Aristotelismo | Aristóteles

Mais do que qualquer outro pensador, Aristóteles determinou a orientação e o conteúdo da história intelectual do Ocidente. Durante séculos seu sistema filosófico e científico mediou o pensamento cristão e islâmico, e até o fim do século XVII o mundo ocidental foi aristotélico.
Aristóteles criou uma vastíssima ontologia, ou teoria da natureza e
relações do ser, na qual as substâncias interagem de várias maneiras
para produzir objetos que diferem em propriedades como quantidade,
qualidade, tempo, posição e condição de ação. A partir dessa ontologia,
Aristóteles desenvolveu uma filosofia da natureza em que a matéria sofre
processos de mudança dinâmica e espontânea que são, por sua vez,
mediados por princípios preexistentes de forma e estrutura. Elaborou
então uma hierarquia de existências que começam com os quatro corpos
primários (terra, água, fogo, ar), os quais formam substâncias
inorgânicas e, depois, os seres vivos: as plantas apresentam as funções
de crescimento, nutrição e reprodução; os animais possuem, além dessas,
as de sensação, desejo e locomoção; e os seres humanos, a faculdade da
razão. Com sua alma racional, o homem pode exercer a suprema atividade, a
obtenção do conhecimento.
Após a morte de Aristóteles, a escola peripatética dedicou-se a investigações científicas. A filosofia do Liceu foi retomada por discípulos como Teofrasto de Eresso e Eudemo de Rodes, que editou os escritos éticos do Corpus aristotelicum. Depois da redescoberta e exegese das obras de Aristóteles por Andronico de Rodes, por volta do ano 50 a.C., o pensamento aristotélico foi objeto de muitas exposições e comentários no mundo greco-romano. Com a queda do Império Romano, as obras de Aristóteles se perderam no Ocidente, mas foram preservadas por sábios e exegetas árabes, siríacos e judeus, entre os quais há que destacar Avicena e Averroés. Com efeito, entre os séculos IX e XIII, a filosofia islâmica fundou-se em várias interpretações do pensamento aristotélico. Os muçulmanos mantiveram vivo o legado de Aristóteles e o devolveram à Europa nos séculos XII e XIII, quando santo Tomás de Aquino faria do aristotelismo o alicerce filosófico da teologia cristã. A força do aristotelismo declinou com a afirmação da ciência moderna, mas ainda afeta de modo sutil a orientação do pensamento ocidental. Modernamente, por exemplo, serviu de ponto de partida para a "psicologia descritiva" de Franz Brentano e contribuiu para a fenomenologia de Edmund Husserl. Reponta ainda no neotomismo.
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