Religiões Mesopotâmicas

Religiões Mesopotâmicas

Religiões MesopotâmicasAs religiões mesopotâmicas abrangem as crenças e práticas religiosas que moldaram a cultura dos antigos sumérios e acadianos, bem como, de seus sucessores, os assírios e babilônios, habitantes da Mesopotâmia até pouco antes da era cristã. A religiosidade mesopotâmica influenciou também as crenças de outros povos do Oriente Médio, tais como elamitas, hititas, arameus e israelitas.

A partir do culto às forças da natureza, as concepções religiosas dos antigos povos mesopotâmicos desenvolveram um complexo de crenças sobre a criação, a imortalidade e o papel do homem na Terra. Em vista do caráter teocrático das sociedades da região, tais crenças exerceram papel relevante na determinação da arte, da sociedade, da política, das leis e da economia.

Evolução histórica - As informações sobre as religiões mesopotâmicas foram obtidas nas tábulas de argila encontradas nas ruínas da Babilônia, Nippur e Ur, da grande biblioteca reunida por Assurbanipal em Nínive (no século VII a.C.) e nos restos arqueológicos de templos, zigurates, vasos pintados e baixos-relevos.

Por volta de 4000 a.C. praticava-se o culto às forças da natureza, com frequência representadas sob formas não-humanas e consideradas divindades da fertilidade por habitantes dos pântanos, pastores e agricultores. Um segundo período começou por volta de 3000 a.C. com o culto a deuses de aparência humana e organizados na forma de uma democracia primitiva. Suas atribuições e funções se distinguiam claramente, sem que nenhum deles se sobrepusesse aos outros. No terceiro período, a partir do ano 2000 a.C., a religião passou a ter caráter mais individual e a envolver conceitos como pecado e perdão. A antiga sociedade divina democrática transformou-se numa estrutura monárquica absolutista dominada por um dos deuses.

Deuses e heróis - A escrita e a literatura surgiram muito cedo na Mesopotâmia (no fim do quarto milênio a.C.) e reuniram grande número de mitos sobre a origem dos deuses, do mundo, dos homens, dos heróis e das cidades. Entre os mais famosos, estão o poema Enuma elish, que narra a ascensão do deus arcadiano Marduk à liderança dos deuses, e o Gilgamesh, poema sobre o herói que tentou alcançar a imortalidade. No panteão sumério, a posição mais alta era ocupada por An (Anu, para os acadianos), deus do céu, que governava as estações e o calendário. Abaixo dele estava Enlil, deus dos ventos e da agricultura, inventor da enxada e executor das decisões da assembleia dos deuses.

No mesmo nível de Enlil achava-se Ninhursag, deusa das montanhas rochosas e dos nascimentos. Enki (Ea) era o deus que presidia sobre a doce dos rios e pântanos, o criador dos homens e inventor da civilização, pai de Marduk e divindade da sabedoria e da magia. Ereshkigal e seu esposo, Nergal, reinavam no mundo subterrâneo. Acreditava-se também na existência de demônios, espíritos malignos causadores de doenças e desgraças e que deviam ser conjurados por meio de rituais de magia.

Criação do homem - Nas religiões mesopotâmicas existiam duas concepções sobre a origem do homem. Segundo textos sumérios, o homem surgiu, assim como a planta, da cova aberta pela enxada de Enlil. No mito de Enki e Ninmah, o homem, gerado por Enki a partir do limo das águas profundas, nasceu do corpo de Nammu. O mito acadiano de Atrahasis atribui a Enki a morte de um deus rebelde cujo sangue, misturado com barro por Nintur, permaneceu em gestação no ventre de 14 deusas que deram à luz sete casais de gêmeos.

Para os mesopotâmicos, a natureza humana era ao mesmo tempo terrena e divina. O espírito do homem sobrevivia à morte e tinha uma existência sombria no reino dos mortos. O destino do homem era servir aos deuses e seus templos, para que, livres de todo trabalho manual, os deuses pudessem viver como uma classe governante. Assim, o homem não era visto como um fim em si mesmo, mas sim como um meio para a vida das divindades.

Instituições e práticas religiosas - Na época das cidades-estados, os templos eram o centro da vida econômica, política e cultural. O governante encarregava-se do templo do deus da cidade, enquanto sua mulher cuidava do templo da deusa local. Durante o segundo e primeiro milênios a.C., quando Babilônia e Assíria emergiram como estados nacionais, seus reis responsabilizavam-se pelo culto nacional e cada monarca supervisionava a administração de todos os templos em seus domínios. Durante longo período, os soberanos foram divinizados e eram protegidos ritualmente contra qualquer ameaça ou desvirtuamento de seus poderes.

Os sacerdotes praticavam a magia (com água, fogo, pedras e ervas) e a adivinhação. Concebia-se o culto como um serviço destinado a proporcionar comodidade ao deus. Este era representado como uma estátua de madeira preciosa banhada em ouro, mas não estava confinado nela. Os sacerdotes cozinhavam para o deus, vestiam-no e cantavam hinos laudatórios para alegrá-lo ou elegias para apaziguá-lo. As práticas religiosas, quase sempre de caráter privado, realizavam-se no interior do templo, e só em dias especiais a imagem do deus era levada às ruas, em procissão.

Periodicamente comemoravam-se as festas do calendário sagrado, de caráter fundamentalmente agrícola, mas em ocasiões especiais realizavam-se rituais, como a purificação do rei ameaçado pelos maus espíritos envolvidos num eclipse lunar ou a designação de um substituto que corresse riscos no lugar do rei. O papel do soberano adquiria especial importância nas festas do ano novo, na primavera e quando se celebravam o triunfo do deus sobre as forças do caos e a renovação do reino.

As sacerdotisas de sangue real eram consideradas as esposas humanas dos deuses e participavam como noivas dos rituais do casamento sagrado. Havia outras classes de sacerdotisas, muitas das quais concebidas como ordens de freiras. Nada comprova a prática da prostituição sagrada, embora se saiba que as prostitutas eram protegidas pela deusa Inana (Ishtar).

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