Acorde, História e Classificação do Acorde

Acorde, História e Classificação do Acorde

#Acorde, História e Classificação do Acorde

Acorde - Dá-se o nome de acorde ao conjunto de três ou mais sons ouvidos simultaneamente. Sua formação e encadeamento, bem como seu ajuste a uma melodia, são o objeto de estudo da harmonia. O acorde constitui a base da harmonia. Pode-se produzi-lo com um único instrumento de corda ou teclado, ou mediante a execução de cada nota por instrumentos distintos.

A harmonia clássica considera os acordes construídos por superposição de terças - intervalos equivalentes a três semitons (terça menor) ou quatro semitons (terça maior). A ocorrência das notas nessa ordem caracteriza a posição fundamental e nesse caso o baixo - nota mais grave do acorde - é também chamado nota fundamental. Outras posições do mesmo acorde resultam em outros intervalos (por exemplo: sol-dó-mi, formado por uma quinta e uma terça maior) e são chamadas inversões. Em qualquer das posições, o acorde é estreito ou fechado quando as notas se situam o mais próximo possível uma da outra, sem saltos de oitava. Em caso contrário, o acorde é dito aberto.

As notas repetidas, em uníssono ou em outra oitava mais grave ou mais aguda, são chamadas notas dobradas. Os arpejos, isto é, acordes desmembrados melodicamente cujas notas são ouvidas em sequência, forneceram motivos básicos para a composição instrumental, especialmente entre os séculos XVIII e XIX, quando os temas triádicos predominaram. No início do século XX, Schoenberg usou, na First Chamber Symphony (1906; Primeira sinfonia de câmara), opus 9, um motivo de quatro quartas consecutivas.

Classificação - O acorde de três sons (tríade) pode ser perfeito maior (formado por uma terça maior, a que se superpôs uma terça menor); perfeito menor (terça menor e terça maior); diminuto (duas terças menores) e aumentado (duas terças maiores). Do ponto de vista tonal, os acordes são classificados também de acordo com a função -- tônica, dominante ou subdominante, conforme seu caráter de conclusão da ideia ou de movimento.

Ritmo harmônico - A velocidade das mudanças de acordes em um trecho musical, relativamente à sua métrica, constitui o ritmo harmônico. Assim, por exemplo, se há mudança frequente de acordes, diz-se que o ritmo harmônico é rápido e este é um dos fatores que define o caráter da composição. A variação do ritmo harmônico no decorrer da peça cria contrastes e pode ser usada como recurso para definir as diferentes seções em uma forma musical.

História - Do século XV ao XVII a palavra "acorde" designava um grupo de instrumentos do mesmo gênero, por exemplo um conjunto de flautas de vários tamanhos, o que possibilitava a combinação de timbres semelhantes em diferentes alturas. Os primeiros tratadistas de harmonia a fixarem regras para o uso dos acordes foram Gioseffo Zarlino, Lucas Marenzio e Claudio Monteverdi. Seguiram-se os trabalhos de Ludovico Grossi da Viadana e de Jean-Philippe Rameau, pioneiro na sistematização do princípio da inversão. Teóricos posteriores a Rameau observaram que os acordes invertidos são menos estáveis do que na posição fundamental, não tendo, por exemplo, a mesma ênfase conclusiva. Essa particularidade foi bastante explorada pelos compositores a partir do romantismo.

Já no século XVIII quase toda a teoria do acorde se completara. Na segunda década do século XIX, em seu dicionário dos acordes, Henri Berton reuniu os conhecimentos existentes sobre o assunto.

Atonalismo e dodecafonismo - A partir do início do século XX, surgiram os acordes de quartas superpostas e os clusters (como dó-ré-mi-fá sustenido) ou aglomerados sonoros. Essas inovações integraram-se a uma mudança radical de perspectiva, contestadora do sistema tonal, da qual as mais brilhantes concretizações foram o atonalismo de Schoenberg e sua fase posterior, o dodecafonismo. Neste último, a estrutura básica não é mais a escala, e sim uma série de 12 sons em ordem predeterminada. Ambos são sistemas não hierárquicos de composição, ou seja, não se baseiam na subordinação a uma nota principal. Para conseguir tal efeito, a construção e o encadeamento de acordes ficam sujeitos a leis que, de modo geral e contrariamente aos princípios da harmonia clássica, procuram justamente evitar que a hierarquia se estabeleça. A sensação de repouso ou movimento dentro da música deriva então de outras variáveis que não a distância ou proximidade da tônica e evidencia os aspectos melódicos, rítmicos e tímbricos.
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