Império Asteca, História e Destruição do Império Asteca

Império Asteca, História e Destruição do Império Asteca

Império Asteca, História e Destruição do Império Asteca
Império Asteca
Os Astecas são considerados o povo mais civilizado e poderoso da América pré-colombiana, os astecas controlaram um enorme império que se estendia por grande parte da região meso-americana (área cultural que compreendia parte do México e da América Central).

História - Os astecas, também chamados mexicas ou tenochcas, chegaram ao vale do México no início do século XII da era cristã, procedentes de Chicomoztoc ("sete grutas"), situada em algum ponto desconhecido do noroeste do México. Outros povos de língua náuatle, como os chichimecas, acolhuas, tepanecas, culhuas, toltecas e pipiles haviam chegado anteriormente à região. As sete tribos astecas, guiadas por vários sacerdotes e caudilhos, e seguindo os desígnios do deus Huitzilopochtli, assentaram-se sucessivamente no lago Pátzcuaro e em Coatepec antes de chegar ao vale.

Depois de passar pela antiga cidade de Tula, por Zumpango, por Cuauhtitlan e por Ecatépec, em 1276 os astecas, governados por Hutzilihuitl o Velho, estabeleceram-se em Chapultepec, onde ficaram famosos pela agressividade e pela prática de cruéis sacrifícios. Em 1319 foram derrotados pelos culhuas e outros povos do lago Texcoco e acabaram confinados em Tizapán. Posteriormente se aliaram aos culhuas, mas depois do sacrifício de Achitometl, filha do senhor de Culhuacan, Coxcoxtli, tiveram que fugir pelo lago de Texcoco. Numa das ilhas do lago, a visão de uma águia que comia uma serpente lhes indicou o lugar onde deveriam construir sua nova capital, Tenochtitlan, fundada em 1325.

Durante os anos seguintes, os astecas e os tlatelolcas, grupo mexícatl estabelecido numa ilha próxima, passaram a pagar tributos aos tepanecas de Azcapotzalco. Em 1376, o príncipe culhua Acamapichtli proclamou-se tlatoani (rei) dos astecas, com o consentimento de Tezozómoc, soberano tepaneca. Huitzilihuitl sucedeu Acamapichtli em 1396 e, depois de casar com uma filha de Tezozómoc, conseguiu reduzir os tributos pagos a Azcapotzalco. Durante o reinado de Chimalpopoca (1417-1427), neto de Tezozómoc, os astecas ajudaram os tepanecas a conquistar a cidade de Texcoco e aboliram o pagamento de tributos. Depois da morte de seu avô, Chimalpopoca foi preso e morto pelo novo rei tepaneca, Maztla.

Tríplice Aliança - A atitude agressiva de Azcapotzalco provocou a união entre Tenochtitlan, Texcoco e outro pequeno estado, Tlacopan. Os aliados venceram os tepanecas e iniciaram um período de expansão territorial. A confederação das três cidades tinha um caráter predominantemente militar, tanto ofensivo como defensivo. Durante o reinado de Izcóatl, a Tríplice Aliança estendeu seus domínios pela zona ocidental do vale do México.

Entre 1440 e 1469 reinou em Tenochtitlan Montezuma (ou Moctezuma) I Ilhuicamina, que consolidou as conquistas anteriores e empreendeu outras. Nessa época se iniciou o período áureo de Tenochtitlan, tanto no aspecto econômico como no artístico, e organizaram-se as "guerras floridas", campanhas militares anuais contra as cidades independentes de Tlaxcala e Huejotzingo com a finalidade de fazer prisioneiros para sacrifícios religiosos.

Axayácatl sucedeu Montezuma I em 1469 - Durante seu reinado, os astecas conquistaram a cidade de Tlatelolco e as regiões do vale de Toluca, ocupadas pelos matlatzimas, otomis e mazahuas. Entretanto, os tarascos de Michoacán, armados com espadas de cobre (os astecas usavam armas de pedra e madeira), conseguiram conter o ímpeto conquistador da Tríplice Aliança.

Entre 1481 e 1486 reinou Tizoc, que morreu assassinado por uma conspiração palaciana. Seu sucessor, Ahuízotl, ampliou ao máximo as fronteiras do império asteca, impondo seu poderio sobre Oaxaca, Tehuantepec e parte da Guatemala. Artesãos e comerciantes prosperaram durante seu reinado, e Tenochtitlan viveu um período de grande desenvolvimento artístico e arquitetônico. Em 1502, depois da morte de Ahuízotl, seu sobrinho Montezuma II Xocoyotzin, eleito tlatoani, continuou a política imperialista de seus precursores e fortaleceu o poder monárquico. Durante seu reinado cresceu o descontentamento entre os povos submetidos pela Tríplice Aliança e houve o primeiro contato com os conquistadores espanhóis, em 1519. Naquela época, o império asteca se estendia por uma superfície de mais de 200.000km2 e tinha uma população de cinco a seis milhões de habitantes.

Destruição do império Asteca - Montezuma acolheu amistosamente os estrangeiros brancos, acreditando que Hernán Cortés era a encarnação do deus Quetzalcóatl, cuja chegada havia sido anunciada por profecias. Algumas centenas de espanhóis, apoiados por tribos indígenas inimigas dos astecas, chegaram a Tenochtitlan, onde foram recebidos como hóspedes. Um ataque asteca ao enclave espanhol de Vera Cruz, na costa do golfo do México, serviu de pretexto a Cortés para aprisionar Montezuma em sua própria corte. Finalmente, em 30 de junho de 1520, os guerreiros de Tenochtitlan, dirigidos por Cuitláhuac, irmão de Montezuma, obrigaram os espanhóis e seus aliados a abandonar a cidade.

Uma epidemia de varíola, trazida do Velho Mundo pelos espanhóis dizimou, durante os meses seguintes, a população de Tenochtitlan. Enquanto isso, Cortés se dedicou a reorganizar e reforçar seu exército e a preparar a invasão à capital asteca. Em abril de 1521, os espanhóis iniciaram o sítio de Tenochtitlan. Os astecas, sem água e alimentos, resistiram durante quatro meses. Em 13 de agosto houve o assalto final, durante o qual os astecas defenderam valorosamente sua cidade até os últimos momentos. Cuauhtémoc, o último tlatoani, foi preso pelos conquistadores quando tentava escapar numa canoa com a intenção de se refugiar nas províncias e reorganizar as forças astecas.

A queda da capital, a prisão do rei e a dispersão do exército asteca favoreceram a conquista do resto do império pelos espanhóis. Da capital reconstruída, Cortés organizou diversas expedições pelo território mexicano e centro-americano, que em 1534 foi convertido no vice-reino da Nova Espanha ou do México.

Atividade econômica - A civilização asteca se baseou, do ponto de vista econômico, na agricultura e no comércio. As condições climáticas e topográficas do vale do México, núcleo do império, permitiam o cultivo de produtos de zona temperada, mediante uma adequada organização dos trabalhos agrícolas de forma a amenizar os efeitos das estações secas e das geadas. Grande parte dos 80.000km2 do vale apresentava colinas, lagoas e zonas pantanosas que foram adaptadas à agricultura mediante aplicação de engenhosas técnicas de preparo de terreno para cultivo, drenagem e aterro. Uma das mais interessantes entre essas técnicas consistia na construção de canteiros flutuantes -- as chinampas -- por meio do empilhamento de galhos de árvores, barro e limo, que acabavam por fixar-se no fundo dos lagos. Sem animais de tração para a agricultura, os astecas contavam com cães e perus para uso doméstico. O milho era a cultura mais importante, ao lado da pimenta e do feijão.

A população relativamente grande do vale do México, que somava entre um milhão e um milhão e meio de habitantes em 1519, foi um dos fatores que levaram os astecas a conquistar outras regiões e comerciar com povos vizinhos. Os pochtecas, poderosa classe de mercadores, organizavam as caravanas comerciais e controlavam os mercados das cidades. A cidade de Tenochtitlan, que chegou a ter 13km2, incluídos os bairros periféricos e as chinampas, era o centro político e artesanal do império. A maior parte de sua população, que chegava a cem mil pessoas em 1519, era composta de administradores, guerreiros, comerciantes e artesãos.

Sociedade e política - A base da sociedade asteca era a família de caráter patriarcal e geralmente monogâmica. Um grupo de várias famílias compunha o calpulli, unidade social complexa que se encarregava de funções muito diversas, como a organização do trabalho agrícola, a arrecadação de impostos, o culto religioso, a educação e o recrutamento de guerreiros. Um conselho formado pelos chefes de família elegia o líder do calpulli. Cada família pertencente a um calpulli recebia em usufruto parte das terras comunais, que revertia ao calpulli se não fosse cultivada.

Acima dos calpulli estava a estrutura estatal, centrada no monarca. Depois da morte de um tlatoani, um conselho de nobres se encarregava de eleger seu sucessor, geralmente entre os membros da casa real. O tlatoani, cuja figura inspirava enorme respeito entre seus subordinados, nomeava os ocupantes dos cargos estatais e militares, dirigia as campanhas de guerra, supervisionava o fisco e a atividade comercial, administrava justiça em última instância e presidia os ritos religiosos.

O funcionamento do estado se baseava numa ampla rede burocrática formada por funcionários profissionais, tais como os sacerdotes, inspetores do comércio e coletores de impostos.

Uma das características que mais marcavam a sociedade asteca era a divisão em castas. A nobreza (os pipiltin) era formada pelos membros da família real, os chefes dos calpulli, os chefes militares e os plebeus que haviam realizado algum serviço de mérito ao estado. Os macehualtin (plebeus) eram os lavradores, comerciantes e artesãos enquadrados nos calpulli, que constituíam o grosso da população. Os mayeque (servos) trabalhavam nas terras do estado ou da nobreza. Também havia escravos, empregados como força de trabalho ou reservados para os sacrifícios religiosos.

A confederação asteca, tal como os impérios meso- americanos anteriores, organizavam-se em torno do pagamento de tributos e da contribuição militar por parte dos estados submetidos. Apesar disso, esses estados eram praticamente independentes. No entanto, o império asteca tentou conseguir uma maior integração política entre suas 38 províncias, sobretudo no vale do México. A vinculação familiar das casas reais de cada estado com Tenochtitlan e a introdução do culto nacional do deus Huitzilopochtli foram algumas das medidas integradoras empreendidas pelos astecas.

Religião - A extrema complexidade da religião asteca só pode ser compreendida sob a perspectiva de um povo guerreiro que, em apenas dois séculos, passou de dominado a dominador, controlando outros povos da região, muitos deles com tradição cultural muito anterior à sua. O regime asteca era teocrático. O rei exercia o poder divino por meio de leis, funcionários e as escolas nobres.

Cosmogonia - Da mesma forma que outros povos indígenas, como os maias, os astecas supunham viver a era do quinto sol. As quatro anteriores haviam acabado em catástrofes. Isso constituía uma justificativa ideológica para as contínuas guerras astecas, pois era necessário capturar inimigos e sacrificá-los aos deuses, a fim de proporcionar sangue para que o Sol não se apagasse.

Na realidade, as concepções guerreiras -- com seu culto ao sacrifício e à coragem --, as necessidades políticas e as crenças religiosas constituíam quase uma unidade no mundo asteca. Os mortos em sacrifícios, como os que morriam em combate, tinham sua entrada garantida no império do Sol. Sorte semelhante estava reservada às mulheres que morriam de parto, provavelmente para diminuir os temores das mulheres e aumentar a reprodução. Os mortos comuns iam para um lugar subterrâneo chamado Mictlan.

Os astecas consideravam o mundo um lugar instável, em que as colheitas, os homens e até os deuses estavam ameaçados por catástrofes naturais. Só uma religião dura e severa podia oferecer segurança.

O panteão asteca - O sincretismo -- conciliação das diferentes religiões dos povos vizinhos -- encheu de deuses o panteão asteca. Para uma mesma missão, havia divindades provenientes de diversas culturas, e a tradição dualista opunha deuses benfazejos aos destruidores. A classe dirigente louvava suas divindades guerreiras, enquanto os camponeses atribuíam a fertilidade ou as calamidades aos deuses agrícolas. Cada lugar, cada profissão, agregava ao panteão asteca suas próprias divindades.

Clero e culto religioso - Os membros do clero pertenciam às classes superiores; estudavam em suas próprias escolas a escrita e a astrologia, além de praticarem a mortificação e os cantos rituais; sua vida era de austeridade e permaneciam celibatários. Os dois sumos sacerdotes dependiam do rei. Este era inacessível -- governava por intermédio de um delegado -- e, segundo os espanhóis, era transportado em liteira porque seus pés não podiam pisar a terra.

Os templos mantinham asilos e hospitais - Os ofícios religiosos, freqüentemente celebrados ao ar livre nos arredores dos templos, reproduziam fenômenos cósmicos e, dada sua estreita relação com os ciclos vegetativos, regiam-se por um complicado ritual, centrado nos sacrifícios. Estes podiam ser de flores e de animais, mas com freqüência eram humanos. Segundo relatos feitos por espanhóis, sem dúvida o número de vítimas foi bastante grande. Em geral sacrificavam-se prisioneiros, mas eventualmente usavam-se voluntários. As vítimas eram executadas pelos sacerdotes, de formas diversas, segundo o deus a quem se oferecia o sacrifício; quando era dedicado a Huitzilopochtli ou Tezcatlipoca, o sacerdote extraía o coração do guerreiro para alimentar seu deus.

Quando não havia guerra contra os vizinhos, os astecas declaravam a "guerra florida", uma série de combates individuais que proporcionavam vítimas para os sacrifícios. O aspecto sanguinário desses rituais impressionou fortemente os espanhóis, cuja intervenção impediu a evolução do sistema religioso asteca.

Cultura e arte - Os astecas conheciam uma escrita hieroglífica, mas a transmissão de sua cultura se realizou principalmente de forma oral. A educação se dividia em duas instituições, o telpochcalli, para os plebeus, e o calmécac, para os nobres. O sistema de ensino era severo e disciplinado e se baseava no estudo da história e da religião nacionais, na formação moral, na aprendizagem de ofícios e no treinamento militar.

Uma das mais notáveis invenções do povo asteca foi um sistema de medição do tempo baseado na combinação de vários calendários. O calendário ritual, o tonalpohualli, era de 260 dias e tinha uso divinatório. O calendário solar tinha 18 meses de vinte dias, aos quais se somavam cinco dias nefastos para completar os 365. A cada 52 anos o início dos calendários coincidia com o que começava um novo "século". Além disso, havia um calendário baseado no ciclo do planeta Vênus, que coincidia com os demais a cada 104 anos. Os astecas desenvolveram também a astronomia e a matemática, na qual empregavam o sistema vigesimal.

Da arquitetura asteca só se conhecem alguns poucos exemplos que sobreviveram às destruições ocorridas durante a conquista espanhola. As edificações mais características são os templos, de estrutura piramidal, como o de Cholula. A escultura era naturalista, como a "Cabeça do cavaleiro águia", ou simbólica, como a "Coatlicue" e a "Pedra do Sol". Os astecas foram também hábeis artesãos. Algumas de suas principais artes decorativas foram a ourivesaria, baseada no estilo dos mixtecas, os tecidos e os mosaicos de plumas, empregados como adorno pessoal ou arquitetônico, a lapidação de pedras semipreciosas e a pintura de códices.

Registravam-se os acontecimentos importantes em livros de papel preparados com folha de sisal, dobrados como mapas ou enrolados como pergaminhos. A literatura dos astecas, predominantemente oral, desenvolveu temas históricos, religiosos e líricos.

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