II Guerra Mundial (1939-1945)

II Guerra Mundial (1939-1945)

A II Guerra Mundial (1939-1945) foi um conflito armado que se estendeu praticamente por todo o mundo, de 1º  de setembro de 1939 até 7 de maio de 1945, quando a Alemanha capitulou, e 2 de setembro do mesmo ano, quando o Japão se rendeu. Os principais beligerantes foram, de um lado, Alemanha, Itália e Japão, as chamadas potências do Eixo; e do outro as potências aliadas: França, Reino Unido, Estados Unidos, União Soviética e, em menor escala, China.

Países de todos os continentes foram envolvidos, de forma ativa ou passiva, pela segunda guerra mundial, uma disputa em que nações com séculos de civilização se enfrentaram numa escala destrutiva sem precedentes.

Causas e antecedentes
A guerra foi, em muitos aspectos, uma consequência, após um difícil intervalo de vinte anos, das graves disputas que a primeira guerra mundial não resolvera. A frustração alemã depois da derrota em 1918 e os duros termos do Tratado de Versalhes, somados à intranquilidade política e à instabilidade social que afetaram crescentemente a chamada república de Weimar (1919-1933), tiveram como resultado uma radicalização do nacionalismo alemão. Dessa forma ocorreu a ascensão ao poder de Adolf Hitler, chefe do Partido Trabalhista Alemão Nacional Socialista, o partido nazista, de ideologia totalitária, ultranacionalista e anti-semita.

Depois de se outorgar plenos poderes em 1933, Hitler, que assumira o título de Führer, chefe militar do Terceiro Reich, promoveu o rearmamento da Alemanha, aproveitando-se da indecisão das potências europeias em se oporem a seus desígnios. Decretou o serviço militar obrigatório na Alemanha e ordenou a ocupação militar da zona do Reno (Renânia), em março de 1936, numa transgressão unilateral do Tratado de Versalhes.

Nesse mesmo ano, Benito Mussolini, o ditador fascista da Itália, lançou-se à conquista da Abissínia (Etiópia), depois de haver estabelecido, em 1926, um protetorado na Albânia, que lhe permitia ocupar uma posição privilegiada no mar Adriático. O Duce firmou com Hitler um acordo secreto.

SEGUNDA GUERRA MUNDIALO ambiente de tensão não se limitava ao continente europeu. Na Ásia, o Japão, em busca da hegemonia comercial, invadira a Manchúria em setembro de 1931, dando início à conquista do norte da China. Procurando isolar a União Soviética, fez um pacto anticomunista com a Alemanha, em 1936, ao qual a Itália aderiu no ano seguinte. Foi o chamado Pacto Tripartite, que estabeleceu o eixo Tóquio-Roma-Berlim.

Desenvolvimento da crise
A remilitarização da zona do Reno contribuiu para o desequilíbrio no continente europeu. Tirando proveito da crise provocada pela guerra civil espanhola (1936-1939), Hitler anexou a Áustria (o Anschluss) ao Terceiro Reich, em março de 1938, e iniciou uma intensa campanha em favor da autodeterminação das minorias germânicas da Tchecoslováquia. Em 15 de março de 1939, Hitler proclamou, no castelo de Praga, um protetorado sobre a Boêmia-Morávia, enquanto a França e o Reino Unido se preparavam para a guerra.

Em abril de 1939, a Itália anexou a Albânia. Em 23 de agosto, a Alemanha e a União Soviética firmaram um pacto de não-agressão (o pacto Ribbentrop-Molotov), o que permitia a Hitler lutar numa só frente quando irrompesse o conflito. O pacto continha cláusulas secretas sobre a divisão da Polônia e sobre o estabelecimento de esferas de influência soviéticas e alemãs nos países bálticos e na Finlândia. Seis dias depois, Hitler solicitou à Polônia o envio de um embaixador plenipotenciário para tratar de assuntos territoriais e não foi atendido. Ordenou, então, a invasão da Polônia, em 1º de setembro de 1939. Dois dias depois, o Reino Unido e a França declararam guerra à Alemanha.

Guerra na Europa
Depois do ataque alemão, tropas soviéticas invadiram a parte oriental da Polônia, que, conforme o pacto feito por Hitler e Stalin, ficou dividida entre a Alemanha e a União Soviética. Os exércitos alemães voltaram-se, então, para oeste, enquanto os franceses abrigavam-se na linha Maginot, sistema de fortificações de concreto que se estendia ao longo da fronteira franco-alemã. Em 30 de novembro, a União Soviética invadiu a Finlândia.

Em 9 de abril de 1940, tropas nazistas ocuparam a Dinamarca. Em seguida, Hitler desencadeou uma "guerra relâmpago" (Blitzkrieg) e tomou os principais portos da Noruega, enquanto sua aviação pousava em Oslo. No mesmo dia instalou-se na capital norueguesa um governo "colaboracionista", encabeçado por Vidkun Quisling. As forças aliadas acorreram em socorro da Noruega, mas Hitler enviou grandes reforços para vencer a resistência. Em junho, os aliados tiveram que deixar o país, e o rei Haakon refugiou-se na Inglaterra.

Batalha da França
Os acontecimentos nos países nórdicos converteram-se em problema de menor importância para as potências ocidentais quando, em 10 de maio de 1940, foram surpreendidas pelo ataque de Hitler aos Países Baixos e à Bélgica. As forças aliadas rapidamente se deslocaram para a fronteira franco-belga, enfrentando os alemães, que pretendiam invadir a França pelo norte. Em 14 de maio, terminou a conquista dos Países Baixos e, no dia 27 do mesmo mês, a Bélgica foi dominada. Isoladas, as tropas britânicas tiveram que ser evacuadas apressadamente, numa gigantesca operação, das praias de Dunquerque, perdendo todo seu equipamento.

Em 10 de junho, Mussolini decidiu entrar na guerra. O alto comando francês foi obrigado a enviar tropas para a fronteira italiana e a defesa do país tornou-se impossível. No dia 14 de junho, os alemães tomaram Paris e um grupo de políticos e oficiais de tendência fascista constituiu um novo governo (o chamado governo de Vichy), sob a chefia do marechal Philippe Pétain, herói francês da primeira guerra mundial.

No dia 17, a França firmou um armistício com a Alemanha. De Londres, entretanto, o general Charles de Gaulle, pelo rádio, exortava os franceses a continuarem a resistência contra os invasores alemães. Restava à Alemanha vencer o Reino Unido e os nazistas moveram sua artilharia pesada para as proximidades do porto francês de Calais, para dali bombardear a costa inglesa.

Durante agosto e setembro de 1940, a Luftwaffe alemã iniciou um grande ataque aéreo contra a ilha, com o objetivo de debilitar o Reino Unido, para uma posterior invasão através do canal da Mancha. O bombardeio causou imensos danos às cidades e às defesas do país. No dia 7 de setembro, teve início uma terrível ofensiva contra Londres, com grandes perdas para a população civil.

Apesar da inferioridade numérica, os britânicos tinham a seu favor um sistema de detecção por radar e um caça, o Spitfire, superior a qualquer avião alemão. Os bombardeios continuaram a devastar o país até 1941; mas a Royal Air Force (RAF) britânica acabou se impondo e Hitler adiou indefinidamente a invasão. Pela primeira vez, o avanço alemão havia sido freado, o que teve enorme valor simbólico.

Frente Oriental

O fracasso no Reino Unido levou Hitler a mudar de planos e atacar a União Soviética (plano Barba-Roxa). Antes resolveu consolidar seu domínio na Europa, voltando-se contra os Balcãs.

A Romênia já havia sido dominada em meados de 1940. A tentativa de invasão da Grécia pela Itália, iniciada em outubro de 1940, encontrou forte resistência, o que fez com que a Alemanha precisasse socorrer sua aliada. Em março de 1941, os exércitos alemães ocuparam a Bulgária e trataram de organizar um governo satélite na Iugoslávia, em 17 de abril. Em seguida, parte da Grécia foi ocupada pelos italianos. Com a ocupação da ilha de Creta, entre 20 e 30 de maio, os alemães deram por concluída a campanha dos Balcãs.

Em junho de 1941, Hitler rompeu o pacto de não-agressão com os soviéticos, ao mesmo tempo em que procurava atrair as simpatias do Reino Unido e dos Estados Unidos, por assumir o comando da campanha contra o comunismo. No dia 22 declarou guerra à União Soviética, no que foi seguido pela Itália, Romênia, e, mais tarde, pela Finlândia e pela Hungria. O Reino Unido e os Estados Unidos imediatamente apoiaram Stalin, mas a campanha nazista foi de início bem-sucedida.

As unidades alemãs conquistaram o norte do país e sitiaram Leningrado, enquanto pelo centro e ao sul se aproximavam de Moscou, dominando quase toda a Ucrânia. Em novembro, a contra-ofensiva soviética, com a ajuda do rigoroso inverno, conseguiu impedir a queda de Moscou, forçando as unidades motorizadas de Hitler a empreenderem a retirada. Na primavera de 1942, o exército soviético conseguiu recuperar grande parte do território ocupado.

Resistência européia
A "nova ordem" que Hitler impusera ao continente europeu apoiava-se na utilização de todos os recursos econômicos dos países ocupados, e o operariado era forçado a trabalhar na produção de material bélico. A população civil, que inicialmente parecia conformada, aos poucos começou a se organizar, por todo o continente, em pequenos mas decididos grupos de patriotas, para resistir à sistemática exploração nazista.

Assim, França, Noruega, Bélgica, Países Baixos, Itália, Iugoslávia, Tchecoslováquia, Grécia e a parte da União Soviética ainda ocupada pelos alemães viram surgir grupos que continuamente hostilizavam o inimigo, o que levou o comando nazista a adotar medidas de repressão, incluindo o massacre de civis. Findo o conflito, os culpados por esses delitos foram julgados no tribunal de Nuremberg por crimes contra a humanidade.

Guerra no Pacífico
Os Estados Unidos se mantiveram neutros de início, mas começaram em 1940 a cuidar de sua defesa. Em 1941, o Congresso americano autorizou um sistema de empréstimo e arrendamento (lend-lease), para facilitar as remessas de material bélico ao Reino Unido. A Alemanha passou a torpedear os navios americanos, a fim de impedir a ajuda, o que levou os Estados Unidos a armar seus navios e a comboiá-los com vasos de guerra. Em agosto o presidente americano Franklin Roosevelt e o primeiro-ministro britânico Winston Churchill assinaram a Carta do Atlântico, que estreitava ainda mais a colaboração britânico-americana.

Enquanto isso, o Japão prosseguia em sua ofensiva na Ásia. Em 1941, o governo francês de Vichy permitiu o estabelecimento de bases nipônicas na Indochina, colocando em perigo as colônias britânicas e americanas do Pacífico. Rapidamente, essas duas potências cortaram as relações comerciais com o Japão, com o que tornaram mais crítica a situação da rivalidade mercantil há muito existente no Pacífico.

Os japoneses solicitaram que se celebrasse uma conferência com os Estados Unidos, para discutir pacificamente as divergências. Os dois delegados ainda não tinham deixado Washington quando, no dia 7 de dezembro de 1941, os japoneses bombardearam a base americana de Pearl Harbor, no Havaí, que representava um grande perigo para eles, pois a aviação e a esquadra ali estacionadas poderiam, a qualquer momento, atacar o Japão. No ataque, os americanos perderam grande parte de sua força naval.

No dia seguinte, os Estados Unidos declararam guerra ao Japão e no dia 11 à Alemanha e à Itália. Em janeiro de 1942, 26 nações lutavam contra os países do Eixo. Uma aliança celebrou a união das forças dessas nações, que passaram a chamar-se Nações Unidas.

Batalha de Stalingrado
Na frente russa, Hitler recuperava-se do contra-ataque soviético de 1941, organizando uma nova e grande ofensiva. Seu objetivo agora era a região petrolífera do Cáucaso. As forças nazistas penetraram na Criméia, que conquistaram facilmente. Em seguida, no verão de 1942, novamente atiraram-se contra Stalingrado (depois Volgogrado) que, em agosto, foi sitiada por um exército de 340.000 homens. A batalha que se seguiu foi uma das maiores da guerra, com enormes baixas de ambos os lados.

A importância estratégica da cidade devia-se a sua posição na bacia do Volga, cujo domínio daria fácil acesso à região petrolífera do Cáucaso. Por isso, o comando alemão concentrou nessa batalha uma enorme quantidade de homens e material bélico. Logo na primeira investida, os tanques da Wehrmacht alemã romperam as linhas de defesa soviéticas e chegaram às portas da cidade. A ofensiva, intensificada nos meses de setembro e outubro, permitiu que os alemães penetrassem na cidade após sangrentos combates.

Hitler assegurava que não havia força militar na terra capaz de expulsar os alemães de Stalingrado, mas, ainda assim, a cidade resistia. O objetivo da Wehrmacht era desarticular as tropas soviéticas e empurrá-las até as margens do Volga, para aí destruí-las. A cidade converteu-se num monte de ruínas, mas não pôde ser conquistada.

Em novembro, a ofensiva germânica contra Stalingrado foi detida. Imediatamente, o exército soviético atacou, comandado pelo marechal Georgi Konstantinovitch Jukov. Em 23 de novembro, os corpos soviéticos das frentes sul e norte, apoiados pelas forças do setor de Stalingrado, avançaram e cercaram as divisões alemãs que, durante todo o mês de dezembro, foram submetidas a severos bombardeios de aviação e artilharia.

Finalmente, em 10 de janeiro de 1943, os soviéticos iniciaram o extermínio dos invasores e, em vinte dias de combates, os alemães foram vencidos. Nesse último assalto morreram cerca de 200.000 homens de ambos os lados, e mais de noventa mil alemães caíram prisioneiros, entre eles o marechal Friedrich von Paulus, comandante do setor de Stalingrado. Era a primeira grande derrota alemã e o curso da guerra começou a mudar.

Guerra no Mediterrâneo
Os italianos lançaram no início de 1940 uma ofensiva na África, com o objetivo de conquistar o Egito e foram totalmente batidos pelos britânicos. Em socorro dos italianos veio o corpo africano (Afrikakorps) alemão, do marechal Erwin Rommel, que empurrou os ingleses de volta. Em julho de 1942, a ofensiva alemã contra o Egito foi detida na batalha de al-Alamein. Nesse momento, terminaram as esperanças da Alemanha de conseguir uma vitória rápida na África, mesmo porque as tropas de Rommel estavam exaustas e acossadas.

Em meados de outubro de 1942, chegaram reforços aliados ao norte da África. A superioridade numérica sobre as tropas alemãs era enorme e, em novembro, Rommel ordenou a retirada. As tropas alemãs recuaram gradualmente até Túnis, onde capitularam em maio de 1943. A derrota na África tirou de Hitler a possibilidade de atacar a América e modificou radicalmente o panorama da guerra.

Primeiras vitórias aliadas no Pacífico. Com as perdas sofridas pela aviação e pela marinha dos Estados Unidos no bombardeio de Pearl Harbor, o Japão conquistara superioridade bélica no Pacífico. Pôde assim invadir as Filipinas, forçando o exército do general Douglas MacArthur a retirar-se para a Austrália, em abril de 1942. Os japoneses ocuparam as Filipinas e a Tailândia e lançaram uma ofensiva contra a Birmânia (hoje Myanmar), tomando Rangum (hoje Yangon), apesar do esforço dos aliados. Sucessivamente ocuparam então as colônias holandesas de Bornéu, Java e Sumatra.

Quando tentaram a conquista da Nova Guiné, procurando interceptar as linhas de comunicação aliadas, os japoneses foram derrotados nas decisivas batalhas aeronavais de mar de Coral e de Midway, em maio e junho de 1942. Em 7 de agosto, os aliados retomaram a iniciativa no Pacífico; os americanos desembarcaram em Guadalcanal, a fim de ocupar as Ilhas Salomão, e, apesar da feroz resistência dos japoneses, conseguiram finalmente tomar o objetivo.

Nessa altura, a guerra no Pacífico mudara de curso. O Japão havia perdido seus porta-aviões de primeira linha e seus melhores pilotos. Em pouco tempo, as forças navais dos japoneses e dos aliados estavam igualadas. A estratégia americana no Pacífico consistia em utilizar forças navais e anfíbias para avançar pelas cadeias de ilhas até o Japão, enquanto forças terrestres, em menor escala, cooperavam com os chineses e os britânicos no continente asiático.

Invasão da Itália
Vencida a campanha da África, o general Dwight Eisenhower, comandante-supremo das forças aliadas, invadiu a Sicília, em julho de 1943, preparando a conquista da Itália. Os pára-quedistas aliados desceram sobre a ilha, seguidos pelo desembarque da infantaria. As forças italianas no sul ofereceram pouca resistência. No norte, porém, os alemães lutaram tenazmente para proteger o estreito de Messina, só tomado pelos aliados um mês depois.

Simultaneamente à campanha da Sicília, aviões aliados começaram o bombardeio da Itália. Após um forte ataque aéreo a Roma, o conselho fascista expulsou Mussolini do governo, na noite de 24 para 25 de julho de 1943, e o rei Vítor Manuel III convocou o marechal Pietro Badoglio para chefiar o governo.

O novo ministro recebeu ordens de afastar todos os fascistas da administração pública e de negociar a paz com os aliados. A política aliada, contudo, consistia em não aceitar propostas de paz e insistir na capitulação do inimigo.

A capitulação incondicional da Itália foi assinada secretamente em 3 de setembro, mas só veio a ser anunciada no dia 8. Os alemães, que ainda ocupavam o país, prosseguiram na guerra. Reforçaram suas defesas no norte e no centro da Itália e continuaram lutando contra as tropas aliadas até o fim da guerra.

As tropas americanas tomaram Roma em junho de 1944. Na primavera de 1945, os exércitos aliados capturaram Bolonha e avançaram até a fronteira com a Suíça. Em 29 de abril, os oficiais alemães solicitaram o armistício e, a 2 de maio, um exército de mais de um milhão de homens rendeu-se incondicionalmente. Terminava aí a campanha da Itália.

Ofensiva soviética
Enquanto a luta na Itália se desenrolava, a guerra na União Soviética chegava a seu terceiro ano, sem grandes modificações. Em 15 de julho, o exército soviético assumiu pela primeira vez a ofensiva e, em setembro e outubro, avançou cerca de 900km e cruzou o rio Dnieper. Pelo sul, o avanço também foi muito rápido, alcançando o mar Negro. A ofensiva soviética de inverno fez com que os alemães se retirassem para novas posições na retaguarda.

O Exército Vermelho atacou depois em direção à Ucrânia, libertou Kiev e avançou para Odessa, no sul. No norte, a ofensiva chegou até a antiga fronteira da Polônia e conseguiu isolar a Alemanha da Finlândia. Apesar das vitórias aliadas, Hitler decidiu continuar a guerra, na esperança de que a invenção de novas armas lhe permitisse aniquilar o inimigo.

Invasão da Europa
Em 1941, Hitler concentrou sua aviação na frente soviética, o que permitiu à força aérea britânica, livre do perigo da invasão, o ataque ao continente europeu. Com o auxílio da aviação americana, foram feitos ataques sistemáticos, dia e noite, aos grandes centros da Alemanha. O bombardeio de Berlim começou no outono de 1943, com bombas incendiárias e explosivas. No início de 1944, as forças aéreas aliadas contavam com um potencial bélico impressionante e os bombardeios sucediam-se com intensidade cada vez maior.

No verão de 1944, os alemães começaram a usar as famosas bombas voadoras, que eram foguetes pilotados automaticamente. À primeira série de foguetes, denominada V-1, seguiu-se a das bombas V-2, supersônicas. Grande quantidade desses engenhos de guerra foi lançada sobre o Reino Unido, mas a invasão aliada no continente não se deteve. O próprio Eisenhower observaria mais tarde que, se tivessem sido empregadas antes, essas "armas secretas" poderiam ter mudado o curso da guerra.

Numa conferência em Teerã, em novembro de 1943, Roosevelt, Churchill e Stalin decidiram o ataque à Europa ocupada. Em cumprimento às resoluções da conferência, em 6 de junho de 1944 (o dia D), 156.000 homens desembarcaram nas praias da Normandia, após atravessar o canal da Mancha, na maior operação anfíbia da história. Pára-quedistas britânicos e americanos desceram por trás das linhas alemãs na França e destruíram vias de comunicação e postos militares inimigos. As tropas invasoras entrincheiraram-se em abrigos improvisados na costa e dali lançaram uma grande ofensiva, com o apoio de tanques, artilharia pesada, aviação e o fogo dos navios, contra as fortificações alemãs. As tropas americanas avançaram rapidamente em direção a oeste e, em 27 de junho, tomaram o importante porto de Cherburgo.

Depois desses êxitos iniciais, a frente estabilizou-se. O avanço aliado tornou-se mais lento, pois as forças alemãs organizaram uma resistência firme, aproveitando as defesas naturais da província da Normandia. Em 26 de julho, os americanos concentraram suas forças e lançaram um forte ataque, perto do povoado de Saint-Lô, conseguindo romper as linhas inimigas. Os alemães tiveram então de se retirar em toda a frente de batalha.

Em agosto, os aliados realizaram um novo desembarque no sul da França e encontraram pouca resistência. O novo exército moveu-se rapidamente e juntou-se a outras forças expedicionárias. Ao mesmo tempo, as organizações clandestinas de patriotas franceses somaram-se às forças aliadas e, por toda parte, surgiram grupos armados que atacavam os alemães pela retaguarda.

Batalha da Alemanha
Derrotadas, as tropas alemãs estacionadas na França retiraram-se para a linha Siegfried, grande muralha de ferro e concreto construída entre 1936 e 1939 para fazer frente à linha Maginot dos franceses, e que representava a última palavra em engenharia militar. Em alguns lugares, contava com sessenta fortes bem armados em cada quilômetro de extensão, e ao longo de toda a linha havia arame farpado, armadilhas para tanques e vários outros meios de defesa.

Em meados de setembro, os aliados, que até então haviam evitado um ataque frontal à linha, realizaram uma poderosa ofensiva contra Aachen, uma das mais importantes praças fortificadas do sistema. Em fins de outubro, a cidade, em ruínas, capitulou, e Eisenhower penetrou com suas forças pela brecha. Os alemães ainda tentaram uma contra-ofensiva na Bélgica, com o objetivo de cortar as linhas de abastecimento aliadas. O ataque, deflagrado em 16 de dezembro, teve êxito inicial mas finalmente foi detido, na última tentativa do exército germânico de reverter a sorte da guerra.

A ofensiva final das forças de Eisenhower foi facilitada pelo ataque soviético na frente oriental. A 1º de abril de 1944, os exércitos aliados haviam cruzado o Reno e forçado a rendição de mais de 300.000 inimigos, inclusive trinta generais. A frente rompeu-se, e os exércitos aliados chegaram até as fronteiras da Áustria e da Tchecoslováquia. No fim de abril, estavam às portas de Berlim.

Enquanto isso, as tropas soviéticas ocupavam a Finlândia, a Romênia e a Bulgária, e o marechal Tito tomava o poder na Iugoslávia. O último satélite da Alemanha nos Balcãs a cair foi a Hungria, que em fevereiro de 1945 capitulou após encarniçada luta. Os exércitos de Stalin, em seguida, expulsaram os alemães da Letônia, Estônia e Lituânia, enquanto se preparavam para uma grande ofensiva contra Varsóvia.

O ataque a Varsóvia iniciou-se em 12 de janeiro de 1945. Rapidamente, as tropas alemãs recuaram 250km e perderam Varsóvia, Koenisberg, Dantzig (hoje Gdansk) e toda a Prússia oriental. A ofensiva prosseguiu em março, e teve início um período de bombardeio aéreo sobre a Alemanha como jamais se vira.

As tropas americanas avançaram na Áustria e estabeleceram contato com o exército aliado que marchava pelo norte. No fim de março, iniciou-se um grande ataque soviético a Berlim: o Exército Vermelho cruzou o rio Oder, ao mesmo tempo em que americanos e britânicos chegavam a cerca de setenta quilômetros da capital alemã. No fim de abril, a vanguarda das tropas soviéticas ocupou os subúrbios de Berlim e todos os edifícios do governo, enquanto Hitler ainda dava ordens de sua fortaleza subterrânea no edifício da chancelaria.

Em 30 de abril, o Führer nomeou o almirante Karl Dönitz como seu sucessor e, em seguida, suicidou-se. Dönitz tentou continuar a guerra, mas os chefes militares se negaram a obedecê-lo e deram início à rendição em massa. No dia 2 de maio, os soviéticos dominaram a capital e, cinco dias mais tarde, o governo alemão rendeu-se aos aliados. Estava encerrada a batalha da Europa; a luta prosseguia no Pacífico.

Batalha da Ásia
No verão de 1942, os japoneses detinham ricos territórios e importantes posições na Ásia. Seu império estendera-se enormemente e o governo nipônico precisava proteger os novos domínios. Os constantes ataques americanos a seus navios ameaçavam as linhas de suprimento. Os japoneses precisavam estabelecer bases militares na Nova Guiné e nas ilhas Salomão, no que foram impedidos pelos aliados.

Em meados de 1943, os aliados já haviam acumulado material e forças suficientes para tomar a iniciativa. O exército do general americano MacArthur conseguiu progredir ao longo da costa a oeste da Nova Guiné e chegou ao golfo de Huon, após combates nas selvas que romperam as últimas defesas japonesas.

MacArthur continuou avançando e, em dezembro de 1943, chegou à ilha de Nova Bretanha. A esquadra do almirante Chester W. Nimitz, por sua vez, com a missão de preparar o ataque ao território japonês, cercou as ilhas Gilbert (hoje parte de Kiribati) e, mais tarde, as ilhas Marshall, que capitularam em janeiro de 1944. Os americanos avançaram com dificuldade sobre as ilhas Marianas e, em outubro, ocuparam as ilhas Palau.

As Marianas foram imediatamente convertidas em base de operação de grandes aviões de bombardeio, que iniciaram o ataque aéreo ao Japão, cujas cidades, indústrias e centros militares foram severamente castigados. O objetivo seguinte da estratégia aliada era a reconquista das Filipinas. Depois de longo bombardeio aéreo e naval, as tropas de MacArthur desembarcaram e tomaram a ilha de Leyte. A esquadra japonesa veio ao encontro da americana e foi destruída, depois de três dias de combate. Em março de 1944, Manila se rendeu. Em março e junho do ano seguinte, os Estados Unidos capturaram as ilhas de Iwo Jima e Okinawa, depois de lutas sangrentas.

As forças aliadas achavam-se agora em condições de atacar o território japonês. O alto comando aliado, desejoso de abreviar a guerra no Oriente, em vista da expansão soviética pela Coreia, e ciente das baixas que uma invasão tradicional provocaria, decidiu utilizar uma nova arma. No dia 6 de agosto de 1945, um avião americano deixou cair sobre a cidade japonesa de Hiroxima a primeira bomba atômica, que destruiu sessenta por cento de sua área. Oitenta mil pessoas morreram queimadas ou em consequência da radiação, e outras setenta mil ficaram gravemente feridas.

Dois dias depois, em cumprimento a um acordo prévio com os Estados Unidos, a União Soviética declarou guerra ao Japão e moveu suas forças para atacá-lo pela Manchúria. Em 9 de agosto, os Estados Unidos lançaram uma segunda bomba nuclear sobre Nagasaki, que também sofreu enorme devastação. Os japoneses, ante essa demonstração de força, se renderam formalmente em 2 de setembro de 1945. A cerimônia de rendição ocorreu a bordo do encouraçado Missouri, na baía de Tóquio.

América Latina e a guerra
Logo após a eclosão do conflito na Europa, em setembro de 1939, realizou-se no Panamá uma reunião de chanceleres dos países americanos, em que ficou acertada a neutralidade do continente. Contudo, a invasão da França pelos alemães trouxe inquietação às nações do Novo Mundo, que se reuniram novamente, em Havana, para estudar a situação. Na conferência, aprovou-se um dispositivo de segurança continental, pelo qual um país agredido contaria com o apoio incondicional de todas as outras nações americanas do hemisfério.

Em 1941, o ataque japonês a Pearl Harbor foi visto como uma violação clara dos princípios aprovados na Conferência de Havana e, em poucos dias, Costa Rica, Cuba, El Salvador, Guatemala, Haiti, Honduras, Nicarágua, Panamá e República Dominicana declararam guerra ao Eixo, enquanto Colômbia, Equador, México e Venezuela rompiam relações diplomáticas com os países totalitários.

Por sugestão do Chile, organizou-se a Conferência dos Ministros do Exterior do Rio de Janeiro, em janeiro de 1942, em que ficou assentada a ruptura de relações diplomáticas dos países da América com o Eixo. As nações americanas se ofereceram para enviar tropas à frente de batalha.

O Brasil, que suspendera as relações diplomáticas com os governos totalitários em janeiro de 1942, declarou-lhes guerra em agosto, e organizou uma força expedicionária que tomou parte ativa na campanha da Itália. O México declarou guerra ao Eixo em junho de 1942 e contribuiu com tropas, principalmente com sua aviação, que combateram nas Filipinas e em Formosa. As ofertas dos outros países não foram aceitas pelo comando aliado, em vista da dificuldade do treinamento dos soldados em curto prazo.

Em fevereiro de 1945, celebrou-se uma assembleia especial de ministros do Exterior no México, para tratar de assuntos da guerra e do pós-guerra. Foi quando se reafirmou o princípio da Conferência de Havana (1940), de segurança coletiva continental, e foram assentadas as bases de uma nova organização dos estados americanos.

Até 1942, as tradições brasileiras sempre preservaram a propriedade privada, mesmo quando pertencesse a pessoa de nacionalidade inimiga. Naquele ano, porém, o governo, querendo acompanhar os aliados, promulgou a lei constitucional número 5, de 10 de março, que declarou o estado de emergência e suspendeu as garantias atribuídas à propriedade e à liberdade de pessoas físicas ou jurídicas de países estrangeiros beligerantes. Assim, foi feito o arresto dos bens dos súditos do Eixo, de cuja liquidação foi incumbida, depois da vitória, a Comissão de Reparações de Guerra (CRG), que também tratou das indenizações pleiteadas pelos nacionais.

Consequências da guerra. De todos os conflitos registrados na história, a segunda guerra mundial foi o de maiores e mais profundas consequências. Calcula-se que de 35 a 60 milhões de pessoas foram mortas, entre elas um grande número de civis. Os bombardeios maciços de cidades e instalações industriais causaram imensas perdas materiais. A capacidade ofensiva das novas armas e táticas de guerra (transportes e bombardeios aéreos, porta-aviões, unidades de para-quedistas, tanques com canhões potentes, bombas com autopropulsores -- como os foguetes V-1 e V-2 que os alemães lançaram sobre Londres -- e bombas atômicas) explica as grandes destruições e matanças produzidas sobretudo na União Soviética, Alemanha, Japão, França e Reino Unido.

Durante o conflito, a guerra psicológica também atingiu alto grau de eficiência. A propaganda foi usada extensivamente, em todas as suas formas, tanto durante o conflito quanto após o cessamento das hostilidades.

As conferências de paz de Teerã, em 1943, de Yalta e de Potsdam, ambas em 1945, mudaram o mapa do mundo. Nelas foram firmadas as bases de um novo período histórico, no qual a velha Europa cedeu sua hegemonia às novas superpotências, que se consolidaram durante a guerra e depois dela: os Estados Unidos e a União Soviética. Esses países demonstraram ser os únicos com capacidade industrial e financeira para acumular um arsenal de armas nucleares de segunda geração (bombas de hidrogênio) e mísseis de alcance intercontinental para transportá-las.

No decurso da guerra e no imediato pós-guerra, a União Soviética anexou os três países bálticos (Lituânia, Letônia e Estônia), territórios romenos, poloneses, finlandeses e japoneses. Ao mesmo tempo, estabeleceu um "cinturão de segurança" em suas fronteiras quando instalou, à sombra de suas forças armadas, regimes comunistas na Alemanha oriental, Polônia, Tchecoslováquia, Hungria, Romênia, Bulgária, Iugoslávia e Albânia.

Os Estados Unidos que, ao contrário dos países europeus e do Japão, não sofreram bombardeios em seu território, puderam durante a guerra expandir em proporções imensas seu já gigantesco parque industrial, para equipar seus exércitos e os de seus aliados. Esse poderio econômico resultou em considerável ampliação da sua influência política, sobretudo no hemisfério ocidental e no Japão.

Politicamente, o mundo cindiu-se, no pós-guerra, em duas poderosas facções: a democracia ocidental, em suas variadas formas, e o comunismo soviético, que só viria a decair décadas depois, no fim do século XX, com a extinção da União Soviética e a criação da Comunidade de Estados Independentes (CEI).

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