de renovação literária surgido no bojo do modernismo brasileiro de 1922 em São Paulo, a antropofagia teve em Oswald de Andrade seu representante mais radical. Expor ao ridículo as posturas solenes, como também as formas gastas, a escrita empolada e a sujeição aos modelos europeus, foi o objetivo central do movimento, que impulsionou o modernismo a um compromisso maior com a brasilidade.

Sucessora da importante Klaxon (1922-1923), a Revista de Antropofagia (1928-1929) deu voz à nova corrente e, apesar da vida breve, exerceu forte e prolongada influência. Fundada por Oswald, com a participação de Antônio de Alcântara Machado e Raul Bopp, conheceu duas fases ou, como diziam seus criadores, duas "dentições".

Na primeira, como revista mensal de oito páginas, chegou a publicar dez números (de maio de 1928 a janeiro de 1929). Na segunda, reduzida a uma página do Diário de São Paulo, tornou-se semanal, saindo 16 vezes, com algumas irregularidades, entre 17 de março e 1o de agosto de 1929. Nos quatro primeiros números trazia a epígrafe: "órgão do clube de antropofagia", trocada daí em diante por "órgão da antropofagia brasileira de letras".

Malgrado suas conotações nacionalistas, o movimento antropofágico nunca se confundiu com o verde-amarelismo ou Escola da Anta, de Plínio Salgado, cuja solidariedade rejeitou ("Uma adesão que não nos interessa", no 10, de 12 de setembro de 1929). Como escreveu Raul Bopp em 1976, a antropofagia "não pretendia ensinar nada: dava apenas lições de desrespeito aos canastrões das letras".

O "Manifesto antropofágico" de Oswald de Andrade saiu no primeiro número da irreverente revista, na qual publicaram trabalhos, entre outros, Carlos Drummond de Andrade, Ascenso Ferreira, Augusto Meyer, Murilo Mendes e Manuel Bandeira.

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